A 2 de setembro de 1969, na transição do verão para o outono desse ano de despedida da década dos anos românticos de 60, despediu-se Américo dos relvados e de estar diante da baliza a defender a sua dama, como guarda-redes do FC Porto. Com a saudação ao público, de braços levantados, como era seu costume, que mais tarde foi modo de ficar como está representado figurativamente no atual Museu do FC Porto.
= Anúncio anterior da realização da festa de homenagem, em despedida a Américo
Américo foi guarda-redes do FC Porto entre 1950/51 a 1969.
Primeiro nos juniores portistas e a partir de 1952/53 nos seniores. Tendo no
plantel principal inicialmente estado como suplente de Barrigana, com o serviço
militar pelo meio a interomper a carreira por dois anos em que não jogou,
voltando depois para jogar nas Reservas (equipa B), de permeio com uma época emprestado no
Boavista, e depois voltando como suplente de Acúrcio; até que em 1961/62 ganhou
o lugar principal e desde aí ficou como guarda-redes nº 1 do FC Porto. Tendo
acabado a carreira em 1969 por motivo de forte lesão num joelho.
Como ilustração resumida de sua carreira pode juntar-se duas fichas publicadas nas respetivas épocas (com a curiosidade de conter referida sua data de nascimento pelo registo oficial de 3 de Março, embora tenha nascido a 27 de fevereiro, dia em que festeja seu aniversário).
= Américo em seus primeiros tempos de titular do FC Porto
= Américo já na época de 1968, quando foi titular da equipa que venceu a Taça de Portugal.
Pois então a 2 de setembro de 1969, após internamento hospitalar e período de recobro, Américo teve de colocar um ponto final na sua brilhante carreira em que foi "Baliza de Prata" do Campeonato português, em 1964...
... e vencedor do "Prémio Somelos Helanca" (com trofeu grandioso), de melhor jogador da época em 1968, entre os diversos e sucessivos exemplos de reconhecimento de seu valor.
Da festa de homenagem final ficou registo pessoal, do autor destas linhas e seu admirador, sendo Américo o meu ídolo-mor de infância portista. Conforme depois juntei em quadro que lhe pude oferecer, um dia em que visitei pessoalmente seu museu particular (onde desde então passou também a figurar a moldura com a imagem do conjunto original, do qual para aqui se transpõe cópia).
Com efeito, a 2 de Setembro de 1969 viveu o mundo portista, em noite de ambiente clubista no estádio das Antas, uma ocasião especial, num misto de reconhecimento e consagração, como gratidão reconhecida, no adeus ao guarda-redes Américo. Despedia-se então Américo Lopes do futebol, em virtude de contusão impeditiva da continuidade de tão brilhante carreira. Devido a lesão contraída durante o seu ofício de guardião das balizas e agravada pelos anos de seu percurso futebolístico.
= Imagens dum quadro particular do autor
Nessa noite de 2 de Setembro, Américo Ferreira Lopes, o grande Américo do Porto, disse adeus ao futebol jogado e sobretudo aos adeptos portistas, contando aí com tributo merecido de muitos admiradores que o aplaudiram fortemente pela última vez, enquanto outros ouviam em casa pela rádio dos emissores do Norte Reunidos tudo o que Ilídio Inácio e José Barroso conseguiram transmitir. Como depois, quando os jornais desportivos apenas saíam a público duas vezes por semana, na edição seguinte do jornal O Norte Desportivo se leu o que os redatores descreveram, no devido registo em letra de forma; assim como o discurso de elogio lido no estádio pelo diretor do mesmo jornal, Joaquim Alves Teixeira, transcrito a preceito no órgão informativo nortenho.
Como volvidos alguns dias, mais, o jornal O Porto narrava da forma que se mostra, em recortes elucidativos.
Disso, também, entre material guardado em arquivo próprio e de modo pessoal pelo autor destas linhas, junta-se algumas imagens, como ilustração, do que sentiram olhos que aquilo viram.
O dia 2 de setembro ficou assim como data de algo duma recordação misturada de nostalgia e apreço, pelo que ali o acontecimento encerrou, mas também significava. Sendo assim, passados estes largos anos, já, uma efeméride que apraz registar.
= Américo, com sua camisola amarela, como guarda-redes titular, na equipa da grande vitória na Taça de Portugal de 1968!
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Efeméride, conforme a origem latina, indica lembrança, qual memorial diário, ao género de calendário recordatório, de um em cada dia. Havendo ainda noção de efemérides astronómicas, transportando ao termo usado por magos astrónomos, perante possibilidade de ocorrências. Ora nessa noite por certo os astros estavam em posição acabrunhada, enquanto tristes estavam os admiradores do astro que levantou os braços em última saudação desde o relvado das Antas.
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A época seguinte, da primeira temporada sem Américo na baliza, o FC Porto passou por tempos de difícil transição, tendo nessa época imediata de 1969/70 passado pela baliza do FC Porto cinco guarda-redes (Aníbal, Rui, Vaz, Antenor e Frederico), à vez e sucessivamente, tendo o clube tido a pior classificação de sempre, quedando-se em inédito 9.º lugar final.
Entretanto, após o final de carreira, estando por esses dias o clube da sua terra a passar situação difícil e em perígo de descida, tendo-lhe sido pedida ajuda, Américo correspoondeu ao apelo e esteve como treinador do União de Lamas até ao final dessa época, ajudando à manutenção do clube na 2ª Divisão Nacional em que estava, ao tempo. Desse período ficou de tal sua experiência como treinador o registo de pose da equipa, estando Américo como treinador ao lado do guarda-redes Domingos, que fora em tempos um dos seus suplentes no FC Porto e então foi encontrar no clube de sua terra natal (assim como, nessa época de 1969/70, estavam também nessa equipa treinada por Américo outros antigos futebolistas que passaram pelas camadas jovens do FC Porto, como o defesa Barrigana, o Ismael de Fafe que tinha sido colega de Pavão nos juniores, mais Romão e Rui Ernesto, o Fontes da geração de Oliveira e outros, etc.).
Como já anteriormente fizera pela vida, assegurando o futuro com iniciativas concretizadas de negócios empresariais, pós ter deixado definitivamente o futebol já Américo era um bem sucedido empresário com duas lojas de material de desporto, a Casa Magriço, na Batalha e em Santo Ildefonso, na cidade do Porto.
= Capa de calendário com anúncio da Casa Magriço...
Mais tarde, por fim, teve a Clínica Boa Hora, em S. Paio de Oleiros.
E em casa tem um museu impressionante... no qual tive entretanto a bela oportunidade de ter sido fotografado a seu lado.
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Particularidades da vida de Américo Ferreira Lopes:
- Nacionalidade Portuguesa.
- Natural de Santa Maria de Lamas, do concelho nesse tempo chamado Vila da Feira e hoje Santa Maria da Feira, nasceu a 27 de fevereiro de 1933 (embora fosse e ficasse registado como nascido a 3 de março – conforme foi assim indicado e anotado oficialmente, por via de não pagamento de multa, como ao tempo acontecia quando se procedia ao registo civil fora de prazo legal).
- Filho de Manuel António Lopes e D. Saladina Ferreira de Melo.
- Irmãos: 3 raparigas e um rapaz.
- Casado com D. Arminda Ferreira Couto.
- Clubes representados: União de Lamas (no início de carreira), FC Porto (nos juniores desde 1951, tendo jogado ainda parte da época 1950/51 e já toda a de 1951/52; e a partir de 1952, desde a época de 1952/53, já nos seniores), depois Boavista, de permeio (1 época, por empréstimo, em 1957/58 - continuando a pertencer ao FC Porto), e de novo e por fim o FC Porto (até 1969, terminando ao final da época de 1968/1969
- Vida profissional: Em jovem trabalhou com o pai, que tinha uma fábrica de cortiça. Depois, além do futebol, Américo teve ainda no início da carreira futebolística uma sociedade em estabelecimento de venda de motos, no Porto, com António Teixeira, José Pedroto e Carlos Vieira, colegas futebolistas mais velhos. Depois teve uma confeitaria em Espinho e uma fábrica de pastelaria. Mais tarde, já após o Mundial de 1966, estabeleceu-se com a Casa Magriço, de artigos desportivos, com duas lojas no Porto. E por fim fundou e dirigiu a Clínica Boa Hora, na terra de sua residência, em São Paio de Oleiros (concelho de Santa Maria da Feira).
Títulos conquistados: Nos seniores e equipa de honra de FC Porto - 1 Campeonato Nacional da 1ª Divisão (de 1958/1959); 1 Taça de Portugal (1967/1968); 7 Taças Associação de Futebol do Porto (Anos 60), mais alguns torneios, como por exemplo o Trofeu Luis Otero, em Pontevedra, e o Trofeu Corpus Christi em Ourense, ambos na Galiza-Espanha. E quando junior no FC Porto - 2 Campeonatos Regionais de Juniores.
- Internacionalizações: Foi "Internacional" 16 vezes pela chamada Seleção Nacional, sendo 1 na B e 15 na A (além das diversas vezes que foi selecionado mas esteve como suplente não utilizado). Havendo jogado pela seleção B contra a Bélgica e pela A com a Suíça, Bélgica, Argentina, Inglaterra, Brasil (2 vezes), Roménia (2), Itália, Suécia, Noruega (2), Bulgária (2) e Grécia. Isso em tempo de poucos jogos das seleções portuguesas (quão só por uma vez houve apuramento para fases finais e tal aconteceu para o Mundial de 1966 - em cuja fase em Londres Américo ficou de fora, pela proteção aos do sistema BSB – tendo mais tarde o selecionador reconhecido o erro, pois com Américo Portugal poderia ter conseguido muito mais que o 3º lugar obtido).
- Distinções: Baliza de Prata” (da Agência Portuguesa de Revistas, por ser o guarda-redes com menos golos sofridos no Campeonato Nacional de 1963/64, “Óscar da Quinzena” (da RTP), em 1964; “Prémio do jornal O Porto”, 1965; “Trofeu Pinga”, em 1966 (máximo galardão do FC Porto, antecessor do Dragão de Ouro); “Medalha de Ouro “Ao Mérito” da Federação Portuguesa de Futebol (por ter feito parte dos 22 Magriços na campanha do Mundial de 1966); “O Melhor do Ano” (escolha do programa radiofónico “Escolha o seu Ídolo”), em 1967; “O Melhor Desportista do Ano”, do jornal O Norte Desportivo, 2 vezes, em 1967 e 1968; "Prémio Imprensa", da Casa de Imprensa de Lisboa; “Prémio Somelos-Helanca”, do jornal A Bola, em 1968; “Dragão de Ouro-Recordação”, em 2017.
É uma das lendas do clube, com placa alusiva no passeio da fama junto ao pavilhão Dragão Arena...
... e está imortalizado no Museu do FC Porto por uma estátua no cimo do autocarro da AT "Destino: Vencer".
- Cidadania e Distinção Social: Em São Paio de Oleiros (concelho da Feira), sua terra de residência (desde 1957), escolhido em 1976 como 1.º Presidente de Junta eleito, ou seja após o 25 de Abril de 1974, e depois reeleito, tendo exercido como responsável autárquico o cargo de representante máximo dessa freguesia durante dois mandatos, em 6 anos (sendo que ao tempo cada Exercício era de 3 anos). Sucedendo mais tarde ter sido distinguido por seus serviços com a Medalha de Mérito da Vila de São Paio de Oleiros - Grau Máximo - Medalha de Ouro, na respetiva edição de 2015.
Armando Pinto
A melhor apreciação ao Américo é que depois dele na época seguinte jogaram 4 guarda-redes, cada um substituindo outro e nenhum aprovou, foi uma época fraca com Rui, Aníbal, Vaz e Antenor, com Frederico também a suplente, acabando na pior classificação de sempre.
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