sexta-feira, 28 de setembro de 2018

125 anos de vida dum fenómeno de sangue azul: No 125º Aniversário do FC Porto


Pelas veias salientes das mãos e braços, na parte normalmente mais visível do corpo humano, se vê a força de vida das pessoas. Sendo as veias mais à flor da pele de tons azulados, algo que em mãos limpas é mais acessível aos olhos. Derivando disso que os antigos fidalgos, como por costume tinham mãos menos grossas, em cotejo à crosta evidente derivada de vida mais dura, fossem associados por assimilação a sangue azul. Algo que em associação extensiva resultou noutras figuras de estilo, cuja semântica foi alterando algum significado ao longo dos tempos. Mas sempre com o azul em tom elevado, de modo que mesmo as inclinações poéticas e qualidades de pessoas de cultos valores são associadas a boas tendências, quais veias dos poetas, em cujas asas brancas, junto ao azul do encantamento, esvoaça timbrado canto patente no poema Aleluia de Pedro Homem de Melo:


ALELUIA:

Dúvida? Não, mas luz, realidade
E sonho que na luta amadurece.
– O de tornar maior esta cidade.
Eis o desejo que traduz a prece.
Só quem não sente o ardor da juventude
Poderá vê-la de olhos descuidados.
Porto – palavra exacta. Nunca ilude.
Renasce nela a ala dos namorados!
Deram tudo por nós estes atletas.
O seu trajo tem a cor das próprias veias
E a brancura das asas dos poetas…
Ó fé de que andam nossas almas cheias!
Não há derrotas quando é firme o passo.
Ninguém fala em perder! Ninguém recua…
E a mocidade invicta em cada abraço
A si mais nos estreita. A Pátria é sua.
E de hora a hora cresce o baluarte!
Lembro a torre dos Clérigos, às vezes…
Um anjo dá sinal quando ele parte…
São sempre heróis! São sempre portugueses!
E, azul e branca, essa bandeira avança…
Azul, branca, indomável, imortal.
Como não pôr no Porto uma esperança
Se "daqui houve nome Portugal"?

É pois assim mesmo, sem fazer por menos, a simbiose da realidade que é o grande clube desportivo e instituição portuguesa de utilidade pública com o nome de Futebol Clube do Porto. Coisa de mãos limpas, de sempre se querer ganhar de maneira justa, mas com ambição superior. De, à maneira portuense, de quem deu a carne e comeu as tripas em favor dos interesses nacionais, também com sentido de justiça e valor, se fazer das tripas coração, transformando possíveis fraquezas derivadas de outros campos em forças da verdade.


Perfaz então nesta data a soma de 125 anos de vida o FC Porto. Passando já cento e vinte e cinco anos desde que surgiu essa novidade no ambiente citadino da Invicta e com o decorrer dos tempos se estendeu ao Norte da nação, depois a todo o país e por fim se espraiou pelo mundo inteiro. Sendo o FC Porto o único clube português que, entretanto, já foi Campeão do Mundo de futebol – e logo por duas vezes, repetindo em 2004 a graça de 1987, para não deixar dúvidas. Além de outras vezes em que foi Campeão Europeu, quer em futebol, como no hóquei em patins e em bilhar.


Chegado o dia de completar 125 anos de existência conhecida, o FC Porto comemora neste dia o 125º aniversário mediante programa normal do hastear da bandeira do clube pela manhã em frente ao estádio, até decorrer no sentimento portista durante o dia e pela entrada da noite no desejo natural que o jogo a contar para o campeonato nacional da Liga ajude à festa.


Sendo assim data especial, esta, na conta redonda de 125 anos, com mais um quarteirão acima da centena, vem a talhe referir ser o correspondente número 125 formado por uma centena, duas dezenas e cinco unidades, porque como tal, na soma de um século, por exemplo, 125 é o cubo de 5 – número mágico por ser de algumas das “cabazadas” mais célebres das memórias presentes nas gerações dos tempos de transição do século XX para o XXI, quer com o cinco sem resposta no antigo estádio da Luz a contar para a 2ª mão da Supertaça portuguesa na época de 1995/1996, quer mais os cinco secos no Dragão para o campeonato da Liga de 2010/2011.


Isto porque em cento e vinte e cinco anos de uma coisa assim, como é a realidade do grandioso Futebol Clube do Porto, muitas gerações ficaram ligadas a tal existência, tendo sido diversas as gerações de vidas que se foram sucedendo enquanto o clube cresceu e se afirmou.  


Perante toda essa envolvência pode dizer-se que o FC Porto é algo especial, como eu costumo dizer que é para mim (expressando o autor destas linhas na primeira pessoa), além de tudo o mais, por ser um bem que é para a vida inteira, na quantia afetiva de mercê pessoal. Acontecendo que, contrariamente à maioria das pessoas que depois de desaparecerem fogem do pensamento geral, muitos bons exemplos de nomes associados à história do FC Porto permanecem na recordação de muita e boa gente, tornando-se inesquecíveis no sentimento Portista. Tanto que, embora o FC Porto para existir tenha dependido da iniciativa de António Nicolau de Almeida e persistência de José Monteiro da Costa, históricos fundador e refundador do clube, iniciado em 1893 e mais tarde continuado a partir de 1906, também se o FC Porto não tivesse atingido o estatuto que tem hoje em dia, quase se pode dizer, quem saberia ter existido um Nicolau de Almeida e um Monteiro da Costa na sociedade portuense dos anos de transição do século XIX para o XX?! 
E com a amplitude que o FC Porto foi ganhando, pessoas como Artur Augusto, Lino Moreira, Valdemar Mota, Pinga, Siska, Soares dos Reis, António Santos, Costuras, Carlos Nunes, Araújo, Correia Dias, Barrigana, Fernando Moreira, Dias dos Santos, Moreira de Sá, Onofre Tavares, Virgílio, Hernâni, Carlos Duarte, Acúrcio, Fabião, Mário Castro, Armando Campos, Américo, Custódio Pinto, Festa, Sousa Cardoso, Carlos Carvalho, Artur Coelho, Mário Silva, Pavão, Rolando, Cubillas, Lemos, Armando, Wilson Neves, "Flash" Dover, Cristiano, José Castro, Zé Fernandes, Aurora Cunha, Oliveira, Fernando Gomes, Rodolfo, Ademir, João Pinto, Madjer, Juary, Deco, Vítor Baía, Jorge Costa, Fernanda Ribeiro, Vitor Hugo, Lucho, Falcao, Kelvin, Gonçalo Alves, Helder Nunes, Rui Vinhas, Raúl Álarcón, António Carvalho, Quintana, Miguel Martins, Daniel Sanchez, Alípio Jorge, Rui Costa, João Ferreira, Santos Oliveira,  … etc. etc.


...mais Casillas, Alex Teles, Militão, Felipe, Maxi, Herrera, Marega, Aboubakar, Danilo, Brahime, Sérgio Oliveira, Tiquinho, etc. etc., até tantos mais que em campo dos estádios, pistas e estradas de corridas e rinque de pavilhões deram e dão tantas alegrias a tanta gente... 

...mais treinadores como Siska, Yustrich, Jorge Orth, Pedroto, António Oliveira, Mourinho, André Villas-Boas, Sérgio Conceição…

...ficaram e estão como se de família fossem para muitas pessoas de sentimento afetivo ao universo azul e branco, como são afinal na memória portista. Com noção de que como para bom trabalhador é preciso bom mandador, os Presidentes de Direção da história do FC Porto contaram muito, até ao patamar que Nuno Pinto da Costa conseguiu elevar o nosso Porto.


Numa ocasião destas, em que certamente várias edições impressas e expressas marcarão a ocorrência, através de publicações em formato clássico de papel para guardar, como em flashes informativos e em versões informáticas e digitais para ver momentaneamente, desnecessário se torna fazer grandes alusões a factos e dados de cronologia histórica. Mesmo porque ao longo dos anos deste labor clubístico muito foi sendo descrito e lembrado, puxando à memorização e (re)conhecimento da mística alvi-anil, quer no nosso anterior como no atual blogue de feição memorial portista.


Neste andar da descrição, juntam-se diversas imagens a deixar falar a vista pela dedicação, ao sabor de como há imagens que valem por muitas mais palavras.


Como tal assinala-se esta feliz ocorrência, por não ser todos os dias que se completam 125 anos de boa convivência com a sociedade antepassada e contemporânea. Na certeza que mais anos virão juntar muitíssimas mais razões de boa estima, para fazer com que no futuro muitíssimos mais trofeus obriguem ao crescimento do museu do clube. Tal como atualmente o Museu FC Porto By BMG ainda não consegue albergar todos os trofeus e objetos que testemunham a história decorrida nestes 125 anos, daqui para a frente a totalidade de todo esse património sentimental possa finalmente ficar à vista de todos, com maior acrescento do muito material que, como as conquistas presentes e futuras, virá enriquecer as vitrinas do grandioso museu, qual orgulho da nação portista.  

Armando Pinto

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