domingo, 9 de janeiro de 2022

Capa de livros de estudante “testemunha” de tempos difíceis – em que era quase impossível alguma reviravolta em jogos no sul, sobretudo... mas não só!

Quem é desse tempo recorda-se de andar ou ter visto andar alguém, entre estudantes do antigo ensino liceal, especialmente, com os livros debaixo do braço, mas vendo-os protegidos por uma capa de couro ou material parecido. Capas essas de envolver livros, que serviam como uma espécie de pasta protetora. Quase como um suporte mais a jeito, em modo como quem trazia um casaco ou casacão ou sobretudo pelas costas, para não estar com trabalho de vestir e assim ser mais rápido quando precisasse de tirar… ou largar. Sendo essas capas em modo clássico, com uma figura saliente de busto esculpido num desenho, podendo ser um escritor, um historiador, um herói da história pátria, etc.

Pois esses tempos eram tais que por norma o FC Porto era sistematicamente prejudicado nos jogos no sul, pelo menos, embora não só, mas mais que nos outros lados, quão na proximidade a Norte e mesmo em casa. Não faltando exemplos históricos memorandos. Como não faltam testemunhas desse tempo. Tal o caso pessoal, em que no tempo em que andei com livros debaixo do braço, assim revestidos, dentro duma capa assim, era quase impossível mesmo haver uma reviravolta como a que aconteceu este fim-de-semana no jogo em casa do Estoril. Obviamente que, agora, foi com muito mérito, graças à garra dos jogadores e treinador à Porto, na atualidade. Mas sabendo-se que noutros tempos, em que os do regime estavam mais à vontade para fazer as maiores batotices, tudo era permitido e o Futebol Clube do Porto era quase sempre impedido de vencer depois de passar a ponte, desde que a equipa saía do Porto.

Desses tempos tenho guardada ainda a minha capa, de transporte de livros de estudante. Com o rosto do escritor Júlio Dinis, romancista portuense ali esculpido em relevo. Que preservei e tenho estimada, não por esses motivos, claro, mas por lembranças de juventude. Com marcas desses tempos e colagens de coisas que já me eram muito queridas. Cuja ligação tem relação a fazer memória, por quanto faz recuar no tempo a esses tempos, em que ser Portista era mesmo algo especial.

Armando Pinto

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