No mundo do desporto atual, e mesmo de anos não muito
distantes, já não há na massa adepta grande convicção nem admiração, na grande
maioria dos casos, sobre a simpatia clubista dos desportistas, entre atletas
das diversas modalidades, que vestem uma camisola e fora do campo têm outra
preferência de cores ou símbolos especialmente. Com maior importância no
futebol pelo sentido público do desporto-rei. Sobrepondo-se a função, quase
naquela máxima de que primeiro está a obrigação e depois a devoção. Ou então
que amigo é outra coisa (mas isso, metendo outros interesses, já levaria até às arbitragens, com nomeações encomendadas e roubos autênticos, tantos os erros cometidos pelos árbitros contra o Porto na enorme maioria dos casos... acrescendo o faciosismo e desonestidade dos detentores do
poder, como quem afastou Brahimi de jogo na fase decisiva do campeonato em
curso, ou há anos retiraram o Hulk com a inventona do túnel, etc. e tal).
Contudo, quanto aos que andaram e andam dentro do campo de jogo, ainda há casos de profissionais que têm o distintivo da camisola bem
apertado ao coração, tal como houve outros que estão ou ficaram agarrados à
camisola que envergam ou vestiram. Tal o facto desta vez merecedor aqui de
atenção, com referência ao futebol, como se passa com Amaral, antigo
guarda-redes e atual comentador televisivo, cujo Portismo demonstrado vale
muito em nossa simpatia portista.
Amaral foi um guarda-redes de boa estampa e com presença
forte diante das balizas, que quando jogou no FC Porto teve nossos olhos e
sentidos na sua elasticidade e segurança. Porém, também, por não ter jogado durante
muitos anos com a camisola do FC Porto, bem como por ter tido outras origens e
um percurso clubístico muito diversificado, não nos dava ideia concreta sobre
sua preferência clubista. Mas agora, das poucas ocasiões em que o autor destas
linhas o ouviu na televisão (não muitas vezes, porque
sinceramente não gosto do canal em que ele comenta e raramente passo no comando
a respetiva tecla), tem sido uma agradável surpresa e uma boa referência.
Admirando sobretudo a sua paciência em aturar aqueles fulanos fanáticos pelos
clubes de Lisboa, algo prepotentes por saberem ter retaguarda à sua medida, que estão ali a seu lado quase que a faísca-lo… Enquanto ele, indiferente e certinho, é dos melhores defensores do FC Porto
diante de locutores e comentadores afetos aos clubes rivais, sendo muito superior a
alguns dos que aparecem noutros canais hipoteticamente com intuitos idênticos. Contando Amaral, naquele painel, estar num canal que procura a polémica, atuando ele assim mais em campo adverso, até em casa praticamente dos adversários.
Pois Jorge Amaral, bom guarda-redes oriundo da zona de
Cascais e que passou pelas camadas jovens do Benfica, ganhou notoriedade mais
tarde ao serviço do Vitória de Setúbal e do FC Porto, tendo no grande FC Porto sido
Campeão Nacional e ainda estado no lote dos Campeões Europeus de 1986/87, havendo
feito parte de fichas de jogo como suplente nalguns jogos das eliminatórias
que levaram à final de Viena.
Amaral, um dos bons guarda-redes portugueses, teve uma longa
carreira de futebolista, em cujo escalão sénior fez percurso ao serviço do Marítimo,
Vitoria de Setúbal, FC Porto, Farense e Penafiel, na divisão principal portuguesa. Enquanto, num dos períodos de maior
impacto de sua carreira, o mesmo guarda-redes Amaral chegou inclusive à
Seleção Nacional, tendo no início da década de oitenta defendido a baliza da Seleção
A nacional em duas oportunidades.
Natural da cidade de Lisboa, onde nasceu a 20 de Junho de
1955, António Jorge Rodrigues Amaral, tal é o seu nome completo, começou pela
época de 1970/71 na equipa de juvenis do Dramático de Cascais. Depois passou a
integrar as equipas de formação do Benfica. Ao ascender à categoria sénior, após breve paragem nas reservas do Benfica e passagem pelo Sintrense, rumou
à ilha da Madeira para passar a defender o Marítimo, como principal guarda-redes
da equipa insular que na temporada de 1976/77 venceu o Campeonato Nacional da 2.ª
Divisão, levando a que na época seguinte jogasse no campeonato
primodivisionário, em que Amaral se tornou figura de proa recrutado sucessivamente
por diversos clubes. Havendo então ingressado em 1979/80 no Vitoria de Setúbal,
clube onde conheceu boa projeção nacional, a pontos de ter sido selecionado
para os trabalhos da seleção portuguesa, alinhando em dois jogos, um como
suplente utilizado e outro a efetivo.
Até que em 1982, com o regresso do treinador Pedroto às
Antas, Amaral ingressou no FC Porto, passando a jogar com o emblema do FC Porto
a partir de 1982/83. Tendo então no FC Porto cumprido bem num período de quatro
anos consecutivos integrado no plantel azul e branco.
Na primeira época no Estádio das Antas dividiu a baliza do
FC Porto com Zé Beto e Fonseca. Sendo tal a valia dos três que houve
rotatividade, pelo que Amaral atuou em 13 jogos pelo FC Porto no Campeonato
Nacional da 1ª Divisão, mais 1 na Taça de Portugal e 4 na Taça UEFA, o que afinal
resultou em ter sido então o guarda-redes mais utilizado pela turma portista no
campeonato dessa época.
= Amaral no FC Porto
na época de 1982/83 =
Contudo, nas épocas seguintes Amaral esteve como suplente de
Zé Beto, que passava por período de grande fulgor, enquanto a equipa portista
ia ganhando alicerces que levaram à entrada na alta roda internacional. De
permeio com uma cedência temporária, para poder jogar regularmente, devido ao
plantel do FC Porto contar em 1984 com um punhado de guarda-redes idênticos,
tais como eram, além do titular Zé Beto e o suplente Amaral, também Borota,
Matos e Barradas. Assim sendo, Amaral foi cedido ao Farense na época de 1984/85, durante
a qual foi totalista da baliza da equipa algarvia ao longo de todo o Campeonato
Nacional da 1ª Divisão. E no final dessa temporada regressou aos quadros do FC
Porto, aí sob o comando técnico de Artur Jorge.
Por esse tempo, além da concorrência de Zé Beto, Amaral passara
também a ter a companhia do internacional polaco Mlynarczyk, em tempo áureo de nova
conquista do Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1985/86 e o grande feito
alcançado da obtenção da Taça dos Campeões Europeus na época de 1986/87, com o
guarda-redes Amaral no plantel do FC Porto.
= Grupo do FC Porto com as faixas de campeão nacional em
1985/86 =
Terminada por fim a ligação ao FC Porto, de seguida, Amaral
prosseguiu a sua carreira no FC Penafiel, até 1988/89, seguindo-se depois passagens
por clubes que militavam nas divisões secundárias, como Varzim, Águeda e
Louletano, pondo de lado as luvas em 1992/93.
A partir dali, colocado um ponto final na sua carreira de
futebolista, enveredou pelas funções de treinador de futebol, conhecendo
seguidamente o banco dos responsáveis no Tirsense, Vizela, e Penafiel, clube a
que regressou como técnico e dali passou à orientação do Maia, transitando
depois para o comando técnico do Feirense e Oriental de Lisboa, para seguidamente
ter sido responsável do Paredes, que com ele acabaria por sagrar-se campeão nacional da
3ª Divisão. Seguiu-se nova viagem, então passando a comandar os destinos do Vila
Real, onde repetiu a dose, acabando novamente campeão nacional na 3ª Divisão. O
prestígio granjeado em Trás-os-Montes levou-o a treinar de seguida o Bragança, na
2ª Divisão Nacional “B” e, posteriormente, o FC Penafiel na 2ª Liga Nacional.
Volvidos tempos, na temporada de 2003/04 teve passagem em Guimarães, integrando
a equipa técnica liderada por Jorge Jesus quando treinou o Vitória minhoto nessa época.
= Amaral entre
colegas antigos, na sessão de Homenagem do FC Porto aos Campeões Europeus de
1987, em que também recebeu uma miniatura da taça europeia conquistada. =
Mais recentemente e voltando à condição de treinador
principal, Amaral passou pelo Chaves, depois o antigo clube da AD Lousada,
então na 2ª Divisão Nacional “B”. No mesmo escalão comandou seguidamente o FC
Maia, após uma passagem pelo South China, um clube da Republica Popular da
China, na sua única experiencia no estrangeiro. Continuando seu périplo com
regresso ao Lousada, seguindo-se o Amarante.
Perante tão multifacetado percurso e passando por período sabático de afastamento do banco do sofrimento, Jorge Amaral aceitou
convite para ser comentador desportivo em programas de televisão e rádio,
atividade que desenvolve ainda atualmente. Sendo dos poucos cidadãos
integrantes de painéis televisivos que, em representação de seus clubes, assume
sua simpatia e se mantém fiel aos verdadeiros princípios de ética desportiva. Mostrando seus conhecimentos das diversas áreas do futebol jogado dentro do campo, além de saber discernir as evidentes jogadas de bastidores que há quem pratique fora. Demonstrando ser boa pessoa e honesto personagem da vida pública do desporto português. Motivos que levam a esta apreciação.
Armando Pinto
((( Clicar sobre as imagens, para ampliar )))
Quem como eu teve a oportunidade de viver bem perto das quatro linhas, (diga-se fomos muitos) amiúde assistíamos a cenas de toda a índole que mostram o quanto o futebol pode transformar as pessoas, sejam os intérpretes, jogadores de campo, assistentes, árbitros incluídos, ou até, foi o caso, policias; Esta passou-me comigo e, confesso desde já, em nada me dignificou, ante pelo contrário ainda hoje me interrogo como fui capaz de tomar atitude tão asquerosa, não, aquilo não aconteceu comigo, mas a verdade aconteceu: Foi no Estádio do Varzim, publico bastante aguerrido, que por norma dava muito trabalho as forças policiais, mas o jogo em si que dá origem a esta minha história nada tinha de importante, estava-se em fim de época, princípios dos anos 90, ambas as equipas tinham já seus lugares assentes na classificação e tudo se encaminhava para um final para as forças policiais sem problemas, (o que digo esta história, felizmente para mim não alterou) o jogo acabou mesmo com esta história, sem o rebolisse que era previsível por aquelas bandas. Então é assim; O g/redes do Varzim era o Amaral (não fora o caso e certamente não me lembrava agora da cena) o Varzim a poucos minutos do fim ganhava por 1 a 0, dominava o jogo remetendo a frágil adversário à sua defensiva, creio, não estou bem certo, o Amares, perto do fim num daqueles pontapés para a frente sem nexo, a defensiva do Varzim é apanhada em contrapé e o avançado adversário corre no encalço da bola, bola essa que diga-se morreria nas mãos do Amaral, mas o defesa faz falta sobre o adversário, o arbitro, lembro-me bem, Rosa Santas de Beja aponta para penalty, Amaral chateado com o seu companheiro, dispara “puta que te pariu” na altura eu ouvia bem, (hoje nem tanto) até pensei que ele estava a dirigir o impropério ao arbitro, mas não, pela cena que se seguiu ele, Amaral ficou fulo foi com o seu campainheiro da defesa.
ResponderEliminarOra enquanto a demora da marcação do penalty, apercebo-me que um adepto corria desenfreadamente da bancada lateral que ocupava, para a bancada atrás da baliza, estrategicamente então desocupada, daí não perdi mais de vista o sujeito, acresce que eu estava colocado a uns dois, três metros da baliza do Amaral, entre a rede separadora dos espectadores e a linha de fundo, então o tipo já maduro na casa dos 30 anos, numa atitude enraivecida, agarrado e abanando a rede, atira com uma série de impropérios dirigidos ao arbitro, tudo normal pró caso, como normal foi a minha reação, virado para ele, com ar de riso, atirei mais palavra menos palavra com isto;« Êh pá, deixa lá isso, ele já marcou nada há a fazer;» o tipo atira-me com esta que jamais eu esperaria;…Que queres ó “Filho da Puta”, também estás aqui a mamar à nossa custa; Bem como disse não sei o que me passou pela cachola, sei é que se apoderou de mim uma raiva incontrolável e de tal modo que levo a mão ao cassetete, mas a rede impedia-me de atingir, (hoje digo ainda bem), o tresloucado, então rapo de um “escarro” e zás, atinjo o fdp na cara. Para meu espanto que esperava uma reação do artista, este como que paralisado fica estupefacto mirando-me e abandona o local proferindo outros mais impróprios que não ouvi de tão impercetíveis que foram. E terminada a história apenas o meu obrigado ao Amaral por me fazer lembrar esta história pois é sinal que o Alzheimer ainda não me atacou.
Eu tenho de dizer isto.....morri a rir e obrigada pela partilha! Muito bom!
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ResponderEliminarObrigado Armando Pinto pelas palavras sobre mim e a descricao do meu percurso, do qual muito me orgulho e que foi feito com amor e paixao pela profissao.
ResponderEliminarTal como agora o faço como comentador mantendo a mesma paixao, mas sempre com equilibrio e respeito, onde as cores do FCPorto serão sempre defendidas.
Obrigsdo
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ResponderEliminarNotando a falta do Amaral nos programas da tv em que costumava estar, soube agora que o grande Jorge Amaral tem estado no hospital. Desejo-lhe as melhoras e que regresse rápido, pois sem ele nem dá gosto ver aquele canal e quando para lá ligo, VENDO QUE ELE NÃO ESTÁ mudo logo para outro canal, estando lá só fanáticos dos clubes da segunda circular.
ResponderEliminarComo comentador vê-se que é portista, mas muito dependente da defesa da Direção de Pinto da Costa e seus colegas Fernando Gomes administrador contabilístico da falência, Caldeira, Baía e dos do braço armado que estão a amedrontar associados que estão contra o estual estado, infelizmente.
ResponderEliminarnão há dúvida.
EliminarComo comentador
ResponderEliminarBom
Mas fala só, ou quase o que mandam essas senhoras dessa (tv) jorje abraço FCP
Uma curiosidade pessoal, mas alguém poderá informar qual a altura que o Jorge Amaral tem ? Já pesquisei bastante, mas infelizmente nada...
ResponderEliminarHeitor ramos- Trigésimo oitavo fascículo
ResponderEliminarPedroto segura o guarda-redes Amaral.
O professor Fernando Duarte, então preparador físico da equipa do Porto, lembra-se de muitas situações vividas com Pedroto.
E teve a amabilidade de me contar algumas que muito me ajudaram a escrever o livro que conta, entre ouros, episódios vividos pelos nossos atletas dentro e fora das quatro linhas.
Como esta:
- Era um jogo a contar para uma das provas da UEFA – a Taça das Taças. O adversário era o então poderoso Anderlecht da Bélgica. Estávamos em 1983. Perdemos por quatro a zero, e o guarda-redes era o Amaral – o agora conhecido comentador de futebol de um dos canais televisivos.
Esta era a minha primeira época no FC Porto.
Tínhamos mais dois guarda-redes: o falecido Zé Beto e o João Fonseca. Mas a escolha recaiu sobre o Amaral - atleta que, antes, tinha sido resgatado ao Vitória de Setúbal. Fosse por que aquela não era a noite de Amaral, fosse pelo poderio do Anderlecht, a verdade é que quatro golos foram castigo demasiado pesado para as nossas cores. Amaral era um excelente guarda-redes, com exibições de tal modo seguras e convincentes que lhe deram merecida titularidade.
Mas naquela altura, Amaral não atravessava o melhor momento da sua carreira. Já noutros jogos havia comprometido a equipa, pese embora toda a sua dedicação, esforço e empenho. Pensei: talvez tenha chegado o momento de Pedroto dispensar os seus serviços.
Este jogo, o dos quatro a zero, ocorrera numa quarta-feira e o jogo seguinte, a contar para o campeonato nacional, disputava-se no domingo, em Vidal Pinheiro, contra o Salgueiros.
Surpreendentemente, Pedroto escala para este encontro a equipa que tinha jogado na Bélgica.
Acontece que toda a gente – incluindo os seus mais diretos colaboradores - tinha medo de fazer a Pedroto perguntas de caráter técnico, porque se ele entendesse que eram disparatadas, punha as orelhas a arder de quem neste sentido o interpelasse.
Devo dizer que, comigo, nunca isso aconteceu, talvez porque eu medisse muito bem as perguntas antes de formulá-las. Dirijo-me então a Pedroto, quando a equipa já estava no túnel de entrada:
- Senhor Pedroto, o Amaral outra vez?
Pedroto dá um passo atrás e dispara: Isso nem parece seu, professor. Então o senhor acha que eu ia transformar o Amaral em bode expiatório da derrota de quarta-feira? A equipa perdeu, mas o derrotado fui eu! Amaral há-de sair, mas nunca hoje!
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