terça-feira, 30 de julho de 2019

Efeméride do 1º Campeonato Nacional de Hóquei em Patins de Seniores conquistado pelo FC Porto


Estava Julho de 1983 a chegar ao fim. Era sábado e ao fim da tarde durava ainda o calor que se fizera sentir durante o dia. Havia então grande afluência à cidadela desportiva das Antas, rumando muita gente ao pavilhão gimnodesportivo de jogos, com o arruamento entre o pavilhão de treinos, a piscina e o pavilhão principal pejado de gente. Com as portas cobertas por multidão de adeptos ávidos de poderem entrar, muito tempo antes da hora marcada para o encontro. E depressa ficado cheio o Gimno, com as bancadas preenchidas por tudo quanto era nesga de sítio. Pois então estava quase a chegar o jogo que poderia dar o título esperado ao longo de anos. Como aconteceu.


Então, nesse dia, a 30 de Julho de 1983, o FC Porto conquistava o primeiro campeonato nacional de hóquei em patins, após vitória sobre o Benfica por 3-1. A equipa treinada por Vladimiro Brandão, era composta por Domingos, Vale, Alves, Vítor Bruno, Vítor Hugo, David Reis, Gil e Castro. E, pouco mais de um ano depois de Nuno Pinto da Costa ter assumido a Presidência do FC Porto, o clube conseguia ter também campeões nacionais em seniores de hóquei patinado, depois que em 1971 fora obtido o Titulo Nacional de Juvenis da mesma modalidade (numa jovem equipa onde pontificava João Paulo Barbot, acompanhado por Álvaro, Cardoso, Fernando, Aureliano, Rui, Carlos Reis, Maia, Delmar, Correia de Brito e Ilídio; com a curiosidade de na equipa sénior de 1983 estar um irmão dum dos campeões juvenis de 1971, David Reis).

Até que, então, chegou a alegria há muito ansiada, na noite desse dia. 

O FC Porto estivera por diversas vezes prestes a conseguir vencer o Campeonato Nacional de Hóquei em patins em seniores, mas esse título nacional já se escapara entretanto por entre os dedos que seguravam os setiques em rinque e das mãos que se erguiam entre a assistência. Da única vez que os hoquistas da equipa principal do FC Porto haviam conquistado o Campeonato do continente português a prova ainda se chamava Metropolitano, ao tempo da existência das províncias ultramarinas. E já depois, desde que passou a disputa a ser entre equipas do retângulo alongado do Minho ao Algarve, também o primeiro lugar do campeonato fugira por uma unha negra, como no tempo daquela equipa de Cristiano, Chalupa e Cª em que numa jornada final dupla, com dois jogos seguidos num mesmo fim se semana, depois de no penúltimo jogo a equipa portista ter vencido categoricamente o Benfica no pavilhão das Antas a abarrotar de público entusiasmado, em plena noite da festa portuense do São João, foi por fim perdido o campeonato no dia seguinte inesperadamente em jogo com uma equipa que não disputava o primeiro lugar. Entre alguns exemplos de ocorrências. Enquanto o clube já conquistara campeonatos nacionais de hóquei patinado em juvenis e juniores, só que em seniores ainda não. Eis aí que chegava o Campeonato principal de 1982/83 à penúltima jornada com mais outra hipótese de conquista, pairando no ar grande expetativa e dentro do pavilhão das Antas um quente ambiente de nervoso miudinho e ânsia de explosão emocional. Pois vencendo o competidor direto Benfica ficava o título assegurado. Estava-se em finais de julho, mais precisamente no último sábado do derradeiro fim de semana do mês mais quente do verão de 1983.


À época o FC Porto passava por momentos de revigoramento, volvidas antigas fases e entrada a era de Pinto da Costa na presidência, a pontos que até o hóquei do FC Porto já conquistara a Taça de Portugal e a internacional Taça das Taças. Mas faltava ainda o Campeonato Nacional de seniores. Até que então, nesse último sábado de julho de 1983 veio enfim a conquista do campeonato. Era a equipa portista treinada por Vladimiro Brandão, a secção estava já dirigida por Ilídio Pinto, no plantel despontavam os Vítores Hugo e Bruno, com as balizas bem guardadas por Castro e Domingos Guimarães, enquanto o jogo passava por uns Vale, Reis, Alves, Fanã e demais, num bom lote de hoquistas prontos a rolarem nos recintos – conforme se pode ver pela pose de conjunto do "oito" mais utilizado e do plantel total com as respetivas faixas de campeões.


Dessa jornada final inesquecível, por tudo e mais alguma coisa, se dá conta aqui a recordar tal jogo decisivo, por meio de excertos de reportagem do então jornal desportivo Gazeta dos Desportos, publicado à época em poucos dias por semana, na edição mais próxima a essa conquista azul e branca, de gratas recordações.


Nessa noite, de grandes emoções, a saída da cidade do Porto, desde a zona das Antas, foi difícil e demorada, tal o movimento gerado. De tal forma que o regresso a casa (aqui do signatário) foi já por horas da madrugada. Não mais esquecendo que, de vidros do carro aberto (pois era tempo em que ainda não era usual o ar condicionado), tive ainda de passar por algumas terras com arraiais de festas populares, com natural ajunto de pessoas e trânsito condicionado (sendo que a auto-estrada para o interior do distrito do Porto ainda não chegara a partes mais distantes, nesse tempo). Estando isso presente na memória pois ao passar pela vila de Lousada, desviando por ruelas circundantes devido a ser noitada da festa grande do Senhor dos Aflitos, me ter lembrado do senhor Sampaio Mota, anterior seccionista do hóquei em patins do FC Porto, que era de naturalidade lousadense. Vindo à lembrança tanta gente que tanto esperara pelo título nacional de hóquei, finalmente alcançado naquela noite, em Julho de 1983.

Armando Pinto
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