Decorreu muito tempo já, mas ainda estão bem presentes na memória as iniciais conquistas que deram maior visibilidade europeia e mundial ao F C Porto, a começar na Taça dos Campeões Europeus de futebol alcançada em 1987 numa célebre valsa de bola em Viena, na Áustria, em pleno centro do mapa-mundi, por assim dizer. Porém essa não foi a primeira Taça dos Campeões Europeus conquistada pelo F C Porto, pois a pioneira, com esse nome, aconteceu um ano antes, por meio do hóquei em patins, graças a uma brilhante campanha culminada numa inesquecível jogatana em Itália, desse desporto jogado com aléu sobre patins.
O hóquei em patins há muito era um desporto com inúmeros adeptos em Portugal, além naturalmente de diversos países onde esteve e se tem enraizado. Contudo até meados da década de sessenta, do século XX, estava demasiadamente concentrado a Sul do país, por via extensiva das políticas da nação. A Norte, por volta de década dos anos 40, começaram a aparecer algumas equipas, porém de clubes de menor expressão regional e nacional, visto o F C do Porto, por exemplo, nessas eras ter passado sobre os patins ainda a tentear-se tenuamente (como descrevemos e desenvolvemos documentalmente em anterior artigo, sobre a história hoquista do F C Porto), e apenas começou a patinar com mais equilíbrio só a partir dos anos 50, precisamente por outros clubes fazerem força para essa presença, ao tempo de Litos Gomes de Almeida, Acúrcio Carrelo, etc….
= Equipa do tempo de Acúrcio (último à direita, em baixo, na foto) - que acumulava como guarda-redes internacional de futebol e como avançado no hóquei patinado, O qual foi o 1º Hoquista internacional do F C Porto na seleção portuguesa da modalidade.=
… Até que, por fim, a meio dos anos sessentas passou o F C Porto a andar, melhor patinar, já com interesse. Perpassavam tempos em que a modalidade despertava atenções mais pelos relatos radiofónicos dos jogos da seleção nacional, levando as crianças a procurar imitar os hoquistas por meio de troços de couves ou cajatos de guarda-chuvas, assim mesmo, ou seja, usando os caules curvados nas pontas das couves das hortas, após se cortar a ramagem das folhas da mesma hortaliça, e à falta de melhor também as hastes e respetivos terminais das pegas dos guarda-chuvas, que eram então maneados a fazer de stiques. A não ser, como nalguns casos, que mão amiga, de algum artífice, fizesse um “stick” artesanal, parecido com os estiques modelados que os hoquistas a sério empunhavam a jogar.
Deu-se, entretanto, a meio da década de 60 o caso de num jogo para o campeonato nacional de hóquei o F C Porto ter vencido o Benfica, por volta de 1965. Ora os simpatizantes Portistas, pouco habituados a isso, rejubilaram e começou a haver alguma atenção, reforçada com a evolução do jovem Cristiano, um valor que começou a despontar no rinque da Constituição, ao lado de Alexandre Magalhães, Joaquim Leite e outros mais velhos, conhecidos dos adeptos que acompanhavam as equipas do clube nos próprios locais de jogo, mas também dos Portistas de outras paragens, através dos comentários semanalmente saídos no jornal O Porto, como aos domingos à noite e às quintas-feiras se conseguia ler n' O Norte Desportivo e, mais ao ouvido, pela alocução radiofónica quase rouquelha que emanava dum quadrante de rádio. Daí começando Cristiano a ser mais admirado, então como nome que ouvíamos com eloquência em relatos de rádio, pela difusão duma estação radiofónica portuense de que começamos a ter conhecimento, pese os soluços da fraca frequência com que chegava ao longe, através dos Emissores do Norte Reunidos…
Depois tudo se começou a transformar, quase a par com a queda de Salazar da cadeira e primeiros sintomas da primavera marcelista, enquanto, paulatinamente, também o hóquei se conseguiu ir impondo mais a Norte. Veio finalmente em 1968/69 um título nacional-continental, o chamado Metropolitano (que dava direito ao campeão continental português disputar o Nacional com as equipas campeãs das províncias do Ultramar)...
= Equipa de hóquei em patins do F C Porto da conquista do Campeonato Metropolitano. Em cima, a partir da esquerda: Alexandre Magalhães, Hernâni Martins, Cristiano e José Ricardo; em baixo – Joel, Castro, Brito e Rui Caetano. =
Desde aí o clube passou a andar na disputa das fases finais do Nacional, primeiro com as equipas ultramarinas e, a partir de 1974, com as do território português. Contudo vendo-se quase sempre o título maior fugir, algumas vezes por uma unha negra, como soe dizer-se, e outras por artes useiras e vezeiras do desporto luso. Passaram, assim, pelo serviço ao hóquei patinado alvi-anil homens como Pinto da Costa, Sampaio Mota e outros, na chefia da secção, e técnicos como Laurentino Soares, Correia de Brito, António Henriques, etc. etc. e especialmente, empunhando o stick pelos pavilhões, suaram a malha colada ao dorso, com a sagrada camisola das duas listas azuis à Porto bem junto ao corpo, tantos e bons valores, como Cristiano, Magalhães, Vitorino, Branco, Hernâni Martins, Brito, Fernandes, Leite, Ricardo, irmãos Barbot, António Júlio, Chalupa, Jorge Câmara, Campos, Augusto, etc. etc. sem que o tão desejado título viesse para as Antas. Até que em 1982, já sob comando diretivo do sr. Ilídio Pinto e com Vitor Hugo, Bruno, António Alves, Domingos Guimarães, Vale, Fanã, David Reis, Castro e Cª foi conquistada uma prova importante, e para mais a nível internacional, a Taça das Taças, seguindo-se depois outras e o primeiro campeonato nacional em 1983...
Então sim, com uma equipa onde pontificava o jovem valor Vitor Hugo, aliando à experiência e natural valia dos outros, além duma estrutura de retaguarda mais forte, foi elevado o nível com a obtenção da Taça dos Campeões Europeus, em 1986, sob o comando técnico de Cristiano e participação daqueles e outros dos mais jovens, juntando-se também nomes como Domingos Carvalho, Carlos Realista e Tó Neves.
E a partir de então foi todo um fartote, que nunca farta de mais, crescendo o lote de campeões, numa galeria extensa e valiosa, passando por Franklim, Castanheira, Almas, etc. etc. até Pedro e Paulo Alves, Allende, Felix, Filipe Santos, etc. etc. e tantos e tantos mais, como é da história.
E a partir de então foi todo um fartote, que nunca farta de mais, crescendo o lote de campeões, numa galeria extensa e valiosa, passando por Franklim, Castanheira, Almas, etc. etc. até Pedro e Paulo Alves, Allende, Felix, Filipe Santos, etc. etc. e tantos e tantos mais, como é da história.
= Filipe Santos - um dos históricos capitães do hóquei Portista ! =
Ora então, assim aí está, já no próximo fim de semana, a possibilidade de se juntar algo mais, com a Liga dos Campeões Europeus a disputar no Dragão Caixa, ao terminar desta época de 2012/2013.
Perante tudo isso, calha bem recordar a primeira Taça dos Campeões Europeus conquistada pelo F C Porto, corria o verão de 1986, quando vivemos então tamanha alegria e tivemos a ditosa possibilidade de guardar intimamente a consagração dessa inesquecível proeza dos hoquistas do F C Porto.
Perante tudo isso, calha bem recordar a primeira Taça dos Campeões Europeus conquistada pelo F C Porto, corria o verão de 1986, quando vivemos então tamanha alegria e tivemos a ditosa possibilidade de guardar intimamente a consagração dessa inesquecível proeza dos hoquistas do F C Porto.
= Imagens dos dois jogos da final de 1986, a duas mãos: fases do jogo no Porto e do decisivo em Novara.=
Como tal, e por tanto que nos lembra e queremos sempre preservar na Memória Coletiva Portista, juntamos aqui e agora alguns testemunhos impressos, por via de notas de reportagem jornalística, no caso recortados da Gazeta dos Desportos, e algumas páginas coevas da revista Dragões, de 1986. Sem necessidade de mais descrições, que as que foram impregnadas no papel dessas publicações, cujas edições falam por si.
Agora, temos à mão a Taça dos Campeões Europeus na fase final deste ano. Têm a palavra Reinaldo Ventura e companheiros nos stiques, luvas, joelheias, patins, viseiras, cotoveleiras e demais apetrechos dos equipamentos e acessórios, sentindo bem a camisola azul e branca. Especialmente com cabeça confiante, mentalidade ganhadora, vontade férrea, valor desportivo e entusiasmante amor clubista ao hóquei Portista, de Edo Bosch, Nelson Filipe Magalhães, Pedro Moreira, Jorge Silva, Ricardo Barreiros, Hélder Nunes, Vitor Hugo, Reinaldo Ventura, Tiago Losna e Ricardo Oliveira "Caio", mais o Tó Neves no banco com visão, saber e psicologia empolgante. Enquanto o povo anónimo Portista vive mais isso, quer nas bancadas do Dragão Caixa, como através da transmissão por imagens à distância, agora a cores na televisão, por meio do Porto Canal.
Neste período entusiasmante, com a conquista do título de Campeões Nacionais obtido pelos hoquistas do Dragão, feito esse recente que tão bem completou as proezas do futebol, andebol, boxe, natação e bilhar, onde o F C Porto venceu a eito os títulos nacionais este ano, há ainda mais uma prova para conquistar, agora esta dos melhores do hóquei europeu, para maior esplendor, qual apoteose, no mundo vitorioso azul e branco.
Neste período entusiasmante, com a conquista do título de Campeões Nacionais obtido pelos hoquistas do Dragão, feito esse recente que tão bem completou as proezas do futebol, andebol, boxe, natação e bilhar, onde o F C Porto venceu a eito os títulos nacionais este ano, há ainda mais uma prova para conquistar, agora esta dos melhores do hóquei europeu, para maior esplendor, qual apoteose, no mundo vitorioso azul e branco.
Vamos a isso, ok !!!
Armando Pinto
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