quinta-feira, 17 de novembro de 2022

(Recordando) Virgílio Mendes: o Portista “Leão de Génova” – a propósito da data de seu nascimento em 1927

A 17 de Novembro de 1927 nasceu Virgílio, no Entroncamento (conforme consta nas publicações existentes, embora haja quem afirme ele ser natural da Praia do Ribatejo, no concelho de Vila Nova da Barquinha). Tendo mais tarde, postumamente, sido homenageado no Entroncamento com uma rua com seu nome.

Residia então no Entroncamento antes de vir mais para Norte e se tornar futebolista do FC Porto. O Virgílio Mendes que depois veio para o Porto e foi célebre defesa do FC Porto, como também na Seleção Portuguesa e foi chamado de Leão de Génova, como o apelidou um jornalista devido a grande exibição em Itália pela equipa das quinas e para sempre ficou referenciado. Um dos maiores da gloriosa história do FC Porto, tornado autêntico ícone da equipa azul e branca na década dos anos 50 como defesa direito do FC Porto por mais de uma década e meia, desde finais dos anos 40 aos primeiros de 60. Considerado em alta estima e admiração na Família Portista pela dedicação ao clube das Antas, tendo recusado convites do Celta de Vigo, Real Madrid, Barcelona e Juventus para permanecer de azul e branco. Em seu tempo e enquanto jogou chegou a ser o futebolista mais Internacional português, com mais jogos pela Seleção A de Portugal, nesse tempo em que havia poucos jogos de seleções e durante longos anos também, mesmo depois, continuou como o mais Internacional do FC Porto, com esse record mantido até aos anos 70.

Embora se tenha estreado pelo FC Porto antes contra o Leixões, em Setembro para o Torneio Início Regional (tendo marcado 2 golos), a sua estreia em jogos do Campeonato Nacional foi a 30 de novembro de 1947, no então Campo do Bessa, onsde se deu o primeiro episódio do “Fenómeno do Entroncamento”. Virgílio Mendes, o avançado que Eládio Vaschetto transformou em lateral, estreou-se então no Nacional da Iª Divisão com a camisola do FC Porto numa vitória por 3-0 sobre o Boavista, selada com golos de Freitas, Araújo e Correia Dias.

 
Desde que Soares dos Reis, lendário guarda-redes dos azuis e brancos e mais tarde dirigente, o convenceu a trocar o Ferroviários pelas Antas, Virgílio venceu dois Campeonatos e duas Taças de Portugal. Foi ainda o primeiro jogador a ultrapassar a barreira dos 400 jogos oficiais com a camisola do FC Porto, atingindo os 436. Ao serviço da seleção nacional somou 39 internacionalizações e conquistou a alcunha de “Leão de Génova” depois de uma exibição inspirada frente à poderosa Itália de Mazzola.

= Revista "Cavaleiro Andante" de 14 de Outubro de 1953 – capa e página interior

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A propósito dos primeiros tempos de Virgílio como futebolista do F C Porto, temos desta vez excertos de publicações coevas, através duma entrevista do próprio à revista Stadium e da mesma uma coluna referente à temporada de seu serviço militar, ao tempo, dando mostras de amor à camisola, como se pode ler..

Para um enquadramento memorando, dando-se uma vista por seu curriculum vitae, junta-se a biografia sobre ele constante em 2 Fichas das Selecções Desportivas, duas séries, de ambos os lados:


Completando a narrativa curricular, junta-se uma biografia sobre ele, constante no blogue “Estrelas do FCP”, onde, pela lavra de Paulo Moreira, consta todo o seu percurso público: 

«Começou por jogar futebol no Grupo Desportivo dos Ferroviários do Entroncamento. Ao futebol juntava o trabalho nas oficinas da CP.

Certo dia partiu em direcção a Lisboa para efectuar testes de futebol no S.L. Benfica. Esteve por lá durante três semanas mas não conseguiu convencer os responsáveis do clube lisboeta e assim regressou ao Entroncamento e ao trabalho de serralheiro na CP.

Um dia recebeu a visita de um tal Soares dos Reis (antigo guarda-redes do Futebol Clube do Porto), que o queria levar para a cidade Invicta. Virgílio aceitou o convite e foi treinar no Campo da Constituição sob o olhar atento de Szabo. Já não voltou ao Entroncamento e muito menos às oficinas da CP.

A sua estreia com a camisola do F.C. Porto aconteceu no dia 30 de Novembro de 1947 no Campo Mascarenhas, onde os Dragões, como equipa visitante, venceram o Boavista F.C. por 3-0, num jogo a contar para a 2ª jornada do Campeonato Nacional da época de 1947/48.

= Na equipa do FC Porto em início de carreira, Virgílio  junto com Barrigana, Carvalho, Araújo, etc. Pose histórica de visita aos Açores, em jogo na Ilha Terceira com uma Seleção local (foto de arquivo do grande portista Hernâni Rocha, de Fonte do Bastardo). 

Em 1951 o R.C. Celta de Vigo ofereceu-lhe 500 mil pesetas e um ordenado mensal de 15 mil pesetas, recusou a oferta e continuou a vestir a camisola do F.C. Porto. Disse depois que trocar de clube por causa de dinheiro era viver como um mercenário.

Na época de 1955/56, sob o comando do treinador brasileiro Yustrich, Virgílio sagrou-se Campeão Nacional depois de os portistas estarem sem perder 24 dos 26 jogos do campeonato. Também ajudou o F.C. Porto a conquistar a primeira Taça de Portugal da história do clube ao vencer na final o S.C. União Torreense por 2-0.

Na época de 1956/57, Virgílio foi um dos jogadores titulares na equipa portista que se estreou nas competições europeias ao defrontar o Athletic Club Bilbao na 1ª eliminatória da Taça dos Clubes Campeões Europeus.

Em 1957/58, voltou a levantar a Taça de Portugal depois da vitória sobre o S.L. Benfica na final por 1-0.

Na temporada seguinte, 1958/59 e já com Bella Gutman como treinador, Virgílio volta a conquistar o Campeonato Nacional.

Venceu ainda a Taça Associação de Futebol do Porto por sete vezes.

= Na equipa do FC Porto á época de 1961/1962

Ao serviço dos Dragões Virgílio disputou 436 jogos oficiais, apontou 9 golos e conquistou 11 Títulos.

Foi Internacional por 39 vezes. No jogo de estreia com a camisola da Selecção de Portugal contra a Itália e apesar da derrota por 4-1, Virgílio foi o melhor jogador português em campo e anulou o famoso jogador Carapelese. Por isso e desde esse dia foi que Virgílio ficou conhecido como o “Leão de Génova”, cidade onde se tinha realizado o jogo.

Palmarés:

- 2 Campeonatos Nacionais da 1ª Divisão (Portugal)

- 2 Taças de Portugal

- 7 Taças Associação de Futebol do Porto »

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Antes ainda de ter terminado a carreira, em 1962/1963, teve uma entrevista sintomática no jornal O Porto de 26 de dezembro de 1962


E por fim em O Porto de 6 de Abril de 1963 teve um "Obrigado Virgílio", com uma página de «OS “ASES” NA  INTIMIDADE


Jogou então até à época de 1962/1963, tendo representado o FC Porto como jogador ao longo de 16 anos.

Ao acabar a carreira de futebolista ficou como treinador das camadas jovens do FC Porto, tendo com os Juvenis e os Juniores sido Campeão Nacional também nessas funções. Incluindo por vezes ter colaborado como treinador adjunto no plantel sénior esporadicamente e mesmo episodicamente até principal responsável, aquando de mudanças de treinador contratado. 

= Virgílio na Equipa Técnica dos Juniores do FC Porto de 1964/65 (tempo da "fornada" de Pavão, Alberto Teixeira, Arlindo, Lázaro, Rui Cruz, Rendeiro, Sousa (guarda-redes), Ernesto, Sérgio Vilarinho, Belo, etc.

Além de também ter chegado a experimentar o lugar de treinador em clubes regionais, como aconteceu com o Rio Tinto. 

Por fim passou a responsável do Lar do Jogador Júnior/Casa do Dragão, além de colaborador em diversas áreas, sempre ao serviço do Futebol Clube do Porto.

Aquando da inauguração do Rebaixamento das Antas, para aumento da lotação com acrescento das bancadas, assim como no Festival comemorativo dos 50 anos do mesmo estádio das Antas, participou como sobrevivente dos que jogaram na inauguração do mítico estádio.

Icónico defesa-direito do FC Porto, foi incluído na "Colecção Onze +" do jornal O Jogo, em 2008, entre os melhores números 2, da posição de Defesa-Direito de sempre. 

Faleceu no dia 24 de Abril de 2009. Encontra-se sepultado no cemitério n.º1 da Póvoa de Varzim.

Falecido em abril desse ano de 2009, teve no mês seguinte uma particular homenagem no estádio do Dragão, através duma realização patrocinada pelo FC Porto e organizada por amigos, com um encontro particular entre seus amigos, de velhas glórias e antigos jogadores treinados por Virgílio, no dia 17-05-2009. Tendo esse grupo então estado no relvado do Dragão, dias depois do seu falecimento, em momentos de convívio com bola, numa singela homenagem ao "Leão de Génova", perante a presença de familiares de Virgílio a assistirem na bancada.

Passados anos, em 2015, na Gala “Quinas de Ouro 2015" da comemoração dos 100 anos da Federação Portuguesa de Futebol, Virgílio foi homenageado entre outros como um dos Lendários de sempre. Algo significativo por a FPF aí quase só se ter lembrado de futebolistas dos clubes de Lisboa… mais uma vez. A ponto de nem terem chamado ninguém ao palco para receber o trofeu em nome de Virgílio, passando à frente (ao chamarem o jogador seguinte),  na sessão solene.


Em 2015 Virgílio foi homenageado no Entroncamento (seis anos depois da morte do antigo jogador e treinador do FC Porto) com o descerramento de uma placa toponímica na rua que ficou com o nome de Virgílio Mendes. Em ato solenemente simbólico culminado na homenagem, iniciada com uma exposição entre Glórias do Ferroviário do Entroncamento. Virgílio, natural do correspondente concelho do distrito de Santarém, representou os Dragões entre as épocas de 1947/48 a 1962/63, ao longo de 16 anos, sendo passado tanto tempo e ao tempo ainda o quinto futebolista com mais jogos oficiais a nível sénior pelos azuis e brancos (com 436), apenas atrás de João Pinto, Vítor Baía, Aloísio e Fernando Gomes. O FC Porto fez-se representar pelo vice-presidente e diretor das camadas jovens Joaquim Pinheiro.


Nesta linha de deitar os olhos por factos de interesse portista, pomos assim memória desta feita na lembrança de Virgílio. Este senhor futebolista eterno da história do FC Porto.

Armando Pinto

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