Reconstituição Histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Reconstituição histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Criar é fazer existir, dar vida. Recriar é reconstituir. Como a criação e existência deste blogue tende a que tenha vida perene tudo o que eleva a alma portista. E ao recriar-se memórias procuramos fazer algo para que se não esqueça a história, procurando que seja reavivado o facto de terem existido valores memorávais dignos de registo; tal como se cumpra a finalidade de obtenção glorificadora, que levou a haver pessoas vencedoras, campeões conquistadores de justas vitórias, quais acontecimentos merecedores de evocação histórica.

A. P.

terça-feira, 1 de março de 2016

(Mais) Memórias do ciclismo portista – Recordando o “Ciclocross” no Ciclismo do F. C. Porto!


Nestes dias ainda de inverno e enquanto o ciclismo portista também ainda está em período de preparação para a época de renovação que se aproxima, será tempo de aflorar lembranças de uma curiosidade antepassada, relacionada com o ciclismo, essa modalidade que este ano está de volta ao F C Porto. Melhor dizendo, o Futebol Clube do Porto tem outra vez ciclismo. Vindo a talhe recordar uma variante das provas, enquanto se espera pelo raiar das corridas ao longo das estradas, qual sol de primavera a fazer desabrochar as camisolas azuis e brancas entre o pelotão.

Então, reportemos, agora, sobre uma sua variante de inverno – o chamado “Ciclocross”, um tipo de corrida ao jeito de corta-mato em bicicleta. Hoje apenas quase uma recordação para os mais velhos, antigos atletas ou amantes de história do desporto dos pedais. Pois, em tempos passados, detinha atenções na época de inverno essa especialidade ciclista, aproveitada na transição do defeso das competições e preparação de pré-época. Sendo então o Ciclocross uma vertente do ciclismo de estrada que tinha grande importância, vinda dos alvores da prática do ciclismo, embora em Portugal tivesse tido apogeu mais nas décadas de cinquenta e sessenta, pelo menos, até finais dos anos oitenta, do século XX. A adesão era de tal maneira que, durante anos a fio, havia Campeonatos Regionais e Nacionais muito disputados.


Era uma maravilha, dentro do encanto que pairava naqueles românticos tempos de meio do século passado, esses e outros acontecimentos, revertendo ao caso desta modalidade tão antiga, praticada só nos meses invernosos, quando o ciclismo de competição ainda não ia para a estrada (antes do começo da época das corridas de longos percursos pelas estradas fora, quer as domingueiras da Associação, como depois os Grandes Prémios em etapas).

Nesse período a atividade ciclista era efervescente, nas provas em que os ciclistas tinham de vencer dificuldades em vias estreitas e acidentes naturais dos percursos, subindo e descendo ladeiras, montando nas bicicletas em terrenos enlameados, passando por escadas e até penedias, sendo inclusivamente obrigatório a existência de zonas que obrigavam a desmontar da bicicleta, tudo num autêntico fortalecimento muscular. Figuras ilustres desses tempos, de ciclistas de nomeada, integravam com sucesso tais provas, cujas imagens que sobrevivem mais parecerão jurássicas, à luz das vistas atuais.


Ora, como na época o F. C. Porto detinha certo poderio no ciclismo, o Ciclocross fazia parte do calendário dos ciclistas azuis e brancos, também, ajudando ao fortalecimento necessário para o resto da época. Havendo diversos ciclistas Portistas que eram especialistas, com relevo para os mais poderosos fisicamente, pelo desgaste que provocava e força muscular necessária. Acontecia, porém, que como no sul do país não havia muitos corredores especializados nisso, nem gostavam muito porque era um desporto onde se sujavam, com lama e poeira misturadas ao suor, a partir de determinada altura o Ciclocross passou a ser mais apreciado no Norte, sucedendo-se as provas a nível regional e nacional em terrenos da urbe portuense, como por exemplo nos carreiros do parque do Palácio de Cristal, ou noutros sítios apropriados dentro da cidade ou nos arredores da Invicta. Tendo durante muitos anos havido bons especialistas no F C Porto. E, entre os diversos corredores de tarimba dessas corridas de “cross”, lembramo-nos, por exemplo, de Sousa Cardoso, o vencedor da Volta a Portugal de 1960, ciclista de estampa atlética saliente que teve apetência por essa competição de especial esforço físico. Assim como, mais tarde, sobressaiu Joaquim Leão, corpulento ciclista que venceu a Volta a Portugal em 1964, a prova-rainha de estrada, e foi durante anos campeão Regional e Nacional de Ciclocross, como também José Pinto, José Azevedo, Alberto Carvalho, e outros mais.


Em homenagem dessas curiosas lembranças, são precisamente de Sousa Cardoso e Joaquim Leão as imagens que se juntam.


Atualmente, o Ciclocross não tem grande impacto e é praticado quase em modo amador, tendo desaparecido praticamente esta referida variante temporã (salvo raras exceções, como ultimamente este género do ciclismo tem sido reavivado na Associação de Ciclismo do Porto, contudo sem atrair os escalões profissionais). Enquanto, em sentido inverso, pela Europa é uma variante ciclista que foi crescendo sempre, inclusivamente a sua prática continua ultrapassando oceanos, embora nos dias de hoje o Ciclocross seja disputado em condições mais amenas e circuitos menos puxados. Diferindo, note-se, de outras variantes modernas, como as corridas de BTT e outras mais, disputadas com diferentes géneros de bicicletas.

Todas as épocas têm os seus conceitos e efeitos prediletos, como curiosidades destas demonstram, traduzindo valores como os que assim se procura transmitir, agarrando saberes ancestrais dos que se mostram caducos e novos dos que se podem (re)construir…!

Entretanto, o ciclismo está de novo de vento em popa, de peito feito ao vento no F C Porto, pronto a fazer figura nas estradas. Agora a cores e com as camisolas azuis e brancas a darem mais colorido ao grosso da coluna ciclista nacional!


Armando Pinto
((( Clicar sobre as imagens, para ampliar )))

6 comentários:

  1. Mais um excelente artigo, deste excelente blogue! Muitos parabéns ao autor pela excelente qualidade de escrita e pela forma como escreve os seus artigos, reavivando a memória a uns e dá conhecer a história do clube que tanta amamos a outros, como é o meu caso. Desde à uns meses para cá, que me é indispensável a visita diária a este blog. Novamente, muito obrigado!

    BMF

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    1. Fazemos das palavras (letras) do BMF as nossas.

      Satisfeitos ficaremos, todavia, e de forma plena, quando (aqui) nos apercebermos de uma "vontade" e
      "luta" para que ressurjam, pelo menos, as miticas modalidades do nosso Clube, o voleibol e o atletismo.

      Assim, com o regresso do ciclismo até nos aproximaria
      -mos do grande ecletismo que possuimos nas décadas 50/60/70.

      Conincidência ou não viemos a perde-lo a partir dos anos 80. Porque seria??? Nós sabemos, assim como tb sabemos quem foi) o responsável.

      Desgostar-nos-ia ver-mos abrir duas modalidades que não têm nada a ver connosco. O futsal e o futebol feminino de que, últimamente, muito se tem falado.

      Era sobre estas questões que muito gostariamos ver debatido e reflectido neste afirmado (e é verdade)
      "excelente blogue".


      O antigo fiel leitor de "O Porto",

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  2. Bem, sobre as tais modalidades, do futsal e futebol feminino, também penso assim. Apenas não trago para aqui o assunto porque essas referidas não passam disso mesmo, de por vezes serem faladas, mais até entre simpatizantes, pois nunca se leu ou ouviu publicamente nada vindo de dirigentes. Por isso o que não existe nem existiu, dentro do clube, não conta. Quanto ao tema do ciclismo ter sido interrompido já na década de oitenta, percebendo-se logo qual a direção, também o retorno foi com a atual gerência. Embora não se deva esquecer que anteriormente também houve outras interrupções e com outras direções, só que então com menos tempo de interregno. Assim como no ponto referente ao atletismo e voleibol, não sei bem se interessaria neste momento recuperá-las, porque no F C Porto deve haver mentalidade gsanhadora e no caso do atletismo sempre houve grande distância do norte para o sul. Quanto a mim esses são assuntos para apresentar em Assembleias Gerais.
    Armando Pinto

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    1. Subscreveria totalmente não fora o caso do amigo AP dizer (escrever)

      - "... no ponto referente ao atletismo e voleibol, não sei bem se interessaria..."

      que já foi chocante, mas ainda mais quando também diz (escreve)

      - "... porque no FC Porto deve haver mentalidade ganhadora..."

      esquecendo-se que estas duas modalidades foram extintas imediatamente a seguir a titulos nacionais conquistados (o voleibol em 1988 e o atletismos - femininos - em 2011).


      Além disso os nomes destas modalidades (Eduardo Monterroso, Alvaro Martins, José Moreira, Nelson Puga, etc., etc. - já nem se falando no Prof. Puga - no caso do voleibol, e, Brazeta Oliveira, Manuel Sousa, José Sena, Isolina Pinhel, Fernanda Ribeiro, Aurora Cunha, etc., etc., no caso do atletismo - já nem se falando no Prof. Arnaldo Borges) não merecem ao amigo AP respeito, veneração, saudade, respeito?

      Se alguns (muitos) destes, já falecidos, viessem de novo ao mundo e ao FCorto...


      Nós sabemos que estamos na "era dos dirigentes" como os mais importantes nos Clubes (até autógrafos dão, como nunca se viu) mas tudo tem limites... Nota-se que até nos adeptos (alguns) a paixão já era...


      Outras interrupções, de facto, já houveram (último foi o basquetebol e o andebol esteve quse quase em 1997) mas tal não nos deve "regozijar" embora estejamos muito céticos em relação ao ciclismo (outros interesses e estratégias prevaleceram...).


      Quando se fala (escreve) na questão das distâncias

      - "... norte para o sul..."

      lembramo-nos do caso do andebol de 11 que larqamemte superentendiamos pensando-se que com o surgimento do andebol de 7 desapareceria-mos. Nada disso.


      Podemos bater os centralistas se apostarmos também nas modalidades ditas de pavilhão (de amadoras já nada têm) que não só exclusivamente no... futebol (nem sempre com resultados).


      Essa das Assembleias Gerais nem vamos comentar. Logo a quem melhor conhece como funcionam...


      Isto sim! Reflectir o Clube... Parabens!



      O antigo fiel leitor de "O Porto",

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  3. Pois o atletismo como sabe foi o que foi, com o sul precisamente, na extensão desse ano de excepção, a conseguir anular as possibilidades de inscrição de atletas estrangeiras. Tal como antes sempre que apareceram valores mais salientes a norte, logo eram seduzidos para Lisboa. Quanto às anteriores interrupções, referia-me também ao ciclismo. Como já aqui ficou historiado em artigos ainda recentes.
    Sempre F C Porto.
    Armando Pinto

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    1. Leitor fiel (e saudoso) de “ O Porto”4 de março de 2016 às 14:15

      No caso do atletismo não dizemos que não fôra (e é) como diz AP. E que se fez? Pura e simplesmente... extinguiu-se. Aconteceu assim com o atletismo, o mesmo vindo a suceder em 2013 com o basquetebol. Mas não acharia que em alternativa à extinção, por estratégia e birra, se deveria lutar em defesa dos seus (nossos) ideais? Duas modalidades (assim como o voleibol) de grandes pergaminhos no Clube e no desporto nacional e até internacional, caso do atletismo, existente desde... 1906. Isto conta... e muito. O ressurgimento do ciclismo e do basquetebol, com capacidades competitivas desconhecidas (num caso de -ciclismo - a ver, no outro - basquetebol - já se verificou) tememos que tenham sido estratégias de... recandidatura. Uma modalidade temos a certeza que não será extinta, caso do... bilhar. Enquanto lá andar… um dos inseparáveis do senhor presidente. O grande e malogrado Wilson Neves agradece...
      PS. - Parabéns ao recem-eleito Administrador da SAD.
      O Leitor fiel (e saudoso) de “ O Porto”

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