quinta-feira, 26 de março de 2020

Tomada de posse na segunda gerência presidencial de Júlio Ribeiro de Campos


No dia 26 de Março de 1950 Júlio Ribeiro de Campos tomou posse como presidente do FC Porto pela segunda vez (após eleição dos Corpos Gerentes a 13 de março).

= Foto do ato de posse do Presidente Júlio Ribeiro Campos em 1950, cuja gerência durou um ano sensivelmente. Na frente e primeira linha, a contar da esquerda para a direita: Carlos Mesquita, Dr. Urgel Horta, Júlio Ribeiro Campos, Dias Ferreira, Dr. Aureliano Braga, António Sousa, José Moreira, Eng.º. Alberto Mendonça e José Donas.

Júlio Ribeiro Campos era então já o 24º Presidente do Futebol Clube do Porto. Pois ocupara pela primeira vez o cargo maior do clube em Maio de 1948, logo após a fantástica vitória do FC Porto sobre o Arsenal de Londres, por 3-2. Tendo aí Júlio Ribeiro Campos sucedido ao Dr. Cesário Bonito, que se havia demitido com toda a sua Direção em bloco por questão de dignidade contra os poderes de Lisboa useiros a perseguir o FC Porto, ao cair avolumado de mais uma gota de água persistente, perante um injusto castigo movido federativamente ao futebolista Ângelo de Carvalho, no culminar da base dessa posição. E o sucessor Ribeiro de Campos, na sequência ainda da revolta que havia, também inicialmente esteve no lugar por uma curta duração, visto se ter demitido quase logo de seguida, devido a mais manobras de bastidores contra o clube, que estiveram na origem da eliminação precoce do FC Porto da Taça de Portugal. Mas então os sócios, depois, aplaudindo a sua atitude de denunciar esses processos, voltaram a reconduzi-lo e ele lá continuou a remar contra a maré, mantendo-se no posto até 1949. De permeio, no decurso dessa gerência, em setembro de 1948, por deliberação da Federação Portuguesa de Futebol, passaram as camisolas dos futebolistas a serem numeradas (com estreia de números nas camisolas portistas no jogo que o FC Porto venceu por 3-0 o Famalicão, a 05-9-1948). Em cujo mandato de Júlio Campos, ainda em 1948 o FC Porto no ciclismo conquistou pela primeira vez a Volta a Portugal, coletivamente na classificação por equipas e individualmente através do célebre Fernando Moreira, ciclista que comandava forte equipa em que também se distinguiam Dias dos Santos e Barrendero, entre outros; além naturalmente da continuidade de títulos somados no andebol de onze. Bem como em 1949 foi criado o jornal O Porto, tendo como diretor Leite Maia. Estando o clube ainda em tempos de confinamento ao velhinho Campo da Constituição, o que levava em jogos mais importantes a alugar-se o Lima.

= Aspeto do Campo da Constituição em finais de 1948 (conforme aparece na revista Stadium de 5 de Janeiro de 1949)

Mais tarde, então em Março de 1950, Júlio Ribeiro Campos voltou a ocupar a cadeira presidencial, desta vez para suceder ao Dr. Miguel Pereira, tendo estado à frente do clube até 1951. Tendo de permeio, em 1950 sido emitido pela primeira vez o programa radiofónico A Voz do FC Porto, através do grupo Os Portistas, sob a direção de João Manuel Antão.

= Notícia da tomada de posse na revista Stadium de 29 de março de 1950

Foi durante seu último mandato na presidência dos destinos do clube que, através de ação direta de seu diretor Soares dos Reis, o F.C. Porto contratou o futebolista Hernâni, que viria a ser um dos grandes ícones do clube, assim como outros mais jovens que se revelariam anos depois autênticos nomes históricos, como Américo, por exemplo.


Desse tempo, entre diversos jogos internacionais em visitas de equipas estrangeiras, houve a registar a interessante vitória sobre a equipa do Brasil “Portuguesa de Santos” (de que se junta imagens da revista Stadium de 14 Junho de 1950), por essa derrota imposta à turma brasileira ter sido mal digerida pelos visitantes que não contavam perder, depois de terem vencido facilmente em Braga, dias antes.


Ainda nesse período, enquanto presidente portista, arrancaram durante o último ano da presidência de Júlio Ribeiro de Campos as obras para a construção do Estádio das Antas. Depois já da inauguração do estádio, foi eleito Socio Honorário em Assembleia Geral de 23 de dezembro de 1952.

=  Entre os Nomes que fizeram erguer a obra do mítico Estádio das Antas: Dr. Cesário Bonito, Júlio Ribeiro Campos e Dr. Miguel Pereira, mais Sebastião Ferreira Mendes, Dr. Urgel Horta, etc..

Sucedeu-lhe o Dr. Urgel Horta, em cujo mandato seria por fim inaugurado festivamente o estádio.

Júlio Ribeiro de Campos (embora por vezes esquecido, inclusive sem estar na figuração de fotos dos presidentes na obra oficial de 16 pequenos volumes intitulada “Dragão Ano 111”, produto licenciado FCP e edição d' O Comércio do Porto, por Alfredo Barbosa), figura naturalmente na galeria dos Presidentes no museu do FC Porto.


Armando Pinto
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5 comentários:

  1. Antes de mais, gostaria de agradecer o magnífico serviço Portista, do qual sou seguidor.
    Na sequência do texto relativo à tomada de posse do segundo mandato de Júlio Ribeiro de Campos (que, na realidade, até deveria ser o terceiro mandato) vinha por este meio apresentar-lhe a versão que tenho (e que muito gostaria de validar com o seu conhecimento enciclopédico do FCP)!
    Pelos meus dados, Júlio Ribeiro de Campos foi eleito em Janeiro de 1948, pela primeira vez, demitindo-se em Março ou Maio de 1948, seguindo-se-lhe Miguel Augusto Gonçalves Pereira, que tomou posse em Julho de 1948.
    Nas eleições seguintes, em 9 de Março de 1949, Júlio Ribeiro de Campos foi eleito para um segundo mandato, contudo, em Abril, a eleição terá sido anulada, não chegando a tomar posse. Em 13 de Maio de 1949, Miguel Augusto Gonçalves Pereira foi eleito para novo mandato!
    Em 23 de Março de 1950, Júlio Ribeiro de Campos tomou posse, novamente, como presidente do FCP, contudo o presidente da AG, Cesário Moura Bonito, apresentou a sua demissão em 5 de Julho de 1950, sendo seguido por outros elementos, incluindo o próprio presidente Júlio Ribeiro de Campos.
    Em 8 de Agosto de 1950, é eleita uma Comissão Administrativa, liderada por Abílio Urgel Horta, que toma posse em Setembro do mesmo ano.
    Muito agradecia que validasse (ou não) a informação acima.
    Agradecendo e esperando que continue o magnífico trabalho, subscreve-se o sócio do FCP,
    Jorge Castro

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  2. Viva. Agradeço muito este comentário e as extensivas anotaçÕes. Vou estudar bem o caso, para saber ao certo, pois sinceramente não tinha conhecimento desses factos, pelo menos não me lembro de ter lido algo disso. Mas como refiro vou estudar bem isso, a ver se decifro melhor, pois realmente na História do FC Porto escrita por diversos autores há algumas diferenças. Tanto que, pelo que me apercebo, mesmo no museu falta esse e outros nomes serem devidamente referenciados. Logo que possível volto então a comentar e se for o caso, ATÉ CORRIGIR E ACRESENTAR. OBRIGADO E ABRAÇO, COM SINCERAS SAUDAÇÕES PORTISTAS.

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  3. Boa tarde amigo sr Jorge Castro
    Estive a estudar o tema, dentro do que me foi possível e porque lhe devo uma resposta aqui volto. Contudo sem poder dar ainda uma resposta completa como gostaria, porque o caso é mesmo algo confuso. Estive a ver quantos livros tenho e há diversidade de anotações (diferentes, conforme autores). Penso que tem razão, pois essa versão realmente aparece, mas outras também omitem isso. Julgo que a única forma será para quem tiver acesso aos jornais da época, visto em livros e revistas haver demasiadas cópias de uns lados para outros. Mas o que me deixa intrigado e não me leva a tirar uma conclusão definitiva é que no trabalho de fascículos d' A Bola, na parte do FC Porto desse volume "Glória e Vida de 3 Gigantes", é referido, seguindo o que o jornal foi publicando à época, precisamente como escrevi aqui no artigo. Acresentando o jornalista António Simões, que é um historiador dos mais completos que conheço na história desportiva do séc. XX, que em 1948 « A demissão de Ribeiro de Campos não passou de manobra de diversão - ou de jogada estratégica para o reforço de confiança. E serviu também para, uma vez mais, denunciar as manobras contra o FC Porto... (depois) Os sócios reconduziram-no e ele continuou...» Após isso realmente é certo também que o Dr. Miguel Pereira substituiu interinamente JÙlio Cmpos em 1949. Vou continuar a estudar isto, que tem muito que esfolar...

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  4. Agradeço a atenção dispensada, mas não me surpreende, tendo presente a nossa paixão comum.
    Gostaria apenas de compartilhar que compreendo as dúvidas subjacentes a este momento do FCP. Em relação às fontes, sem deixar de reconhecer o excelente trabalho de António Simões, não posso deixar de referir que a página "Capital do Norte" da revista Stadium, muitas vezes redigida por Rodrigues Telles, tem incontáveis e preciosos pedaços da história do FCP!
    O seu leitor atento,

    Jorge Castro

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  5. Estamos em sintoniaa, quanto a isso também. Contudo há que ter atenção ao facto de Rodrigues Teles andar então sempre muito ligado às Direções em exercício no clube, como nessa mesma página "Capital do Norte" da lisboeta Stadium se pode notar por vezes em mudanças de opinião quanto a certas situações, conforme os momentos. E sabendo-se também como ele nunca foi muito de tentar fazer valer a total veracidade, como no caso da fundação do clube, pois tendo provas e referindo-as quanto à existência de 1893 deixou semnpre correr e não fez como mais tarde Rui Guedes. Mas isto são pormenores, sem tirar mérito ao seu pioneirismo, mesmo porque se não fosse ele não haveria publicação de muitas fotos e documentos antigos. Como aliás eu refiro num artigo que lhe dediquei. Apenas que temos de saber entender outras coisas. Abraço e obrigado pela sua atenção.

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