quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

A… Américo: “Lembrança” em dia de aniversário !

 

Faz hoje anos de vida o grande guarda-redes do F C Porto Américo. O grande ídolo de infância do autor destas linhas, o guardião da equipa de futebol que enchia as balizas do F C Porto, atenuando efeitos desse tempo em que o futebol portista não conseguia impor supremacia prática. 

Na passagem de mais um seu aniversário natalício, evocamos sua figura inesquecível, recordando tempos em que, na convivência com amigos e colegas de escola e doutrina, perante nossos colegas angariamos diversos adeptos para a causa portista graças ao valor de Américo, sobretudo, tal os argumentos que através de sua aura conseguíamos esgrimir e impor diante de tudo e todos.

   

Como de vezes anteriores já lhe dedicamos vários artigos, desta vez oferecemos em sua honra, à partilha publicista, por este meio, algumas imagens e documentos, quer, duma ficha de apresentação aquando da conquista da Taça de Portugal de 1968, até tempos recentes, passando pela sua festa de despedida, mailo texto de oficial louvor público que na ocasião lhe foi dedicado pelo Diretor Geral dos Desportos desse tempo e incluindo visual com a Baliza de Prata de que é detentor, bem como, por fim, um texto de intróito a entrevista publicada há alguns anos. Cujo miolo, de tal conteúdo total, é expressivo e sintomático.

 


 

Parabéns Américo e muitos anos de vida! 

Armando Pinto 

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Nota -  Recorde-se alguns dos anteriores posts, sobre Américo, neste e no inicial dos nossos blogues 
A. P.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Sócios, Adeptos e demais Membros da Família Portista…


Passou o F. C. Porto um difícil obstáculo como foi com a saborosa vitória no jogo com o Rio Ave, pela manha opositora e ultrapassagem de fase deveras importante, bem como por anteceder uma sempre difícil deslocação ao reduto dum dos adversários de Lisboa, um dos tais da santa aliança por vezes reeditada. Sendo esse um dos jogos cujas vitórias podem definir o campeão, mais a mais depois do empate inesperado no anterior jogo em casa. E, desta forma vitoriosa, ultrapassado que foi este confronto, logo se depara próximo estorvo que é preciso suplantar, no esquisito "zbording", para solidificação da nossa posição cimeira no campeonato de futebol português. 

Isto em plena época quaresmal, por associação, na aproximação da Páscoa, em que diversos momentos se tornam tradicionalmente incisivos em tão marcante quadra anual. Num período como este marcado por procissões de Passos e Paixões. E, como na chegada do tempo de Aleluia, a chamada Semana Santa é considerada uma semana maior do catolicismo, quanto à importância do seu significado, também noutros aspetos da vivência humana se pode considerar importantes outros momentos diversos, de diferente índole mas de vivência particular e, para uma boa parte, também comunitária. Assim, conquanto no presente se esteja a sobrepor o ter humano, terá de se ter sempre em conta o ser humano, que somos. Estando subjacente o que mais dá ser à vida de cada qual. Num universo em que o que mais nos motiva e apaixona terá sempre lugar especial. Como é o nosso F. C. Porto, para nós.

 

Ora, em plena semana da ida da nossa equipa principal até ao terreno do fosso lisboeta, onde se confunde o ambiente perante um panorama prenhe de azulejos próprios de sítio atritos a micróbios, vem à ideia anteriores passagens por esses lados, embora na maioria dos casos mais ao lado (quando as casas de banho eram no antigo estádio, entenda-se). Recordando-nos sobremaneira algumas das idas até lá, a Alvalade, nas invasões pacíficas mas apaixonantes de adeptos do F. C. Porto ao estádio do Sporting lisboeta. Entre manifestações comunitárias de clubismo Portista.

Neste âmbito, calha também, por extensão, deitar sentido pelo conjunto aprazível que representa a massa adepta e simpatizante, enfim o mundo associativo Portista. Ao que damos seguimento nestas constatações, qual cartão de visita que podemos honrosamente apresentar.

Com efeito, por tudo o que se sabe e conhece, sendo os Portistas um povo especial, por assim dizer, constituindo um naipe diferente de tudo e todos mais, os sócios e simpatizantes da grande coletividade azul e branca conseguem fazer a diferença, sabendo distinguir o trigo e o joio, não se deixando levar em parolismos e campanhas orquestradas, antes sabendo pensar por sua (nossa) cabeça e especialmente dando valor ao que tem valor.

   

Sendo hoje uma imensidão de almas a pulsar em comum, tal o grande número de pessoas que por todo o mundo sentem o F. C. Porto, tempos houve em que as condicionantes sócio-desportivas levavam a uma menor aderência. Então, em homenagem a esses mais antigos Portistas, que passaram momentos difíceis e tiveram a ditosa graça de simpatizar com o F. C. Porto em tempos menos atrativos, e igualmente aos mais novos, que tiveram a também ditosa graça de conviver com momentos gloriosos, deixamos uma breve evocação de situações eloquentes, quão sintomáticas. Trazendo à recordação, até aqui, de modo a refletir a situação, o que nos inícios dos anos 30, do século XX, foi impresso num pequeno volume historiador do clube. Daí trazendo, agora, à tona recordatória umas curiosas ilustrações, incluídas na História do F. C. Porto dada à estampa em 1933, num só livro (na pioneira obra escrita por Rodrigues Teles, que como se sabe nos anos 50 foi ampliada numa valiosa obra dividida em três grossos volumes).

 

Repare-se então nas ilustrações acima colocadas e na seguinte lista adjacente, profusamente reportando a um dos painéis referentes aos sócios do clube daqueles tempos antigos. Que se expandem aqui, para este efeito, apenas, como exemplo, através dum dos painéis, dos cinco que o primeiro historiador portista angariou.

     

Chega então uma oportunidade de também nos metermos no meio, como parte que nos consideramos da Família Portista. Vindo a talhe darmos uma graça aos amigos consócios, agora que o texto vai longo e por certo só os mais interessados entusiastas seguirão o alinhamento total.

Ora, tendo passado muitos anos desde que houve a campanha de angariação de fundos para a construção do Pavilhão Gimnodesportivo das Antas, inaugurado há cerca de 40 anos, em 1973 (e mais tarde rebatizado com o nome Américo Sá, em alusão ao presidente da direção desse tempo), e porque tivemos muita honra de também poder colaborar, dentro das possibilidades, à época, relembramos aqui uma singela  lembrança de afinidade associativa, por meio duma pequena caixa jornalística que referiu um caso particular, no jornal O Porto, sem necessidade de muitas explicações mais. 

(in O Porto de 24-8-1972)

Imagens estas, em suma, que afinal revelam o uníssono sentir de sempre, que muito nos toca, tomando a parte pelo todo, na conjugação espiritual do que uniu os antigos e nos apega a todos nós, os de hoje e amanhã.

Armando Pinto 
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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Falecimento de Sousa Santos (pai): Um clássico dos heróis do ciclismo nacional e do F C Porto…


Segundo tivemos conhecimento hoje por um órgão de imprensa diária, faleceu na segunda-feira dia 18 de Fevereiro, o antigo ciclista do F. C. Porto Joaquim Sousa Santos pai, como era conhecido o patriarca da família, por ter tido dois filhos ciclistas conhecidos pelo mesmo apelido de guerra das corridas. 

Desaparecido do mundo dos vivos aos 82 anos, Joaquim Sousa Santos foi antiga glória no ciclismo português da década de cinquenta, havendo-se notabilizado ao serviço do F.C. Porto. Pai do vencedor da Volta de 1979, Joaquim Sousa Santos (filho) e de José Sousa Santos, ambos antigos ciclistas já falecidos  (em 2003 e 2012, respetivamente), era o progenitor Sousa Santos natural de São João de Ver, do concelho de Vila da Feira, hoje terras de Santa Maria. Em cujo campo santo permanecerá desde esta quarta-feira, sepultado no cemitério de sua terra, conforme notícia difundida pelo Jornal de Notícias, do Porto.

Como homenagem, para dirigirmos umas palavras mais que justas em honra de seu passado, servimo-nos de uma vista de olhos por um pequeno livro que lhe foi dedicado na colecção "Ídolos do Desporto", em respetivo número editado em 1956.

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«Joaquim Sousa Santos, nasceu em S. João de Vêr, a 24 de Setembro de 1930. Desde pequeno que o garoto sonhava com uma bicicleta como a do padrinho, que era também seu irmão Manuel dos Santos; o qual lhe construiu uma bicicleta, não se poupando a trabalhos nem a esforços, e então depois colocou o miúdo sobre o quadro e zás! O Quim lá foi ! A minúscula bicicleta rodou, com o garotinho agarrado ao guiador, em pânico, até que se " espetou" contra um muro! Joaquim Sousa Santos com pouco mais de quatro anos de existência neste mundo atribulado, não ficou a chorar, apesar do susto, choque e arranhaduras. Era imensa a sua alegria por ter uma bicicleta. Era pequenina, mesmo feita para a sua idade, e apenas com duas rodas. Era igual à do irmão e padrinho, que corria numa bicicleta a sério vestindo a camisola do F.C. Porto; e na altura soltou uma gargalhada, dado que nada melhor do que uns trambolhões para começar… Veio a escola, o trabalho, mas a bicicleta ficou como a sua grande paixão. Filho de uma pobre família, cedo aprendeu um ofício, de sapateiro, no caso. Muito se sacrificou para poder realizar o seu sonho de ter uma bicicleta como a do padrinho, pois ganhava 20 escudos ($) por semana. Nas estradas, sempre que passavam ciclistas, ficava parado a olhar e a desejar seguir-lhes o exemplo, mas não havia dinheiro... Sousa Santos começou a apertar o cinto dia a dia e dos escassos 20$ retirava 5$ ou 6$ sempre que podia, pois muitas vezes comia só a tradicional "broa" nortenha . Com muito sacrifício juntou 700$ e surgiu a possibilidade de comprar uma máquina, mas faltavam 100$, que o padrinho Manuel dos Santos lhe emprestou. 

Estava-se em 1950. Sousa Santos com "sangue na guelra" sentia-se em forma: a sua "pasteleira " com guiador de bicicleta de corrida " voava" pelas ruas de S. João de Vêr.»

   

«Um dia pedalava despreocupado, quando lhe surgiram, numa curva, Joaquim Costa, Aniceto Bruno, Onofre Tavares e Amândio de Almeida, ciclistas da equipa do F.C. Porto em pleno trajeto de treino. Sousa Santos era conhecido daquele Joaquim Costa, e este conversou com ele enquanto pedalavam os cinco, já em bom ritmo. Então a certa altura, Sousa Santos ouviu Aniceto dizer: - Larga lá o " pato bravo" . Toca a andar.... Mas o " pato bravo" encheu-se de brio e acompanhou os " ases " do F.C. Porto, apesar de várias tentativas para o deixarem para trás. Foi mesmo ali e naquele dia que Aniceto Bruno convidou Sousa Santos a ingressar no F.C. Porto, tendo logo assinado contrato no dia seguinte, e daí passando a ser corredor profissional. A partir de então começou a preparar-se melhor, a sua alimentação era agora mais cuidada e rica, passou a ter bom material e horas para treino…» E teve uma carreira vistosa, cotando-se como um dos bravos do pelotão do ciclismo nacional.


Joaquim Sousa Santos ao longo da sua carreira, tanto a nível nacional como internacional (tendo de permeio estado na Volta a Marrocos, bem como teve 3 participações na Volta a Espanha), venceu várias provas e etapas, destacando-se sobremaneira um 27º lugar no Grande Prémio de Eibar, por ter tido um papel determinante no decurso dessa clássica internacional. 

No panorama dos quadros de honra em Portugal, sobressaem as suas posições de 2º classificado nas Voltas a Portugal de 1955 e 1957, e um 7º lugar na classificação geral individual na Volta de 1959. No ano anterior, na 21ª Volta a Portugal, em 1958, ganhou uma etapa, a 11ª tirada entre Lisboa e Torres Vedras, tal como, antes e depois, triunfou em diversas outras etapas, em diversificados anos, na Volta, além de, por mais que uma vez, ter andado com a camisola amarela de 1º da corrida . Como principal triunfo individual, e com a camisola do F. C. Porto, Sousa Santos venceu a clássica Porto-Lisboa, em 1957.

   
 = Sousa Santos (à direita da imagem) com Sousa Cardoso e Carlos Carvalho, formando trio da equipa vencedora do "Prémio Vilar" para o F. C. Porto. = 

Será de frisar, por fim, que Sousa Santos nos inícios de seus tempos áureos não alcançou melhores resultados por haver tido como adversários diretos uns Alves Barbosa e Ribeiro da Silva, dois ciclistas de categoria internacional e que em seu tempo comandavam as operações das corridas em Portugal. E depois por ter surgido sempre algum colega de clube melhor colocado, nas provas mais importantes.


...Isso também porque o ciclismo do F. C. Porto estava muito bem dotado de valores, constituída que era a equipa portista por elementos que, qualquer um deles, podiam vencer quaisquer provas e se equiparavam entre si, valendo por isso o forte jogo de equipa. Tendo Sousa Santos ajudado a vitórias individuais de colegas azuis e brancos, como foram as Voltas ganhas por Carlos Carvalho, Sousa Cardoso e Mário Silva, além de sua cota-parte nas vitórias coletivas.

  
Terminada a carreira como ciclista, em 1963, Sousa Santos manteve-se no seio do ciclismo como treinador do Ovarense e Benfica, além de episódicas colaborações no F. C. Porto - tendo chegado a incluir um triunvirato na orientação do F. C. Porto, junto com Onofre Tavares e Emídio Pinto. 

Porque não esquecemos os que ficam ligados ao F. C. Porto, aqui deixamos esta lembrançazinha escrita e ilustrada para com a memória de Sousa Santos, na medida do que para nós significa Portismo, em tudo. 



Nota Bene: A 13 de outubro de 1963 o FC Porto fez uma festa de despedida ao grande ciclista Sousa Santos, numa daquelas homenagens que nesses tempos eram feitas aos valores que deixavam marca. No caso feita a Joaquim Sousa Santos, pai, a quem só faltou uma vitória na Volta a Portugal, algo que inclusive esteve muito perto de vencer, apenas que nesse tempo havia um dotado Ribeiro da Silva, correndo pelo Académico. Essa glória de ficar incluído no rol dos vencedores da Volta  estaria reservada anos depois para o filho, também Joaquim, que conquistaria uma Volta a Portugal com a camisola do FC Porto na edição de 1979.

Armando Pinto
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Obs.: - A propósito, confira-se ainda o que publicamos anteriormente aquando do falecimento do filho médico e vencedor duma Volta (clicando aqui) sobre Joaquim Sousa Santos filho...

A.P.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

D. Jorge Ortiga - um Portista especial

 

Sem ideia de quantificar mas sim de qualificar, é sempre uma honra quando nos deparamos com alguém fora do comum com os mesmos nossos bons gostos, de afeições comuns portanto, entre correligionários do F. C. Porto especialmente. Tal o caso de D. Jorge Ortiga, arcebispo português de Braga, que também é assumido Portista, como nós. 

Passando um período em que os assuntos religiosos têm estado na mira da comunicação social, derivado à recente resignação do Papa Bento XVI e tudo o que envolve e atrai no processo daí decorrente, bem como outros assuntos relacionados com os meios católicos e derivados, virá a talhe uma referência particular a um membro do mesmo clero católico, por variadas razões, desde estar em tempo comemorativo de suas bodas de prata episcopais, até ao facto de ser Portista. Que é o que conta aqui para o caso. Porque de tanto serem gabados e tornados conhecidos os adeptos dos clubes de Lisboa com amigos nos meios informativos, na prática tornados mediáticos por vias da comunicação social irradiada através da capital político-social do país, melhor apreciação nos apetece dar aos que são dos nossos, os Portistas… Pois os outros dizem-se mais numerosos, mas geralmente vem mais mal ao mundo com maiorias. Então não é, como diz a sabedoria popular, que é sempre mau o caldo que muita gente tempera…?!

   

Ora no meio de nós, sem ladainhas que tais, há mesmo muito boa gente de gabarito, como o exemplo que desta vez queremos distinguir: o atual Arcebispo de Braga. Calhando a preceito enaltecer a figura desse homem saliente da Igreja, na passagem de 25 anos da sua sagração episcopal, cuja celebração ocorreu ainda no início deste ano e tem programa a decorrer por estes tempos ainda; além de ser um personagem carismático a quem se augura papel de maior relevo no futuro eclesial. 

Por tudo isso, e nomeadamente pela sua feição Portista, realçamos desta feita este nosso consócio, D. Jorge Ortiga, por meio de registo duma página da “Notícias Magazine”, com que essa revista acompanhante domingueira do Jornal de Notícias, em seu recente número do passado domingo 3 de Fevereiro, celebrou esse Bispo-Arcebispo na exaltação comemorativa de suas bodas de prata. Na justa medida de quanto sua dimensão encerra.

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Armando Pinto 
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domingo, 17 de fevereiro de 2013

Américo: Guardião do F C Porto entre os Onze + guarda-redes do futebol português

 

Sendo a História do F. C. Porto um pouco (até muito!) também nossa, de nós Portistas, por quanto nos diz respeito e sensibiliza, quer por tudo o que vivemos durante nossa vida paralela à vida do F. C. Porto, quer por quanto não chegamos a vivenciar mas sabemos e gostamos tanto que tenha acontecido, toda essa envolvência que identifica o F. C. Porto também nos faz rever em quantos representantes do nosso clube nos fazem elevá-los em nossas memórias, quais espirais de incenso no imaginário portista de sempre. Estão assim dentro desse universo (para só referirmos nomes do futebol, além dos atletas de diversas modalidades que nos despertaram afeições) aqueles ídolos da bola que não chegamos a conhecer, mas nos orgulhamos que tenham existido, por haverem vestido a camisola azul e branca (…Valdemar Mota, Siska, Pinga, Araújo, Barrigana, Virgílio, Pedroto, Hernâni…), bem como os que nos povoaram os sonhos e todos os que admiramos e deram cor às nossas alegrias – desde Américo, Custódio Pinto, Pavão, Armando, Lemos, Gomes, Madjer, João Pinto, Baía e tantos mais… até aos recentes e para sempre gravados em nossos discos mentais.

Contando uns mais que outros, mas no geral todos por terem defendido nossas cores, há no entanto sempre aqueles de que mais gostamos ao longo da vida, pela mística, raça e génio que nos fez admirar sua aura no tempo em que defenderam o F. C. do Porto também por nós… tal como no caso do guarda-redes Américo Lopes, o nº 1 do F C P que mais nos encheu as medidas Portistas. 

   

Vindo assim a talhe mais uma evocação a esse grande guardião do F. C. Porto, trazemos desta vez a público a sua inclusão numa coleção histórico-literária sobre os "Mais", os melhores por assim dizer, dentre os quais, para o caso, recordamos os Onze + dos Guarda-redes nacionais. Estando nesse rol (conforme se pode ver na imagem, em visuais desenhados) os mais célebres nessa posição (segundo a escolha dos editores): Américo, Barrigana e Vítor Baía, do F. C. Porto; Azevedo, Carlos Gomes, Carvalho, Damas, do Sporting; Ricardo, anteriormente do Sporting e ao tempo no Bétis; Costa Pereira, José Henrique e Bento, do Benfica. 

Dessa coleção (editada em 2008 por O Jogo e Quidnovi), pormenorizamos para aqui, para este efeito, a parte referente ao “nosso” Américo. Com necessárias ressalvas quanto a dados constantes e a um pormenor, como é o facto de (contrariamente ao que costuma aparecer) a data de nascimento de Américo não ser em Março mas antes em Fevereiro; e, se deparar na engraçada ilustração um erro na figuração, porque Américo, em seu tempo de guarda-redes, não usava luvas…!

 

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Armando Pinto 

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Camilo: Um valoroso defensor do F. C. Porto entre os Anos 30 e 40…

 

Inúmeros foram e são, felizmente, os desportistas que constam dos anais da história do F. C. Porto, por entre o amplo número de atletas da fina estirpe que define o que sempre será um “jogador à Porto”. No meio dos quais constam uns mais conhecidos e famosos e outros porventura menos recordados, contudo todos merecedores de fazerem parte do rol de nossos maiores.

Está nesse caso, por exemplo, um futebolista que teve algumas passagens pelo seio da equipa principal do F. C. do Porto, de seu nome Camilo, um defesa de rija têmpera. Ao qual desta vez dedicamos aqui espaço, como fazemos com Homens do F. C. Porto de vez em quando. 

Camilo, de nome completo Camilo Alves Barros (segundo dados constantes no livro “Almanaque Oficial do F C Porto/1893-2011”, onde não são referidos dados biográficos e é desconhecida sua data de nascimento) integrou em diferentes períodos o plantel do futebol portista, totalizando seis temporadas futebolísticas, primeiro nas épocas de 1930 a 1932, depois em 1934/35 e, por fim, entre 1943 a 1946. Em cujas presenças venceu pelo F. C. P. cinco Campeonatos do Porto. Num percurso em que, nos jogos das diversas competições regionais e nacionais, terá alinhado pela equipa principal do F. C. Porto em 46 jogos, nos quais foi colega de equipa de homens famosos como (enumerando alguns apenas) uns Araújo, Guilhar, Catolino, Alfredo, Barrigana, etc. etc. 

Assim, para darmos oportunidade a esta evocação, recordamos uma coluna que ao "nosso" Camilo foi dedicada na lisboeta revista Stadium, à página “na capital do norte”, na respetiva edição de 17 de Abril de 1946.

   
Armando Pinto 
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terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Carnaval na História do F. C. Porto


Apesar dos tempos que correm não irem muito para folias, tal a crise monetária, social e de valores que assola diversas áreas do ambiente em que vivemos - por culpa de políticos, capitalistas e outros que tais, dos que são culpados mas também são dos menos atingidos e ainda tiram direitos aos outros – e embora este dia não seja gozado por todos por igual, segundo as diretrizes dos que retiram feriados e dias que antes eram santificados… o Carnaval continua a ser um dia com fortes raízes na tradição portuguesa e uma ocasião em que se procura esquecer ou amenizar, ao menos, as tristezas da vida.


Por um outro prisma, igualmente nos meios desportivos o chamado Entrudo não está a gozar de grandes privilégios, e no que nos toca particularmente, quanto ao que respeita ao mundo do F. C. Porto, o Carnaval não chega em muito boa altura, que é como quem diz com folgança, perante semblante não muito disposto a festanças após o inesperado empate do fim-de-semana passado. Embora tivesse sido (do mal o menos!) um empate entre empatas, por também o rival vermelho ter feito semelhante resultado, deixando tudo como estava nos lugares cimeiros do campeonato e sem ninguém se poder ufanar nem reinar muito. 

Diante deste acabrunhado pagode, à imagem do tempo cinzento que enregela e molha quem se der muito a galhofas no panorama exterior, vale ao menos olharmos para antigas brincadeiras que também aconteciam dentro do meio ambiente do F. C. Porto, recordando dias de Carnaval passados nas instalações desportivas do clube em anos distantes. Sabendo-se que nos primórdios da vida do F. C. Porto, pelos idos anos vinte e trinta, pelo menos, era assinalada a quadra carnavalesca com convívios e nalguns anos até com realização de torneios, conforme consta na História do F. C. do Porto, segundo o que registou Rodrigues Teles. De cujas realizações damos aqui nota retrospetiva, como ilustração, através de imagens devidamente legendadas, porque o rótulo por assim dizer explica tudo.


Armando Pinto 
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sábado, 9 de fevereiro de 2013

Desde Olhão… até Olho Azul - de bom augúrio Portista!


Na atualidade, que para nós sempre dá no mesmo, quanto é querermos simplesmente que o Porto ganhe, depara-se no horizonte o jogo do F. C. Porto diante do Olhanense, em futebol ao mais alto nível nacional. Ocasião esta, quando defrontamos esse clube de Olhão, em que preferimos que mais que isso, do que olho grande ou matreirice, haja olho azul de bom augúrio para nós. Vindo à ideia subjacente o caso dum olho azul identificativo que se usa em determinadas circunstâncias, enquanto género de amuleto, sendo um símbolo usado em objetos relacionados com sorte e azar, no sentido de crença, qual talismã associando memórias antropológicas e etnográficas de antigos usos e costumes lusitanos.


Ora, no seguimento da boa campanha que o F. C. Porto está a fazer no presente Campeonato da Liga 2012/ 2013 e na sequência da ótima 2ª volta que está a ser levada por diante, através da invencibilidade e superação que os futebolistas portistas estão a conseguir materializar, a nossa equipa recebe este domingo mais um adversário difícil, o Olhanense. Num jogo que, se tudo decorrer dentro da normalidade, que é o mesmo que dizer dum comportamento digno de todos os intervenientes e caso a equipa do F. C. Porto consiga explanar seu poderio, resultará numa jornada vitoriosa para as cores azuis e brancas, mantendo os Dragões empenhados na luta pelo título e a ocupar com inteiro merecimento o 1º lugar da classificação. Por muito que custe aos adversários e sobremaneira aos do clube do regime - tais os apaniguados com lugares nos órgãos diretivos da Liga, e seus acólitos da comunicação social (tipo bolha e rascord), os quais, para que seu clube possa ainda ganhar alguma coisa, tentam afastar da sua taçazeca os potenciais opositores... não olhando a meios para atingir fins, ainda que para uns tenha de haver diferença de minutos, enquanto que para outros, eles mesmos, já não...! 


Com esse horizonte diante de nós, recordamos o que disse, de concreto, o nosso homem todo-o-terreno, Fernando – em recente inquérito sobre o pensamento de tão importante elemento na estrutura atual da equipa principal do F. C. Porto, em pequena entrevista (aqui dividida em duas parcelas) e incluída no livrinho do programa oficial (referente a um dos jogos realizados no estádio do Dragão), aquando do início da segunda volta da prova mais importante do futebol português.



Armando Pinto 
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sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Onofre Tavares: Referência Memorável do Ciclismo do F. C. Porto e Português.


O ciclismo é uma modalidade atrativa, diante da imagem ligada do homem à máquina, perante o esforço humano em cima da bicicleta. Pese ocorrências que desvirtuam o desporto, em que tal modalidade tem sido fértil, infelizmente, nos anos mais ou menos recentes. Enquanto, no caso que nos toca, apesar de ser uma secção extinta (por ora, em 2013 ainda) dentro do ecletismo portista, foi uma das principais modalidades no que concerne a prestígio, na vida do F. C. Porto, sendo por via do desporto dos pedais que muitos adeptos se foram afeiçoando à coletividade da Constituição e das Antas. 

Efetivamente, em tempos de menor rendimento do futebol azul e branco, quando a equipa de futebol não conseguia títulos de relevo, era o ciclismo que dava honra e glória ao grande clube portuense. Faz parte das memórias portistas do autor destas notas o entusiasmo que o ciclismo gerava, sabendo que chegado o Verão o F. C. Porto era rei e senhor pelas estradas além, com a passagem dos corredores às terras de quase todos os portugueses e até à porta de cada um, nas andanças das corridas clássicas, mais dos grandes prémios, e por fim da Volta a Portugal, quando todas as atenções se colocavam nos nomes dos grandes ases dos pedais. Sendo que o F. C. Porto detinha grande poderio na caravana ciclista, suplantando por norma os grandes rivais, vingando então erros grosseiros de arbitragens nos campos da bola e manobras diretivas do futebol. 

Eis, pois, um dos motivos porque continuamos a pugnar pela preservação histórica do historial ciclista das camisolas listadas de azul e branco, do que foi o ciclismo no F. C. Porto. Que, pese embora ter deixado de existir no nosso F. C. Porto nos tempos ainda recentes, não se pode nem deve esquecer o passado, nem muito menos haver vergonha da história comum, no sentido de não se querer avivar feridas pelo correspondente desaparecimento. Não sendo muito de entender como nos livros sobre o F. C. Porto só aparece o futebol, de fio a pavio, e o próprio museu do clube, nas versões antes existentes, apresentava uma grande maioria de percentagem em objetos e espaços dedicados ao futebol, com lacunas evidentes quanto à devida dimensão das modalidades. Desejando-se, por isso, que o futuro espaço museológico do Dragão venha a contemplar tudo e todos os que, por seus feitos valorosos, mais da lei da morte se libertaram. Mesmo sabendo-se, e todos nós sentindo, que o futebol é a mola real da vida clubista, não se deve olvidar tudo o mais, antes será de glorificar e perpetuar o que contribuiu para o engrandecimento do clube, valorizando tudo o que tem e teve valor.

Nesse âmbito, tal como já recordamos alguns dos nomes salientes da modalidade dentro do F. C. Porto, evocamos agora mais um dos ídolos do passado, trazendo à lembrança um ciclista de tempos recuados, daqueles que ajudaram a cimentar o carisma que a modalidade ganhou no seio da coletividade alvi-anil – o Onofre Tavares. Um “sprinter” de renome e especialista de provas de pista, mas também estratega de equipa; daqueles ciclistas que permaneceram nas memórias dos adeptos, apesar de não ter vencido nenhuma Volta a Portugal, a prova que mais imortalizava os grandes estradistas. Em sinal, isso mesmo, do carisma do próprio ciclista, como nome dos mais aplaudidos pelo país fora. 

Soubemos, há tempos, que neste ano corrente de 2013, o Museu do Ciclismo, sediado nas Caldas da Rainha, homenageará alguns antigos ciclistas portugueses, entre cujas grandes glórias do passado, que aí irão ter essa honra, estarão Onofre Tavares e Joaquim Leite, dois antigos desportistas das corridas de bicicletas que andaram nas estradas e pistas com a camisola do F. C. Porto. Por acaso dois corredores que tiveram seus maiores êxitos ao serviço do F. C. Porto, mas também passaram pelo Benfica. O mais novo, Joaquim Leite, depois de ter andado nos seus melhores tempos pela equipa das Antas, inclusive com vitórias em provas importantes do calendário nacional da modalidade e ter chegado a ser portador da camisola amarela na Volta a Portugal, enquanto correu pelo F. C. Porto, acabou depois por se transferir para a equipa ciclista lisboeta por sua livre vontade. Ao passo que o mais velho, Onofre Tavares, esse teve um período em que, após a sua formação e de seguida dois anos já como senior a representar o F. C. Porto, teve de interromper essa ligação noutras duas épocas seguintes em que vestiu a camisola do Benfica, mas apenas enquanto cumpriu o serviço militar, por ter estado na tropa em Lisboa; para depois logo ter regressado ao seu clube, onde acabou a carreira passado alguns anos. Havendo grande diferença de tempo entre eles, pois Onofre Tavares se distinguiu sobre o selim pelos anos de quarenta e cinquenta, ao passo que o outro mais jovem evoluiu já nos inícios da década de setenta, do século XX naturalmente.

= Foto de um painel constante num dos museus dedicados à modalidade, no caso o Museu do Ciclismo, nas Caldas da Rainha.= 

Então, damos de novo espaço ao ciclismo, aqui também, mau grado certo desencanto com as mais recentes notícias e consequências derivadas, depois que se soube que o ciclista americano Lance Armstrong vencera várias Voltas a França recorrendo a drogas, tal qual o espanhol Contador mais recentemente, assim como também em tempos se soube que algo do género ocorreu com Joaquim Agostinho, apanhado nas malhas do controle anti doping por duas vezes na Volta a Portugal, e sabe-se lá mais o que eles e outros terão feito… Ouvindo-se que em tempos de outrora também se falavam numas denominadas bombas, mas sem nada se saber ao certo. Com o que paira certa noção de que muitos grandes ciclistas teriam sido ídolos de pés de barro, tal a constatação que a modalidade era propícia ao uso de estimulantes, vulgo doping. Mas nem todos podem pagar pelo mesmo e nos tempos mais antigos os estimulantes na certa que seriam mais à base de umas boas pingas, não tanto dos bidões de água que levavam no quadro da bicicleta ou da que lhes lançavam das bermas das estradas para refrescar, mas de tintol, mais nas zonas do maduro carrascão, para quem estava habituado ao vinho verde…

= excerto duma crónica na revista Stadium, edição de 10 de Julho de 1946.= 


Recuemos então a esses tempos de antanho, quando havia pureza nas corridas de bicicletas, como em muitas outras coisas. E passamos a lembrar um dos grandes ídolos dessas eras remotas, Onofre Tavares, como era e é conhecido, esse sorridente ciclista que a meio do século XX era famoso e deveras vitorioso . 

De nome completo Onofre Alexandre Tavares Marta, nasceu em 29 de Agosto de 1927, segundo os dados conhecidos, na freguesia de Gulpilhares, concelho de Vila Nova de Gaia. Representou o F. C. Porto e o S. L. Benfica (durante o serviço militar) e manteve-se em atividade de 1943 a 1957. “Sprinter” notável, ganhou muitas corridas e circuitos. Foi Campeão Regional de Fundo por 3 vezes e de Velocidade por 6, e ainda Campeão Nacional de Fundo em 1953 e Campeão Nacional de Velocidade por 4 vezes. Mas ganhou sobretudo nome de cartaz em ter sobressaído nas vezes que correu a Volta a Portugal, prova-rainha do calendário português em que Onofre Tavares participou em oito edições, tendo sido portador da Camisola Amarela e vencedor de 10 etapas. Internacionalmente correu a Prova “9 de Julho” no Brasil e o Madrid-Porto em 1950, clássica esta onde venceu uma etapa. 

O então jovem Onofre começou a revelar-se muito novo a guiar bicicletas de corrida. Como aliás refere uma coluna que lhe foi dedicada no livro da Fotobiografia do F. C. Porto (por Rui Guedes), com foto e legenda que mais tarde teve também lugar num volume da coleção “Dragão Ano 111 (escrita por Alfredo Barbosa e editada pelo Comércio do Porto) – conforme se vê na foto seguinte. 

Aliás ele foi quase um dos pioneiros, pois foi pouco antes que começou o ciclismo no clube, já que logo nos inícios dos anos 30 apareceram as primeiras formações azuis e brancas, nas quais havia duas categorias, Fracos e Fortes, á imagem da época. Sendo que dos chamados Fortes do Porto faziam parte uns Nunes de Abreu, Adalberto Soares, Elias Cruz e José Rainho, e sabendo-se que na Volta de 1934 o F C P participou com duas equipas, nas tais diferenciadas classes. Enquanto já em 1936 havia camadas jovens de ciclismo na agremiação da Constituição, segundo se constata por registo de vitórias do então juvenil Onofre Tavares, ao que vem na Tábua Biográfica da “Fotobiografia do F C Porto” (ed. 1987, de Rui Guedes).


Desse tempo fica-se ainda a saber mais através de uma reportagem da revista "Ciclismo a Fundo", na qual foi publicado um pequeno artigo sobre Onofre Tavares no seu número 20 de "Abril/Maio de 2012". Aí, na rubrica “O que é feito de si”, o antigo campeão Onofre Tavares teve direito a estar sob os “holofotes da fama” ao recordar as mais gloriosas e pitorescas histórias de uma vida quase inteiramente dedicada ao seu desporto de eleição, o ciclismo. Com o próprio a descrever as origens da sua carreira de ciclista, por suas próprias palavras: "Ninguém na minha família tinha ligações ao ciclismo, mas quando eu tinha uns seis ou sete anos os meus pais ofereceram-me uma bicicleta e a paixão foi imediata. Como o meu pai tinha uma sapataria comecei a utilizá-la como meio de transporte para levar o calçado aos fregueses dele." E foi aos 14 anos que participou na sua primeira prova de ciclismo: "Um dia fui levar o calçado a um barbeiro que era um cliente antigo do meu pai e ele, sem eu saber de nada, inscreveu-me numa corrida de ciclismo, a Coimbrões-Grijó-Coimbrões. Sem preparação, e sem sequer saber ao que ia, consegui finalizar com o grupo da frente." 


Já mais crescidote, fazendo parte da equipa portista, contribuiu para as vitórias do F. C. Porto no Campeonato Regional de Amadores Seniores, individualmente e por equipas, e no Campeonato Regional de Independentes, em 1940/41.Época em que também, entre outros factos, contribuiu no jogo de equipa para a vitória de Aniceto Bruno nas provas oficiais Porto-Guimarães-Porto, Porto-Fafe-Porto e Circuito do Estoril. Seguindo-se no ano imediato novas vitórias nos mesmos campeonatos regionais. Por essa época, estava o ciclismo ainda a passar por uma fase indefinida, como se nota em ter havido, em Maio de 1942, um festival desportivo a reverter para a secção de ciclismo do FCP, no campo da Constituição, com a participação de outras secções do clube, através de jogos de andebol e futebol; sendo que em andebol de onze foi entre antiga equipa de 1935 e a então atual, de 1942 (verificando-se uma vitória dos mais antigos por 3-2), bem como em futebol ocorreu um encontro entre velhas guardas da equipa de 1932 e a do ano vigente, de 42 (com os mais novos a terem suplantado os mais idosos por um engraçado resultado de 7-5). Curiosamente, havia então provas de pista, em que o F. C. Porto contava com o especialista Onofre Tavares, como foi o caso duma prova chamada “Uma Hora Americana”, na qual a equipa do F. C. P. triunfou. Entre esses exemplos e mais vitórias coletivas, note-se ainda que em 1943 Onofre se sagrou Campeão de Velocidade do Norte, título que repetiu em 1944 e por aí adiante. 

Havia sucessivamente passado, entretanto, pelas diversas categorias existentes, então, alcançando em 1945 os títulos de Campeão de Velocidade e de Fundo do Norte – num tempo de que é coeva a imagem (imediata), retirada da revista Stadium de 1 de Agosto de 1945, respeitante a uma vitória verificada no mês de Julho desse mesmo ano, conforme a sua legenda: «Onofre Tavares, do F C Porto, vencedor do “critério” para Amadores».


Chegado depois à categoria superior, esse já então conhecido sprinter vence idênticos campeonatos a nível nacional, sagrando-se em 1946 Campeão Nacional, até que começa a participar na Volta portuguesa. Então logo venceu a sua primeira etapa da Volta a Portugal em 1946, por curiosidade também a primeira etapa da Volta desse ano, entre a Cova da Piedade e Setúbal, na distância de 52 km, e assim foi o primeiro dono da Camisola Amarela dessa Volta de 46. Na qual, dias depois, voltou a repetir a façanha ao vencer a 9ª etapa, chegando em primeiro à meta instalada em Castelo Branco. Enquanto, no decurso da prova, se revelou um dos principais animadores da corrida, alcançando por fim o 3º lugar final no pódio.


Dessa sua brilhante estreia na maior prova velocipédica portuguesa constam umas sugestivas e sintomáticas gravuras de banda desenhada incluídas no álbum “ OS HERÓIS DA ESTRADA” (edição Jornal de Notícias e O Jogo), cujas pranchas demonstram, a preceito, o bom desempenho obtido. 



Continuaria no ano seguinte a envergar a camisola azul e branca do seu F. C. Porto, mantendo o ritmo vitorioso, até que em 1947, devido ao serviço militar, fixado que estava em Lisboa, lá abalou para as bandas do Benfica. Como ainda se pode constatar por uma coluna que foi publicada na Stadium de 29 de Janeiro de 1947.


Intrometida que foi essa passagem pelo clube lisboeta, com cuja camisola encarnada andou em 1948 e 49 (sem grande saliência, acrescente-se, diante da falta de posição em lugares de relevo), regressou novamente à Invicta e ao F. C. Porto em 1950, para logo ter sido Campeão Nacional de Velocidade. Tendo permanecido de azul e branco os restantes anos de seu percurso, numa carreira que se prolongou a correr de bicicleta até 1957. 

Durante esse período acrescentou ao seu historial muitas vitórias, sobremaneira totalizando na Volta a Portugal significativa conta de triunfos em 10 etapas, e haver envergado a Amarela 2 vezes.

= Equipa do F C Porto que conquistou a Volta em 1950.= 

Pormenorizando um pouco, como merece o seu desempenho: em 1951 Onofre Tavares foi primeiro na 2ª etapa da Volta a Portugal, em percurso terminado em Vila do Conde, bem como venceu a 5ª etapa, finda em Évora, a 11ª etapa, em Aveiro e a 14ª etapa, em apoteótica chegada ao Porto. Depois, em 1952 venceu o Circuito da Malveira, mantendo de seguida a pedalada até à 15ª e penúltima etapa da Volta, de Braga a Vila do Conde, em cujo itinerário Onofre Tavares ajudou à vitória coletiva – pois, antes da etapa de consagração que ditou o companheiro de equipa Fernando Moreira de Sá como vencedor da Volta, houve lugar a essa etapa no sistema de contra-relógio por equipas. Tendo, nesse dia, a equipa do F. C. Porto arrancado uma boa corrida, com o conjunto formado por Fernando Moreira de Sá, Onofre Tavares, Amândio Cardoso, Luciano Sá, Joaquim Sousa Santos e Emídio Pinto a conseguirem então aumentar (para seis minutos) o avanço sobre a equipa adversária mais próxima, assegurando mais uma vitória coletiva na classificação geral respetiva, e deixando a equipa do Sangalhos no segundo posto à distância de meia dúzia de minutos.

= A equipa do F.C. do Porto, que venceu a Volta de 1952: Joaquim Sousa Santos sénior, Amândio Gomes Cardoso, Luciano Moreira de Sá, Fernando Moreira de Sá, Emídio Trindade Pinto  e Onofre Tavares.=

Continuando a enumerar suas vitórias mais significativas, em 1953 Onofre foi 1º no Campeonato Nacional de Estrada, sagrando-se assim Campeão Nacional de estrada na categoria de Elite. Após isso, em 1956, logo na 1ª etapa da Volta desse ano, ajudou à vitória da equipa do F. C. Porto na corrida de pista por equipas, no Estádio do Lima (alcançando um dos três primeiros lugares, que contavam para a classificação coletiva, junto com os colegas Artur Coelho Guimarães e José Carlos Carvalho Pereira - sendo aí Artur Coelho o primeiro e como tal quem envergou a camisola amarela), continuando depois Onofre Tavares como vencedor da 10ª etapa da Volta a Portugal, em Vila do Conde, e obtendo iguais vitórias na 9ª etapa, sobre a meta instalada em Vila Real, mais a última etapa, chegada ao Porto. Ao passo que em 1957 conseguiu vencer a 7ª etapa da Volta a Portugal, em Beja, e a 14ª, por fim, no Porto.

= Foto da festa de despedida de Aniceto Bruno, em 1951, no decurso de um festival de homenagem, na pista do estádio do Lima.= 

Em pleno Verão de 1957, decidido que seria o seu último ano de corridas, Onofre Tavares teve uma Festa de Homenagem, no Lima, a 27 de Julho desse mesmo ano. Antes do início da que seria a sua  8ª e última presença na Grandíssima Portuguesa.

Manteve depois Onofre Tavares, entretanto, sua ligação ao F. C. Porto ao longo dos anos, colaborante que foi sendo sempre que solicitado. Contudo, não só ao clube azul e branco mas também ao ciclismo nacional. Depois de se retirar da prática ciclista, por diversas vezes foi treinador, tendo estado à frente da equipa do Académico do Porto no início da década de sessenta (foi treinador em 1961, por exemplo, de Alberto Carvalho, Manuel Castro, Joaquim Costa e demais, pouco antes da extinção da modalidade no popular Académico); e sobretudo teve relevo na orientação de equipas do ciclismo portista, quer como diretor desportivo adjunto, ao lado de Franklim Cardoso e Emídio Pinto, quer como técnico principal; tendo sido sob seu comando que o F. C. Porto venceu a Volta a Portugal de 1964, a nível individual (através da vitória de Joaquim Leão), como coletivamente (na classificação por equipas). 

A este grande nome do ciclismo portista e nacional, a esse bom adepto Portista que é ainda admirado entre Portistas mais ciosos do Portismo que nos corre nas veias, fazemos esta homenagem, trazendo sua grandeza desportiva à tona das memórias alvi-aniladas. Não chegamos a acompanhar sua carreira ciclista, mas somos ainda do tempo em que ele orientou a equipa principal de ciclismo do F. C. Porto. E como vibramos - tínhamos à volta de dez primaveras de vida - quando vivemos à distância a vitória na Volta ganha com Joaquim Leão vestido de amarelo e em equipas pela formação do F. C. Porto. Não mais esquecendo aquela volta de honra final, em plena pista de Alvalade, num orgulho de então sentirmos Lisboa a ter de presenciar tal honra de exibição gloriosa de toda a equipa do F. C. Porto, ali patente e completa (por terem acabado todos os que haviam começado essa Volta a Portugal com a camisola azul e branca); indo, em roda lenta todos os componentes da equipa perfilados, em formatura sobre as bicicletas e apoiando-se com as mãos nos ombros uns dos outros, logo a seguir ao vitorioso Joaquim Leão, esse com a coroa de louros, a tiracolo; e, à frente, também de bicicleta, seguindo adiante e levantando ao alto um vistoso ramo de flores, lá ia Onofre Tavares, “à paisana”, numa verdadeira apoteose, qual justa consagração voltista de toda a equipa e do treinador.

= Volta a Portugal de 1964 - Equipa do F. C. Porto que ganhou coletivamente e colocou três homens nos seis primeiros lugares da tabela classificativa: (a partir da esquerda) Joaquim Freitas, Sousa Cardoso, Carlos Carvalho, Mário Silva, José Pinto, Onofre Tavares (orientador técnico), Joaquim Leão, Ernesto Coelho e Mário Sá. Ali estava o triunfador individual desse ano, mais outros três anteriores vencedores da Volta. =

Deixou assim esse senhor seu nome associado ao ciclismo do F. C. Porto, surgido neste clube inicialmente ainda na década de trinta e regressado nos primeiros anos quarentas, até ter sido finalmente suspenso em 1984. Estando Onofre entre seus maiores valores, integrando uma galeria de ilustres campeões, dos que ao longo dos muitos anos de atividade o F.C. Porto formou e possuiu, como foi Fernando Moreira, o primeiro ciclista dos azuis e brancos a vencer a Volta a Portugal em Bicicleta, no ano de 1948, mais Dias dos Santos, que bisou, tal como Aniceto Bruno, Moreira de Sá, Amândio Cardoso, Carlos Carvalho, Artur Coelho, Sousa Cardoso, Mário Silva, Joaquim Leão, Sousa Santos, etc. etc. Até que, ainda hoje, embora o Sporting e o Benfica tenham abandonado mais tarde (inclusive com o Benfica a ter tido uma ainda recente reaparição episódica), o F.C. Porto detém o maior número de Voltas ganhas, quer a nível individual como coletivamente.


E Onofre é sócio do F.C. Porto, clube do seu coração, sendo associado detentor dum número baixo pela sua antiguidade de inscrição, como tal. Nessa categoria, há já alguns anos, recebeu a roseta que distingue os associados pela sua longevidade associativa, em cerimónia ocorrida em 1996, aquando do 103º aniversário do F. C .Porto. Desse ato é a fotografia anexa, em que se vê o Presidente da Assembleia Geral do FCP, Dr. Sardoeira Pinto (e na presença do Presidente do Conselho Cultural, sr. Álvaro Pinto), a honrar Onofre Tavares com tal honorífico emblema que lhe ficou a assentar na lapela. 

*** 
Diante de tal memorização, trazendo à superfície da memória portista essas épocas de grandiosidade do F. C. Porto por via do ciclismo, deixamos escapar em suspiro: - Como não pôr no ciclismo Portista de tempos áureos tanto apego e significado?! 

Obviamente que o ciclismo tem decaído, perdendo quase todo o encanto para nós, também, desde que o F. C. Porto deixou de ter ciclistas. E mais, a partir que os grandes clubes portugueses abandonaram a sua prática, a modalidade começou a definhar em Portugal, chegando depois dúvidas e constatações do doping a desferir uma machadada profunda. Mas o ciclismo, apesar disso e demais ocorrências, não pode pagar as favas de tudo. E nem só o ciclismo tem retaguarda infeliz e fora das realidades. Tal como escreveu Sofia de Mello, e bem se sabe, «as pessoas sensíveis não são capazes de matar galinhas, porém são capazes de comer galinhas…» 

Armando Pinto 
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