sexta-feira, 15 de julho de 2022

(Continuação de) Retalhos memorandos: afirmação da efetividade de Américo como guarda-redes nº 1 do FC Porto – em excertos do jornal O Porto de 1962, 1963 e 1964 = 2.ª parte.


Dando continuidade ao que anteriormente foi anotado sobre os primeiros tempos de Américo como guarda-redes titular da equipa principal do FC Porto, continua-se com uma resenha retrospetiva desse período, já na fase seguinte de afirmação do grande guarda-redes na defesa da baliza do FC Porto. Continuando com respigos do jornal O Porto, também de 1962 e 1963, e desta vez acrescentando a temporada de 1964.

Como enquadramento, para situar no tempo e espaço de memória, recorda-se que Américo, depois de ter estado durante anos como suplente (primeiro de Barrigana, depois de Pinho e por fim de Acúrcio), havendo chegado ao plantel sénior do FC Porto em 1952 e se estreado na baliza da equipa principal em 1953, além de também ter sido Campeão Nacional em 1958/59, como utilizado que foi no campeonato dessa época, só em 1961/1962 conseguiu passar a guarda-redes principal portista. Mas logo que ficou a ser dono da camisola n.º 1 do FC Porto mostrou o que era e como era, sendo mesmo o guardião salvador da honra defensiva azul e branca. Como, por exemplo, demonstraram suas exibições em célebres vitórias, quão foram as alcançadas em casa do Benfica e do Sporting, com portentosas defesas que fizeram o mundo da bola ficar com o nome de Américo nos sentidos. Conforme aconteceu em 1962 e 1963 sucessivamente, quer no jogo Benfica-FC Porto, na Luz em novembro de 1962 (na vitória dos homens do Porto por 1-2, com 2 golos de Azumir pelos Portistas) e em Alvalade no Sporting-FC Porto, em março de 1963 (0-1, golo de Serafim). Jogos em que Américo defendeu a virtude portista lá atrás, enquanto na frente os avançados conseguiram desfeitear os defensores das redes adversárias. Conforme foi retratado por imagens e palavras escritas no então existente jornal Diário de Lisboa, em cujas páginas lisboetas as mágoas foram carpidas na atenuante da grande valia do guardião do FC Porto…

Faz-se assim apontamento de exceção, como simples exemplos, com respigos do referido jornal Diário de Lisboa, perante o que ali ficou expresso, inclusive fazendo a comparação e distinção entre os guarda-redes de um lado e do outro, mais outros aspetos sintomáticos. Sendo ao tempo Américo o nome de quem mais se falava e escrevia. 

Posto isto, retoma-se a linha da narrativa, focando ideia em publicações do jornal O Porto: 

- Primeira deslocação ao estrangeiro de Américo como titular do FC Porto – à Jugoslávia, para o jogo com o Dínamo de Zagreb, da 2ª mão da 1.ª eliminatória da Taça das Cidades com Feira, em Outubro de 1962. (Américo integrara já anteriormente uma comitiva oficial portista em deslocação ao estrangeiro, em provas oficias, mas como suplente, conforme ocorrera em setembro de 1959 à Checoslováquia, para o jogo com o Bratislava, da Taça dos Campeões Europeus). Sendo que desta vez, em 1962, foi como guarda-redes principal. Américo não tinha jogado no jogo da 1ª mão, nas Antas, por estar lesionado, jogo esse terminado com derrota portista por 1-2; e depois então, para o jogo da 2.ª mão, no estádio do Slovan, apesar de ter conseguido manter a baliza inviolada, o empate verificado de 0-0 não evitou a eliminação devido à derrota anterior acontecida no Porto. Dessa deslocação à Checoslováquia publicou o jornal O Porto, em seu número de 31 de outubro de 1962, a foto de conjunto que se recorda – em que Américo aparece na primeira fila, ao centro (no meio dos agachados, em primeiro plano).


- Após lesão que o afastou temporariamente, já em fase de recuperação: Tratamento de Américo, aos cuidados de departamento respetivo, ilustrou no jornal O Porto de 24 de março de 1963 a chegada de um novo diretor, que passou para a frente do futebol portista, no tempo da presidência de Nascimento Cordeiro. Quando Sebastião Ribeiro ficou a ser o Chefe do Departamento de futebol (em substituição do anterior diretor responsável Carlos Nunes). Documentando a foto um momento do início da atividade do referido diretor, já no exercício de suas novas funções, a inteirar-se da situação do importante guarda-redes da equipa.


- Exemplo do que se passava com as chamadas às seleções Nacionais A e B de futebol. Quando Américo passou a ser convocado, mas depois não era escalado para jogar… Tal o que ocorreu então em 1963, como foi relatado no jornal O Porto de 6 de Abril de 1963. Eram muitos os chamados, em sinal de reconhecimento de valia, mas depois eram postos de lado, desconvocados ou a ficarem a suplentes nos jogos das equipas representativas de Portugal, melhor dizendo da Federação Portuguesa de Futebol do regime BSB. Conforme se pode ver pela notícia, no caso, tendo estado selecionados dessa vez sete portistas: Américo, Jaime, Pinto, Festa, Serafim, Paula e Hernâni – com a história que depois foi como se sabe… ter sido!


- Crónica no jornal O Porto (de 11 de setembro de 1963), sobre a deslocação da equipa principal de futebol do FC Porto à Venezuela, no verão desse ano de 1963, para participação oficial no chamado Mundialito – onde Américo se cobriu de glória. Apesar dos resultados da equipa portista nem terem sido à medida dos anseios, mas sem serem piores devido à grande campanha de Américo. Tanto que o guardião titular do FC Porto ganhou ali o epíteto de guarda-redes destemido, vulgo "suicida", no bom sentido de valente, sem medo.

- Em virtude de sua maneira destemida de sair à defesa da bola, dando o corpo ao manifesto para defender a honra da equipa, Américo sofria por vezes lesões, quantas vezes em resultado de autênticas agressões no rescaldo de movimentos das jogadas. Como no caso exemplificado numa foto publicada no jornal O Porto de 6 de novembro de 1963, ilustrando uma das ocorrências no Leixões-FC Porto dessa época. Sendo que a disputa dos jogos entre a equipa azul e branca Portista e a dos vermelhos e brancos Matosinhenses sempre foi pródiga em picardias, na luta de um pequeno que se quer agigantar diante de um grande.

- Perante a projeção que Américo estava a ganhar já nesses idos tempos de 1963, começara também ele a ser um alvo a abater, em certos meios do desporto fincado na capital do Império e seus comparsas. Passando então a ser ponto de mira dos que, como se costuma dizer, desdenham  porque também queriam ter… um assim! Conforme foi aludido nesse tempo no jornal O Porto, num tom ironicamente crítico e de reposição, em dezembro de ano de 1963.

- Chegado 1964 e já como fruto do entrosamento do setor defensivo da equipa portista, acrescido da confiança que Américo dava a seus colegas e esses se empertigavam no exemplo do guardião da sua retaguarda, os defesas do FC Porto passaram a ser vistos e analisados como os menos batidos. Tal era essa defesa com Américo, mais Arcanjo, Festa e Almeida, a que se podia ainda juntar Atraca (além de Virgílio, então em fim de carreira, esse ao tempo mais internacional dos internacionais, à época). Tendo no jornal O Porto, em sua edição de 19 de fevereiro de 1964, sido referenciado essa mais-valia coletiva, denominando-os por simpatia histórica como três Mosqueteiros, embora na junção de 4, que seria de cinco ou mais… interessando que a “Defesa do FC Porto” era a menos batida, com menos golos sofridos, ao longo dessa época de 1963/1964.

- Na continuidade da fechadura a sete chaves com que Américo guardava a baliza do FC Porto, foi ele mais uma vez um dos heróis do FC Porto-Benfica de 1963/1964, jogo terminado com um empate de 1-1 diante das expetativas. Onde pousavam as atenções, atendendo ao que se passara na época anterior, quando o árbitro Reinaldo Silva inventou um penalti num lance disputado fora da grande área e com isso derrotou o FC Porto, a ponto desses 2 pontos escamoteados terem impedido o FC Porto de ser campeão. Desta vez, embora o resultado tenha ficado empatado, o trabalho do árbitro foi justo, segundo a crónica do jornal O Porto. Em cuja edição de 22 de abril de 1964 foi enaltecido o comportamento de Américo. Conforme se respiga e para aqui se transporta, junto com pose da equipa de um dos jogos desse campeonato em que o FC Porto foi Vice-campeão.

- Entretanto, tendo finalmente chegado a hora de Américo ser chamado a jogar como titular na Seleção Nacional, no jornal O Porto de 6 de maio de 1964 foi dada uma “achega”, a propósito, na rubrica “O Porto a rir”, coluna tradicional do conhecido publicista João Manuel. 

- De harmonia com o desempenho desenvolvido ao longo da época por toda a defesa da equipa portista, e sobretudo pela regularidade do último elemento de lá atrás na baliza, no final do Campeonato Nacional de 1963/1964 Américo foi o guarda-redes que sofreu menos golos de todos os participantes no Campeonato da 1.ª Divisão. Como tal, tendo sido o menos batido, venceu o Trofeu Baliza de Prata que nessa época havia sido instituído pela Agência Portuguesa de Revistas, para agraciar o guarda-redes assim reconhecido. Conforme ficou para a história e logo na ocasião, com a satisfação de admiradores e adeptos portistas, foi noticiado também no jornal O Porto – de cuja notícia deu conta assim o jornal do clube, no respetivo número de 22 de maio de 1964, com a honra em título: “AMÉRICO 1º vencedor da Baliza de Prata”.  

- Após as primeiras chamadas à Seleção Nacional B e depois à A, Américo voltou a ter outra Internacionalização em deslocação da Seleção Portuguesa ao Brasil, no final do mês de maio desse ano. Como bem ficou referido no jornal O Porto de 3 de junho de 1964.


Com um salto no tempo, à maneira como Américo voava para a bola (deixando de fora aqui outras ocorrências, que entretanto já tiveram ou irão ter vez em lugar cronológico correspondente às efemérides correspondentes, para outras ocasiões de serem lembradas), avança-se para uma distinção significativa. Como deu conta o jornal O Porto a 4 de novembro de 1964, noticiando que Américo venceu o… “Prémio Jornal «O Porto».


- Galardão esse, o “Prémio Jornal «O Porto», que Américo recebeu depois na Gala do FC Porto de entrega dos Trofeus Pinga, em Festival organizado pela Comissão Pró-Sede do FC Porto. Tendo nesse ano o Trofeu Pinga do futebol sénior sido muito justamente atribuído a Hernâni, o "senhor Hernâni do futebol do Porto" como era muito referido. Enquanto Américo (que viria a receber também o Trofeu Pinga na edição seguinte, em 1966), nessa noite de dezembro de 1964 teve honras com o Prémio Jornal O Porto, no mesmo Festival - onde foi felicitado pelo famoso cantor Francisco José, que abrilhantou o programa musical de complemento à festa  como noticou o jornal O Porto em seu número de  12 de dezembro do mesmo ano (embora com um lapso na legenda, pois não se tratou no caso de Américo do Trofeu Pinga, nesse ano). Sendo Américo assim referenciado por sua popularidade!


ARMANDO PINTO

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