Assinala a memória portista que em 1952, a 28 de agosto, Pedroto assinava o seu primeiro contrato com o FC Porto, ainda como jogador. Tendo dias depois se estreado já na equipa principal portista, a 7 de setembro, num jogo particular de homenagem a Francisco Ferreira. Seguindo-se a 28 do mesmo mês de setembro a estreia em jogos oficiais, aí a contar para o Campeonato Nacional diante do Vitória de Guimarães. E mais tarde teve importantíssima fase de treinador, numa continuidade da ligação que o tornou Mestre e memorável no futebol do FC Porto e no desporto português...
Foi pois ao findar agosto de 1952 que Pedroto regressou ao Porto para jogar no FC Porto, depois de ter sido infantil no FC Porto, ao tempo da escola de Gutkas. Tendo a sua primeira camisola sido a do FC Porto, com a zona do campo da Constituição nas imediações do colégio onde estudava. Contudo, com a mudança de residência familiar para Pedras Rubras passou depois pelo Leixões, até ir para a tropa. Iniciado o serviço militar no Algarve, rumou então seus passos futebolísticos pelo Lusitano de Vila Real de Santo António. Havendo de seguida surgido diversos convites de clubes de topo, escolheu então o Belenenses para a continuação de sua ascensão em Lisboa, até que em 1952 o FC Porto voltou a tentar e conseguiu a aquisição de Pedroto, numa transferência que passou a ser a mais cara até essa época.
E Pedroto para sempre ficou na História do FC Porto, com diversas saídas e entradas, vicissitudes várias, mas sempre ligado ao FC Porto, de tal modo que, assim como começou entre gente do FC Porto, também terminou e ficou a repousar, por fim, no local sagrado do mausoléu do FC Porto, lado a lado com outros grandiosos nomes da vida portista, onde “Repousam Glórias do FC Porto”.
José Maria de Carvalho Pedroto nasceu no dia 21 de Outubro de 1928 em Lamego. Ainda criança, quando tinha sete anos, o seu pai que era militar foi colocado num quartel na cidade do Porto e levou toda a família consigo. Entretanto o pai morreu e então Pedroto foi para o Colégio Araújo Lima, perto do Campo da Constituição e por ali começou a dar os primeiros pontapés na bola, tentando imitar o seu ídolo desse tempo, o famoso Pinga, jogador do Futebol Clube do Porto de nome Artur de Sousa e cognome de guerra Pinga, de apelido familiar de seu remanso madeirense. De permeio, quando tinha 10 anos a família de Pedroto mudou-se para Pedras Rubras e aí depois, jovem em crescimento, ele ajudou a fundar, juntamente com um grupo de amigos, o F.C. Pedras Rubras, no qual o próprio era o presidente e também o capitão da equipa de futebol.
Passada essa fase, com 18 anos de idade começou a jogar nos juniores do Leixões, atuando já a meio-campo, posição de visão de jogo em que começou a demonstrar talento. De permeio intrometeu-se a chegada do serviço militar obrigatório, que o levou de abalada até ao Algarve, aquartelado em Tavira, na Escola de Sargentos Milicianos. Aproveitou então oportunidade para jogar no Lusitano de Vila Real de Santo António, à época na 1ª Divisão Nacional. No decurso dessa prestação, tendo Pedroto atraído as atenções de clubes de maior nomeada, sobretudo e primeiramente do Belenenses que lhe ofereceu 25.000 escudos (25 contos) e mais 25.000 ao Lusitano, acabou por seguir o destino do clube lisboeta da cruz de Cristo. Apesar de entretanto ter aparecido também um convite do FC Porto, antes ainda de assinar contrato com os azuis de Belém, tendo da parte do Futebol Clube do Porto havido proposta de 80.000 escudos. Mas como Pedroto já tinha dado a sua palavra aos homens do Belenenses, não voltou atrás. Evoluiu assim com a camisola azul do Restelo, até que em 1952 de novo o F.C. Porto insistiu e ele acabou por assinar com o FC Porto para a época de 1952/53, mediante as condições pedidas por Pedroto e aceites pela direção portista, numa soma de 150.000 escudos, algo que foi a mais cara transferência até então no futebol português.
Eis que assim ficou a jogar pelo FC Porto, numa contribuição de muita importância. Cuja carreira é sintetizada em sua ficha biográfico-desportiva, como bem é narrado no blogue “Estrelas do FCP”:
«A sua estreia com a camisola dos Dragões aconteceu no dia 28 de Setembro de 1952 no Campo da Amorosa em Guimarães onde os portistas visitaram o Vitória S.C. e venceram por 1-0, num jogo que contou para a 1ª jornada do Campeonato Nacional de 1952/53.
Na época de 1955/56 o F.C. Porto, sob o comando técnico de Dorival Yustrich, terminou com um jejum de 15 anos sem vencer o campeonato sangrando-se Campeão Nacional e também conquistou a Taça de Portugal ao vencer na final o S.C. União Torreense. Pedroto alinhou em 24 jogos e marcou 2 golos.
Na época de 1956/57 os portistas disputaram a Taça dos Clubes Campeões Europeus, na primeira presença do clube azul e branco nas provas europeias. Pedroto foi um dos jogadores titulares da equipa que defrontou os espanhóis do Athletic Club Bilbao na 1ª eliminatória que os bascos venceram.
Em 1958/59 repetiu a conquista no campeonato nacional, já com Bela Guttman a treinador tendo José Maria Pedroto alinhado em apenas 5 partidas.
No final da temporada de 1959/60, pôs um ponto final na sua carreira de jogador.
Esteve no Futebol Clube do Porto oito temporadas onde foi Campeão Nacional por duas vezes e venceu uma Taça de Portugal.
Passou imediatamente a treinador tendo assumido o comando técnico das camadas jovens do F.C. Porto e também dos juniores da Seleção Nacional onde conquistou o Torneio Internacional da UEFA. Passa depois para treinador da Académica de Coimbra onde esteve duas épocas, seguindo-se depois o Leixões S.C. e o Varzim S.C. em 1965/66.
Na temporada de 1966/67 realizou o seu sonho ao tornar-se treinador da equipa principal do Futebol Clube do Porto. Esteve três épocas nas Antas onde conquistou uma Taça de Portugal em 1967/68 ao derrotar na final o Vitória de Setúbal por 2-1.
Logo depois da saída algo atribulada do F.C. Porto, Pedroto ingressou no Vitória de Setúbal onde permaneceu no comando técnico da equipa por 5 épocas. Sob o seu comando, os sadinos não conquistaram nenhum título, mas ficaram por uma vez em segundo lugar, três terceiros lugares e um quarto lugar, e atingiu por duas vezes os quartos de final da Taça UEFA.
Na época de 1974/75 mudou-se para o Boavista F.C. onde permaneceu duas épocas. Nessas duas épocas acumulou o cargo de treinador da Seleção Nacional.
Na temporada de 1976/77 Pedroto regressa ao Futebol Clube do Porto e vence a Taça de Portugal ao derrotar o S.C. Braga na final.
Na época seguinte sagrou-se Campeão Nacional e o F.C. Porto quebrou o longo jejum de 19 anos sem ganhar o campeonato.
Em 1978/79 levou o F.C. Porto ao título de Bicampeão.
Na época seguinte ficou em segundo lugar a escassos dois pontos do Sporting C.P. que ganhou o campeonato. No final dessa temporada, Pedroto foi afastado do comando técnico dos portistas pelo então Presidente Américo Sá.
Em 1980/81 ingressou no Vitória de Guimarães já com o campeonato na 9ª jornada mas ainda assim levou a equipa ao 5º lugar no final da época.
Na temporada seguinte continuou ao serviço dos vimaranenses e terminou o campeonato com um quarto lugar.
Para a época de 1982/83 e já com Jorge Nuno Pinto da Costa na presidência do Futebol Clube do Porto, Pedroto regressa ao clube das Antas.
Na época seguinte conquista a Taça de Portugal ao vencer na final o Rio Ave F.C. por 4-1. No entanto à 10ª jornada do Campeonato Nacional, Pedroto foi obrigado a deixar de orientar os portistas por causa de lhe ter sido diagnosticado um cancro. Em Janeiro de 1984 foi para Londres onde viria a ser internado, e deixa o comando dos Dragões a António Morais. Em Maio e já em casa, assistiu à final da Taça dos Vencedores das Taças entre o F.C. Porto e a Juventus F.C. de Itália, onde os transalpinos foram mais felizes.
No dia 7 de Janeiro de 1985 e com 56 anos de idade, José Maria Pedroto acabou por não conseguir vencer a doença que o levou do mundo dos vivos. Ficou sepultado no cemitério de Agramonte, no mausoléu do Futebol Clube do Porto.
Palmarés como jogador
2 Campeonatos Nacionais da 1ª Divisão de Portugal
1 Taça de Portugal
3 Taças Associação de Futebol do Porto
Palmarés como treinador
2 Campeonatos Nacionais da 1ª Divisão de Portugal
5 Taças de Portugal»
É esse e este Pedroto que para sempre fica na História do FC Porto. Como está em livros, cromos e recortes de peças guardadas nos arquivos do autor deste blogue e, de modo especial, no afeto dos Portistas.
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Recordando algumas das referências que lhe foram feitas ao longo da carreira:
Ele mesmo contou na primeira pessoa, sobre a transferência para o FC Porto, no pequeno livro que lhe foi dedicado na coleção Ídolos do Desporto, como foi:
Como homenagem a esse então futebolista que foi um dos cromos mais apreciados das coleções de cadernetas desse tempo (lembrando-me bem eu disso, pelo que ouvia e vi a meu irmão mais velho e seus colegas), recorda-se aqui algo do que sobre o mesmo foi então registado, em letra de forma ilustrativa, em diversas publicações, de entre alguns dos muitos exemplares com que ficou lembrado à posteridade.
- Primeiro, através do livro da “colecção FIGURAS DO FUTEBOL NACIONAL”, de 1952/53
- Como depois no suplemento desdobrável “Desportos (da revista) do Cavaleiro Andante”
- Entretanto, como curiosidade, repare-se como à época era a visão de Pedroto em tempo de férias de jogador - segundo o que ao tempo o jornal O Porto registou, em 1957:
- Culminou em suma o percurso com um bonito currúculo internacional, conforme ficou numa coluna do trabalho de Rodrigues Teles sobre os futebolistas Internacionais do FC Porto, com publicação também em fascículos no jornal O Porto
- Culminou em suma o percurso com um bonito currúculo internacional, conforme ficou numa coluna do trabalho de Rodrigues Teles sobre os futebolistas Internacionais do FC Porto, com publicação também em fascículos no jornal O Porto
- Até (para chegar a gerações mais recentes) perante um vislumbre duma passagem do livro de bolso que em 1978 foi dedicado a José Pedroto na coleção Ídolos, já como treinador campeão.
- - E por fim, coroando sua passagem excelsa, juntamos umas parcelas da reportagem do jornal O Comércio do Porto, reportando ao funeral emocionante do Mestre Pedroto:
Sintomático da figura de Pedroto, em suma, é que, num facto pouco visto em personagens nacionais de proa socio-desportiva, ele foi protagonista dum livro romanceado que lhe foi dedicado ainda no tempo de jogador, cujo conteúdo ficou impregnado no título dessa obra literária de referência:
Armando Pinto
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