Fernando Barbot é um nome de peso na memória do hóquei
portista. Primeiro através do antigo dirigente da secção de hóquei em patins do
F C Porto e da Associação de Patinagem do Porto, e depois do filho com o mesmo
nome, que calçou os patins e de aléu nas mãos evoluiu em rinque com a camisola
do F C Porto, tendo inclusive sido campeão europeu, pela seleção nacional de
juniores na conquista do título europeu de 1969. Oriundos de uma família
tradicionalmente ligada ao hóquei, pois além do patriarca dedicado à área
administrativa e organizativa, jogavam hóquei em patins os filhos, Fernando,
Luís e João Paulo, três irmãos Barbots. Havendo anos depois, já após ter guardado
os patins e o stique (“stick”), o filho Fernando também desempenhado funções
diretivas, na qualidade de dirigente da A.P.P.
Ora o Fernando Barbot campeão europeu é o personagem
hoquista que desta vez aqui lembramos, com todo o merecimento pela sua
dedicação ao hóquei e, na parte que nos toca mais, pela afeição ao nosso comum
clube Dragão.
Pois o então jovem Fernando tinha assim nome próprio como
seu pai, que foi Vice-Presidente da Direção da Associação de Patinagem do
Porto, organismo ainda com a sua sede numa das salas do Clube Fenianos do Porto
(era o Sr. Armando Ribeiro o Presidente, como figura grada do hóquei, de que mais
tarde chegou a ser selecionador nacional), assim como depois foi mesmo Presidente, o sr. Fernando Barbot, tido então com grande respeito, tal o renome obtido no mais alto cargo representativo da Associação portuense. E como hoquista, o filho Fernando mereceu a
honra de ter sido chamado à seleção nacional de juniores, havendo integrado a
primeira fornada da patinagem da Constituição que obteve o título europeu nessa
equipa representativa de Portugal, como hoquistas formados no F C Porto. Honra sobretudo para o clube, pois esses três,
que eram Cristiano, Fernando Barbot e António Júlio, tornaram-se aí os
primeiros atletas campeões da Europa formados nas Escolas do F C Porto em todas
as modalidades. Saídos que foram da formação iniciada no antigo rinque da
Constituição, cuja criação dava então frutos, a pontos de Cristiano, nesse
tempo ainda com idade de júnior, já ser figura principal da equipa sénior. Num
lote de campeões europeus juniores que, com honra e glória para o clube e para
o país, era ainda reforçado com Castro, guarda-redes que viera da ilha da
Madeira e de idade júnior também já ajudava na equipa sénior do F C Porto.
Ora, Fernando Barbot, filho, é o mais velho dos três herdeiros
de senhor Fernando Barbot pai, que ao tempo era um associado já antigo do F C
Porto. Fernando A. Barbot Costa, distinguido com a categoria de Sócio Honorário
individual da Associação de Patinagem do Porto (enquanto o F C Porto é Sócio de
Mérito coletivo). Sendo o filho de nome completo Fernando Manuel Fernandes
Barbot Costa. Rapaz que foi para o hóquei praticamente pela mão de seu pai – como
referiu ao jornal O Porto, na ocasião (em entrevista conjunta ao quinteto
portista que dignificou o F C Porto através da representação portuguesa em
Vigo). Era o então jovem Fernando estudante do Colégio João de Deus, no Porto,
descrito como “um moço aprumado e de maneiras pouco modernistas", estando à
época com 18 anos, logo ainda com mais tempo na categoria júnior (jogando com
seu irmão Luís, mais Jorge Câmara e outros prometedores hoquistas desse tempo).
Acrescentando o próprio, naquela entrevista: «Quando pequeno, aí com uns três anos de idade, era
ele (o pai) quem me levava a ver os jogos. Como adorava patinar de “stic” nas mãos, não
demorou a fazer-me jogador…»
= Quarteto dos hoquistas que foram os primeiros campeões europeus do F C Porto (em pose no antigo espaço do campo da Constituição - a partir da esquerda:) António Júlio, José Castro, Fernando Barbot e Cristiano =
Campeão Europeu com a camisola da seleção portuguesa que venceu
o Campeonato da Europa de juniores, disputado em Vigo entre 10 e 14 de Setembro
de 1969, Fernando Barbot faz parte da galeria de internacionais de hóquei do F
C Porto. De cuja equipa, em que esteve incluído, há apenas uma fotografia de
conjunto, numa pose coletiva feita durante a viagem rumo à Galiza, na paragem
para almoço, motivo porque estão todos de fato de treino. Isso porque naquele
tempo para cada jogo só eram escalados oito elementos, dos dez do lote
escolhido, originando assim que só se equipavam os que constavam na ficha do encontro.
= Seleção Nacional de Juniores que se sagrou Campeã Europeia
de 1969, da qual faziam parte quatro hoquistas e um massagista do F. C. do
Porto. Além de alguns mais que depois também vieram para o F C Porto. Em pé, da esquerda para a direita: José Fernandes (então da
CUF, mas que depois ingressou no F C Porto), Dinis, Leitão (ambos do Parede),
António Júlio (F C Porto), Fernando Barbot (F C Porto), Rui Monteiro
(guarda-redes, Paço d´Arcos) e Joaquim Lopes (massagista e também do F C
Porto). À frente, de cócoras: Vítor Orênsio (Parede), António Vale (Valongo) - estes
dois, mais tarde transferidos para o F C Porto, Cristiano (F C Porto) e José
Castro (guarda-redes, F C Porto).=
Dessa campanha, entre curiosidades e recordações, Fernando Barbot
guardou o regulamento (que era entregue a todos os selecionados, com diretrizes de comportamento). Outros tempos, outras regras…
A participação da equipa portuguesa nessa prova foi seguida com grande entusiasmo e natural esperança, em virtude de na época anterior a seleção junior, já com Cristiano e Castro, do F C Porto, ter feito um brilharete no Europeu de 1968 também disputado em Espanha, tendo ficado com os mesmos pontos da seleção anfitriã, que venceu por diferença de golos. A ponto que, na jornada decisiva de Setembro de 1969, foram diversas personalidades do hóquei nortenho até Vigo, devido à proximidade, mas também ao interesse entusiasta, com saliência para alguns dirigentes do F C Porto e para o capitão da equipa principal do F C Porto, Alexandre Magalhães, entre pessoas que foram levar um abraço de estímulo aos jovens hoquistas portugueses.
Desse campeonato junta-se aqui também o frontispício do livro,
devidamente autografado por todos os membros da comitiva. Sendo interessante
anotar a respetiva identificação das assinaturas:
- Do lado esquerdo e de cima para baixo – Rui Monteiro,
António Vale, Victor Orêncio e António Júlio; do lado direito e no mesmo
sentido: Amílcar Fernandes (diretor da Federação), Welson Marques (Adjunto do
selecionador), Guilhermino Rodrigues (Selecionador nacional), José Manuel
Castro, Fernando Barbot, Joaquim Pedro Dinis, José Fernandes, Cristiano e
Leitão.
= Capa do livro oficial do Campeonato Europeu de Juniores –
1969 (IX campeonato de europa de hockey sobre patines junior)
No regresso sucederam-se algumas justas homenagens, a nível oficial e também particular. De uma dessas ocasiões é a captação fotográfica que se junta, a seguir, reportando a homenagem da Associação de Patinagem e do próprio F C Porto em cerimónia realizada no rinque da Constituição. Vendo-se, no instantâneo desta foto, Cristiano, Barbot e Castro, no momento em que era entregue a Fernando Barbot uma placa alusiva com que a APP homenageou os Campeões Europeus de sua jurisdição. Na imagem está, à direita, o então diretor Dr. José Eduardo Pinto da Costa (ainda sem as barbas brancas que tornam hoje mais conhecido o Doutor Pinto da Costa).
Havendo continuado no escalão júnior, junto com seu irmão Luís
Barbot, Armindo, Jorge e demais dessa época, Fernando ajudou a formação júnior
do F C Porto a classificar-se para a fase final do "Nacional", facto inédito até então.
(Enquanto o irmão mais novo era peça importante da equipa do escalão a seguir, sagrando-se
campeão nacional como integrante da equipa que venceu o Campeonato Nacional de
Juvenis, também ocorrência conseguida pela primeira vez nessa categoria em tal
grau dos jovens portistas.)
= Equipa de Juniores do F. C. do Porto que pela 1.ª vez se
classificou para o Campeonato Nacional, decorria o ano de 1970. Em pé: Tavares
(massagista) Fernando Barbot, Luís Barbot, Armindo, Feliciano, Adriano Ferreira
e Lopes. De cócoras: Vítor Freitas, Vítor Machado, Jorge Câmara, José Manuel
Coelho e Joel (roupeiro).=
Fernando Barbot subiu depois à categoria sénior em 1971,
tendo feito parte da equipa portista que venceu a fase Norte do Campeonato Metropolitano.
Havendo então alinhado ao lado de Cristiano, que durante anos foi referência do
hóquei portista, de José Ricardo, possivelmente o melhor hoquista português
nascido na Madeira, de Joaquim Leite, grande valor do hóquei patinado e que
entretanto foi internacional de hóquei em campo, mais do guarda-redes
internacional sénior João Brito, do Hernâni que era nome certo nas seleções do
Norte e da Associação de Patinagem do Porto e, como outros, só não foi à
seleção A da FPP por ser de onde era… etc. e tal.
Entretanto Fernando Barbot havia recebido um convite para jogar pelo Boavista, mas não chegou sequer a equacionar essa possibilidade, preferindo manter-se entre os seus amigos de longa data, em vez de ir representar o clube do Bessa, que nesse tempo também tinha equipa de hóquei e com diversos contactos mútuos através de jogos da equipa B do FC Porto, como em jogos de torneios de reservas - a que se reporta o exemplo de uma imagem coeva (vendo-se na apresentação dum encontro Fernando Barbot a capitanear a equipa portista, enquanto os hoquistas da zona da Boavista pareciam muito descontraídos, em sinal do seu clube não ter grandes aspirações na modalidade, ao tempo).
Intrometendo-se a chamada para a tropa, como nesse tempo era e de
longa duração o serviço militar obrigatório, acrescido à situação da equipa senior
do F C Porto ter recebido alguns reforços vindos de outras equipas, Fernando Barbot
solicitou a Jorge Nuno Pinto da Costa (ao tempo responsável desse setor no
clube) que lhe fosse permitida a saída para um outro clube da cidade, para se manter a jogar com regularidade. Porque
tinha contrato assinado com o F C Porto por mais tempo (sendo os contratos de três
anos, à época), apesar de não ganhar dinheiro algum, como aliás nunca recebeu qualquer
vencimento enquanto atleta. Tendo então passado a jogar no pavilhão do Lima,
pelo Académico do Porto, oficialmente como emprestado pelo F C Porto, mas com a
carta na mão, já. Carta essa, como era chamada, que consistia no documento de filiação
clubista e inscrição associativa e federativa, efetivamente. Fez então parte da
última equipa da camisola branca academista que esteve presente numa fase final
do Campeonato Nacional, em 1974/75. Nessa altura tirou o primeiro grau do curso
de treinadores, junto com Cristiano e outros, numa interessante experiência (pois
esse curso era abrangente em diversas áreas de técnica e tática, tendo por mestres nomes sonantes do desporto nesse tempo, desde o
conhecido treinador e jornalista Correia de Brito, o Prof. Manuel Puga, que era
grande preparador físico em várias modalidades, além de ter sido conceituado
treinador de voleibol e representante na cidade do Porto da Direção Geral dos Desportos,
até ao árbitro internacional Afonso Cardoso e ao especialista de medicina
desportiva Dr. Sousa Nunes, incluindo mesmo parte de dirigismo desportivo com um federativo como Vaz da Silva,
etc.). Passado então um período de três anos no
clube alvi-negro, recebeu convite para representar o Candal, ainda.
Fernando Barbot, depois, representou então o Candal, de 1976
a 1978, numa equipa formada por hoquistas oriundos do F C Porto, especialmente
porque o treinador havia sido pessoa importante do hóquei portista, o senhor
Alfredo Sampaio Mota, antigo chefe de secção do hóquei em patins das Antas.
Tendo então Fernando Barbot, junto com Jorge Câmara, Rui Caetano, Januário, Domingos
Ferreira, José Manuel e seu irmão João Paulo Barbot (todos ex-F.C. do Porto),
levado essa equipa de equipamento azul a ter subido de divisão, ingressando na
1ª Divisão nessa altura. Tendo Fernando Barbot ficado também assinalado nesse plantel
histórico daquela zona de Gaia, tanto que ainda constam quadros emoldurados
dessa equipa em cafés e outros locais públicos da localidade.
= Irmãos Barbots, junto com Cristiano, num convívio recente de Gente
do Hóquei Portista.
= ... E com o autor destas linhas, simples adepto do hóquei portista e amigo também !
= ... E com o autor destas linhas, simples adepto do hóquei portista e amigo também !
Para a história, com o nome de Fernando Barbot na memória portista, permanece nos anais do hóquei em patins
aquela grande vitória que foi o Europeu conquistado em Espanha, na Galiza, corria
o ano de 1969. Cujo acontecimento foi assinalado entretanto quando perfez 45
anos, em 2014, através dum jantar de convívio entre alguns desses campeões
europeus que puderam estar presentes. Como neste blogue demos nota, conforme se
pode rever (clicando sobre os links) em
e
ARMANDO PINTO
((( Clicar sobre as imagens, para ampliar )))
O hóquei patins do FCP tinha bons praticantes ainda no rinque da Constituição, lembrando Vitorino, Moreira, etc, e depois veio o Cristiano que na verdade foi a mola que mexeu com o hóquei por cá. Depois lembramo-nos bem dos irmãos barbot e do pavilhão novo, o gimnodesportivo para o qual os sócios e simpatizantes todos contribuímos. Assim sendo este artigo faz justiça a todo esse passado que faz com que haja o presente.
ResponderEliminarComo foi bom reviver os tempos em que convivi com o Fernando Barbot, os irmãos, o Cristiano, o Zé Fernandes, o Ricardo, que Deus haja, o Júlio e tantos outros. Do mesmo modo com o seu pai, o Armando Ribeiro, o Samagaio, pois fui diretor da Associação de Patinagem do Porto, em representação dos Carvalhos, Clube onde fui guarda-redes, dirigente, treinador e muito mais. Já lá vão mais de 65 anos. Como me recordo dos jogadores que o então seccionista Jorge Nuno Pinto da Costa foi buscar para reatar o Hóquei. O Campos, guarda-redes do Paço de Rei, o Sousa, do Carvalhos por quem "pagou" 30 contos, o Malheiro, do Paredes, etc. Obrigado ao autor destas memórias.
ResponderEliminarViva amigo. Não costumo publicar comentários anónimos, mas publiquei este por ver que é com boa intenção. Mas seria bom pelo menos no fim do comentário colocar o nome, para sabermos quem é. Pode ser? Abraço.
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