Artur Jorge, descoberto por Pedroto para o FC Porto e nos
juniores azuis e brancos treinado pelo próprio José Maria Pedroto (junto com
Soares dos Reis III, Valdemar Pacheco, Luís Pinto, José Rolando, Vieira Nunes, e outros),
chegou a ter rótulo de esperança nas camadas jovens do FC Porto, depositando-se
nele alguma expetativa para a ascensão aos seniores. Tendo sido internacional júnior.
= Equipa do F.C. Porto com Artur Jorge, que venceu o
Campeonato Nacional de Juniores, época 1963/64 (pagela da época)
E o certo é que depois de ter sido campeão nacional de
juniores no FC Porto, subiu aos seniores e logo fez parte da equipa principal
portista que foi a Espanha triunfar pela segunda vez no Trofeu Luis Otero.
Tendo de seguida iniciado o Campeonato Nacional como suplente de Valdir, depressa passou a entrar como titular, à 3ª jornada da prova, e depois disso andou durante
algum tempo a alternar com Valdir e Daniel. Até Naftal ter passado a ser
avançado-centro do clube nesse tempo. Jogou então Artur Jorge em 4 jogos do
Campeonato da 1ª Divisão Nacional e em dois jogos da Taça de Portugal, tendo em
ambas as competições marcado um golo. Foi assim o golo que marcou no Campeonato
o único de sua autoria pelo FC Porto na prova maior do futebol português e
último com a camisola do FC Porto em jogos oficiais; enquanto o outro marcado
na Taça também com a camisola do FC Porto tenha sido até o primeiro dessa época,
aberta então em Setembro de 1964 no início das eliminatórias da segunda maior
competição.
= Plantel do F.C. Porto com Artur Jorge, da época 1964/65 (recorte de jornal)
Ora, o golo que Artur Jorge marcou no Campeonato e único de
que foi autor no Campeonato Nacional pelo FC Porto, aconteceu a 3 de janeiro de
1965, na penúltima jornada da 1ª volta do Campeonato da época de 1964/65. Havendo
na temporada seguinte rumado à Académica, em tempo romântico das capas negras
de Coimbra, e depois apenas regressou ao FC Porto após haver terminado a
carreira de jogador, vindo já como treinador – autenticamente como herdeiro de
Pedroto (do qual antes fora adjunto em Guimarães), indicado pelo Mestre para
lhe suceder.
Assim sendo, durante a carreira de futebolista Artur Jorge não passou no
FC Porto duma promessa, acabando por se afirmar depois na Académica e ainda
passou de seguida por Benfica e Belenenses. Com faixas de Campeão Nacional júnior
pelo FC Porto e sénior pelo Benfica, além de duas vezes melhor marcador do
campeonato e internacional A. Havendo seguidamente sido dirigente que assumiu o
comando do sindicato de jogadores, em tempo marcante da luta contra a Lei da
Opção. E foi ainda treinador importante, com três Campeonatos Nacionais e uma
Taça dos Campeões Europeus no palmarés pelo FC Porto. Cujo êxito maior, esse de 1987,
lhe abriu caminho para ter ido até França, onde foi Rei Artur no Matra Racing de Paris,
e, após nova estada em regresso ao FC Porto, teve seguinte passagem inglória no Benfica, sem qualquer
glória assinalável no banco benfiquista. Tendo rumado depois à Suíça, Espanha e de novo esteve em França com o PSG, até ter passado ainda por alguns outros clubes estrangeiros. Além de também ter sido responsável da Seleção Nacional, contudo de modo pouco vistoso.
Artur Jorge Braga de Melo Teixeira, nascido no Porto a 13 de
fevereiro de 1946, começara a jogar futebol oficialmente nos Juvenis dio FC Porto, passou pelos Juniores e chegou aos Seniores, onde apenas jogou uma época, contudo com algo histórico, como aqui e agora se recorda.
Natural do Porto, Artur Jorge jogava nas categorias populares jovens quando nele reparou José Maria Pedroto, que o levou para o campo da Constituição quando era treinador dos juniores do FC Porto.
Na pertinência da efeméride de seu golo histórico no Campeonato
com a camisola do FC Porto, recorde-se seus primeiros tempos, à imagem de texto
que tem andado em diversas publicações:
Então, «o jovem Artur passou a vestir de azul e branco e até foi campeão nacional de juniores, já Pedroto partira para se ocupar da equipa principal da Académica. Os dois voltariam a encontrar-se, mas só quando Artur Jorge decidiu pendurar as chuteiras e abraçar a profissão de treinador. Quem chamou o miúdo à equipa principal foi, dessa forma, o brasileiro Otto Glória, que resolveu levá-lo numa digressão estival ao Brasil e ainda a um torneio de Espanha, em 1964. Artur Jorge até se destacou e ganhou um lugar no onze, mas uma lesão tirou-lhe a possibilidade de começar o campeonato depois de até ter feito o único golo portista no primeiro jogo da época: um empate a uma bola frente ao Peniche, na Taça de Portugal, a 13 de Setembro de 1964. Aliás, os primeiros jogos de Artur Jorge pelo FC Porto acabaram todos com este resultado: esteve no 1-1 com o Benfica, também para a Taça, a 4 de Outubro, e depois fez a estreia no campeonato a 25 de Outubro, empatando a uma bola com o Sporting, em Alvalade – e até assistiu Nóbrega para o golo do empate, no último minuto. O primeiro golo no campeonato fê-lo a 3 de Janeiro de 1965, em Setúbal, ao guarda-redes Mourinho, valendo a vitória portista por 1-0.
A época, contudo, não correu extraordinariamente e, no Verão
seguinte, quando Artur Jorge pediu para sair para a Académica, de forma a
concluir a licenciatura em Germânicas, e do outro lado veio a possibilidade de
o trocar por Manuel António, que marcara 19 golos pela Académica no campeonato,
ninguém do FC Porto torceu o nariz. A verdade é que, em Coimbra, Artur Jorge
começou a revelar-se um avançado temível, um protótipo do ponta-de-lança
perfeito, porque não só sabia jogar de costas para a baliza e segurar a bola,
como se revelava rápido das desmarcações e exemplar nas finalizações, tanto de
cabeça como fazendo uso de um remate seco e forte. Artur Jorge chegou mesmo a
desenvolver um movimento próprio, um pontapé acrobático como o corpo paralelo à
relva a que os jornalistas da época chamaram “pontapé-moinho”. Na Académica,
Artur Jorge marcou ao segundo jogo (uma vitória em Braga por 3-2) completando a
primeira temporada com 13 golos, entre eles um ao FC Porto, nas Antas (em jogo que
o FC Porto venceu por 4-3, com Rui a substituir o então lesionado Américo). A
equipa academista de Mário Wilson, com Artur Jorge na dianteira, porém,
quedou-se pelo sexto lugar na tabela. Mas algo de revolucionário estava ali a
preparar-se, como se percebeu logo em 1966/67. Muito à custa dos 25 golos de
Artur Jorge, que lhe valeram o segundo posto na lista dos goleadores, apenas
atrás de Eusébio – que fez 32, mas com 13 penaltis, o que levou os adeptos de
Coimbra a entregarem a Artur Jorge um troféu simbólico de “melhor marcador de
bola corrida” – a Académica acabou o campeonato em segundo lugar, fazendo
sofrer o super-Benfica até à penúltima jornada. Os jogadores da Académica
recusavam o papel de candidatos ao título, afirmando sempre que o que
verdadeiramente lhes interessava eram os estudos, mas nada lhes roubou o
estatuto de equipa-sensação. Artur Jorge, que conseguiu hat-tricks contra o V.
Setúbal e a Sanjoanense e um póquer ao Belenenses, fez ainda mais 12 golos na
Taça de Portugal, da qual os estudantes eliminaram o Benfica antes de baquearem
na final mais longa da história, decidida ao segundo prolongamento a favor do
V. Setúbal. Uma excelente época que valeu a Artur Jorge a chegada à seleção
nacional logo no segundo jogo após o Mundial de Inglaterra…»
Dali para a frente foi toda a sua interessante carreira, embora
distante do FC Porto, até ter regressado como treinador principal às Antas para
a parte mais importante de sua vida futebolística e por fim, aoós passagens por clubes de diferentes dimensões, se
ter despedido do futebol como treinador.
Passada tanta água pelos rios das cidades principais de seu
percurso, quer pelo Douro, como pelos Mondego, Tejo e Sena, apraz então
recordar esse golo, com que o FC Porto em 1965 bateu o Setúbal na cidade do Sado. Sendo
importante e decisivo na vitória com que o FC Porto teve também boa entrada naquele novo ano, recém entrado, ao tempo.
Armando Pinto
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