Foi uma festa bonita, a jornada festiva de homenagem e
despedida a Deco. Um daqueles momentos que para sempre lembraremos. Festa iniciada em fim de tarde soalheira e alongada pela quente noite mágica resultante.
Nem sempre
tem sido possível vivenciar no próprio local muitos dos grandes momentos que
vivemos de coração palpitante, mas, tal qual foi especial estar presente na
inauguração do estádio do Dragão, depois no último jogo no estádio das Antas,
na inauguração do pavilhão gimnodesportivo Dragão Caixa, também podemos dizer e
sentir que estivemos no estádio onde e quando aconteceu o jogo de despedida do
Deco, homenageado assim entre nós.
Perante grande afluência de público, na zona das Antas,
entre ruas e avenidas com ligação ao estádio do Dragão, foi um mar de gente a convergir
para o recinto principal do F C Porto ao final da tarde de sexta-feira, dia 25,
dia de S. Tiago, o santo mata mouros, como ficou conhecido o Apóstolo evangelizador
da Península Ibérica e que, invocado em guerras antigas contra os infiéis mouros,
protegeu os vitoriosos da Reconquista… sendo comum aos dois países peninsulares do extremo ocidental da Europa, Orago de muitas terras para cá e além Douro, e extensivamente de afinidade mútua aos dois clubes ibéricos que, além de outras conquistas grandiosas, foram Campeões Europeus em meados da primeira década do século XX.
Então, com o estádio a abarrotar e muita gente ainda a
chegar com o programa já em andamento, visto o trânsito ter entupido a saída da
auto-estrada nas proximidades do Dragão, houve desde início um ambiente
especial, de apreço e entusiasmo.
Lá em baixo, no relvado, postados os artistas diante da
imensa mole humana, o estádio do Dragão assistiu a um autêntico desfile de
estrelas, enquanto o público se sentiu galvanizado diante de tudo aquilo. Deco
recebeu prendas e recordações, nomeadamente por parte do F C Porto e também do
Barcelona. Nos painéis do estádio, antes e durante o encontro, em paragens
propositadas, passaram mensagens de amigos de Deco, do mundo do futebol que por
variados motivos não estiveram presentes. Ao que o público se foi manifestando,
conforme as circunstâncias, contudo vitoriando de modo especial os ídolos que evoluíam
no campo.
Em termos mais concisamente descritivos, este jogo de
despedida de Deco, um particular entre o FC Porto de 2004 e o Barcelona de
2006, teve condimentos bastantes e terminou em apoteose com um empate de 4-4 no
Estádio do Dragão, mas especialmente com um belíssimo golo do homenageado, a
repor as contas, em virtude de antes ter feito um outro, para o outro lado.
Ao intervalo o FC Porto vencia com dois golos apontados no
primeiro quarto de hora, por Derlei e McCarthy. Depois, já com Messi em campo –
pois entrou no início da segunda parte - o jogo mudou. O Barcelona marcou por
Eto'o e pelo próprio Deco, num belo "chapéu". Jankauskas ainda fez o
3-2, mas Eto'o e Messi deram a volta. Até que na última jogada do encontro Deco
(que mudou de equipa duas vezes e terminou com a camisola azul e branca) marcou
o último golo da partida.
Para a história fica o onze inicial do FC Porto, que foi
muito parecido com aquele que alinhou na final da Liga dos Campeões em
Gelsenkirchen, em 2004. Só faltaram Ricardo Carvalho (porque começou no banco, tendo
entrado no decorrer do encontro) e Carlos Alberto, este ausente.
Mais ainda para a posteridade, ficam algumas curiosidades, através dos
dados do jogo:
O FC Porto de 2004 e o Barcelona de 2006 empataram esta
sexta-feira a quatro bolas no jogo de despedida de Deco dos relvados, disputado
num estádio do Dragão cheio para aplaudir Deco e ver outras estrelas como Messi,
Edgar Davids, Eto`o, Vítor Baía e muitos mais.
A partida opôs as duas equipas com que o internacional português
se sagrou campeão europeu.O FC Porto 2004 alinhou inicialmente com: Vítor Baía;
Paulo Ferreira, Jorge Costa, Pedro Emanuel e Nuno Valente; Maniche, Costinha,
Pedro Mendes e Deco; Derlei e McCarthy.
O Barcelona 2006 apresentou um onze formado por: Jorquera;
Oleguer, Belletti, Gerard, Sylvinho; Davids, Van Bommel, Van Bronckhorst;
Giuly, Santi Ezquerro, Gudjohnsen.
Deco alinhou pelo FC Porto na primeira parte, com os dragões
a marcarem logo aos dois minutos por Derlei. Benni McCarthhy, aos 13, fez o
2-0.
Aos 22 minutos, Alenichev entrou para o lugar de Costinha,
enquanto nos catalães Luizão rendeu Gudjohnsen.
Três minutos mais tarde sairam Jorge Costa, Nuno Valente e
Derlei e entraram Mário Silva, Jorge Andrade e Jankauskas.
À passagem da meia hora, Deco saiu para descansar, entrando
Ricardo Fernandes.
Aos 36 minutos McCarthy e Baía foram trocados por Sérgio
Conceição e Bruno Vale.
No reatamento, Baía foi para a baliza do «Barça» para o
lugar de Jorquera.
Aos 49 minutos, Gerrard, Giuly e Ezquerro cederam o lugar a
Deco, Eto`o e Messi.
O camaronês marcou aos 54 minutos após bela arrancada de
Messi.
Deco, aos 56 minutos, marcou para o Barcelona, com um golo
de belo efeito, pedindo de imediato desculpa aos adeptos portistas, de mãos
postas e inclinando-se para o público.
Jankauskas, aos 61, fez o terceiro golo portista na recarga
a um remate de Sérgio Conceição defendido por Baía.
O lituano saiu dois minutos depois para a entrada de Bruno
Moraes.
Eto`o, aos 66, fez o 3-3 após bom passe de Messi.
Deco e Van Bronckhorst saíram aos 74 minutos para a entrada
de Sylvinho e Djalminha.
Messi, aos 80, marcou ... de cabeça, após cruzamento de
Eto`o.
Secretário rendeu Maniche e Deco regressou ao FC Porto para
o lugar de Paulo Ferreira.
Deco, aos 89, empatou o resultado com um toque de classe.
Fechando a evolução do marcador com chave de ouro.
Grande momento de pura magia, guardado para o final. E ninguém arredou pé, sempre com todo o mundo atento a tudo o que o ambiente proporcionava.
De seguida o jogo terminou assim com uma justa igualdade, qual resultado
apropriado para uma noite de festa no Dragão.
Enquanto isso, a festa continuou, atingindo ponto de rebuçado com Deco a
dar uma volta de honra ao relvado, enquanto os imensos Portista presentes lhe
tributavam ovação sentida. A culminar uma festa bonita, num dia especial,
melhor dizendo numa noite plena de magia, curvando-nos diante do que representa
o mágico Deco.
Armando Pinto
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