quarta-feira, 6 de abril de 2022

Com o desaparecimento de “Carvalho do Sporting”, o “Américo do Porto” é ainda agora resistente dos “Mosqueteiros” guarda-redes portugueses dos anos 60

Faleceu ontem, na terça-feira dia 5 deste mês primaveril de abril de 2022, o antigo guarda-redes do futebol sportinguista Carvalho, contemporâneo do portista Américo. Sendo de anotar o caso, algo inédito neste espaço de memorização portista, porque nesse tempo, em seus tempos, pelos idos anos da década da carreira de 1960 por diante, havia grande rivalidade entre adeptos dos clubes grandes na simpatia e defesa dos guarda-redes defensores dos seus respetivos clubes; e como tal o guarda-redes Carvalho era figura referencial também nessa comparação. Havendo então de topo o Américo do Porto, mais o Carvalho do Sporting e o Costa Pereira do Benfica. Sendo o Costa Pereira mais velho que os adversários dessa era e que obviamente jogava há muito mais tempo na equipa principal de seu clube e mesmo na seleção nacional (apesar de ser popularmente considerado “frangueiro”, quão passou à história como célebre sofredor de golos considerados “frangos”, mas mesmo assim depois ainda por lá andou, como era do clube do regime…). Enquanto Américo e Carvalho, que já estavam em seus clubes nos anos 50, passaram a titulares das respetivas equipas em 1961/62. Até que chegados a meio da década desses mesmos anos se intrometeu José Pereira, do Belenenses, porque ao tempo a Federação Portuguesa de Futebol era presidida à vez e apenas por representantes de Benfica, Sporting e Belenenses, e como a Seleção dita portuguesa era em maioria composta por jogadores de Benfica e Sporting, havia que pelo meio meter alguns Belenenses… em tempo do sistema BSB. Como aconteceu na fase final do Mundial de 1966, em que Carvalho jogou no 1º jogo e o “Pássaro de Belém” fez os restantes, apesar das culpas históricas nos golos sofridos contra a Coreia e por fim na derrota diante da Inglaterra, que tirou Portugal da final. Ao passo que Américo, que era publicamente considerado o melhor de todos (tanto que inicialmente na numeração oficial dos 22 Magriços até teve o n.º 1 na camisola), por ser do Porto e obviamente de fora desse triunvirato, ficou fora, a ver os jogos do banco. A pontos de então o Costa Pereira, já em final de carreira e que ficara em Portugal como comentador da RTP, ter afirmado na televisão portuguesa que fez falta o Américo na baliza… e mais tarde o selecionador Manuel Luz Afonso mesmo ter reconhecido o erro. Com a curiosidade também de Carvalho se não ter conformado com seu afastamento da baliza em Inglaterra, dizendo como crítica que se tivesse sido preterido perante o Américo entendia, mas diante de José Pereira já não… culminando nessa crítica lhe ter valido desde aí nunca mais ter sido convocado para a equipa das quinas.

Pois então, ao tempo, pelos românticos anos 60 eram esses três, Costa Pereira, Carvalho e Américo, os “Mosqueteiros” das balizas portuguesas. Tendo Américo sido o primeiro a conquistar o trofeu “Baliza de Prata”, ao que lhe sucedeu Costa Pereira na época seguinte e depois o Carvalho. 

Daí que num estágio dos selecionados para a seleção nacional ter ocorrido um curioso diálogo entre eles, como ficou registado numa revista da Agência Portuguesa de Revistas.

Desses três grandes guarda-redes nacionais (tendo falecido Costa Pereira entretanto em 1990 e Carvalho agora, em 2022),  Américo é ainda sobrevivente, por estes dias, já com 89 anos, em 2022. Sendo ainda, e até também, agora, resistente dos internacionais e campeões nacionais do FC Porto dos anos 50 e 60. Um exemplar raro dos Mosqueteiros dos bons velhos tempos.

Armando Pinto

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