Reconstituição Histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Reconstituição histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Criar é fazer existir, dar vida. Recriar é reconstituir. Como a criação e existência deste blogue tende a que tenha vida perene tudo o que eleva a alma portista. E ao recriar-se memórias procuramos fazer algo para que se não esqueça a história, procurando que seja reavivado o facto de terem existido valores memorávais dignos de registo; tal como se cumpra a finalidade de obtenção glorificadora, que levou a haver pessoas vencedoras, campeões conquistadores de justas vitórias, quais acontecimentos merecedores de evocação histórica.

A. P.

quarta-feira, 27 de março de 2019

Efeméride da estreia de Acácio Mesquita no FC Porto e algo mais…


No dia 27 de Março de 1927 estreou-se com apenas 17 anos um verdadeiro símbolo do FC Porto, como foi Acácio Mesquita. E a 27 de Março de 1938 ingressou no FC Porto o primeiro africano da história do clube. O seu nome de conhecimento futebolístico era Meireles. Segundo consta na Tábua Biográfica da Fotobiografia do FC Porto, em boa hora publicada por Rui Guedes. Numa cronologia através da qual são referidos factos relevantes dos sucessivos anos, da atividade desportiva do FC Porto ao longo dos anos, por datas dos sucessos que o autor desse importante volume achou mais significativos.

Ora, sinceramente não tem o autor deste blogue informações documentais referentes a esse tal jogador pioneiro vindo de África, pelo menos que lembre de memória, apenas, ou de cor, como se costuma dizer; nem vislumbrando alguma recordação na retina, sequer, de poder ter visto o que fosse relativo ao mesmo. Embora podendo haver e até ainda aparecer qualquer coisa referente a ele ou algo dele. Já sobre Acácio Mesquita, é outra história, facilmente vindo à ideia a imagem que ressalta como um dos três "Diabos do Meio-dia" e não faltam referências em livros e obras enciclopédicas sobre ele na história antiga do FC Porto.


Com efeito Acácio Mesquita estreou-se oficialmente com a camisola do FC Porto no jogo FC Porto-Progresso disputado no Lima naquele dia de Março de 1927, a contar para o Campeonato Regional do Porto, substituindo Resberg. Tendo esse encontro terminado empatado a dois golos, com Acácio Mesquita a haver tido papel importante, mesmo como suplente utilizado, apenas, por ter ainda marcado um dos golos do FC Porto, após ter entrado no decorrer do jogo.

No decurso dos anos seguintes Acácio passou a ter desempenho mais vistoso, cotando-se depois como um dos  nomes grandes de futebolistas que muito dignificaram o clube azul e branco. Assim como foi valoroso campeão também no atletismo, modalidade que representou igualmente no FC Porto.


Sobre o tema dos "3 Diabos do Meio-Dia" já aqui foram feitas algumas lembranças evocativas.  Motivo porque desta feita dedicamos ao internacional Acácio Mesquita umas visões mais amplas sobre sua carreira desportiva.

Assim, havendo material diverso entre a documentação portista sobre esse que foi o quinto futebolista do FC Porto a ser chamado para representar a seleção portuguesa, junta-se aqui como exemplos de sua biografia uma "caixa" há uns anos bons publicada no antigo jornal O Norte Desportivo, assim como a respetiva “entrada” no trabalho de Rodrigues Teles sobre os Internacionais do FC Porto.

Por fim, ilustra-se esta evocação ainda documentalmente com o currículo que lhe é referenciado na Enciclopédia do Desporto (no volume 9 da coleção editada pela Quidnovi em 2003).

Armando Pinto
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domingo, 24 de março de 2019

João Rodrigues (W52-FC Porto) é o vencedor da 37.ª Volta ao Alentejo.



Depois de ter conquistado a camisola amarela de véspera, após vitória na decisiva etapa de contrarelógio, o ciclista do FC Porto João Rodrigues conquistou a 37.ª Volta ao Alentejo, terminada neste domingo último da hora de inverno, ao cabo da difícil sexta e última etapa entre Portalegre e Évora.


«No derradeiro dia de prova a equipa portista W52-FC Porto teve de aplicar-se devido a uma fuga iniciada ao quilómetro 16 por Beñat Intxausti (Euskadi Basque Country-Murias), David de La Fuente (Aviludo-Louletano), Pedro Pinto (Miranda-Mortágua), Gonçalo Leaça e Fábio Oliveira (LA Alumínios – LA Sports), Micael Isidoro (BAI-Sicasal-Petro de Luanda), Jokin Aramburu (Equipo Euskadi) e Cyrirille Thiery (Swiss Racing Academy).


Inicialmente foram outras equipas que passaram pela frente do pelotão, mas acabaram por perceber que se deixassem os escapados ganhar terreno os portistas teriam de desgastar-se para manter a situação sob controlo. Foi o que aconteceu quando os oito homens da dianteira detinham mais de 6 minutos de vantagem e colocavam, virtualmente, em perigo a camisola amarela de João Rodrigues. »


Anulada a fuga pelo trabalho da equipa portista «a 18 quilómetros da chegada o pelotão passou a rolar compacto a caminho de Évora, com uma chegada ao sprint na mente da maioria dos corredores. A alta velocidade levou o pelotão agrupado até à Praça do Giraldo, onde Enrique Sanz venceu pela terceira vez nesta edição da Volta ao Alentejo. O segundo classificado foi o britânico Gabriel Cullaigh (Team Wiggins LeCol). Mário González (Euskadi Basque Country-Murias) fechou o pódio do dia.


João Rodrigues, escoltado pela armada da W52-FC Porto, chegou a Évora em condições de imiscuir-se no sprint, sendo o sétimo a cortar a meta, defendendo da melhor forma a propriedade da camisola amarela.


"Hoje parece que estive numa bolha, sempre protegido do vento pelos meus companheiros de equipa. É a eles que dedico esta vitória", afirmou João Rodrigues.»


Está assim conquistada a primeira grande vitória da época pela equipa W52-FC Porto e logo numa das mais importantes corridas disputadas por etapas em Portugal. Com honra e glória para o FC Porto em ter a confirmação de mais um grande valor, como é o algarvio portista João Rodrigues, vencedor categórico da Volta ao Alentejo de 2019.


*****
De véspera, recorde-se, João Rodrigues passara a ser novo camisola amarela da Volta ao Alentejo, ao final da 5ª e penúltima etapa. De manhã, na 4.ª etapa entre Ponte de Sor e Portalegre, o algarvio terminara na 4.ª posição, percorrendo os 74,3km em 1h 56m 28s. Na parte da tarde foi o mais rápido do contrarrelógio em Castelo de Vide, ao terminar os 8,4km em 12m 45s, menos 3 segundos do que Luís Mendonça, da Rádio Popular-Boavista, que tinha partido de amarelo para a 5.ª etapa. Raúl Alarcón terminou o contrarrelógio na terceira posição, a quatro segundos do companheiro de equipa.

Na geral individual, após a 5.ª etapa, a W52-FC Porto tinha então já dois atletas a marcar presença entre os dez primeiros, João Rodrigues (1.º) e Raúl Alarcón (3.º). Enquanto em termos coletivos, a formação azul e branca liderava também a geral por equipas (47h13m27s), com menos um minuto e quatro segundos do que a segunda classificada, a Equipo Euskadi. Indo-se para a derradeira tirada com Rodrigues no comando, embora detendo uma diminuta vantagem de 3 segundos para o imediato perseguidor.


*****
Por fim, conseguindo defender bem a posição de João Rodrigues ao longo da última etapa, a equipa W52-FC Porto deu mais uma demonstração de sua valia, desta feita com o alcance do pódio, quer individual como coletivamente.


Com efeito, João Rodrigues venceu a 37.ª Volta ao Alentejo. O ciclista da W52-FC Porto partiu para a última etapa com a camisola amarela e conseguiu defender a posição, chegando a Évora no sétimo lugar, a um segundo do vencedor, com o apoio dos restantes companheiros de equipa.


Rafael Reis (13.º) e Raúl Alarcón (15.º) também completaram a etapa a um segundo de Enrique Sanz. Daniel Mestre (68.º), Samuel Caldeira (79.º), Edgar Pinto (81.º), Ricardo Mestre (85.º) foram os outros ciclistas da W52-FC Porto na estrada.


Então João conquistou a sua primeira vitória numa prova de etapas, ao terminar com menos três segundos do que Luís Mendonça (Rádio Popular-Boavista), vencedor em 2018, e quatro do que o espanhol colega de equipa Raul Alarcón (W52-FC Porto). Sendo assim o camisola amarela final desta vez, depois de em anteriores oportunidades ter conquistado noutras provas algumas camisolas de líder de outras classificações.


A W52-FC Porto venceu a classificação geral por equipas na Volta ao Alentejo.


Grande vitória, a toda a linha do conjunto do FC Porto e certeza afirmativa de João Rodrigues, herói da nossa primeira grande alegria portista desta época, como muito nos alegra a confirmação que a equipa W52 FC Porto está aí para as curvas e contracurvas, fortalecida em bom ritmo.


*****
«Para João Rodrigues, de 24 anos, esta camisola amarela foi a primeira numa prova por etapas e o ciclista detalhou a estratégia na corrida. “A equipa toda está bastante forte. Era um objectivo ganhar a Volta ao Alentejo. O Raul [Alarcón] também estava muito bem. Tentámos fazer a diferença na etapa de sábado, na parte da manhã, mas não conseguimos: o [Luís] Mendonça esteve bastante bem. No contra-relógio conseguimos ser os mais fortes e, aqui [última etapa, em Évora], foi tentar não perder tempo”, disse, falando, ainda, do trabalho da equipa neste domingo: “Parece que ia numa bolha, com a equipa toda à volta. Não apanhei nada de ar, foi perfeito. Um grande obrigado a todos eles”.


Raúl Alarcón, que subiu ao lugar mais baixo do pódio, deixou elogios ao companheiro de equipa. “O João é sempre um grande trabalhador, um grande amigo de todos e merece esta vitória”, disse o vencedor das últimas duas Voltas a Portugal.»



Classificações finais


Geral Individual final

1º - João Rodrigues – 19h 13m 43
3º - Raúl Alarcón +4s
11º - Rafael Reis +1m 10
44º - Samuel Caldeira +7m 51
45º - Daniel Mestre +7m 55
66º - Edgar Pinto +17m 00
68º - Ricardo Mestre +17m 35


Geral Equipas
1º - W52 – FC Porto


Armando Pinto
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sábado, 23 de março de 2019

Alex Teles e Militão na “Canarinha”: Mais dois portistas internacionais brasileiros, com estreia em jogo no estádio do Dragão


Sábado 23 de março, à entrada da Primavera de 2019, marca a presença na principal seleção brasileira dos futebolistas do FC Porto Alex Teles e Eder Militão. Sendo então esses dois Internacionais pelo Brasil, em jogo que fica também assinalado por o estádio do Dragão ter sido escolhido para palco de um jogo de preparação na Europa entre as equipas do Brasil e do Panamá.


Com efeito essa dupla portista da atualidade esteve assim num momento desses, como elementos ativos na histórica presença da sempre apreciada Seleção “Canarinha” no Porto. Estreando-se Alex como internacional pelo seu país, enquanto Militão soma sua segunda internacionalização. E logo em pleno estádio do clube onde jogam. Tal a honra que é para qualquer brasileiro vestir a camisola amarela do seu país, acrescida, além de terem sido selecionados, por haverem alinhado de início e inclusive estarem em campo durante todo o jogo. Honra e glória que é extensiva ao FC Porto, ao ter nas fileiras azuis e brancas mais dois seus jogadores no número dos que conseguiram vestir a camisola brasileira. Sabendo-se quanto o Brasil, como nação imensa e com tantos valores, detém imensos futebolistas com possibilidades de serem selecionados. Tendo Militão se estreado antes na seleção do Brasil em Setembro de 2018, no jogo do Brasil com El Salvador disputado em Washington (EUA), incluindo o já então defesa do FC Porto, juntando-se-lhe agora Alex Teles do plantel atual do FC Porto .


Perante isso, como Telles se estreou pela Canarinha, assim como Militão integrou o onze titular, neste dia em que ambos até disputaram todo o jogo no Dragão, passa então o grande Futebol Clube do Porto a ter mais estes dois entre os muitos internacionais que fazem parte da galeria honrosa de futebolistas do FC Porto que chegaram a vestir as camisolas das seleções de seus países, na lista de internacionais portugueses e estrangeiros enquanto jogadores do FC Porto.


Assim sendo, entre os cento e tal jogadores do FC Porto que, ao longo dos tempos, já foram internacionais pela seleção representativa de Portugal (número acrescentado também de véspera com o “nosso” Pepe, que ao ter regressado ao Dragão este ano já soma mais uma ida à seleção portuguesa, agora como jogador do FC Porto e na senda de outros brasileiros naturalizados, como Celso Matos e Deco), mais também das dezenas de estrangeiros portistas que jogaram com as camisolas das seleções de suas pátrias, contam-se desde o jogo deste sábado mais estes dois, Alex e Militão, numa fasquia atingida sempre especial.


 = "Fichas" do blogue "Pentacampeão2", onde, entre bom material estatístico-historiador, consta também trabalho impecável de Rui Anjos sobre os internacionais portugueses e estrangeiros do FC Porto. Cuja inventariação e registo são dignos de figurar num livro oficial do clube, por exemplo. =

Por toda a envolvência que representa a seleção do país irmão, é deveras notória a ligação que também o FC Porto tem e mantém já com essa mítica equipa que une o sentimento brasileiro e possui grande simpatia entre os portugueses. Havendo grandes nomes do futebol brasileiro que vestiram a camisola canarinha que jogaram também no FC Porto. Quão aconteceu inicialmente com grandes craques que já tinham alinhado pela seleção brasileira quando vieram para o FC Porto, como foram os casos de Amaury, primeiro, e Flávio depois. Embora esses dois grandes avançados que jogaram no FC Porto, o primeiro em 1965/66 e o outro já entre 1971/72 a 1974/75, não voltassem a vestir a canarinha, apesar de inclusive Flávio ter sido dos maiores goleadores da seleção amarelo-verde e azul, contudo a pouca visibilidade do campeonato português nesses tempos haja agudizado a distância, na linha de quem não é visto não é lembrado. Até que mais tarde, já com o futebol português mediatizado após as conquistas europeias e mundiais do FC Porto e o aparecimento da nova geração selecionada com a camisola das quinas, começaram os brasileiros que jogavam a Portugal e sobretudo no FC Porto, a terem também chances de serem lembrados e inclusive a serem chamados à sua seleção. Começando com Branco, depois Jardel, seguindo-se Doriva, Helton, Hulk, Kleber, Alex Sandro, Danilo, até por fim Casimiro, antes dos agora também internacionais, Alex Teles e Eder Militão.


No jogo deste sábado, em que tiveram lugar as inclusões dos dois defesas do FC Porto, no encontro decorrido no Estádio do Dragão diante de grande falange de apoio de adeptos brasileiros e também portugueses, mais alguns panamianos que marcaram presença a incentivar seus compatriotas, o resultado com que terminou, empatado a um golo, não foi condizente à grande superioridade da equipa brasileira, mas foi como que um prémio ao esforço defensivo do Panamá, embora com o golo panamiano marcado irregularmente em posição de fora de jogo (evidente, e não ligeiramente como foi comentado na Sportv). Cujo empate desse modo acontece pela primeira vez frente ao Brasil. Desta vez neste prélio em que Brasil e Panamá se defrontaram no Estádio do Dragão, em jogo de preparação para a Copa América. 


De realçar que Neymar não foi convocado devido a lesão, mais assistiu ao jogo na bancada. Tendo assistido também jogadores brasileiros que atuam no FC Porto, como Felipe, Fabiano, Vaná e Otávio, além de muitas personalidades, incluindo representantes oficiais e membros da Direção do FC Porto.


O tempo ajudou, com uma tarde soalheira, a compor o cenário onde o azul até combina bem com o amarelo. Tal foi, em suma: «Uma bonita tarde, uma bela festa no mais bonito estádio de Portugal. Uma honra receber a seleção brasileira no Dragão e tantos jogadores que marcaram a nossa história nas bancadas do nosso estádio.»


Referiu Alex Teles publicamente: «O FC Porto é um clube espetacular e, desde que cheguei, senti-me em casa. É um clube que recebe bem, a cidade é maravilhosa e o facto de ser uma língua quase igual ajuda imenso na adaptação. É um clube de dimensão mundial, com grande história, que dá muita visibilidade aos seus atletas»!


Com estas e outras, o estádio do Dragão passou a ter mais um item de sua assinalável história, que é afinal a do FC Porto na interligação com o nosso estádio atual. Numa relação que em breve será aumentada com a disputa da fase final da Liga das Nações no Dragão, em que estará presente a seleção portuguesa. A calhar então, por exemplo, para a edição comemorativa de um livro oficial do clube, em que seja incluída a Galeria dos Internacionais do FC Porto pelas respetivas seleções, enquanto jogadores portistas, ao longo dos tempos.

Armando Pinto
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sexta-feira, 22 de março de 2019

Sexagenário do “Caso-Calabote”


Estava a Primavera a florir ainda em 1959, quando a 22 de Março se deu a célebre conquista pelo FC Porto do Título Nacional de futebol sobreposto ao “Caso-Calabote”. Conquistado ao suplantar autenticamente a "batotice" com que certos agentes do clube adversário direto tentaram alterar a verdade desportiva, já então... como ficou para a história.

Diz o Evangelho que antigamente era o Verbo… mas no caso do desporto português em tempo do Estado Novo era vivó velho... como era então, no fatalismo que parecia imposto pelos tempos fora. E o verbo, com letra minúscula, era repetitivo.

Ora, segundo o que descreveu São João Evangelista, o Verbo no Evangelho remetia à palavra divina, pois antes de qualquer outra coisa existir, Deus já existia. Mas, se o verbo antigo significava o bem, os tempos desse período de ditadura dos mais variados campos era já apologista do mal. Como eucalipto que seca tudo à volta, o sistema sócio-desportivo queria tudo à sua maneira e interesse. Tendo-se sucedido os casos de bradar aos céus, mas dentre muitos, entre tantos, um houve que conseguiu superar isso, ainda que com espera sofrida, porém vitoriosa mesmo à posteridade. Tanto que, apesar de tudo, ainda não está esquecida e tem sempre quem faça força para que não passe ao olvido…


Foi pois nesse ambiente que ao começo da Primavera de 1959 ocorreu o inesquecível "caso-Calabote", por ter tido repercussão. Dado ter acontecido com contornos de escândalo vistoso, no último jogo do campeonato dessa época; inclusive a meter longa espera pelo desfecho do jogo em que mais visível era a batota, por jogadas de bastidores. Uma ocasião em que o bem, no fim, pôde enfim vencer o mal.

= Durante o jogo, o banco do sofrimento... 

=  No fim - Hernâni a ser vitoriado no fim da longa espera... 

Inocêncio Calabote era um árbitro que sempre arbitrou mal em jogos do FC Porto, com tradição de sistematicamente prejudicar a equipa portista. Sendo um personagem funesto e medonho, apesar da sua pequena estatura. 


De cara de poucos amigos, era um género de “falso padre” do rol benfiquista daqueles tempos. Dessa vez escolhido, pelos manda-chuvas do sistema vigente, para arbitrar o jogo em que o Benfica tinha de marcar golos suficientes para ultrapassar a vantagem que o FC Porto detinha na diferença de golos, precisamente. Visto Porto e Benfica terem chegado à ultima jornada empatados em pontos, e assim resultar desempate na diferença de golos, pela soma deles, em que o FC Porto tinha vantagem. Enquanto isso, no jogo do FC Porto em Torres Vedras até foi colocado a orientar a equipa da casa o treinador adjunto do Benfica, além dos jogadores (segundo testemunhos que estão publicados) terem certas promessas, tendo feito anti-jogo a maior parte do tempo e abusado de rude dureza em todos os lances praticamente, ao que se juntou inclusive o árbitro desse encontro também não ter assinalado dois penaltis, que poderiam dar golos para o FC Porto.  


De modo que, enquanto em Lisboa o Benfica ia marcando golos a eito, com penaltis inventados e outras manobras, já os jogadores do FC Porto viam-se em sérias dificuldades para conseguirem marcar, chegando quase ao fim do jogo ainda só com um golo obtido. Talvez que isso até tenha sido o que salvou a situação, visto na altura apenas se ir sabendo do desenrolar dos jogos através dos relatos radiofónicos e telefonemas que fosse possível fazer, em tempo de Pbx e consequentes ligações para as meninas da central telefónica. Pois como o FC Porto alcançou os seus segundo e terceiro golos já muito para o fim do jogo e o terceiro e último mesmo ao expirar do próprio jogo, às tantas em Lisboa o árbitro Calabote houvesse pensado que os golos que o Benfica marcou já chegassem e por isso não prolongou ainda mais o jogo além dos doze minutos que fizera acrescer, além dos noventa. Levando a que, como o jogo de Lisboa começara mais tarde alguns minutos também, a espera foi demasiado longa para quem teve de se limitar a esperar o fim do jogo Benfica-Cuf…


Toda a gente ficou à espera, quer quem estava no campo das Covas em Torres Vedras, ou em casa a ouvir relato pela rádio. Pois quem permanecia no estádio da Luz estava a par de tudo. Aí o jogo custava a acabar, por o árbitro Calabote deixar o tempo alongar-se à espera de poder proporcionar ao seu Benfica um resultado que mais lhe interessava. O FC Porto acabara de vencer o Torreense por 3 - 0, mas na Luz o árbitro Inocêncio Calabote, que já marcara 3 penaltis a favor do Benfica, expulsara 3 jogadores da CUF, foi prolongando o jogo por mais 10 minutos, mas ao apitar para o fim, finalmente, o resultado com que o Benfica ganhava por 7-1 acabou por não chegar!


Foi a 22 MARÇO de 1959. Passa agora em 2019 sessenta anos que isso aconteceu.


Rezam as crónicas, com efeito, que nesse dia 22 de Março de 1959 o FC Porto acabou por conquistar o campeonato nacional numa jornada muito especial e contundente, tendo vencido em Torres Vedras no jogo derradeiro o Torreense por 3-0, mas… tendo toda a gente do FC Porto, desde jogadores a treinadores, diretores e adeptos, que esperar mais de dez minutos pelo final do encontro também disputado em Lisboa, nessa mesma tarde entre Benfica e CUF, arbitrado por Inocêncio Calabote – que tentou por todos os meios que a equipa encarnada marcasse os golos necessários para ultrapassar a conta que mantinha em disputa com o FC Porto, prolongando o tempo de jogo muito para lá da hora e de qualquer desconto aceitável, sem conseguir contudo… Pois então a equipa do SL Benfica venceu por 7-1, mas com menos um golo do que seria necessário para que o título não rumasse ao Porto.


Esse caso está narrado com clareza no livro “O CASO CALABOTE”, escrito por João Queiroz e publicado pela editora QUIDNOVI, em Novembro de 2009, ainda dentro de período da passagem de 50 anos desse facto. Apenas que, comparando com edições de outras obras da mesma editora, Quidnovi/QN-Edição e Conteúdos, S.A., esse livro apareceu com uma edição gráfica quase despretensiosa, para não dizer ligeiramente barata, como que a tentar passar despercebida, sem ilustrações e com formato reduzido. Livro que o autor destas linhas adquiriu à época e está devidamente guardado na biblioteca pessoal. Esperando que ainda venha a ser possível ter uma outra edição (em reedição) mais consentânea com a dimensão do caso, mesmo porque não faltam imagens, quer em jornais e revistas, como pela Internet e blogosfera, de fotos relacionadas com o tema. Algumas das quais, relativamente ao jogo de Torres Vedras, se juntam aqui e agora, para constar.

= Perdigão entre adeptos portistas eufóricos, após conclusão da vitória no campeonato...

Como legendagem memorial acrescente-se algumas notas entre margens, tipo à margem da reportagem, como ao tempo era escrito na imprensa:

Então, antes dos dois jogos: «O BENFICA RECEBE A CUF E SOBE AO RELVADO DOIS MINUTOS ANTES DO INÍCIO DO JOGO. A ESTRATÉGIA É RETARDAR A PARTIDA O MÁXIMO POSSIVEL, DE FORMA A SABER O QUE SE PASSA EM TORRES VEDRAS, NO TORREENSE -F.C.PORTO.»

Havia condição prévia e necessária, para o Benfica: Tinha de «MARCAR MAIS CINCO GOLOS DO QUE AQUELES QUE O F.C.PORTO MARCASSE… ERA O OBJECTIVO.»

«…QUANDO CALABOTE INICIA O JOGO, JÁ SE CONTAVAM OITO MINUTOS NO JOGO DO F.C.PORTO.»

«AO INTERVALO, 4-0 NA LUZ COM DOIS PENALTIS.»

«NA SEGUNDA PARTE ENTRE GOLOS DE RAJADA (7-1), PENALTIS, A SUBSTITUIÇÃO DO GUARDA-REDES GAMA A PEDIDO DOS COLEGAS, TRÊS JOGADORES DA CUF NA RUA E UM FINAL DE JOGO QUE NUNCA MAIS CHEGAVA… O F.C.PORTO CONSEGUE UM 3-0 QUE NEM O ADJUNTO DO BENFICA (VALDIVIESO), QUE ESTEVE NO BANCO DO TORREENSE, CONSEGUIU IMPEDIR...»


E no fim do jogo do Torreense-FC Porto todos ficaram a ouvir nos rádios, que por lá havia quem tivesse, a aguardar o fim do jogo que nunca mais terminava em Lisboa. Até os jogadores ficaram sentados no chão, cansados mas sem sentirem isso mais que o sofrimento de revolta e ansiedade... 


...Até que por fim se deu o momento de alegria, perante a certeza, finalmente, que o Porto era campeão. 

= O guarda-redes do FC Porto, Acúrcio, após se ter sabido que o FC Porto conseguiu ser mesmo Campeão Nacional...

Dessa vez houve justiça final, pois nem sempre o mal consegue levar a melhor, afinal… E assim o FC Porto foi campeão, contra a vontade de árbitros, dirigentes federativos, mais outros agentes, etc. Como, pelo tempo adiante, isso ultrapassou a vontade e discernimento também de certos jornalistas e outros publicistas mais, incluindo os benfiquistas fanáticos que só vêm vermelho diante dos sentidos.


Após tudo isso, porque o que se passou foi demasiado evidente... Calabote foi irradiado. Mesmo tendo mentido no seu relatório, mas tudo havia sido muito do conhecimento público...


Passam agora 60 anos que isso aconteceu. Algo que tem de ser sempre lembrado, pois as desonestidades e ações malvadas não podem ser branqueadas. Porque o crime perverso da batota não pode compensar, ou pelo menos não devia… embora em Portugal continue a haver saudosismos de velhos processos e atualmente a "toupeirice" passe incólume pela proteção ao clube do regime.

= "Campeões Nacionais" em 1959 
Armando Pinto
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