Noutros tempos a época futebolística em Portugal tinha
percurso diferente, principiando com o Campeonato Regional da Associação, para
apuramento dos participantes no Campeonato maior português; seguindo-se o chamado
Campeonato Nacional, a acabar em Março, para de seguida haver a campanha das
eliminatórias e decisão da Taça de Portugal de enfiada; voltando a época
seguinte com o Torneio Início da Associação e assim sucessivamente. Acontecendo
que depois pelos anos sessentas o Campeonato Nacional da 1ª Divisão começava sensivelmente
a meio de setembro, intercalando com jogos da Taça de Portugal, até que pelos anos de oitenta e noventa isso foi evoluindo, de modo que o pontapé de saída do Campeonato da Liga atual passou a ser já com agosto
entrado, na aproximação também do arranque das competições europeias. Porém, nos dias que correm, perante a pandemia vigente foram trocadas
todas as voltas, como se sabe. Cujo início tardio de volta este ano faz lembrar
tempos em que na pré-época dava tempo para participações em torneios de cartaz.
Ora um dos Torneios de princípio de temporada futebolística,
antigamente de grande prestígio, era o Teresa Herrera da Corunha, na Galiza. Um
clássico do futebol internacional, de criar água na boca tamanha era a honra de
participar e sobretudo glória de vencer, por esses tempos. Acontecendo que em
1991 o FC Porto foi convidado como um dos grandes da Europa que era já, e fazendo
jus à sua auréola conquistou categoricamente essa edição do Torneio Teresa
Herrera, na Corunha. Depois de ter vencido o Real Madrid por 2-1 no primeiro
encontro, seguiu-se a confirmação diante da equipa da casa, tendo a 17 de
agosto desse verão de 1991 os dragões derrotado o Deportivo da Coruña por 1-0,
com um golo de Aloísio marcado no penúltimo minuto da partida. Numa autêntica apoteose
à campanha da equipa treinada por Carlos Alberto Silva, que realizou dois
encontros fantásticos e trouxe para casa o troféu que está patente na AT
Constelação do Dragão, do Museu FC Porto by BMG, entre outros prestigiados
trofeus de torneios de grande gabarito.
Assim, para a história e na retina da memória ficou esse fim
de semana dessas jornadas na zona noroeste da vizinha Espanha. Onde, ultrapassado
primeiramente o Real Madrid de Butragueño, Hierro, Hagi, Prosinecki, Luis
Enrique e de outros nomes incontornáveis da história do futebol, o FC Porto
subiu ao relvado do Riazor para disputar a final do Troféu Teresa Herrera. E
ali, na Corunha, os Dragões tiveram pela frente um Deportivo que, na véspera,
havia eliminado o Ajax, da Holanda. Entre as duas equipas azuis e brancas do
norte peninsular o jogo pautou-se pelo equilíbrio, quão entre duas fortes equipas
havia reconhecimento mútuo de idêntico valor, à época. Tendo então o derradeiro
jogo da prova sido decidido já quase no fim, ao minuto 92: «Após livre de
Timofte pela direita, Aloísio voou mais alto e marcou aquele que, anos mais
tarde, viria a considerar “o golo mais importante” da sua vida. Graças a ele, o
FC Porto erguia o prestigiado troféu numa temporada em que a turma de CAS
reconquistaria o título nacional.»
Disso se recorda e ilustra tal feito com páginas da revista
Dragões, do mês seguinte a essa conquista.
Armando Pinto
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