Diz a letra duma canção, dessas cantigas em voga transitória, que, generalizando, não se deve voltar ao lugar onde fomos felizes, mas nem sempre será assim, tanto que todas as regras têm exceções e a da nossa sensatez diz-nos que sempre é bom voltarmos ao lugar onde somos felizes. Neste caso ao nosso salão de festas, onde festejamos e gostamos de comemorar até às escuras…
E porque o passado não tem que ser apagado, estamos confiantes. Aliás, em sinal de que é bem positivo voltarmos, é que desde que existe o estádio da luz apagada, os números são concludentes: O F. C. Porto ganhou mais vezes no novo estádio da Luz, que o Benfica, nos confrontos diretos Benfica / F. C. Porto; e… o F. C. Porto já foi mesmo campeão em pleno estádio da Luz. Com festa de consagração e banho vitorioso, para que conste… sempre.
Mas desta vez vem-nos à mente um outro jogo, inesquecível também. Um daqueles… tais!
Pois bem! É que nem só daquele relvado, o regado fora de horas, falam as nossas boas recordações. Também do antigo, do entretanto desaparecido estádio anterior, temos boas memórias, quer históricas como pessoais. Do que reza a história ali vencemos logo no dia da respetiva inauguração; ao passo que, quanto ao que já vivemos, temos diversas vitórias ali também saboreadas. Entre as quais – há sempre um jogo especial – temos como inesquecível aquela vitória por 2-3 (em "score" assim colocado, sendo em casa do adversário), com golo da vitória ao cair do pano, nos últimos minutos, num colocado remate de Timofte.
Quem não se lembra? …Depois de um jogo emocionante, contando mudanças constantes e incertezas na marcha do resultado. E que jogo! Quando, após duas vezes em que estivemos à frente do marcador, sofremos pela segunda vez um golo de empate, já estávamos mais que lixados, empatados, vendo tudo de pensamento aturdido e meio atordoado… eis que, já sem esperarmos, na verdade, ouvimos (pois então ainda acompanhávamos os jogos por relato radiofónico, aos domingo de tarde…), entrando-nos pelos ouvidos e logo saltando a todos os sentidos, que era golo… outro… novo golo do Porto!
João Pinto, o célebre nº 2 do F. C. Porto de Pinto da Costa, primeiro fizera o 0-1, através de um remate certeiro na marcação duma grande penalidade; já na 2ª metade do jogo, após sofrermos o empate, o Kostadinov, aos 84 minutos fez o 1-2, mas logo no minuto imediato os gajos voltaram a empatar. Então, quando já nem sabíamos se a vida valia a pena ou não, quatro minutos depois, e quase sobre a hora final, aos 89, Timofte tirou da cartola um remate de se lhe tirar o chapéu… e tudo ganhou de novo cor e alegria, dando outro sentido e verdadeiro interesse em estarmos a viver, assim, a nossa vida. Num fim de tarde inesquecível, numa solarenga tarde domingueira de entrada da Primavera, a 22 de Março de 1992.
Entretanto, muitos outros jogos houve, antes e depois, mas aquele… ficou-nos sempre na memória. Curiosamente com resultado igual ao da época passada, noutra vitória também obtida quase no encerramento da contenda, a calhar mesmo bem, pois assim foram os gajos, os adversários, que ficaram lixados, de cara à banda… e com cabeça de melão.
Ora, enquanto isso, sabe-se, mais, que no total dos tempos o F. C. Porto e o Benfica já se defrontaram 223 vezes e que o Porto tem 86 vitórias contra 83 do adversário – como não manter firme a esperança, de continuarmos a ser felizes?!
Observação: Para não variar, este jogo está marcado sob suspeição, com a indicação dum árbitro suspeito. É voz pública: João Ferreira, o árbitro estranhamente escolhido para dirigir e decidir o clássico da Luz, é conhecido por João Pode Ser João… em virtude de ter sido o ESCOLHIDO PELO “ORELHAS” NA ESCUTA ABAFADA (Apito Encarnado abafado), onde o homem do pó dos pneus DIZ QUE PODE SER O JOÃO FERREIRA... Depois, acresce ainda, João Ferreira, FOI O 4º ÁRBITRO NO JOGO DOS TÚNEIS E À CUSTA DO RELATÓRIO DELE HULK E SAPUNARU FORAM SUSPENSOS...
Deixando de lado essas manobras de bastidores em que os adversários são useiros e vezeiros, fixemo-nos apenas no embate em apreço, no jogo em que temos já os sentidos. Um encontro em que, desejamos, pode aparecer e ficar mais um nome associado a mais um bom resultado para as hostes azuis e brancas. Como estará sempre na Memória Portista, por exemplo, um Hernâni, marcador, aos mouros vermelhos, do golo que nos deu uma célebre Taça de Portugal, em 1958… bem como o Naftal em 1965, para o campeonato… o Pinto em 1968… como o Lemos, dos seis golos numa época aos adversários encarnados (dos quais 4 num só jogo!), em 1970/71… mais o "Bi-Bota" Gomes, quando com um golo de cabeça calou a moldura do campo de batalha da antiga Luz, em 1985... tal como Jardel com aquele golo matado com o peito… o Deco com um autenticamente a régua e esquadro… idem, o Quaresma numa das suas trivelas… etc. etc. .. até Falcao e Hulk, ainda de boas e frescas memórias… ah, e aquele do Timofte, em 1992.
Desse jogo, o jogo que evocamos desta vez, ficam algumas páginas e imagens, respigadas do livro “F. C. Porto – O Dragão soma e segue – Álbum 91/92”, de Manuel Dias; e da revista “Dragões”, de Abril de 1992.
Armando Pinto
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