Amália Rodrigues, a mais famosa fadista de sempre, nasceu no
mês de Julho de 1920, faz agora 100 anos em 2020. Nascida em dia dos princípios do mês juliano de verão, que por ela foi assumido ser no dia
1 de julho, como festejava seu aniversário, apesar de ter sido registada no dia
23 do mesmo mês, “como era antigamente”, e conforme se diz de muitos casos
idênticos. Mas festejando então assim por saber que tinha sido antes, embora
sem certeza do próprio dia. Coisas de antigamente, quando se pagava multa se o registo fosse feito passados dias do nascimento, e por isso quantas vezes era efetivado na data da ida à Conservatória do Registo Civil, para o efeito. Algo que depois foi
mais notado por se tratar de Amália Rodrigues, mais tarde tornada conhecida como
fadista de renome. Amália da Piedade Rebordão Rodrigues, de nome completo no
registo e batismo. Amália Rodrigues ou Amália, só, tal como ficou celebrizada.
Que se celebra sempre e cujo centenário se comemora este ano.
Na ocasião em que se assinala o seu centenário com diversas
organizações públicas, vem a talhe evocá-la também como figura nacional, mas
não só, relembrando sua ligação ao sentimento portista.
Assim sendo, presta-se pública memorização de sua figura
através de como está descrita sua aura na coleção de Biografias de Grandes
Figuras Portuguesas (edição Diário de Notícias, em 2001) e reposição de
anterior artigo duma lembrança do autor deste blogue.
Como tal, em sua dimensão planetária no mundo das artes sonoras e imagem marcante na representatividade portuguesa a partir do século XX, tem maior ênfase quando se celebram 100 anos do nascimento. E continuará certamente pelos tempos adiante. Havendo particularidades especiais, como a que colhe as flores do ramo evocativo que aqui se lhe dedca.
Pode não ser muito badalado nem entoado de garganta ao alto, mas houve e há uma relação azul e branca na raridade da ligação de Amália Rodrigues ao F C Porto.
Jaz no espaço honorífico de repouso eterno de alguns personagens simbólicos nacionais também Amália Rodrigues, a fadista considerada voz de Portugal e primeira mulher a ser colocada no salão da igreja de Santa Engrácia, que serve de panteão nacional na capital política do país. E permanece no sentimento dos que a admiram e, mais, se honram em ela ter sido "uma doente pelo FC Porto".
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Desaparecida do número dos vivos, a 6 de outubro de 1999, permanece na memória comum portuguesa, a Amália Rodrigues que cantou a célebre Casa Portuguesa (“É uma casa portuguesa com certeza…”) e também "Povo que lavas no rio" (que Pedro Homem de Melo poetou e ela entoou)!
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Amália da Piedade Rebordão Rodrigues, «foi uma cantora, actriz e fadista, portuguesa, geralmente aclamada como a voz de Portugal e uma das mais brilhantes cantoras do século XX (como está nos compêndios). Jaz sepultada no Panteão Nacional, entre portugueses ilustres. Tornou-se conhecida mundialmente como a Rainha do Fado e, por consequência, devido ao simbolismo que este género musical tem na cultura portuguesa, foi considerada por muitos como uma das suas melhores embaixadoras no mundo. Aparecia em vários programas de televisão pelo mundo fora, onde não só cantava fados e outras músicas de tradição popular portuguesa, como ainda canções contemporâneas (iniciando o chamado fado-canção) e mesmo alguma música de origem estrangeira (francesa, americana, espanhola, italiana, mexicana e brasileira). Marcante contribuição sua para a história do Fado, foi a novidade que introduziu de cantar poemas de grandes autores portugueses consagrados, depois de musicados, de que é exemplo a lírica de Luís de Camões ou as cantigas e trovas de D. Dinis». Mais (é de dizer) os poemas de Pedro Homem de Melo, a que deu vida musical. Sendo ele até o poeta do "Aleluia" que define poeticamente a Alma do FC Porto.
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Vem então a talhe, assim, trazer a público esse relacionamento portista conhecido parcialmente, sobretudo a partir que, através de Amélia Canossa, a famosa Amália colaborou com o F C Porto, nos inícios da década dos anos cinquenta, aquando da campanha de angariação de receitas para a construção do estádio das Antas.
Conta Amélia Canossa na sua Fotobiografia:
Pois, já há muito que é conhecida a afetividade Portista de Amélia Canossa, a histórica Voz do Hino do F C Porto. Mas o caso de Amália Rodrigues não tem sido referido publicamente. Contudo na "Data Base" da revista Dragões, de Junho de 2014, veio a lembrança:
Desse acontecimento, em 1951, naturalmente houve antecipadamente uma devida divulgação, embora quase sem ser necessário, por assim dizer. Como se pode rever por uma nota das notícias ao tempo saídas na imprensa, no caso através do jornal O Porto:
= Caixa noticiosa sobre o Concerto de Amália Rodrigues no Coliseu do Porto no dia 21 de junho de 1951. O FC Porto agradeceu o concerto com a presença dos seus jogadores. =
Ora, a 21 de Junho de 1951, coincidindo com o dia da abertura do Hotel Infante de Sagres, na cidade do Porto, foi também dia especial para o FC Porto. Então no Coliseu do Porto, realizava-se um concerto a favor das obras de construção do Estádio das Antas, que seria inaugurado no ano seguinte. Amália Rodrigues, por muitos considerada a maior intérprete de Fado de todos os tempos, era a protagonista do espectáculo e, no final, descansou no Infante de Sagres. Foi a primeira hóspede especial do Hotel.
= Caricatura de Amália Rodrigues, da autoria de Mário Norton, aquando do concerto no Coliseu do Porto em Junho de 1951 =
Nesse dia, 21 de Junho de 1951, Amália Rodrigues cantou no Coliseu "graciosamente", num espetáculo de angariação de fundos para a construção do Estádio das Antas. Maria Amélia Canossa e a Orquestra de Vasco Resende Silva completavam um cartaz que esgotou a sala. A diva, rezam as crónicas, deu um espetáculo inesquecível.
Ora, como em contas à maneira do Porto, de honestidade e transparência, desse espetáculo de 21 de junho de 1951, em que participou a rainha do fado AMÁLIA RODRIGUES e outros artistas de variedades no Coliseu do Porto, houve depois comunicado público da soma conseguida: Ficando-se a saber que o total da receita foi de 40.737$50 escudos, num bom resultado atinente à campanha pró-Estádio das Antas, no caso através dessa realização concretizada pela Comissão Executiva Pró-Estádio. Conforme posteriormente veio publicado no jornal O Porto de 31 de agosto de 1951.
No seguimento disso, em agosto de 1951, pouco tempo depois da sua visita ao Coliseu, no jornal O Porto de 22 desse mês ficou registada mais uma significativa ocorrência da ligação de Amália com o FC Porto.
Como testemunho da colaboração de Amália Rodrigues com o FC Porto, tendo mais tarde participado na Festa do jornal O Porto, no Coliseu, atente-se no que foi publicado a propósito no próprio jornal O Porto em Janeiro de 1955 (ficando patente ser seguidora da vida do clube, inclusive interessando-se em saber quando um dos seus ídolos, Carlos Duarte, lesionado há algum tempo e a fazer falta à equipa, voltaria então a jogar...):
Dessa ocasião, foi uma foto deveras focada nalgumas publicações, esta:
Na foto - em instantâneo histórico de aplauso conjunto dos futebolistas da equipa principal do FC Porto, como agradecimento e homenagem em nome do clube: Amália rodeada por alguns dos craques portistas desse tempo, Virgílio, Barrigana, Carvalho, Albasini, Carlos Duarte, Pedroto, Osvaldo Cambalacho e Miguel Arcanjo.
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Sempre admiramos essa senhora expoente do fado nacional e sempre a tivemos como sincera. Daí estranhar-se, sabendo como a vida de Amália tem sido narrada e gravada, de diversos meios e suportes de órgãos nacionais: Porque não tem sido mencionado, a nível histórico-literário, esse facto curioso…? - Pois... ela era "doente pelo Futebol Clube do Porto"!
Armando Pinto
((( CLICAR sobre as digitalizações )))
Por vezes aparecem fotos de Amália com a camisola de outros clube, mas isso é por gentilezas e motivos publicitários de momentos especiais. Tal como o toureiro Manuel dos Santos aparecia tanto com a camisola do Benfica como do Sporting e Eusébio até apareceu numa foto com a camisola do FC porto, quado de portista nunca teve nada.
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