Num livrinho dos Ídolos do Desporto, pelos idos tempos da
Primavera de 1968, Américo era considerado GUARDA-REDES “ETERNO”. Conforme o
título do segundo livro que lhe foi dedicado na antiga e célebre coleção “Ídolos
do Desporto”, publicado em Março de 1968 (depois de ter havido um anterior, de
Janeiro de 1964) nessa linha de livros de bolso que fizeram história.
O caso reflete a importância de Américo no mundo do futebol
português, sabendo-se que essa coleção, publicada em Lisboa ao longo de
diversas séries e ao longo de alguns anos, dava então mais atenção a atletas
dos clubes de Lisboa e arredores, tanto que de Benfica e Sporting até incluiu
atletas vários de diversas modalidades, desde ciclismo, hóquei, basquetebol até
ao atletismo, enquanto do FC Porto apenas foram lembrados diversos futebolistas
e simplesmente dois ciclistas; e quanto aos futebolistas os do FC Porto foram em
número reduzido comparativamente com os outros… Mas, enquanto isso, Américo
teve direito a dois livros desses e só não foi mais além porque depois teve de acabar a carreira devido a lesão, impeditiva de poder continuar. Repetição essa
que, no âmbito dos jogadores de futebol do FC Porto, antes de Américo apenas se
dera com Hernâni, e depois também apenas com Custódio Pinto, Francisco Nóbrega
e José Rolando. O que é sintomático, conhecendo-se o panorama sócio-desportivo
desses tempos e a história do futebol do FC Porto.
Pois, além desse indicativo revelador de tal verdade, a realidade
daquele elucidativo título, O GUARDA-REDES “ETERNO”, consubstanciava como o guardião
Américo Lopes era visto no quadro dos grandes guarda-redes nacionais, como
infinito no imaginário desportivo português. E embora o destino não tenha depois
permitido maior longevidade, terminando tão brilhante carreira volvido um ano, em
1969, então com 36 anos, mesmo assim Américo continua a ser dos futebolistas
portistas mais lembrados na memória de conhecedores e apreciadores da História
do FC Porto.
Como agora se recorda, passados cinquenta anos disso tudo, na
oportunidade em que Américo, o senhor Américo Ferreira Lopes, o eterno “Américo
do Porto”, perfaz 86 anos de vida.
Longa e apreciada vida que o faz ser, na atualidade, um senhor muito respeitado, como antes ele se fazia respeitar a sair dos postes e a fazer valer os seus dotes de valoroso guardião das balizas que lhe foram confiadas.
Como constante recordação que é e será, Américo tem sido
referenciado e lembrado por diversas vezes e ocasiões em escritos lavrados pelo
autor destas linhas, quer no anterior blogue (entretanto “desaparecido” da blogosfera,
após ataques informáticos adversários…) como neste de Memória Portista. Estando
biografado e perpetuado como merece, pelo menos no universo cibernauta daqui. Porém
nunca será demasiado acrescentar mais.
Siska, o grande guarda-redes Miguel Siska do Futebol Clube do Porto, era o grande ídolo de Américo Ferreira Lopes, na sua adolescência lá no remanso de Santa Maria de Lamas, quando o então jovem sonhava um dia ir para o Porto...
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Siska, o grande guarda-redes Miguel Siska do Futebol Clube do Porto, era o grande ídolo de Américo Ferreira Lopes, na sua adolescência lá no remanso de Santa Maria de Lamas, quando o então jovem sonhava um dia ir para o Porto...
Até que, mais tarde, com a intervenção de Soares dos Reis, antigo guarda-redes internacional e depois dirigente do FC Porto, após diversas peripécias particulares, o sonho tornou-se realidade, tendo Américo ido para os Juniores do FC Porto. E seguidamente o destino iria dando conta do que foi sendo escrito em sua vida.
Em 1952 Américo ascendeu à categoria superior. Por aquela época da subida de Américo à primeira categoria
do FC Porto, com o estádio das Antas inaugurado há pouco tempo, a equipa do FC
Porto teve diversas viagens de visitas de cortesia a terras de onde houve
pedidos para idas de representações oficiais do grande clube da capital do Norte,
com vista à realização de jogos particulares (uns com fins de angariação de fundos
para a campanha da construção do estádio que andava ainda a ser pago, quer com
fins beneficentes, ou simplesmente a corresponder a convites sociais). Sendo
normalmente essas equipas compostas por alguns dos jogadores titulares e outra
parte, senão em maioria, com suplentes e ex-juniores mais consagrados, numa
mescla de juventude e experiência. Em cujas digressões naturalmente Américo
também integrou as respetivas caravanas. Como no caso da ida do FC Porto a
Torre de Moncorvo, no Nordeste Transmontano, por intervenção do então Presidente
da Direção Dr. Urgel Horta, médico estabelecido no Porto mas natural daquele concelho
transmontano. Onde em 1952 houve então um jogo festivo, nesse âmbito – a que se reporta a
foto, vendo-se Américo ainda muito jovem entre colegas de idades diversas,
entre os quais até António Araújo, junto ao presidente Dr. Urgel Horta, embora
apenas a fazer figura de protocolo, como figura célebre do clube e do futebol
português.
É sabido que Américo, entrado no plantel sénior do FC Porto em 1952 e tendo tido estreia oficial na equipa principal do FC Porto em 1953, em jogo a contar para o Campeonato Nacional da 1ª Divisão, teve porém de esperar a vez, por então estarem à sua frente guarda-redes como Barrigana, primeiro, e depois Pinho e Acúrcio, havendo de permeio ainda se intrometido o tempo de serviço militar obrigatório que originou paragem de cerca de dois anos e depois ainda ter estado uma época emprestado, para manter atividade. Tendo de permeio, nos períodos em que se manteve no FC Porto, Américo sido um dos guarda-redes da equipa de reservas, em cuja função ajudou essa formação dos suplentes e reforços, espécie de equipa equipa B do clube, a vencer algumas provas, de cariz distrital e mesmo nacional.
Como, por entre diversos exemplos, se pode notar e anotar um através de um recorte do jornal "O Porto" de Maio de 1956, cuja notícia dá conta da prestação da equipa portista no "Torneio Octogonal de Reservas" disputado a nível nacional, com vitória da equipa defendida por Américo, em triunfo sobre o Torreense (curiosamente equipa que o FC Porto então vencia em duas frentes e versões diferentes, quer em reservas como na "primeira categoria", pois por essa altura acontecera também a vitória do FC Porto na Taça de Portugal de 1956, na final ganha por 2-0 ao Torreense no Jamor, às portas de Lisboa).
Naquela visita à zona das amendoeiras, os elementos da
embaixada portista viajaram de comboio, indo na Linha do Douro até à estação do
Pocinho, onde se deu entusiástica receção popular aos jogadores do Porto, ídolos
também daquela gente que nunca os vira em carne e osso. Ate por fim ter
ocorrido o encontro de futebol, nesse dia importante na história do desporto em
Moncorvo, em pleno “Stadium São Paulo”, campo antigo da localidade que recebeu de
braços abertos tal representação portista.
É sabido que Américo, entrado no plantel sénior do FC Porto em 1952 e tendo tido estreia oficial na equipa principal do FC Porto em 1953, em jogo a contar para o Campeonato Nacional da 1ª Divisão, teve porém de esperar a vez, por então estarem à sua frente guarda-redes como Barrigana, primeiro, e depois Pinho e Acúrcio, havendo de permeio ainda se intrometido o tempo de serviço militar obrigatório que originou paragem de cerca de dois anos e depois ainda ter estado uma época emprestado, para manter atividade. Tendo de permeio, nos períodos em que se manteve no FC Porto, Américo sido um dos guarda-redes da equipa de reservas, em cuja função ajudou essa formação dos suplentes e reforços, espécie de equipa equipa B do clube, a vencer algumas provas, de cariz distrital e mesmo nacional.
= Equipa vencedora do Torneio Regional de Reservas em 1956 e que teve boas prestações no Torneio Octogonal, ao tempo disputado =
Entretanto Américo já contribuíra para a conquista do Campeonato Nacional de futebol de 1958/1959, tendo sido utilizado durante a época também e como tal sido um dos Campeões Nacionais do FC Porto, no célebre campeonato em que o FC Porto conseguiu superar o famigerado caso-Calabote.
Ora, chegada a época de 1961/62 com Jorge Orth no comando da equipa, Américo passou a ser titular da equipa principal do FC Porto. Estando-se ainda na fase de transição dos últimos anos de carreira de grandes vultos como Hernâni, Virgílio, Carlos Duarte, Barbosa, Perdigão, enquanto alguns outros ainda duraram algum tempo mais, tal o caso de Arcanjo (que em Janeiro de 1965 ainda fez um jogo na fase de apuramento da seleção nacional rumo ao Mundial de 1966), de permeio com afirmação momentânea de promessas como Serafim e Paula, nesses tempos, à chegada de novos e promissores valores, como Custódio Pinto, Jaime, Festa, Joaquim Jorge, Almeida, Azumir, Carlos Manuel, etc.
= No gradeamento do campo de treinos das Antas, anexo ao
recinto principal (mais tarde chamado campo nº 2, a partir que houve mais
campos de treinos na zona envolvente), o plantel do tempo em que Américo ainda
jogou com Hernâni, Miguel Arcanjo e Carlos Duarte, mas também com Jaime,
Azumir, Festa, Paula, Pinto, Carlos Manuel, Almeida, Romeu, Valdir, Rolando,
Nóbrega, Rui, etc.
Ao assumir a guarda da baliza portista Américo tomou-se
verdadeiramente dono do lugar n.º 1 da equipa com grandes exibições, conforme foi
o caso de jogos vitoriosos em Alvalade diante do Sporting, ao tempo a equipa
número dois do regime desportivo vigente, como no antigo estádio da Luz ao
empatar em 1961/62, contra todas as expetativas e quase surpreendentemente
vencendo o clube do Estado Novo mesmo em 1962/63… ao tempo em que era trinador
o húngaro Janos Kalmar.
= Equipa do FC Porto que
em 1962/63 foi vencer a Lisboa em pleno estádio da Luz, para o Campeonato Nacional da 1ª Divisão, à 4ª jornada disputada a 18/11/1962. Com o “score” de SL Benfica, 1 - FC
Porto, 2 - perante 2 golos de Azumir e 1 de Eusébio. Dessa tarde de glória, com que
Américo brindou todo o mundo, é a pose da praxe, tendo o coevo terceiro anel da
Luz por fundo visual.
(Em cima, a partir da esquerda para a direita - Mesquita,
Paula, Miguel Arcanjo, Joaquim Jorge, Festa e Américo; em baixo pela mesma
ordem - Jaime, Custódio Pinto, Azumir, Hernâni e Serafim.)
Com a curiosidade de nesse tempo serem usadas as camisolas
de versão mais linda de sempre, do equipamento histórico-tradicional do FC
Porto, como é maioritariamente considerado na afeição memorial portista. =
… O pior, por esses tempos e mais tempo, era o que vinha
depois, por mais que a equipa do Porto conseguisse demonstrar em campo. Como,
entre tantos e diversos exemplos, nesse mesmo Campeonato de 1963 aconteceu com
um penalti inventado pelo árbitro Reinaldo Silva no jogo da 2ª Volta nas
Antas, conforme foi recordado mais tarde no jornal O Norte Desportivo aquando
do 25º aniversário do Estádio das Antas, como um grande “roubo” de que o FC
Porto foi mais uma vez vítima e com consequência decisiva na perda de mais um
campeonato:
A par disso e passando ao lado, dentro do que era possível, Américo foi-se afirmando efetivamente como grande guarda-redes do clube. E depressa também ganhou estatuto de grande referência no grupo de trabalho da equipa, a pontos de, após a saída dos mais antigos, e de permeio ter havido algumas experiências de comando, ter passado para Américo a braçadeira de Capitão de equipa, como líder carismático. Tendo sido com Américo a Capitão que se deu a primeira vitória do FC Porto em competições oficiais europeias, com a vitória por 3-0 sobre o Olimpique Lyonnais (Lyon) para a 1ª mão da 1ª eliminatória da então Taça das Taças, em Setembro de 1964.
Decorridos tempos, Américo venceu a 1ª Baliza de Prata atribuída a guarda-redes nacionais, em 1963/64, como guarda-redes que menos golos sofreu ao longo do campeonato nacional dessa época, entre ocorrências várias. Tal como foi sendo desenvolvido dentro do clube o seu estatuto de figura importante, inclusive tendo figurado como representante do futebol numa organização oficial portista noutra modalidade, quão foi o caso de ter sido entregue ao guarda-redes Américo a bandeirola de sinal de chegada duma etapa do Grande Prémio de Ciclismo do FC Porto, com meta na pista do estádio das Antas, também.
Apesar de entretanto não terem sido conseguidos campeonatos, ou seja, não tendo sido possível ganhar o campeonato durante esses anos, como se
sabe, mesmo assim o FC Porto ia fazendo frente aos rivais e era temido nos
confrontos diretos. Apenas que depois as manobras de bastidores faziam o resto…
Assim, por exemplo, foram-se sucedendo algumas boas vitórias sobre o clube do regime, como foi um bom exemplo a vitória por 2-0 sobre Eusébio e C.ª no jogo da estreia de Pavão,
a 26 de Setembro de 1965. Vindo a talhe esta referência para registar uma foto
da equipa desse tempo, com Américo junto a colegas valorosos que bem mereciam ter sido
também campeões.
(Foto da equipa do FC Porto do jogo de estreia de Pavão, a contar
para a 3.ª jornada do Campeonato Nacional de 1965/66. No Estádio das Antas, a 26/9/1965. Com o
resultado obtido através de golos de Naftal e Nóbrega. Em cima da esquerda para
a direita - Atraca, Pavão, Alípio Vasconcelos, Alberto Festa, João Almeida e
Américo; em baixo pela mesma ordem - Jaime, Naftal, Manuel António, Custódio
Pinto e Nóbrega.)
Depois veio a grande vitória na Taça de Portugal de 1967/1968, em cuja final, disputada no chamado Estádio Nacional, vulgo estádio de Oeiras, nos arredores de Lisboa, então o FC Porto venceu o Vitória de Setúbal por 2-1.Tendo Américo contribuído de modo importante, fazendo uma das suas exibições de grande nível, nesse encontro em que o clube sadino chegava à final da mesma Taça pelo quarto ano consecutivo, com duas vitórias nessa segunda maior prova do calendário futebolístico português, em anos alternados, até aí.
Final em que Américo se cobriu de glória, como último reduto dessa equipa em que teve à sua frente Atraca, Bernardo da Velha, Valdemar, Rolando, Pavão, Eduardo Gomes, Jaime, Custódio Pinto, Djalma e Nóbrega; sendo autores dos golos Valdemar Pacheco e Francisco Nóbrega.
Assim sendo, vem a talhe relembrar como era o cenário da
situação desse tempo em que o grande Américo era considerado “Eterno”, conforme foi sintetizado em livro. Como calha a preceito lembrar que nesse mesmo ano de
1968 Américo foi considerado o melhor guarda-redes nacional, como ficou também
registado num outro livrinho da mesma coleção, então sobre a época da equipa
principal do FC Porto, publicado a 8 de Junho de 1968 (dias antes da final da Taça
de Portugal ganha a 16 de Junho).
Curiosa essa apreciação, em coluna à parte, registando a sua
consagração como vencedor daquele galardão que premiava o jogador mais regular
do Campeonato Nacional, o Prémio Somelos-Helanca de reconhecimento ao
futebolista mais pontuado de todos, entre os participantes das melhores
exibições, ao longo das sucessivas jornadas, segundo pontuação dum jornal como
A Bola, por tradição totalmente anti-Porto. Acrescido de até ser lembrado o
quanto foi injustiçado anteriormente no Mundial de 1966, que poderia ter tido
outro desfecho se houvesse sido posto Américo a defender a baliza dessa seleção
do sistema BSB… como tardiamente reconheceram tal erro o então selecionador
Manuel Luz Afonso e o treinador Otto Glória.
Américo, sempre muito ponderado e senhor de si, entretanto já ia pensando no futuro e estabelecera-se comercialmente com a famosa loja chamada Casa Magriço, de artigos desportivos, com nome dado em homenagem à ida à Inglaterra de 1966... Servindo então todas as ocasiões para promover o seu estabelecimento, como nos casos de viagens e outas ocasiões públicas, sempre com a sua boa disposição.
Depois disso e terminada a carreira, fundou uma clínica médica e continuou sempre ativo. Enquanto em sua casa criou um belo museu de recordações de sua carreira desportiva, dos mais interessantes que se conhecem a nível particular, para admirador ver e satisfação perdurar.
Nascido em Santa Maria de Lamas a 27 de Fevereiro de 1933 (embora tenha sido registado civilmente com data fictícia de 6 de Março), Américo reside em São Paio de Oleiros, onde fundou a Clínica de Saúde Boa Hora, recentemente passada a sua afilhada D. Isabel Leite, criada por ele e sua esposa como filha, a qual verdadeiramente tem por ele autêntico amor filial, além de grande admiração pela sua figura também eterna.
Rijo e muito lúcido, Américo Lopes é pois bem resistente ao
tempo, à imagem do castelo feirense de seu concelho, mantendo-se como pessoa de
boa memória para muita e boa gente.
Enquanto isto, no Museu do FC Porto entretanto consta algo seu, também, incluindo uma figuração no cimo do autocarro das vitórias, ficando-se a desejar que a sua Baliza de Prata lá chegue a ficar guardada, assim como a grande Taça Somelos-Helanca, que estava na Sala-Museu Afonso Pinto de Magalhães, o antigo Museu da Sede e depois das Antas, também tenha lugar no atual Museu FC Porto by BMG, no Dragão.
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Na ocasião da passagem de seu 86.º aniversário natalício, em mais outra
vez também, prestando-lhe mais esta publicação de homenagem e reconhecimento,
desejamos que continue bem e tenha muita vida pela frente.
Parabéns Sr. Américo! Feliz aniversário! Com um abraço
- Aqui do seu amigo e sempre admirador portista
Armando Pinto
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