domingo, 21 de junho de 2015

Américo homenageado pela Junta da freguesia de sua residência, em São Paio de Oleiros!


«Américo Lopes, um dos melhores guarda-redes que passou pela baliza do FC Porto, foi este sábado distinguido com a Medalha de Mérito pela Junta de Freguesia de São Paio de Oleiros, concelho de Santa Maria da Feira.» Conforme dá nota o site informático oficial do F C Porto no próprio dia, sábado 20 de Junho; e publica em pequena noticia O Jogo deste domingo seguinte.

Para enquadramento, refira-se que tal evento teve lugar integrante em sessão solene  do XXIVº Aniversário da Elevação de São Paio de Oleiros a Vila, dentro de correspondente Assembleia Comemorativa, com entrega de Medalhas de Mérito da Vila de São Paio de Oleiros, Edição 2015.

Continuando a página oficial portista a referir-se ao ato, acrescenta: «O antigo internacional português, natural de Santa Maria de Lamas, confessou-se muito feliz com a homenagem e agradeceu a presença na cerimónia do FC Porto, o clube a quem deu “tudo o que tinha”, mas que também lhe deu muito.»

Ora, esta notícia logo despertou a atenção aqui do autor deste blogue, pois Américo foi o maior ídolo de nossa infância e adolescência, o Ás da bola dos meus tempos de menino e moço, o nome referencial do F C do Porto de quando comecei a ser Portista e do fortalecimento do meu Portismo. Admirando então também muito o Custódio Pinto, o Hernâni, o Virgílio, o Miguel Arcanjo, o Azumir, o Carlos Duarte, etc, etc, pelos inícios da década de sessenta; depois também o Festa, o Nóbrega, o Pavão, o Rolando, o Armando, etc. etc… mas Américo foi especial. Apesar de poucas vezes o ter visto ao vivo, pois eram tempos em que para ir ao futebol ao Porto e até a Guimarães, aqui mais perto, era quase só de excursão… Mas não mais esquece, cá na retina da memória, aquelas suas saídas aos cruzamentos, agarrando a bola no ar, em voo, entre magotes de colegas e adversários a estorvar, e com elegância e mestria, como caía com a bola bem agarrada… tal qual, voando sobre centrais, respetivamente da defesa e do ataque de cada lado, afastava o perigo a socar a bola, com forte soco que levava o esférico de jogo até quase ao meio campo… enquanto, com seu vozeirão, comandava a sua defesa e orientava a nossa equipa a partir de trás… e, especialmente, quando defendia espetacularmente as bolas todo esticado no ar… a pontos que sobre ele se dizia que “nem só os pássaros voam” (como refere uma legenda dum dos livros que lhe foram dedicados na coleção Ídolos do Desporto).

Por isso é um gosto especial, também, saber que ainda é recordado, estando com cerca de 82 anos; e assim uma homenagem destas nos surpreendeu e cativou.

Sobre essa homenagem, da Junta de Freguesia da área de sua residência, referiu Américo, segundo o que foi publicado: “Fico muito lisonjeado por receber esta medalha. É mais uma para juntar às medalhas e aos troféus que tenho guardados lá em casa. E estou muito grato ao FC Porto pelo facto de ter estado aqui presente. Dei tudo o que tinha ao clube, mas o clube também me deu muito”, afirmou Américo, a quem chamavam o guarda-redes suicida, devido à forma destemida como abordava os lances.

“Ia atrás da bola como um gato ia atrás de um rato” foi uma das expressões que ficou para a história para descrever o antigo guardião do clube azul e branco, onde chegou no início da década de 50 para suplente do mítico Barrigana. Dono de uma enorme flexibilidade, de um excelente poder de impulsão e de um assinalável jogo aéreo, Américo foi campeão nacional pelo FC Porto em 1958/59. Depois passou a defender a baliza do F C Porto com mais assiduidade a partir de 1961 (e não como refere a notícia oficial, de que só viria a ser dono da baliza em 63/64, pois já em 1960/61 defendeu em 13 jogos, ao passar a revezar Acúrcio que defendeu em 18, ao passo que em 1961/62 defendeu a maioria de partidas da época, em 29 jogos e apenas em 3 Rui conseguiu colocar-se entre os postes, como depois em 1962/63 defendeu em 33 jogos, perante 5 de Rui, em 63/64 foram 34 jogos a nº 1… e, só em períodos de lesões Américo não assumiu o lugar de guardião portista), «condição que manteve nas temporadas seguintes assinando excelentes atuações.» Em cujo período, superando as condicionantes do sistema desportivo do tempo das presidências federativas BSB da longa travessia, conseguiu vencer a Taça de Portugal, como guarda-redes efetivo da equipa do F C Porto que triunfou no Jamor diante do então muito forte Vitória de Setúbal, em 1968. Até que, por motivo de uma lesão grave, acabou a carreira em 1969.

Este antigo grande guarda-redes esteve incluído no lote da seleção dos Magriços do Mundial de 1966, sendo vítima da discriminação que nesses tempos era tida para com os jogadores do F C Porto ante colegas seus nada superiores de clubes do sul. Tendo Américo vencido o troféu Baliza de Prata, da Agência Portuguesa de Revistas, como guarda-redes menos batido em 1964/65, e venceu o Prémio Somelos-Helanca, por pontos atribuídos pelos jornalistas do jornal A Bola, por ter então sido considerado o Melhor Futebolista português da Época, em 1968.

“Américo foi uma lenda do FC Porto e da seleção nacional”, sublinhou Joaquim Pinheiro, vice-presidente do clube portista, que também se fez representar por Alípio Jorge. “Falar de Américo Ferreira Lopes é simultaneamente fácil e difícil. É fácil porque é falar de um pedaço da história do FC Porto, mas também de uma lenda viva. É difícil, porque é falar da excelência humana e ele é um exemplo dessa excelência, assim como de um grande portismo”, sublinhou o também vice-presidente dos Dragões.»


Foi um justo tributo de reconhecimento o preito prestado pela autarquia da freguesia de sua residência, de São Paio de Oleiros, ao antigo guarda-redes internacional Américo, a terra de afeição e que esse "Baliza de Prata" promove bem através de sua ação cívica, sendo onde tem a Clínica Boa Hora, a que se dedicou após ter fundado e gerido a Casa Magriço (de artigos desportivos, na cidade do Porto).

Agora, quanto ao que pensa e anseia o autor destas linhas, falta algo a outro nível, por parte do próprio F C Porto, que se fez representar nessa homenagem autárquica e inclusive lhe ofereceu uma lembrança de recordação (como se vê na imagem acima)… 

Ou seja:

-Para quando uma homenagem a Américo em casa do próprio F C Porto, em pleno relvado do estádio do Dragão, diante de seus admiradores de seu tempo e de gerações posteriores?!

Armando Pinto

3 comentários:

  1. Américo foi agraciado pela Junta de Freguesia de São Paio de Oleiros com a medalha de mérito. Aos 82 anos, o antigo guarda-redes do FC Porto, é um dos símbolos vivos da nossa história, ele que faz parte daquele lote de guarda-redes imortais que defenderam a nossa baliza.
    Dragões Diário versão Web

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  2. Há muito que sei e os amigos da blogosfera sabemos da sua grande admiração pelo Américo do FC Porto. E concordo com o que muito bem sugere. O F C Porto devia fazer mais eventos que façam subir a mística clubística das gerações de agora, para encontro ao passado grande do clube.

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  3. Deu hoje no Porto Canal uma reportagem dessa entrega da medalha no programa diário sobre o desporto e FCP, com uma pequena entrevista ao Américo.

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