A 27 de junho de 1933 dizia adeus à carreira de futebolista
o célebre guarda-redes Miguel Siska, um dos maiores guardiões da baliza na
história do FC Porto e do futebol português. Então, esse ídolo dos tempos românticos do futebol
luso, abandonava os relvados, pondo um ponto final diante das balizas em
jogo com o Sporting, de desempate da meia-final do ao tempo chamado Campeonato
de Portugal, género de taça por eliminatórias. Tendo aí esse famoso húngaro Mihály
Siska, nacionalizado português como Miguel Siska, defendido pela última vez a
baliza portista, na qual deixou um legado muito elevado.
Havia sido a 23 de Novembro de 1924 que Siska disputou o seu primeiro jogo pelo FC Porto. E, passados nove anos, a 27 de junho de 1933 fazia o último.
Tinha então Siska ainda 18 anos «quando se estreou na baliza portista, e, um ano decorrido, alcançaria o seu primeiro título de Campeão de Portugal…», como é narrado no livro “FC Porto figuras & factos 1893-2005”. Com 27 anos largava por fim as luvas e passava a estar ligado ao futebol noutras funções, continuando dentro do FC Porto.
= “O grande guarda redes do Football Club do Porto, MIGUEL SISKA” capa de revista do tempo: Revista "o az", nº 26, de 7 de Abril de 1929. =
Depois, a 12 de Março de 1926 Mihály Siska naturalizou-se português, passando a chamar-se Miguel Siska, nome que ficaria gravado a ouro como um dos mais relevantes de mais de um século de história azul e branca.»
Nascido em 1906 na sua cidade natal de Budapeste, na Hungria, Siska veio para o Porto aos 18 anos, oriundo do Vasas de Budapeste para o Futebol Clube do Porto. E logo reforçou a equipa portista com sua valia à frente das balizas, de tal modo que era considerado um dos melhores jogadores europeus na sua posição, ficando conhecido por "meia-equipa" perante sua importância no jogo coletivo e defesa do seu reduto.
Depois, a 12 de Março de 1926 Mihály Siska naturalizou-se português, passando a chamar-se Miguel Siska, nome que ficaria gravado a ouro como um dos mais relevantes de mais de um século de história azul e branca.»
Portugal vivia ainda aqueles tempos algo conturbados de finais da Primeira República, mas ainda sem ter chegado o tempo da ditadura que apareceria quase dois meses e meio depois, perante o golpe militar encabeçado por Gomes da Gosta, secundado por outros, como Mendes Cabeçadas. Conforme é da história. E o futebol português ainda dava primeiras correrias atrás da pesadona bola de capa, com jogadores que chutavam e davam cabeçadas trajados de camisolas largas e calções pelos joelhos, mais botas artesanais de travessas nas solas, a engrossar o couro. Sendo que ao final desse mesmo mês o organismo organizativo da modalidade, criado em 1914 como União Portuguesa de Futebol, passou a ter outro nome, mudando de UPF para Federação Portuguesa de Futebol.
Siska viera então reforçar o futebol do Futebol Clube do Porto e depressa se impôs, tendo-se afeiçoado à cidade do Porto de tal modo que depois se naturalizou português, como agora evocamos. E durante anos foi o grande guarda-redes que povoava o imaginário dos admiradores do jogo da bola.
= Da revista “A VIDA DO GRANDE CLUBE NORTENHO”, Extra Seleções Desportivas, publicação de 1978, por Luís César =
Num caso desses, então, um dos seus admiradores era um jovem que ao tempo ansiava também um dia defender a baliza do seu FC Porto, o qual dava pelo nome de Américo Ferreira Lopes. Como era relatado no livro biográfico anos mais tarde dedicado na coleção Ídolos do Desporto ao guarda-redes Américo, que conseguira mesmo chegar à camisola nº 1 do FC Porto:
«SOB O SIGNO DE MIHALY SISKA
Quando Américo nasceu, em 1933, Portugal desportivo vibrava de entusiasmo com as proezas de um outro guarda-redes que defendia a baliza do F. C. Porto e que era, nessa altura, justamente considerado o melhor “Keeper” existente no país. Era húngaro de origem, chamava-se Mihaly Siska e viera jovem para o Porto…»
Pois Siska foi mesmo um grande guardião do FC Porto, merecedor de ser eternamente lembrado. Como neste espaço de Memória Portista entretanto tem sido aconchegado memorialmente. E tal como se evocou anteriormente na data comemorativa de sua estreia e por outras ocorrências, também a oportunidade da efeméride da sua naturalização fez jus a mais uma lembrança. Entremeando com algumas imagens de ilustração e inclusive recortes de fichas de seu currículo em publicações reportadas a fastos do FC Porto. Como desta vez se reforça, na efeméride de sua despedida de guarda-redes.
= Do livro “FCPorto figuras & factos 1893-2005”, de J. Tamagnini Barbosa e Manuel Dias =
Após se ter radicado em Portugal e haver naturalizado português, já como Miguel como nome adotado, não chegou contudo a ser selecionado para a seleção portuguesa de futebol, embora tido popularmente como melhor guarda-redes de seu tempo a atuar no campeonato luso. Contudo foi então o guardião da seleção da Associação de Futebol do Porto e da seleção do Norte, em jogos que ao tempo eram habituais entre equipas representativas das associações e das regiões.
Entretanto Siska em sua saliente carreira desportiva em Portugal ao serviço do FC Porto era mesmo considerado como carismático guarda-redes. A pontos de fazer parte do imaginário memorial do mundo portista pelos tempos adiante.
Com a camisola de guarda-redes do FC Porto conquistou dois Campeonatos de Portugal e nove Campeonatos Regionais do Porto, antes de vencer mais competições como treinador dos Dragões. Um percurso vencedor, que iniciou uma linhagem histórica de guardiões, a começar por seu substituto Soares dos Reis, que seria depois o primeiro guarda-redes do FC Porto a ser chamado a jogar com a camisola da Seleção Nacional A de futebol.
Tudo isso num percurso acrescido de ter sido ainda treinador Bi-campeão pelo FC Porto, também, em duas épocas de conquistas do título nacional.
= Equipa do FC Porto que alinhou no último jogo de Siska, no
Campo do Arnado em Coimbra.
Tudo isso num percurso acrescido de ter sido ainda treinador Bi-campeão pelo FC Porto, também, em duas épocas de conquistas do título nacional.
Armando Pinto
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