segunda-feira, 26 de outubro de 2020

Parabéns senhor Valdemar – hoje por seu aniversário e sempre pelo golão da Taça de 1968!

Hoje faz anos Valdemar, como simplesmente esse nome diz muito no sentimento portista. O Valdemar Pacheco que foi um grande defesa do FC Porto, autor do primeiro golo do FC Porto na inesquecível final da Taça de Portugal que foi também a primeira grande conquista do FC Porto chegada à minha memória, ainda em tempos da longa travessia dos anos sessentas.  

Na história do FC Porto e no futebol portista tinha havido já um Valdemar, o olímpico Valdemar Mota dos anos vinte e trinta. Até que a meio da década de sessenta passou a haver esse outro, o do pontapé de canhão que abriu caminho à vitória do FC Porto diante do Setúbal na tarde de 16 de junho de 1968, no estádio do Jamor.

«Estreou-se na equipa principal do FC Porto em 1965 e manteve-se no clube durante nove temporadas. Foi referência da defesa das Antas nos 231 jogos que efetuou pelo FC Porto, mas o seu grande ´momento´ foi no ataque, ao marcar o primeiro golo dos dragões na final da Taça de Portugal de 1967/68. Na altura empatou o encontro que Nóbrega haveria de desempatar (2-1), garantindo a conquista do troféu.» Como ficou e está na história, na gravação eterna dessa memorável jornada que merece um espaço especial no museu do FC Porto, inclusive com livro oficial da final com história também especial…


É da história mesmo toda a envolvência dessa grande vitória, gravada nos anais da História Gloriosa do FC Porto. E puxando ao caso pessoal, nessas eras em que o ciclismo ia compensando o deserto de títulos do futebol sénior no mundo azul e branco, foi na verdade essa obtenção da Taça de Portugal a vitória que conheci em futebol nos meus tempos juvenis de Portismo, qual lança metida na áfrica do regime, após anos de espera por algo desde a infância até à puberdade. Tendo sido também a vitória do tempo dos meus grandes ídolos de infância, com Américo, Valdemar, Nóbrega, Pinto, Pavão, Rolando, Djalma, Atraca, Eduardo Gomes, Jaime e Bernardo da Velha a cotarem-se como grandes heróis, em autêntica tarde de glória. Mais outros que jogaram durante as eliminatórias, como Sucena, Almeida, Valdir, Festa, Malagueta, Ricardo, Rui, etc. Com José Maria Pedroto como treinador, no seu primeiro grande triunfo a nível senior como técnico (depois de ter sido também dos juniores campeões de 1961).

Valdemar de Barros Pacheco nasceu no dia 26 de Outubro de 1943 no lugar de Vinhal, freguesia de Lordelo, concelho de Paredes. Iniciado no mundo do futebol no clube da sua terra, o Aliados Futebol Clube de Lordelo, depressa seu valor se expandiu e ainda júnior chegou ao Futebol Clube do Porto. Na categoria de júnior fez parte do plantel que disputou o Torneio Internacional de Juniores da UEFA de 1961, embora sem ter disputado a final. Nesse mesmo ano, Valdemar subiu ao escalão sénior e incluiu o plantel portista. Contudo, por necessitar de rodar, para ganhar experiência, atendendo a haver outros jogadores à sua frente no lote principal do clube, foi emprestado durante uma temporada ao União de Lamas. De permeio com ida para a tropa, obrigado a cumprir o serviço militar, tendo regressado às Antas entretanto, até que em 1965 começou a jogar na equipa principal.

A sua estreia com a camisola azul e branca na principal equipa do FC Porto aconteceu no dia 19 de Setembro de 1965, em jogo disputado no Estádio do Mar em Matosinhos, onde os portistas venceram o Leixões por 3-2, a contar para a 2ª jornada do Campeonato Nacional de 1965/66.

Nessa época, que seria de afirmação já, Valdemar venceu em 1965/66 o Prémio da Juventude, com que foi distinguido pelo jornal “O Mundo Desportivo” de Lisboa, tendo recebido o prémio aquando do jogo que o FC Porto efetuou no estádio da Luz. 

Valdemar venceu a Taça Associação de Futebol do Porto na temporada de 1965/66, entrando depois mais vincadamente para o história com o ponto alto da sua carreira, que foi a Final da Taça de Portugal de 1967/68 em que o F.C. Porto venceu o V. Setúbal por 2-1, com Valdemar a apontar o golo do empate através de portentoso remate de livre direto (a repor então a igualdade, visto os setubalenses terem aberto o marcador antes, e dali ter havido maior garra para a reviravolta depois acontecida).

Além disso, e de ter sido um dos valores que estiveram prestes a ser campeões nacionais no campeonato de 1968/69 perdido ingloriamente por acontecimentos internos, esteve depois ainda presente em momentos importantes para o F.C. Porto. 

Entre outras ocorrências dignas de registo, Valdemar esteve incluído na caravana portista que em Janeiro de 1970 foi ao Brasil participar na festa de inauguração do Estádio Cícero Pompeu de Toledo, em jogo festivo terminado num empate diante do São Paulo, no novo recinto do Morumbi. Bem como em Setembro de 1972 foi um dos titulares nos dois jogos da 1ª eliminatória da Taça UEFA em que os Dragões derrotaram o F.C. Barcelona por 3-1, nas Antas e 1-0 em Camp Nou.

= Plantel do FC Porto da época de 1970/1971, contendo autógrafos de alguns jogadores, entre os quais o de Valdemar (gravura aqui da coleção particular do autor deste blogue)

No final da temporada de 1973/74 deixou de jogar no F.C. Porto. Deixando Valdemar um rasto brilhante de durante 9 temporadas, em que teve o símbolo do dragão ao peito, ter participado em 231 partidas oficiais de competições nacionais e internacionais (sem contar as provas de Reservas/Equipa B. mais Torneios) e, apesar de sua missão de defesa, ter ido à frente marcar 5 golos.

Após isso, em 1974/75 ingressou no Sporting de Espinho, passou depois pelo Salgueiros, de seguida ingressou no Paços de Ferreira e por fim regressou ao Aliados Futebol Clube de Lordelo, onde terminou em beleza a sua carreira de futebolista. Tendo depois ainda experimentado a carreira de treinador, nomeadmente no Rio Tinto.

Palmarés: 1 Taça de Portugal e 1 Taça Associação de Futebol do Porto.


Armando Pinto
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2 comentários:

  1. Nunca entendi porque é que tendo o Valdemar esse remate forte e colocado, os treinadores que passaram pelo Porto no seu tempo não lhe deram mais possibilidades de ser ele o marcador de serviço dos livres diretos, porque das poucas vezes que teve essa oportunidade marcou. Há coisas difíceis de entender e muito por explicar.

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  2. Curioso o facto aqui referido das provas oficiais nacionais/internacionais e as outras, porque não se entende como na contabilidade do clube, livros e jornais não contam os jogos de Reservas que também eram oficiais.

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