segunda-feira, 19 de outubro de 2020

Lembrança de Sá Pereira, um dos campeões do FC Porto de 1956 que continua vivo e presente na memória portista.

 

Havia chegado a notícia por pessoa amiga mas afinal, e felizmente foi rebate falso, Os sinos haviam tocado não pelo Sá Pereira que jogou no FC Porto mas por um seu primo também Henrique de Sá Pereira. Quer dizer, o antigo jogador de futebol ainda está vivo.

Da mesma fonte, chegou a novidade: «O que morreu é primo com o mesmo nome mas é de outro tio. O Henrique do Porto continua bem e está no Lar de Santana em Matosinhos. Quase todos têm nomes parecidos…»

O caso veio a ser descoberto aqui à distância pela indicação de datas, visto o que faleceu haver falecido dias antes de completar 80 anos, quando o “Sá Pereira do Porto” tem 86…

Ora, calha assim até, bem a propósito, para se lembrar este Sá Pereira que está bem vivo. Se houvesse falecido nem teria possibilidade de saber que alguém o recordou e assim em vida saberá que é recordado com o apreço devido aos craques que souberam vestir a camisola sagrada do FC Porto.

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Lembremos assim o Sá Pereira, futebolista que jogou pelo FC Porto na década dos anos 50, tendo sido Campeão Nacional de juniores e seniores, no FC Porto. 

Henrique de Sá Pereira, de seu nome completo, nasceu em Matosinhos a 7 de abril de 1934. Sendo oriundo de família matosinhense ligada às conservas, indústria que foi de dedicação de seu núcleo familiar “Chalão”, como eram tradicionalmente conhecidos os seus membros. Tendo ele, no entanto, se dedicado mais ao desporto, primeiro como jogador de andebol no Leixões e depois futebol, seu desporto favorito, no Futebol Clube do Porto, clube de seu coração também.

Quando ingressou no FC Porto, em 1951, ainda encontrou nos juniores o guarda-redes Américo, entre outros valores, além dos que se manteriam com ele mais algum tempo.

= Sá Pereira na equipa de Juniores do FC Porto Campeões Regionais de 1952/53. Em cima, a partir da esquerda – Tavares, Baltazar, Sá Pereira, José Oliveira, Hermínio e Gonçalves; em baixo – Freitas, António Morais, Avelino, Valdemar e Óscar.

Ingressou então no FC Porto em 1951, «tendo-se vindo oferecer ao clube porque este era efetivamente o da sua simpatia» (como ficou registado n’ O Porto Magazine de 16 de junho de 1953, em peça dedicada aos Campeões Nacionais de juniores dessa época). Temporada em que a equipa de valores crescentes, em que sobressaía Sá Pereira, junto com outros valores como os irmãos Ângelo e Albano Sarmento, Óscar Silva, António Morais, Ferreirinha, Rezende, Avelino, etc. foram primeiro Campeões Regionais e depois Nacionais.

= Equipa júnior do FC Porto de 1952/53 a receber justa ovação do público das Antas, após a conquista do título do Campeonato Distrital, indo então disputar a fase do Nacional (em que chegariam à final, que venceram por fim).

Sá Pereira foi então um dos heróis desse primeiro título nacional do FC Porto na categoria de juniores, vencendo na final o Belenenses por 2-0 – a que se referem as imagens desse título, aqui colocadas pela devida importância desse feito (em poses de antes e depois do jogo, tendo no final já a taça do Campeonato Nacional de Juniores).

Essa geração teve tão bons exemplares que do plantel júnior subiram depois aos seniores oito jovens promessas (conforme a ordem da foto seguinte): Manuel Gonçalves (guarda-redes), Valdemar, Freitas, Avelino, Vítor Martins (guarda-redes), Ângelo Sarmento, Sá Pereira e José Oliveira. Assim como depois se seguiriam outros (tanto que Morais já fez parte do plantel campeão de 1958/59 e Ferreirinha integrou o plantel de 1959/60. Até seguirem por outros clubes, mais tarde).

Era ao tempo Henrique de Sá Pereira um jovem estudante com 19 anos, ascendendo portanto na época seguinte aos seniores. E na categoria superior incluiu o plantel principal, embora jogando mais pela equipa de Reservas (como era chamada a Equipa B), contudo sempre pronto a entrar no lote principal, do qual aliás fazia parte em jogos festivos e de caráter particular. Como aconteceu na visita duma equipa representativa do FC Porto a Felgueiras, por exemplo, no âmbito da campanha de jogos com fins a reverter para o pagamento do estádio das Antas – a que se refere a imagem da receção à embaixada portista na terra do pão de ló.

= Em Felgueiras, com o grande portista Adriano Sampaio Castro a cicerone, vê-se Barrigana como figura principal da equipa a ser rececionada nos Paços do Concelho, estando atrás Monteiro da Costa, Correia e Sá Pereira (ao lado do senhor de chapéu) e de um lado e de outro dois representantes do FC Porto, o diretor Carlos Nunes e o médico Dr. Sousa Nunes.  Imagem constante do livro "Memorial Histórico de Rande e Alfozes de Felgueiras", do autor destas linhas também e publicado em 1997 com o patrocínio do jornal Semanário de Felgueiras.

Uma equipa de Reservas de luxo do FC Porto, a meio dos anos 50: a partir da esquerda para a direita, em cima – Acúrcio, Gonçalves, Sá Pereira, Sarmento II, Albasini e José Oliveira; em baixo -  Hassane Aly, Eleutério, Noé, Quim e Zé Maria Matos. ´

= Sá Pereira (6º a contar da direita) no plantel de 1955/1956

Então, como médio, mas que também era defesa quando necessário, esteve nos seniores do FC Porto entre 1954/55 a 1957/58, tendo Sá Pereira sua estreia na equipa principal a 26 de Fevereiro de 1956, alinhando a defesa, em jogo no estádio das Antas diante do Braga, com vitória portista por 4-0, à 20.ª Jornada do Campeonato Nacional dessa época em que, também, foi Campeão Nacional e vencedor da Taça de Portugal em 1955/56, com o treinador Yustrich.

Como por esses tempos o FC Porto tinha um plantel muito bom, recheado de grandes valores, Sá Pereira foi depois jogar para o Leixões e de seguida para o Feirense, onde ainda jogou uma época.

= Sá Pereira (à direita da foto), junto com  Assane Aly, Jaburu e Albasini, seus colegas de equipa no FC Porto.

Sá Pereira, volvidos anos, teve a grata possibilidade de ter estado presente em homenagem prestada a Yustrich em 1987, no Porto. Tendo, ainda no entusiasmo desse ano da conquista da Europa pelo FC Porto, a Direção do FC Porto proporcionado uma vinda do polémico treinador para uma homenagem que lhe foi prestada no estádio das Antas e depois num encontro com alguns dos jogadores do seu tempo de treinador do FC Porto. Havendo sido essa uma ocasião em que quem conhecia de fisionomia ou apenas de nomes pôde ver e rever as caras dos jogadores portistas da geração dourada dos anos 50. Também, eles então, em outubro de 1987, ainda na casa dos cinquentas e tal anos de suas vidas. 

Sempre foi Sá Pereira uma figura de respeito,  muito bem vestido e de porte educado, como o descreveu um dia aqui ao autor destas linhas uma sua prima (D. Emília Sá Pereira Vasconcelos), senhora minha amiga que foi professora em terras de Felgueiras, onde acompanha muito tudo o que for atividade cultural e com quem tenho boa amizade derivada de sua grande bagagem social.

Descreve ela assim o seu «primo Henrique de Sá Pereira: Foi um jogador do Futebol Clube do Porto. Deixou as pescas, os mestres, as traineiras e a indústria das conservas de peixe que foi empenho da família. Pessoa com uma presença impecável, como se fosse sempre representar a seleção... Continuando com seu charme.»

E assim também nós o recordamos, bem presente, como nome que nos habituamos a admirar, por o vermos em fotos com a camisola do Futebol Clube do Porto bem vestida. 

Sá Pereira faz parte do imaginário do universo portista! 

Muitos anos de vida, senhor Henrique de Sá Pereira. A saber que  continua a ser recordado como jogador de futebol campeão do FC Porto!!!

Armando Pinto

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4 comentários:

  1. Muito obrigada, querido amigo Senhor Armando Pinto. felicito-o por todo o seu trabalho como Historiador de acontecimentos que irão perdurar como MEMÓRIA presente e no futuro. Parabéns e muito obrigada por relembrar o "Sá Pereira". Um grande abraço.

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    1. Pode-me responder uma duvida: é desta familia o Henrique Sá pereira que foi armador de pesca@, dono de algumas traineiras? Obg

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  2. Ainda bem que o Sá Pereira jogador de futebol do Porto continua vivo e para ele minha especial saudação. Lembro-me de ouvir falar dele do tempo do Hernâni, do Monteiro da Costa, Arcanjo, Virgílio, etc. Agora (risos!!!) tenho de dizer que me ri bem com o sucedido, mas porque noutros lados da internet e no facebook apareceram notícias nas páginas de pessoas como se fossem conhecedoras e verifica-se que copiaram aqui do Armando Pinto, porque desapareceram depressa mal se descobriu.

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  3. Em resposta ao pedido / comentário de Claudia Santos, a D. Emília respondeu assim:
    «Vivi pouco tempo em Matosinhos porque vim para o liceu no Porto. Sei que o meu padrinho, avô do Henrique tinha um "stubaker" ou isso. Vivia muito bem e fazia um mês de Férias em Vidago. Ele era tio da minha mãe e irmão do meu avô. A mulher passava o ano todo a arranjar toiletes para as férias...Belos tempos.....Um grande abraço.»

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