domingo, 16 de junho de 2019

Na efeméride da Inesquecível Taça de 1968: Recordando três vencedores ainda sobreviventes – Américo, Valdemar e Rolando !


A Taça de Portugal da época de 1967/1968 conquistada pelo FC Porto foi algo especial. Tão importante, nos acontecimentos grandes da vida portista no período futebolístico do regime BSB, que a sua memorização é das poucas conquistas de antes do 25 de Abril com lugar em vitrinas do atual Museu do FC Porto.


É da história toda a envolvência dessa grande vitória, cuja data de 16 de Junho de 1968, da final dessa vitoriosa jornada, ficou nos anais da História Gloriosa do FC Porto. E puxando ao caso pessoal, nessas eras em que o ciclismo ia compensando o deserto de títulos do futebol sénior no mundo azul e branco, foi na verdade essa obtenção da Taça de Portugal a vitória que conheci em futebol nos meus tempos juvenis de Portismo, qual lança metida na áfrica do regime, após anos de espera por algo desde a infância até à puberdade. Tendo sido também a vitória do tempo dos meus grandes ídolos de infância, com Américo a cotar-se com um dos grandes heróis, em autêntica tarde de glória.


Ora, como sobre esta Taça de 1968 já aqui publicamos diversas recordações, havendo a mesma merecido outras evocações, desta feita, na pertinência da passagem da respetiva efeméride, fazemos um justo tributo memorial a três sobreviventes, dos que jogaram na final, estando ainda vivos felizmente três antigos jogadores desse naipe de grandes vencedores – Américo, Rolando e Valdemar.


Américo Lopes, aquele valoroso guarda-redes Américo que o famoso Di Stefano disse publicamente que foi um dos melhores guarda-redes que viu jogar… mais Rolando, Rolando Gonçalves, o louro do Porto que tanto entusiasmava ver jogar de pernas arqueadas a dominar e distribuir jogo… e Valdemar Pacheco, o do pontapé canhão do livre que deu o empate que viria a tornar possível a reviravolta no resultado (quando o Porto estava a perder desde os primeiros minutos, até Valdemar ter disparado aquela bola de grande distância, que só parou no fundo da redes da baliza). Para depois Nóbrega, o já falecido Francisco Nóbrega, ter marcado o golo da vitória na conclusão dum canto apontado pelo brasileiro Djalma também já falecido, e por fim, na apoteose, Custódio Pinto, o capitão desse tempo e entretanto igualmente falecido, ter beijado a taça; e, enquanto tudo ainda parecia um sonho, a ter levantado bem alto, agarrando-a com a força de milhares de adeptos que então a viam em mãos do Porto, além de quem à distância parecia também estar a ver aquilo perante o que se ouvia pelo relato radiofónico (já que a RTP, única televisão desse tempo, contrariamente aos anos em que na final estiveram clubes de Lisboa e sobretudo não estivera o Porto, nesse ano preferiu transmitir uma tourada)!

Contou aí que o FC Porto venceu, triunfando sobre o Vitória de Setúbal por 2-1. Perdendo o Setúbal a segunda das suas  quatro finais consecutivas em que esteve presente no Jamor. 


Na amplitude do que foi essa vitória, recorda-se ainda toda a campanha que levou a essa final, e toda a galeria memorável correspondente ao sucedido, através de apontamentos ao tempo coligidos por um jovem de cerca de 13 anos… conforme se pode rever pelas anotações manuscritas, em letra pessoal, nesse tempo.


Foi pois uma grande alegria conseguida, finalmente, a ocorrida a 16 de Junho de 1968. Ficando associados a essa final vitoriosa os onze que alinharam: Américo, Atraca, Valdemar, Rolando, Bernardo da Velha, Pavão, Eduardo Gomes, Jaime Silva, Custódio Pinto, Djalma e Nóbrega. Recordando-se aqui todos, agora na presença ainda viva de Américo, Valdemar e Rolando, os sobreviventes, por ora.


Nunca será demasiado recordar estes e outros nomes eternos da vida do FC Porto. Embora isso da eternidade seja relativa e mesmo a posteridade não seja muito longa na memória habitual. Bastando ver como hoje grandes nomes como Pinga, Valdemar Mota, Soares dos Reis, Araújo, Hernâni, Virgílio e uns quantos mais já vão sendo pouco recordados, dos grandes vultos do passado, por exemplo. E doutras gerações poucos saberem também do valor duns Américo, Valdemar e José Rolando. Assim como daqui a anos gerações mais novas dirão que nos melhores porventura não caberão alguns dos nomes dos campeões europeus e mundiais de 1987 e 2004, vencedores da Supertaça Europeia, como da Taça Uefa e Liga Europa, sabe-se lá.


Pois a Taça de 1968, sensivelmente quase a meio do século XX, foi algo que para o tempo, mediante as muito piores condições em que o FC Porto competia perante os rivais de Lisboa, foi algo como uma competição internacional de épocas posteriores. O que dirá muito, a quem também sentiu e viveu o áureo período final do século XX e início do século XXI.


Honra então a Américo, Rolando e Valdemar, personificando nesses ídolos de sempre toda a geração portista que jogou e lutou pelo FC Porto nos anos da grande vigília. Tendo a Taça de 68 compensado muito todo esse muito tempo de demorada espera. E a Taça foi finalmente nossa, ali na alegre tarde desse domingo 16 de Junho de 1968. Precisamente num domingo, em Junho de 1968, como no dia da passagem desta efeméride ao correr de 2019. Quando sabemos estarem vivos, dos que nos deram tamanha alegria, Américo, Valdemar e Rolando. Para eles: um abraço de parabéns e agradecimento portista!


Armando Pinto
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