domingo, 26 de abril de 2020

Curiosidades na calha comemorativa do 25 de Abril: Jogos do FC Porto de aproximação de antes e imediatamente depois da “revolução dos cravos”


A mudança acontecida com o histórico 25 de Abril em 1974 tem naturalmente peculiares marcações, atendendo às transformações operadas nos mais variados aspetos da vida portuguesa, quer política, como civil e mesmo desportiva. Embora no campo desportivo a fase de transição haja sido mais lenta e quase inexistente, tendo sido necessário haver temporal de clamor contra os roubos de igreja para que alguma coisa fosse acontecendo, a partir do fim do sistema BSB. Com o que se seguiu e se sente ainda.

Ora, pela esperança que raiou com a madrugada de Abril, aqueles dias de antes e depois ficaram para sempre como balizas de enquadramento, pelo objetivo anteriormente suposto e posterior alvo idealizado. Por isso há a célebre questão do que eramos e onde estávamos aquando do 25 de abril.


= Plantel do FC Porto em 1973/1974. Imagem de arranjo gráfico, constante em postal da época.=

Pois no que se relaciona com o FC Porto e tomando como fundo cénico o futebol, como parte sentidamente mais visível da existência dos clubes, o FC Porto teve a particularidade de dias antes e pouco depois ter jogado com o mesmo adversário e obtido idêntico resultado. Tal o que aconteceu por duas vezes com o Barreirense, em dois jogos com curto espaço de tempo entre si. Tendo então havido dois “Porto-Barreirense” seguidos, e ambos no estádio das Antas, um para o Campeonato a 21 de abril de 1974 e outro para a Taça de Portugal a 28 de abril seguinte, com vitórias do FC Porto por 1- 0. Em cujos desfechos valeram os golos marcados por dois dos avançados de boa memória: Para o campeonato marcou Nóbrega, enquanto para a Taça apontou Abel.


Para a história fica a constituição da equipa portista, dessas duas oportunidades.

No jogo do Campeonato Nacional, à 27ª jornada, nas Antas, o FC Porto alinhou com Tibi, Rodolfo, Ronaldo, Rolando, Guedes, Bené (depois Gualter), Cubillas, Oliveira (depois Ricardo), Abel, Flávio e Nóbrega.

Para a Taça de Portugal, em eliminatória dos oitavos de final, também nas Antas, a 28 de abril: Tibi, Rodolfo, Rolando, Ronaldo, Guedes, Vieira Nunes, Bené, Cubillas, Oliveira, Abel e Nóbrega.

Era ao tempo treinador principal do FC Porto Bella Guttmann, trazido pelos responsáveis do clube nesse tempo, num regresso algo incompreensível, depois do que acontecera com o abandono dele em 1959. Retornando à última vez já idoso, sem conseguir repetir o antigo êxito.


É do jogo do Campeonato a imagem da equipa perfilada, antes do início desse prélio de 1973/74 concluído com o primeiro 1-0, a 21/04/1974. Vendo-se, a seguir a um árbitro auxiliar (e da esquerda para a direita): Rolando, Oliveira, Rodolfo, Cubillas, Nóbrega, Guedes, Abel, Tibi, Ronaldo, Flávio e Bené.

Nesses comenos o FC Porto estava praticamente já arredado do título, por costumeiros fatores estranhos, à moda do antigo regime. Coisa a que nem era permitido ripostar publicamente, sequer, pois que até o jornal O Porto era visado pela oficial censura estatal. Mas, como de tantas outras vezes, o FC Porto tinha sido afastado de poder discutir o primeiro lugar. Como aliás está deveras explanado no livro publicado com chancela do jornal A Bola, sob título "Glória e Vida de 3 Gigantes".  


À época, aquando do Porto-Barreirense do campeonato, estavam ainda detidos os militares do ensaio do golpe das Caldas. Dias depois, o Porto-Barreirense da Taça já ocorreu com outro ambiente, mesmo para quem então pouco sabia de política.

Para que tais coisas não passem ao esquecimento e permaneçam no conhecimento, memoriza-se mais estas curiosidades, a propósito do 25 de abril comemorado nestes dias de confinamento geral. Por entre lembranças, de permeio ilustradas com imagens relacionadas.

Armando Pinto
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