A 9 de junho de 1968 viveu-se uma inesquecível tarde
gloriosa no mítico estádio das Antas. Estava uma tarde soalheira de domingo, ao
tempo, num ambiente primaveril de boa disposição, há 52 anos, quando em pleno recinto
das Antas o FC Porto, perante exibição de gala, não deu hipóteses ao Benfica na
discussão da passagem à final da Taça de Portugal. O Benfica tinha Eusébio,
como se sabe, mas o FC Porto teve Djalma na plenitude da arte que o fazia
admirado dos prosélitos portistas.
E então, confirmando o que de bom já havia acontecido na primeira mão da meia-final desse ano, com um animador empate que trouxe para as Antas a decisão, o FC Porto goleou o Benfica por 3-0 e brilhantemente ganhou assim direito a estar na final.
Para isso, além de mais uma grande exibição de Américo, a
dar confiança a toda a equipa, e naturalmente exibições bem conseguidas dos do
costume, como Pinto, Rolando, Pavão, Atraca, Valdemar, Nóbrega, etc., nos dois
jogos houve mesmo Djalma, efetivamente. Na Luz e nas Antas, porque antes, a 2
de junho, na semana anterior ao jogo da segunda mão, já «o avançado brasileiro
tinha respondido à letra aos golos de Eusébio e Jaime Graça» na igualdade de
2-2 com que terminou esse primeiro embate da eliminatória.
Depois, no “cá te espero” de
reencontro no Porto, que qualificou os azuis e brancos para final da Taça de
Portugal, Djalma voltou a bisar, decidindo a eliminatória ainda antes de Pavão ter
marcado também um golo a acrescentar ao resultado desse modo com contornos de
goleada, na robusta conta de 3-0.
Estava conseguido o lugar de finalista e volvida uma semana houve
depois aquela inesquecível tarde de glória que foi a da conquista da Taça que
tanto encheu de alegria os portistas que há muito esperavam uma vitória de
âmbito nacional e ali tiveram então boa compensação em se manterem fiéis, nesses
tempos de domínios dos gentílicos do sistema reinol. Ficando então aí também para a história a grande vitória do futebol sénior portista da presidência de Afonso Pinto Magalhães e do treinador Pedroto na sua primeira passagem pelo comando da equipa principal do FC Porto.
Por tudo isso, e porque foi importante e entusiástica a
vitória da 2ª mão da Meia-final da Taça de Portugal da época de 1967/1968,
apraz recordar e elevar justamente a passagem à final. Agora que passa a data
da efeméride de tal feito, por quanto sabe bem recordar aquilo, pelos contornos de dificuldades tradicionalmente sempre
colocadas ao FC Porto e habituais favorecimentos algo institucionais ao Benfica,
mais e muito mais naquele tempo. Assim como pelo significado que ficou a deter
esse triunfo, perante o quase mito levantado por alguém de que o Benfica com
Eusébio nunca teria perdido com o Porto, quando perdeu diversas vezes e dessa
feita em 1968 foi mesmo eliminado da Taça, até.
Tudo isso ficou gravado na memória portista, como ficou registado quer na retina memorial, como nas recordações pessoais mais ternas e ainda nos apontamentos particulares do portista jovem desse tempo (então com cerca de 13 anos...) e que hoje recorda isto. Como para aqui se transporta de folhas anotadas manualmente, nessa idílica fase do portismo que percorre certa veia de historiador por carolismo, no entusiasmo de que tudo o que seja de património histórico do FC Porto é valorizável para quem gosta que o FC Porto tenha vencido e vença sempre o mais possível.
Armando Pinto
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