«Américo Lopes, um dos melhores guarda-redes que passou pela
baliza do FC Porto, foi este sábado distinguido com a Medalha de Mérito pela
Junta de Freguesia de São Paio de Oleiros, concelho de Santa Maria da Feira.»
Conforme dá nota o site informático oficial do F C Porto no próprio dia, sábado
20 de Junho; e publica em pequena noticia O Jogo deste domingo seguinte.
Para enquadramento, refira-se que tal evento teve lugar integrante em sessão solene do XXIVº Aniversário da Elevação de São Paio de
Oleiros a Vila, dentro de correspondente Assembleia Comemorativa, com entrega de
Medalhas de Mérito da Vila de São Paio de Oleiros, Edição 2015.
Continuando a página oficial portista a referir-se ao ato,
acrescenta: «O antigo internacional português, natural de Santa Maria de
Lamas, confessou-se muito feliz com a homenagem e agradeceu a presença na
cerimónia do FC Porto, o clube a quem deu “tudo o que tinha”, mas que também
lhe deu muito.»
Ora, esta notícia logo despertou a atenção aqui do autor
deste blogue, pois Américo foi o maior ídolo de nossa infância e adolescência,
o Ás da bola dos meus tempos de menino e moço, o nome referencial do F C do Porto
de quando comecei a ser Portista e do fortalecimento do meu Portismo. Admirando
então também muito o Custódio Pinto, o Hernâni, o Virgílio, o Miguel Arcanjo, o
Azumir, o Carlos Duarte, etc, etc, pelos inícios da década de sessenta; depois
também o Festa, o Nóbrega, o Pavão, o Rolando, o Armando, etc. etc… mas Américo
foi especial. Apesar de poucas vezes o ter visto ao vivo, pois eram tempos em
que para ir ao futebol ao Porto e até a Guimarães, aqui mais perto, era quase só
de excursão… Mas não mais esquece, cá na retina da memória, aquelas suas saídas aos cruzamentos,
agarrando a bola no ar, em voo, entre magotes de colegas e adversários a
estorvar, e com elegância e mestria, como caía com a bola bem agarrada… tal qual,
voando sobre centrais, respetivamente da defesa e do ataque de cada lado, afastava
o perigo a socar a bola, com forte soco que levava o esférico de jogo até quase
ao meio campo… enquanto, com seu vozeirão, comandava a sua defesa e orientava a
nossa equipa a partir de trás… e, especialmente, quando defendia
espetacularmente as bolas todo esticado no ar… a pontos que sobre ele se dizia
que “nem só os pássaros voam” (como refere uma legenda dum dos livros que lhe foram dedicados na coleção Ídolos do Desporto).
Por isso é um gosto especial, também, saber que ainda é
recordado, estando com cerca de 82 anos; e assim uma homenagem destas nos surpreendeu e cativou.
Sobre essa homenagem, da Junta de Freguesia da área de sua
residência, referiu Américo, segundo o que foi publicado: “Fico muito
lisonjeado por receber esta medalha. É mais uma para juntar às medalhas e aos
troféus que tenho guardados lá em casa. E estou muito grato ao FC Porto pelo
facto de ter estado aqui presente. Dei tudo o que tinha ao clube, mas o clube
também me deu muito”, afirmou Américo, a quem chamavam o guarda-redes suicida,
devido à forma destemida como abordava os lances.
“Ia atrás da bola como um gato ia atrás de um rato” foi uma
das expressões que ficou para a história para descrever o antigo guardião do clube
azul e branco, onde chegou no início da década de 50 para suplente do mítico
Barrigana. Dono de uma enorme flexibilidade, de um excelente poder de impulsão
e de um assinalável jogo aéreo, Américo foi campeão nacional pelo FC Porto em
1958/59. Depois passou a defender a baliza do F C Porto com mais
assiduidade a partir de 1961 (e não como refere a notícia oficial, de que só
viria a ser dono da baliza em 63/64, pois já em 1960/61 defendeu em 13 jogos, ao
passar a revezar Acúrcio que defendeu em 18, ao passo que em 1961/62 defendeu a
maioria de partidas da época, em 29 jogos e apenas em 3 Rui conseguiu
colocar-se entre os postes, como depois em 1962/63 defendeu em 33 jogos, perante 5
de Rui, em 63/64 foram 34 jogos a nº 1… e, só em períodos de lesões Américo não
assumiu o lugar de guardião portista), «condição que manteve nas temporadas
seguintes assinando excelentes atuações.» Em cujo período, superando as condicionantes do sistema desportivo do tempo das presidências federativas BSB da longa travessia, conseguiu vencer a Taça de Portugal, como guarda-redes efetivo da equipa do F C Porto que triunfou no Jamor diante do então muito forte Vitória de Setúbal, em 1968. Até que, por motivo de uma lesão
grave, acabou a carreira em 1969.
Este antigo grande guarda-redes esteve incluído no lote da seleção dos Magriços do Mundial de 1966, sendo vítima da discriminação que nesses tempos era tida para com os jogadores do F C Porto ante colegas seus nada superiores de clubes do sul. Tendo Américo vencido o troféu Baliza de Prata, da Agência Portuguesa de Revistas, como guarda-redes menos batido em 1964/65, e venceu o Prémio Somelos-Helanca, por pontos atribuídos pelos jornalistas do jornal A Bola, por ter então sido considerado o Melhor Futebolista português da Época, em 1968.
“Américo foi uma lenda do FC Porto e da seleção nacional”,
sublinhou Joaquim Pinheiro, vice-presidente do clube portista, que também se
fez representar por Alípio Jorge. “Falar de Américo Ferreira Lopes é
simultaneamente fácil e difícil. É fácil porque é falar de um pedaço da
história do FC Porto, mas também de uma lenda viva. É difícil, porque é falar
da excelência humana e ele é um exemplo dessa excelência, assim como de um
grande portismo”, sublinhou o também vice-presidente dos Dragões.»
Foi um justo tributo de reconhecimento o preito prestado
pela autarquia da freguesia de sua residência, de São Paio de Oleiros, ao antigo guarda-redes internacional Américo, a terra
de afeição e que esse "Baliza de Prata" promove bem através de sua ação cívica, sendo onde tem a Clínica
Boa Hora, a que se dedicou após ter fundado e gerido a Casa Magriço (de artigos
desportivos, na cidade do Porto).
Agora, quanto ao que pensa e anseia o autor
destas linhas, falta algo a outro nível, por parte do próprio F C Porto, que se
fez representar nessa homenagem autárquica e inclusive lhe ofereceu uma lembrança de recordação (como se vê na imagem acima)…
Ou seja:
-Para quando uma homenagem a Américo em casa do próprio F C Porto, em pleno relvado do
estádio do Dragão, diante de seus admiradores de seu tempo e de gerações
posteriores?!
Armando Pinto