Reconstituição Histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Reconstituição histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Criar é fazer existir, dar vida. Recriar é reconstituir. Como a criação e existência deste blogue tende a que tenha vida perene tudo o que eleva a alma portista. E ao recriar-se memórias procuramos fazer algo para que se não esqueça a história, procurando que seja reavivado o facto de terem existido valores memorávais dignos de registo; tal como se cumpra a finalidade de obtenção glorificadora, que levou a haver pessoas vencedoras, campeões conquistadores de justas vitórias, quais acontecimentos merecedores de evocação histórica.

A. P.

domingo, 31 de janeiro de 2016

Linhagem Ciclo-Portista de Carvalhos: do avô ao neto!


Forte e resistente, como os carvalhos de porte nobre e de folhagem sempre revigorada, é rija a fibra também de dois Carvalhos que em sucessivas gerações correram e correm de bicicleta em provas de ciclismo de alta competição, passando o testemunho de avô ao neto – tal o caso de Alberto Carvalho e António Carvalho. Dois valorosos ciclistas que, com décadas de anos de diferença se ligam pelo mesmo desporto e pelo mesmo clube. Tendo o avô, Alberto Carvalho, vestido a camisola do F C Porto a partir de 1966, enquanto o neto, António, está agora a partir de 2016 a representar também o F C Porto. Com cinquenta anos de permeio, dando assim continuidade, qual linha familiar, a essa autêntica linhagem ciclista e portista como é esta dos Carvalhos, desde o avô ao neto.

Assim, neste ano em que o ciclismo ganha nova atração com o regresso do F C Porto à prática dessa modalidade veloz e atraente, vence o apreço que o ciclismo detém na família portista, com direito a se fazer ligação do passado ao presente através da pujança patente nesta sucessão. Servindo de mote para apresentação de um dos ciclistas portistas da atualidade, a propósito, na roda da recordação do patriarca de tal linha hereditária.

No tempo do Alberto Carvalho os nomes dos ciclistas eram conhecidos do grande público, e mesmo as caras nos eram familiares, pelo que víamos nos jornais. De cujo acervo guardamos muitas imagens recortadas de páginas que nos ligavam a esses ídolos das estradas, e só não chegamos a juntar mais porque muitas foram usadas nas caricas, ou seja, coladas a capsulas de garrafas de cerveja ou bebidas de sumos, que serviam para uso em corridas da pequenada… servindo essas tampas metálicas de imaginárias bicicletas, com que lançávamos os nossos, a toque de arremesso com os dedos, para ganharem aos dos outros… Depois, com o desaparecimento do F C Porto das corridas de bicicletas, mais tarde seguido pelos outros rivais clubes grandes, os ciclistas eram referidos na comunicação mas passavam quase despercebidos de nossas atenções. Até que agora nos volta a despertar interesse e passamos a conhecer os nossos ciclistas, com o F C Porto de novo a dar ao pedal. Em cuja equipa, além de todos os outros, nos chama a atenção o facto de haver um ciclista que é neto dum antigo ciclista do F C Porto. O António Carvalho, neto de Alberto Carvalho, filho de uma filha de Alberto Carvalho.

A tradição ciclista da família Carvalho, que vem de gerações sucessivas, havia começado nos anos quarenta, do século XX, obviamente, com Joaquim Carvalho, ciclista que corria pelo Académico do Porto. Tendo depois seu filho, também Joaquim, lhe seguido as andanças. Até que seu irmão Alberto, o mais novo irmão deste Joaquim, igualmente seguiu na roda familiar e passou a correr com a camisola branca da coletividade academista da portuense rua de Costa Cabral. E então Alberto, depois de ter  iniciado sua carreira ainda nos anos cinquentas, atingiu lugares cimeiros das mais importantes provas, passando a ser o mais conhecido nessa era  de tal família de ciclistas. A pontos de ter sido nos anos sessentas um dos candidatos a vencer a Volta a Portugal. Bem como, volvidos tempos, correu no estrangeiro ao serviço da Flandria, em virtude de ter despertado a cobiça daquela equipa belga pelo seu desempenho na Volta a Portugal em que a mesma formação também competiu. Para, finalmente, ter por fim regressado a Portugal com acrescido reconhecimento de ter passado a representar as cores do F.C. do Porto.

Após isso continuou a sucessão familiar com Fernando Carvalho, filho de Alberto e sobrinho de Joaquim, que, como o F C Porto não tinha ciclismo, representou equipas de firmas e tão boa conta deu que venceu uma Volta a Portugal, ao serviço de equipa existente ao tempo, denominada Ruquita/Feirense. Com prestígio que levou depois à criação duma escola de ciclismo para jovens praticantes, em cuja linha veio a surgir um novo rebento da mesma tradição famíliar, através do jovem António Carvalho, sobrinho de Fernando e neto de Alberto. O mais jovem Carvalho que veio a ser o vencedor da Volta do Futuro em 2013 e vencedor do Prémio da Montanha na Volta a Portugal de 2014 e do Grande Prémio JN em 2015. Até que em 2016 passa a vestir a camisola do F C Porto, tal como aconteceu com seu avô.  


Eis assim essa história familiar, de tão vincada tradição, e, com honra e glória, perante o caso do avô Alberto e o neto António terem conseguido vestir a camisola de seu e nosso clube, o traje de ciclismo do F C Porto.

Alberto Fernando Gomes de Carvalho, conforme é o nome completo do patriarca da família dos Carvalhos do F C Porto, nasceu em 7 de Outubro de 1939 (segundo está escrito no verso da imagem dum cromo, de onde retiramos o retrato que aqui juntamos, em corpo inteiro; mas noutras publicações aparece como sendo 5 de Outubro de 1940), na freguesia de Nogueira da Regedoura, concelho de Santa Maria da Feira. Representou, entre 1957 (ano em que foi inscrito na Federação Portuguesa de Ciclismo) até 1964 o Académico F C; em 1965 a Flandria-Romeo, da Bélgica; e de 1966 a 1968 o F.C. Porto.

Alberto Carvalho, foi vencedor de várias provas como amador e como profissional, bem como campeão nacional e portador da camisola amarela em diversas etapas, no decurso de duas edições da Volta a Portugal. Distinguindo-se precisamente por se ter conseguido impor na história dessa importante competição, onde normalmente era considerado favorito nos idos anos da década de sessenta, apesar de não ter ganho qualquer dessas Voltas, nalguns casos por azar manifesto. Ganhou contudo 4 etapas, no decurso de sua participação nas Voltas em que entrou, tendo obtido um 3º lugar final (na Volta de 1961, em que foi portador da camisola amarela durante 3 etapas), um 4º lugar (na Volta de 1964, na qual envergou a camisola amarela em 11 etapas), e um 7º lugar (na Volta de 1963), enquanto representou o Académico. Já com a camisola do F C Porto obteve depois o 5º lugar (na Volta de 1966, em que venceu 1 etapa e foi o melhor classificado da equipa portista). 


Foi também Alberto Carvalho, como ciclista do F C Porto, campeão nacional de pista em anos consecutivos. Após isso, treinou equipas amadoras de ciclismo (Oleiros e Feirense, por exemplo) e foi  ainda vice-presidente e fundador da Escola de Ciclismo Fernando Carvalho.

= Alberto Carvalho, na volta de honra da equipa do F C Porto da Volta de 1966, com ramo alusivo de melhor classificado da equipa, na respetiva edição. =


António Carvalho, o neto ciclista, representa o presente da família e está na atualidade do F C Porto, como um valor reconhecido da equipa que encarna a valorização do ecletismo portista, agora que o F C Porto volta a ter ciclismo de alto nível.

De nome completo António Ferreira Carvalho, nasceu a 25 de Outubro de 1989, em São Paio de Oleiros, concelho de Santa Maria da Feira. Uma simpática localidade onde é figura pública também um antigo nome consagrado do futebol  portista do passado, o Américo, guarda-redes dos melhores de sempre do futebol português. E curiosamente, por extensão, Américo Lopes, o “Baliza de prata”, que tem em Oleiros uma clínica médica chamada Boa Hora, tem outra ligação simbólica ao percurso do jovem ciclista portista, por ser natural de Santa Maria de Lamas, terra onde António Carvalho estudou entretanto. Acrescendo, na ligação do jovem Oleirense, que António Carvalho, fora da época de treinos e corridas, colabora com a construção e manutenção do chamado Presépio Cavalinho, o maior do mundo dessa monumentalidade tão apreciável, com quase tudo a mover, existente em São Paio de Oleiros. Presépio grandiosíssimo que detém o recorde do Guiness do “Maior Presépio do Mundo em movimento”, graças ao entusiasmo do dono da empresa de marroquinaria do mesmo nome, Manuel Jacinto, personagem que leva muita gente àquela terra como autor desse mega-presépio...


...Numa grande representação da Lapa de Natal a que, além das imagens próprias e tudo o que é naturalmente sagrado e relacionado com o nascimento e vida de Jesus Cristo, também tem muitas cenas características, a que não podia faltar uma corrida de bicicletas, com pelotão de ciclistas a andarem por ali. 


Ora, quanto ao ciclismo propriamente, António Carvalho seguiu as pisadas do avô, bem como da mãe e tios. Sim, porque também sua mãe chegou a competir em ciclismo e tinha jeito e pujança, mas cedo deixou de correr nas bicicletas. Assim sendo, como se diz, quase não havia como não seguir o que de trás vinha. O avô, Alberto, a mãe, Maria, e os tios, Fernando e Alberto, todos de apelido Carvalho, foram ciclistas. E António Carvalho deu continuidade, honrando a tradição. Tendo nos anos mais recentes sido um valoroso corredor que se empenhou na defesa da liderança do companheiro de equipa Gustavo Veloso, vencedor da principal Volta a Portugal nos anos de ainda mais fresca memória, e atual chefe de fila da equipa do F C Porto..

Depois de obter bons resultados na categoria de juniores, ao longo dos anos de 2006 até 2008, e depois de ter começado, desde 2009, a conquistar vitórias em etapas de Grandes Prémios, mais corridas no estrangeiro, em Espanha, e na portuguesa Volta ao Futuro, inclusive,  António Carvalho veio a ser vencedor dessa importante prova dos escalões jovens, vencendo a Volta a Portugal do Futuro em 2013. A partir daí, ascendendo ao escalão superior, tem sido sempre a subir. Num percurso que levou o jovem amador a ter passado, primeiro em 2008 pela equipa portuguesa LA-Sistemas SS-Trevomar, depois em 2009 pela equipa espanhola Artesania de Galicia (da Cidade de Lugo), em 2010 de novo por uma equipa portuguesa, Mortágua-Basi, formação em que continuou em 2011 e 2012, seguindo-se em 2013 e 2014 a também portuguesa formação de LA Aluminios-Antarte. Nesta equipa, após a anterior caminhada como Sub-23 e no segundo ano como elite, em ano de estreia como profissional, corria Setembro de 2013, António Carvalho inscreveu o seu nome no “livro de honra” dos vencedores da “Volta a Portugal do Futuro em bicicleta”, confirmando potencial demonstrado com tal triunfo naquela que era a grande rampa de lançamento dos ciclistas mais novos em Portugal. De permeio com boas quatro participações na Volta, duas pela Seleção e outras tantas pelo LA-Antarte. E em 2014 venceu o Prémio da Montanha na Volta a Portugal (a somar ao 15º lugar da classificação geral), que lhe “proporcionou chegar à melhor equipa portuguesa” da época, passando em 2015 a integrar a W52-Quinta da Lixa. Tendo sido então, com a camisola da equipa sediada em Sobrado (Valongo) que venceu o Grande Prémio JN, uma das mais prestigiadas provas do calendário do ciclismo nacional. Ao passo que rubricou excelente andamento na Volta, na consagração do colega de equipa, Gustavo Veloso, para a qual lutou abnegadamente, a pontos que na etapa da Torre, subindo à serra da Estrela, António Carvalho deu tudo o que tinha em prol da equipa e da camisola amarela, mas também na procura do melhor lugar possível, havendo chegado à meta em tal dose de esforço que teve mesmo de ser assistido pela equipa médica. Acabando depois por ter ficado bem posicionado no chamado “top ten” da Volta, classificado em 6º lugar da classificação geral.

= António Carvalho no momento da assinatura do contrato para entrar na equipa do F C Porto, sob feliz testemunho do diretor portista Nuno Ribeiro =

Agora, chegada a oportunidade do ressurgimento do ciclismo do F C Porto, em 2016, este bom ciclista trepador, António Carvalho, «ficou “arrepiado” e acabou por cumprir um desejo de criança: “Quando era miúdo cheguei a jogar futebol e claro que tinha o sonho de representar o clube de que gosto, o FC Porto. Costumava apoiar sempre a equipa de futebol nas Antas e no Dragão. Neste momento, devido ao nosso presidente, conseguimos ter o ciclismo na estrada e viver este momento”», disse ele. Sendo o F C Porto o clube que o avô Alberto Carvalho representou oficialmente durante três anos e do qual ele mesmo, o neto, é sócio com lugar anual no estádio do Dragão.


Posto isto, aí está António Carvalho para as curvas e para as subidas e descidas das estradas onde corram os ciclistas com as camisolas lindas do F C Porto.

Os objetivos da equipa são, como é regra nos azuis e brancos, vencer todas as provas, especialmente a Volta a Portugal. António Carvalho já sonha com esse triunfo da equipa portista e depois com uma receção “ainda melhor” no Estádio do Dragão. “Vamos lutar ao máximo e tentar dar vitórias aos nossos adeptos”, desejou – conforme adiantou à imprensa. Para já, apontando  baterias à nova temporada, com as cores da W52-F.C. Porto-Porto Canal. Sem esquecer que ainda o clube Dragão detém o maior número de vitórias na Volta a Portugal, à frente dos rivais  e de todas as equipas que participaram na maior prova ciclista portuguesa, e há que dar seguimento a isso.

De particular realce, também, é de anotar o facto da região natal de António Carvalho ser uma zona de grande paixão pelo ciclismo e Santa Maria da Feira continuar a ser o concelho com maior número de vencedores da Volta a Portugal. Dos quais três o foram ao correrem com a camisola azul e branca, como sucedeu com Mário Silva, Sousa Cardoso e Joaquim Sousa Santos, que tiveram a respetiva coroa de louros pelo F C Porto (além de conterrâneos Joaquim Andrade, Fernando Mendes, e Fernando Carvalho, que ao serviço de outras equipas também conquistaram a grandíssima Volta a Portugal. Dos quais, mais tarde, os próprios Andrade e Mendes ainda vestiram a camisola alvi-anil das Antas, e Fernando Carvalho foi o vencedor desejado e como tal muito vitoriado pelos adeptos portistas, em tempo que o F C Porto interrompera a atividade no ciclismo).


Nos dias que correm volta o entusiasmo clubista a pedir meças, ombreando a evolução da carreira da equipa de futebol do F C Porto com o que se anseia também venha a ser o percurso da equipa do ciclismo portista. Em cuja pedalada tem vista este incentivo, de se começar a puxar pelas canelas dos ciclistas em que passamos a ter os olhos. Mais o apoio que venha a haver nas estradas, e até através das redes sociais. Como que pedindo e incentivando que todos trabalhem muito para conseguir vitórias, sempre com o coletivo acima do individual, sem esquecer o quão importante é ser um dos nossos, com a camisola do F C Porto, a chegar primeiro a cada meta possível.

Os ciclistas do F C Porto, da atualidade, sabem já o que é ser Porto e ser do F C Porto. Como puderam ver quando a equipa W52-FC Porto-Porto Canal foi apresentada aos adeptos em dia de jogo de futebol no estádio do Dragão (antes do apito inicial do jogo frente ao Marítimo, relativo à 19.ª jornada da Liga). Na ocasião os 12 ciclistas e o diretor desportivo Nuno Ribeiro foram chamados ao relvado e tiraram depois uma foto de grupo, enquadrada pela bicicleta da equipa. «Os aplausos foram fortes e Nuno Ribeiro reconheceu que se trata de mais uma motivação. Foi importante e um sinal de que estão com a equipa e para nós é um orgulho bastante grande representar o FC Porto. Como portista, tinha o sonho de o fazer enquanto atleta e agora, como diretor desportivo, é mais um objetivo concretizado”, declarou o diretor desportivo.»


Armando Pinto

((( Clicar sobre as imagens, para ampliar )))

© Imagens com marca d’água, de arquivo do autor.

sábado, 30 de janeiro de 2016

Estoril, 1 – F. C. Porto, 3: Bom teste… superação importante… o F C Porto está vivo e a equipa principal do futebol portista reanima!


Liga - 20ª Jornada:  Estoril Praia-FC Porto 1-3 – golos de Aboubakar, aos 18 minutos, Danilo Pereira aos 33 m e André André aos 82 m, em viranço de resultado, na resposta ao 1-0 do Estoril marcado aos 3 minutos e pouco de jogo….


Está vencida uma jornada importante do campeonato nacional, da atual Liga, com a vitória do F C Porto no campo do Estoril. Em momento deveras determinante no evoluir da situação e logo com uma recuperação, como foi no virar dum resultado desfavorável quase desde início para um desfecho categoricamente favorável. Algo que não acontecia fazia tempo, que até já parecia demasiado alongado para nosso gosto e boa habituação de anos ainda recentes. E num matar de borrego, ganhando à psicose das constantes referências a resultados do passado naquele recinto, nos arredores de Lisboa. Assim como superando as adversidades, além da arbitragem, pois desta vez apesar dum penalti que passou em claro, a equipa do F C Porto marcou golos que excederam o golo adversário e pelo menos um outro golo que o árbitro não permitiu, com o tal penalti escamoteado, desta vez. Além de ter sabido ultrapassar mais a habilidosa arbitragem com amostragem de cartões à moda do sistema sulista. Mas, acima de tudo, o que se passou em campo, em jogo jogado, mostra que o F C Porto está vivo, jogando de forma mais clara, não só em efeitos de vista, como foi desta feita com um equipamento mais alegre, mesmo que alternativo, de branco, mas também e sobretudo com mais acutilância e confiança. Pese algumas falhas que com o tempo poderão ser corrigidas. Nem tudo foi bom, nem podia ser, mas que desta vez isto foi melhor, foi.


Para a história, que faz a nossa memória, esta vitória merece uma referência especial, assim, porque efetivamente é de boa memória. E o futuro continua com boas perspetivas de tudo ainda ser possível. Haja fé e, mais que nunca, unidade e unicidade, total identidade e apoio à nossa equipa, ao F C Porto, ao que nos une e motiva. O que é feito com crença e querer tem muita força!



Armando Pinto

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

"Memória Viva" local, de afinidade portista


Como nem sempre se vai ao mar e fica em terra, e porque o que o autor escreve também se liga com outros temas e noutros órgãos de comunicação, desta vez dá-se o caso que, entre longa colaboração entretanto mantida com um jornal da imprensa regional, e na coluna que de vez em quando é mantida no jornal Semanário de Felgueiras com algumas crónicas do autor destas linhas, calhou agora, ao correr da narrativa (que foi deambulando por outros pontos, até ir ao que interessava) ser de temática  relacionada com o F C Porto, em torno do ciclismo portista, o artigo atual.

Disso se junta imagem do respetivo artigo, inserto na coluna impressa à página 10 da edição do SF de sexta-feira, dia 29. De cujo teor, para leitura mais acessível, se acrescenta também o texto original, devidamente ilustrado com uma foto do referido ciclista.
  


Memória Viva

Há-de parecer contraditório, mas pode-se morrer e viver também depois da morte, em sentido figurado evidentemente. Querendo dizer que depois do desaparecimento físico, a possibilidade de se cair no esquecimento é uma outra morte, ante a visibilidade duma viva lembrança.

Conta muito assim haver memória, para quem a tiver e perante quem for digno de tal.

Todos nos lembramos constantemente com saudade e afeição de nossos entes queridos que já não estão entre nós. E mesmo de pessoas que não sendo parentes de sangue, foram aparentados em afinidades, amizade e admiração. Assim como, entre ausentes e presentes, nos pode dizer muito a imagem de certas figuras públicas que se relacionam com realidades que nos dizem respeito. Quão pode ser o caso de personalidades salientes de nossa terra, por bom exemplo.

Costuma-se dizer que uma terra, como localidade mátria de gente que viveu e vive sem ser por ver os outros, como se diz, vale muito pelos filhos que gerou. Sendo então um orgulho haver personagens de realce, como Felgueiras se pode ufanar de ter tido um Manuel de Faria e Sousa, Dr. Costa Guimarães, um Agostinho Ribeiro, Fonsecas Moreiras, Dr. Magalhães Lemos, Francisco Sarmento Pimentel, Padre Luís Rodrigues, Lucas Teixeira, e outros mais, entre pessoas de que há certeza de sua naturalidade ser mesmo felgueirense, em diversos campos da vida social, política, cultural e até desportiva. Conforme, na perspetiva atlética, foi o caso do ciclista Artur Coelho, um felgueirense que em seu tempo andou com a camisola amarela das mais importantes provas nacionais e até internacionais, tendo chegado a vencer a clássica 9 de Julho do Brasil, popularmente chamada Volta a São Paulo, corria o ano de 1957.

= Artur Coelho =

Ora, em tempo de inícios da época desportiva da modalidade das bicicletas de corrida, agora que se retoma antigo entusiasmo com o regresso a nível nacional de alguns clubes grandes à prática dessa modalidade desportiva, vem a calhar evocar aquele antigo ás dos pedais precisamente por nem sempre ser muito lembrado, a nível oficial das terras onde nasceu e viveu, Felgueiras e Vizela. Justamente porque é um personagem da memória coletiva merecedor de permanecer no conhecimento público. E porque o que representou, afinal, faz jus a dar a esta zona nortenha banhada pelos rios Sousa e Vizela certa tradição do banho de multidão que o espetáculo do ciclismo sempre produziu no meio das gentes locais. Tal como, no presente, gostamos de ouvir e ler na comunicação social o facto de ser felgueirense o empresário que nos dias que correm mais contribui para um maior impacto que o ciclismo volta a ter no panorama português, Adriano Sousa (Quintanilha), cuja ação é de enaltecer, por isso mesmo.

Já é tempo de Felgueiras ser falada e divulgada nos meios de comunicação por motivos enobrecidos, além dos “slogans” de terra do pão de ló e calçado, fora o resto, para haver melhor efeito de sítio de boas sementes e ótimos frutos.

Nunca será demasiado valorizar o que tem valor e tudo o que eleve o nome de Felgueiras, o nosso concelho, num acertar de pedalada da história que atinja metas de apreço. Vivendo outra vida o que passa pelo mundo tendo sabido vivenciar a existência.

ARMANDO PINTO

((( Clicar sobre as imagens, para ampliar )))

© Imagem com marca d’água, inserta neste blogue e de arquivo do autor.

A. P.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Carlos Carvalho: Ciclista "Rei da Montanha" e Vencedor duma Volta a Portugal


Com o regresso do F C Porto à caravana do ciclismo, modalidade que volta a deter impacto no panorama desportivo nacional e coloca atenções noutra possibilidade de conquistas, passa o grande clube azul e branco a andar novamente representado pelas estradas onde vão passar os heróis das corridas de bicicletas.

Se antes, até há pouco, nem havia muita gente a conhecer os ciclistas, agora que já começamos a reconhecer os atuais homens das bicicletas de corrida por nome e até imagem, propicia-se trazer a público mais algumas recordações de ciclistas de outros tempos, evocando ídolos que nos fizeram gostar desse desporto dos pedais, através das façanhas entretanto alcançadas  ao longo dos trajetos percorridos. 

Vem assim a talhe rememorar, desta vez, o "rei da montanha" das Voltas a Portugal, como era conhecido Carlos Carvalho em seu tempo e ainda continua como recordista do prémio de trepador, no historial da prova-rainha do ciclismo luso.

Acima dessa sua faceta, Carlos Carvalho ficou ainda mais na história desportiva por ter ganho uma “Volta”. Feito conseguido na Volta a Portugal de 1959, organizada como a anterior pelo jornal “Diário Ilustrado”, na qual se registou então uma «surpreendente vitória de Carlos Carvalho. Desfecho que ficou a dever-se aos méritos do fogoso corredor do F C Porto, que manteve animado despique com o algarvio Jorge Corvo, do Tavira, a quem, no último dia, retirou a possibilidade de triunfar, por escassos cinco segundos, classificando-se em segundo lugar. »

«Com a vitória de Carlos Carvalho, o FC Porto partiu para uma nova fase de liderança no ciclismo português, inscrevendo os nomes de quatro dos seus atletas na lista dourada dos vencedores. Alves Barbosa ainda andou por lá, suscitando a admiração dos seus numerosos adeptos aos quais conseguiu 'oferecer' sete vitórias em etapas, incluindo a da sempre apetecida última chegada à meta, na derradeira etapa, mas não foi além disso, classificando-se numa modesta posição abaixo do 10º lugar.

Nessa época já a clássica  Porto-Lisboa de 1959 teve como vencedor Mário Sá do FC Porto e no plano internacional merece registo a vitória conseguida por Sousa Cardoso na etapa Pamplona-S. Sebastian da Vuelta” em Espanha.»

Seguindo o fio da narrativa que o autor deste texto fez há anos, também, no anterior blogue pessoal “Lôngara-Actividade Literária e Memória Alvi-Anil”, atualiza-se a crónica, aqui e agora, no continuador e atual blogue “Memória Portista”, para evocar a figura e a carreira do portista Carlos Carvalho, homem e desportista de tez morena e feição rija, meão de corpo mas de rija têmpera, quão grande de alma e coração.


Carlos Carvalho - Vencedor da 22ª Volta a Portugal em bicicleta

Nascido a 2 de Janeiro de 1933 na freguesia de Vermoim, do concelho de Vila Nova de Famalicão, Carlos Carvalho, como ficou conhecido o cidadão José Carlos Pereira de Carvalho, viveu a maior parte da sua vida na vizinha freguesia também famalicense de Pousada de Saramagos, tendo aí falecido a 11 de Janeiro de 2004, com 71 anos de idade.

Carlos Carvalho destacou-se como famoso ciclista e posteriormente manteve-se ligado ao mundo do ciclismo, como treinador e formador de ciclistas.

Conhecido sobremaneira como “Rei da Montanha”, devido à sua façanha de ter conquistado por quatro vezes o título de vencedor do prémio dessa categoria, em tal número de edições da Volta a Portugal, Carlos Carvalho atingiu ponto alto da respetiva carreira desportiva ao serviço do Futebol Clube do Porto. Em cuja equipa portista foi o 1º classificado e naturalmente camisola amarela final na 22ª Volta a Portugal em bicicleta, no verão de 1959. Tendo vencido essa “Volta” em disputada prova decorrida ao longo de 26 etapas, num total de 2643,5 quilómetros, à média horária de 33, 715 Km/h (quilómetros por hora). Tal brilhante vitória, obtida em tempo do pino do calor estival, como é da praxe tradicional quanto à realização da maior corrida portuguesa, teve consagração a 15 de Agosto nesse ano. Subindo então Carlos Carvalho ao pódio cimeiro, secundado por Jorge Corvo, do Ginásio de Tavira, distanciado a escassos mas bem suficientes 5 segundos, que o 2º classificado gastou a mais na diferença.


Uma caminhada dessas merece ser contada a preceito, como ficou em banda desenhada no álbum "OS HERÓIS DA ESTRADA" (edição Jornal de Notícias e O Jogo):


Nessa edição da Volta o famoso Alves Barbosa, do Sangalhos, sagrou-se vencedor das secundárias classificações por pontos e das metas volantes. Enquanto coletivamente o F C Porto venceu a classificação por equipas, tendo participado com um valioso conjunto formado com Carlos Carvalho, Artur Coelho, Sousa Cardoso, Emídio Pinto, Sousa Santos, Martins Almeida, Azevedo Maia, Mário Sá e Agostinho Brás; sendo diretor desportivo (treinador) da equipa Onofre Tavares.

Equipa que esteve em grande plano no decurso da Volta e, apesar das baixas sofridas, como com a desistência forçada de Sousa Cardoso, devido a aparatosa queda (quando descia a serra do Marão a alta velocidade), o conjunto portista teve importante contribuição para a decisão final, em entreajuda coletiva - como se vê pela foto do contra-relógio por equipas, cuja imagem vigorosa é bem sugestiva, bela e sintomática..


Após o final da competição, em Lisboa, o regresso da comitiva portista foi de plena apoteose, tendo ficado registados alguns momentos festivos do grupo junto a um restaurante da zona da Bairrada, onde houve confraternização entre os ciclistas e acompanhantes, companheiros, dirigentes e adeptos, sempre com a taça da vitória coletiva bem presente nas mãos dos homens do Porto (vendo-se também alguns dos colegas que não puderam completar a Volta, como Sousa Cardoso, com visíveis efeitos de ter partido a clavícula). Ate à chegada à Invicta, por fim, na receção na cidade do Porto, onde os ciclistas foram vitoriados passeando entre os adeptos em carro aberto (como se pode ver em fotos, com Carlos Carvalho sempre acompanhado por Artur Coelho e também por Sousa Santos), sobressaindo efusivo acolhimento em sessão festiva na sede do F C Porto, com numerosa participação de apoiantes, em autêntico banho de multidão - conforme demonstra a sequência fotográfica respeitante ao acontecimento.


Carlos Carvalho começara a destacar-se como ciclista no início da década de cinquenta, nas provas realizadas pela Mabor, vencendo em 1953 o Campeonato Nacional em Amadores/Seniores.

Desportista empenhado e dedicado, Carlos Carvalho teve um grande mecenas e amigo, o Eng. Fernando Pimenta, que lhe prestou o maior apoio e estimulo nos primeiros anos da sua atividade como ciclista, correndo sozinho, com o patrocínio da Riopele. Empresa que depois continuaria ligada ao percurso do ciclista, já que patrocinava o ciclismo do F C Porto.

Teve pleno significado, por isso, a homenagem de consagração que Carlos Carvalho recebeu então na Riopele, como ficou reportado nalgumas imagens que se juntam.

= Imagens da homenagem a Carlos Carvalho, no rescaldo da vitória na Volta =

Em 1955 Carvalho ingressou no Futebol Clube do Porto disputando nesse ano a Volta a Portugal onde arrecadou um vistoso segundo lugar na terceira etapa e no fim o Prémio da Montanha, resultado que veio a repetir em 1958, 1960 e em 1961. Enquanto contribuiu para a vitória coletiva do Futebol Clube do Porto nas Voltas de 1958, 1959 e 1964.

Obteve a primeira vitória em etapas da “prova rainha” do ciclismo português em 1957, na 17ª tirada com chegada a Lisboa. Em 1958, Carlos Carvalho venceu a Clássica Porto-Lisboa, foi terceiro na classificação geral da Volta a Portugal e venceu duas das etapas, a 3ª com chegada a Évora e a 9ª na Pista de Alvalade, em Lisboa.


No ano em que venceu a Volta a Portugal, Carlos Carvalho foi terceiro na “Corrida dos Seis Dias”, na Uberlândia, Brasil.

No último ano que correu pelo F C Porto Carvalho ajudou também à conquista da vitória por equipas na Volta a Portugal de 1964, ganha individualmente pelo colega de clube Joaquim Leão.


Após 10 anos na equipa do Futebol Clube do Porto, Carlos Carvalho ingressou em 1965 na equipa CEDEMI, de Viana do Castelo, simultaneamente como ciclista e Diretor Desportivo. Na Volta desse ano, fica para a história o “roubo” da camisola amarela a um ciclista espanhol, tudo porque Carlos Carvalho não resistiu ao impulso de ser o primeiro a passar em Vila Nova de Famalicão, na etapa correspondente, e com esse esticão de adianto entrou em decisiva fuga proporcionadora de vantagem que deu para vestir a camisola amarela na ocasião.

Um ano depois, ainda na CEDEMI, Carlos Carvalho pôs termo à carreira de ciclista profissional, modalidade onde alcançou grande prestígio no panorama ciclista nacional e, inclusive, internacional. Havendo chegado a participar na Volta à Espanha, integrando a seleção portuguesa onde corriam Alves Barbosa, João Marcelino, Joaquim Carvalho, Sousa Santos, Agostinho Ferreira, José Firmino, Artur Coelho e Manuel Graça.

Depois de deixar de competir, Carlos Carvalho continuou ligado à modalidade, como treinador da equipa da Coelima. Tendo mais tarde continuado com ação voltada à promoção do desporto, sobretudo junto dos mais jovens.

Na década de 90, a Associação de Ciclismo do Minho promoveu uma distinção a Carlos Carvalho, tendo organizado, no âmbito da ExpoAve, uma exposição onde foi exibida, por exemplo, a bicicleta com que este famalicense vencera a Volta a Portugal de 1959. 

Em 1993, a Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão atribuiu-lhe a Medalha de Mérito Municipal Desportivo, como reconhecimento de uma vida ligada ao fomento do desporto.

Em 1999, a ADRO - Associação Desportiva Outeirense, sediada em Pousada de Saramagos, criou uma escola de ciclismo com o seu nome, tendo por objetivo a formação das crianças e dos jovens do ciclismo. Em 2008 a Associação de Ciclismo de Pousada de Saramagos, depois da extinção da secção de ciclismo da ADRO, criou uma Escola de Ciclismo a que deu o nome de Carlos Carvalho.

Em 2009, na comemoração do cinquentenário da vitória do famalicense Carlos Carvalho na Volta a Portugal, a Câmara Municipal de Famalicão celebrou tal feito do ilustre munícipe em pública alusão dessa conquista, feita com a colocação de pendões na cidade e outros pontos do concelho, além duma exposição de retrospetiva fotográfica da carreira desse grande atleta, entretanto desaparecido fisicamente em 2004 mas que, como se viu e sente, continua presente no apreço de seus admiradores.

Volvidos anos, no dia 23 de Novembro de 2013, aquando da Gala de Encerramento da Época Desportiva realizada em Vila Nova de Famalicão, a Associação de Ciclismo do Minho homenageou Carlos Carvalho numa cerimónia, à qual se associou a Federação Portuguesa de Ciclismo e centenas de pessoas presentes na Casa das Artes, em que foi recordado o percurso do atleta famalicense.

Anualmente costuma realizar-se, em sua honra, um “Passeio de Homenagem a Carlos Carvalho – O Rei da Montanha – MTB/Estrada”, em Pousada de Saramagos, normalmente no período do Outono. E durante o verão há também anualmente o “Trofeu Carlos Carvalho”, para jovens atletas, nas categorias de formação, pontuável para o Troféu Revelações de Ciclismo de Estrada - Raiz Carisma, organizado pela Associação de Ciclismo do Minho e pela Associação de Ciclismo Pousada de Saramagos. Curiosamente, a edição de 2015 desse prémio teve como vencedor um neto de Carlos Carvalho, havendo então, no 8º Troféu Carlos Carvalho, promovido em homenagem ao vencedor da Volta a Portugal em Bicicleta de 1959, vencido a corrida de juniores o então Campeão Nacional André Carvalho.

Glória do ciclismo nacional, Carlos Carvalho permanece também como um dos maiores desportistas e um grande trepador do ciclismo português, como especialista de etapas de montanha, sendo merecedor do respeito e admiração de sucessivas gerações.

ARMANDO PINTO

((( Clicar sobre as imagens, para ampliar )))

OBS.: O autor agradece ao sr. Dr. Jorge Paulo Oliveira, ilustre Famalicense,  a amável cedência das fotos  que aqui se anexam e ficam a enriquecer a coleção do autor deste blogue.

© Imagens com marca d’água, deste blogue.

A. P.

sábado, 23 de janeiro de 2016

Apresentada a equipa ciclista do F C Porto, na nova versão do ciclismo portista


Realizou-se ao início da tarde deste sábado a apresentação oficial do ciclismo portista, mostrando publicamente a equipa, os equipamentos e os ciclistas atuais do F C Porto, no ambiente do museu do F C Porto e diante das câmaras do Porto Canal  órgão televisivo do clube, embora como canal generalista de difusão, através de cuja emissão o autor deste blogue viu o que foi mostrado, como a grande maioria dos portistas e apoiantes da modalidade em apreço.


Está assim apresentada a formação azul e branca neste regresso dessa modalidade mítica ao seio do clube que ainda é recordista de vitórias em tal prática desportiva, apesar de ter tido muito menos anos de participação que os principais clubes rivais no curso das corridas portuguesas. Sabendo-se que a Volta a Portugal em bicicleta, a corrida rainha do ciclismo português, começara a disputar-se em 1927, já com a presença dos clubes de maior nomeada do sul. Enquanto no andamento do ciclismo, uma equipa do F C Porto participou pela primeira vez na Volta portuguesa mais tarde, em 1934, e ainda com um interregno pelo meio, voltou a participar nessa mais importante prova nacional em 1941. Ao passo de haver notícias de que também já em 1936 havia equipas de formação de ciclismo azul e branco, com títulos regionais e nacionais alcançados por jovens ciclistas que nesse tempo envergavam a camisola das duas listas azuis, desde a frente até às costas, sobre fundo branco. Tendo entretanto havido até em 1942 uma organização dum festival desportivo com receita a reverter para a formação da secção de ciclismo portista, incluindo jogos de andebol de onze e futebol que, como atração, meteram equipas de velhas guardas e da equipa principal desse tempo do F C Porto. Até que em 1945 passou a competir mais assiduamente… e após tempos áureos e grandes momentos, de novo houve um fugaz desaparecimento nos princípios da década de setenta, para depois, por fim, ter acontecido o mais longo encerramento da atividade a partir de quase do meio da década de oitenta, no século XX, até agora, enquanto os clubes rivais ainda ficaram mais alguns anos e num caso ou outro ainda com episódicos retornos, momentaneamente.


Passadas assim cerca de três décadas de ausência das estradas, eis que o F C Porto volta a subir às bicicletas para competir ao correr do mapa nacional e não só. E logo com uma formação forte, depositando-se fundadas esperanças num bom desempenho, no regresso que agora dá as primeiras pedaladas a sério.


Diante de tão boa realidade, valeu a pena ao longo dos anos ter havido um avivar de memórias capazes de puxar a brasa para esta febra (termo popular de fêvera, em linguagem de churrasco, sempre associado a convívio e confraternização), no sentido de energia, também, que ajudou de alguma forma a picar o ponto de partida. Bem como todo o entusiasmo que fica demonstrado em se saber que os novos ciclistas ficaram como que derretidos ao verem o museu do F C Porto, passando nós a ficar cientes que com o que se pode esperar daqui para diante, vai mesmo ser necessário ampliar o museu, para, além da tal cova do Dragão, com galarias para as muitas taças e objetos ainda em armazém, também poder haver um outro corredor (espaço) para guardar os galardões conquistados pelos nossos corredores.


«A apresentação foi no Museu, onde se encontram algumas marcas do passado azul e branco na modalidade. Jorge Nuno Pinto da Costa revelou (então) que um dos ciclistas da W52-FC Porto-Porto Canal até se sentiu “esmagado” pelo peso da história do clube, na apresentação deste sábado da equipa, que incluiu uma visita ao Museu. Os Dragões são recordistas de vitórias individuais (12) na Volta a Portugal e associam-se agora a uma formação que triunfou na geral individual nas últimas três edições da Volta a Portugal (duas delas, em 2014 e 2015, por intermédio de Gustavo Veloso, atual chefe de fila). A responsabilidade da equipa, composta por 12 ciclistas e comandada pelo diretor desportivo Nuno Ribeiro, será “grande”, mas, para já, o presidente do FC Porto congratula-se com o facto de as camisolas do clube irem circular pelas estradas de Norte a Sul do país, com os atletas a serem verdadeiros “embaixadores“.


“Era um sonho meu, mas que levei avante e fiz tudo para concretizar porque era um sonho de muita gente. Nem calculam! Eram muitas as pessoas que me perguntavam quando iriamos voltar a ter ciclismo e dizia-lhes sempre que um dia iríamos encontrar o parceiro certo para regressar”, afirmou Pinto da Costa, no Auditório Fernando Sardoeira Pinto, na apresentação da equipa à comunicação social, que ocorreu após a visita ao Museu FC Porto. O responsável máximo dos azuis e brancos elogiou a forma como foi possível chegar a acordo com Adriano de Sousa (Quintanilha), o homem forte da W52: “Foi, desde o primeiro contacto, exemplar no relacionamento e interesse em que hoje estivéssemos todos aqui. É o parceiro ideal, devo dizer que é uma honra ter esta relação consigo e com a sua admirável equipa, que com certeza vai perdurar para além do contrato que já assinamos”.»


Com a apresentação efetuada, ficou-se também a conhecer os novos equipamentos do ciclismo do F C Porto. Ficando uma sensação agradável na imagem vista, perante as particularidades de padrão do vestuário da modalidade, numa aproximação ao modelo atual das camisolas do clube nas outras modalidades.

Quanto à equipa, em si e para nós, que o que mais importa será o comportamento e seus resultados, com vitórias por meta, naturalmente passamos a ser fãs de Veloso, Carvalho, Mestre e Cª. Sendo um orgulho termos na nossa equipa o vencedor das mais recentes edições da Volta a Portugal, Gustavo Veloso; assim como um anterior vencedor e de permeio dos que mais deu nas vistas nas corridas disputadas, como é Ricardo Mestre; mais o António Carvalho que é como um braço direito da equipa e há anos venceu a Volta a Portugal do Futuro e como profissional o Grande Prémio JN, entre outras conquistas. Sendo o jovem Carvalho já uma referência da mística portista, Dragão de gema como é e neto de um antigo ciclista de renome, Alberto Carvalho (que representou o F C Porto a partir de 1966, e não como foi afirmado nalgumas reportagens, pois em 1964 fora “quase vencedor da Volta” mas ainda com a camisola do Académico do Porto, recorde-se, e em 1965 foi para equipa belga Flandria, que estivera em grande plano na Volta portuguesa)). Sendo a equipa do F C Porto agora formada na totalidade também e mais com  Joaquim Silva, Raul Alarcón, Rui Vinhas, Samuel Caldeira, Rafael Reis, Daniel Freitas, Ángel Sánchez Rebollido, João Rodrigues e Juan Ignacio Pérez.


Na apresentação oficial, a formação do W52-FC Porto-Porto Canal visitou o Museu do FC Porto, acompanhada pelo Presidente da Direção do F C Porto e pelos diretor desportivo, patrocinador e representante diretivo do clube, além de representantes de outras parcerias e alguns convidados. Ficando marcada uma mais ampla visão pública diante do público das bancadas do estádio do Dragão, onde subirá ao relvado já este domingo, minutos antes do encontro entre o FC Porto e Marítimo, na estreia de Peseiro à frente da equipa principal do futebol portista.

Este regresso do ciclismo após cerca de 31 anos de ausência leva para o asfalto a equipa W52-FC Porto-Porto Canal com bicicletas KTM e comandada por Nuno Ribeiro (vencedor da Volta em 2003), tendo nos pedais a continuidade dos lusos António Carvalho (nascido a 25/10/1989), Joaquim Silva (19/03/1992), Rui Vinhas (06/12/1986) e Samuel Caldeira (30/11/1985), dos espanhóis Ángel Sánchez (12/04/1993), o detentor do título da Volta Gustavo Veloso (29/01/1980), Juan Ignacio Perez (03/01/1990) e Raúl Alarcón (25/03/1986), contando com a entrada do português vencedor da Volta a Portugal 2011 Ricardo Mestre (11/09/1983 ex-Tavira), Daniel Freitas (10/05/1991 ex-Anicolor), João Rodrigues (15/11/1994 ex-Tavira) e Rafael Reis (19/09/1992 ex-Tavira), campeão nacional de contra-relógio sub-23 em 2013 e 2014.

Para além de 13 vitórias na clássica Porto-Lisboa, mais 3 na congénere Lisboa-Porto (entretanto desaparecida) e muitíssimas vitórias em Grandes Prémios e outras classicas, o clube portista conta na história da Volta a Portugal com 13 vitórias por equipas (nas Voltas de 1948, 1949, 1950, 1952, 1955, 1958, 1959, 1962, 1964, 1969, 1979, 1980 e 1981), 7 títulos de reis da montanha (1947-Fernando Moreira, 1955, 1958, 1960 e 1961-Carlos Carvalho, 1962-Mário Silva e 1981-José Amaro) e 12 classificações gerais (vitórias individuais) com triunfos de Fernando Moreira (em 1948), Dias dos Santos (1949 e 1950), Moreira de Sá (1952), Carlos Carvalho (1959), Sousa Cardoso (1960), Mário Silva (1961), José Pacheco (1962), Joaquim Leão (1964), Joaquim Sousa Santos (1979), Manuel Zeferino (1981) e Marco Chagas (1982).


«Em dia de apresentação da equipa no Museu FC Porto by BMG, o presidente dos dragões Pinto da Costa afirmou ao Porto Canal: “Entramos num projeto vencedor com um parceiro que já tem história no ciclismo nacional. O Futebol Clube do Porto tinha esta lacuna de não ter uma modalidade que os adeptos tanto gostam e que vai levar novamente o nome e a presença efetiva do Futebol Clube do Porto a todos os cantos do país. É um momento de muita satisfação minha, toda a gente sabe que era um sonho meu voltar a ter ciclismo ao mais alto nível nacional e espero que seja uma época de sucesso”.»

Armando Pinto

((( Clicar sobre as imagens, para ampliar )))

N. B. : Fotos de motores de busca pela Internet.