segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

90.º Aniversário Natalício de Américo - o "Baliza de Prata", "Troféu Pinga", "Dragão de Ouro", "Medalha de Ouro de Mérito da FPF": único sobrevivente dos Campeões Nacionais de 1958/1959 e dos poucos Vencedores da Taça de Portugal de 1967/1968 ainda vivos !

 
- Américo faz hoje 90 anos de idade! Os meus parabéns, como Portista, amigo e grande admirador do guarda-redes "Américo do Porto"!

Américo Ferreira Lopes, o grande guarda-redes de futebol Américo, guardião titular do FC Porto da vitória na Taça de Portugal de 1968, um dos Campeões Nacionais de 1958/1959, de cujo célebre campeonato vencido contra o Calabote é o único ainda sobrevivente, e especialmente meu ídolo desportivo de tempos de infância e juventude, sobre o qual mantenho uma admiração especial no mundo de afeto portista, faz agora 90 anos de vida. Comemorando seu 90.º aniversário natalício nesta data, a 27 de fevereiro de 2023. Nascido que foi a 27 de fevereiro de 1933 em terra de Santa Maria, na sua terra de Santa Maria de Lamas, concelho de Vila da Feira, atual e oficialmente  Santa Maria da Feira.

Américo, vencedor da primeira "Baliza de Prata", troféu da Agência Portuguesa de Revistas que venceu como guarda-redes menos batido no Campeonato Nacional de 1963/1964, entretanto também distinguido com diversos galardões, com realce para o"Troféu Pinga" de reconhecimento do FC Porto em 1966, mais tarde "Dragão de Ouro-Recordação", em 2017, como símbolo clubista, e "Medalha de Ouro de Mérito da FPF", é ainda o único sobrevivente dos Campeões Nacionais de 1958/1959 e dos poucos vencedores da Taça de Portugal de 1967/1968 ainda vivos.


Nesta data, como que avivando algo do que aqui tem sido anotado sobre Américo, como guarda-redes titular da equipa principal do FC Porto em tempos difíceis do sistema BSB, presta-se homenagem a esse prodigioso guarda-redes dos anos cinquenta e sobretudo da década dos anos sessenta.

Como enquadramento, para situar no tempo e espaço de memória, recorda-se que Américo, depois de ter estado durante anos como suplente (primeiro de Barrigana, depois de Pinho e por fim de Acúrcio), havendo chegado ao plantel sénior do FC Porto em 1952 e se estreado na baliza da equipa principal em Dezembro de 1952, para o Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1952/1953 (tendo pelo meio visto o tempo de tropa lhe interrompido a carreira por dois anos de inatividade desportiva, para depois no regresso ainda ter jogado pela equipa principal alguns jogos em 1954, enquanto fazia carreira a ganhar experiência nos campeonatos de reservas, passando depois uma época de empréstimo ao Boavista, de permeio com anos nas Reservas do FC Porto) além de também ter sido Campeão Nacional em 1958/59, como utilizado que foi no campeonato dessa época, só em 1961/1962 conseguiu passar a guarda-redes principal portista. Mas logo que ficou a ser dono da camisola n.º 1 do FC Porto mostrou o que era e como era, sendo mesmo o guardião salvador da honra defensiva azul e branca. Como, por exemplo, demonstraram suas exibições em célebres vitórias, quão foram as alcançadas em casa do Benfica e do Sporting, com portentosas defesas que fizeram o mundo da bola ficar com o nome de Américo nos sentidos. Conforme aconteceu em 1962 e 1963 sucessivamente, quer no jogo Benfica-FC Porto, na Luz em novembro de 1962 (na vitória dos homens do Porto por 1-2, com 2 golos de Azumir pelos Portistas) e em Alvalade no Sporting-FC Porto, em março de 1963 (0-1, golo de Serafim). Jogos em que Américo defendeu a virtude portista lá atrás, enquanto na frente os avançados conseguiram desfeitear os defensores das redes adversárias. Conforme foi retratado por imagens e palavras escritas no então existente jornal Diário de Lisboa, em cujas páginas lisboetas as mágoas foram carpidas na atenuante da grande valia do guardião do FC Porto…

Faz-se assim apontamento de exceção, como simples exemplos, com respigos do referido jornal Diário de Lisboa, perante o que ali ficou expresso, inclusive fazendo a comparação e distinção entre os guarda-redes de um lado e do outro, mais outros aspetos sintomáticos. Sendo ao tempo Américo o nome de quem mais se falava e escrevia. 

Posto isto, faz-se um linha da narrativa de sequência desses tempos de afirmação como guarda-redes da camisola n.º 1 do FC Porto   focando ideia em publicações dessas épocas do jornal O Porto:

- Exemplo do que se passava com as chamadas às seleções Nacionais A e B de futebol. Quando Américo passou a ser convocado, mas depois não era escalado para jogar… Tal o que ocorreu então em 1963, como foi relatado no jornal O Porto de 6 de Abril de 1963. Eram muitos os chamados, em sinal de reconhecimento de valia, mas depois eram postos de lado, desconvocados ou a ficarem a suplentes nos jogos das equipas representativas de Portugal, melhor dizendo da Federação Portuguesa de Futebol do regime BSB. Conforme se pode ver pela notícia, no caso, tendo estado selecionados dessa vez sete portistas: Américo, Jaime, Pinto, Festa, Serafim, Paula e Hernâni – com a história que depois foi como se sabe… ter sido!


- Crónica no jornal O Porto (de 11 de setembro de 1963), sobre a deslocação da equipa principal de futebol do FC Porto à Venezuela, no verão desse ano de 1963, para participação oficial no chamado Mundialito – onde Américo se cobriu de glória. Apesar dos resultados da equipa portista nem terem sido à medida dos anseios, mas sem serem piores devido à grande campanha de Américo. Tanto que o guardião titular do FC Porto ganhou ali o epíteto de guarda-redes destemido, vulgo "suicida", no bom sentido de valente, sem medo.

- Em virtude de sua maneira destemida de sair à defesa da bola, dando o corpo ao manifesto para defender a honra da equipa, Américo sofria por vezes lesões, quantas vezes em resultado de autênticas agressões no rescaldo de movimentos das jogadas. Como no caso exemplificado numa foto publicada no jornal O Porto de 6 de novembro de 1963, ilustrando uma das ocorrências no Leixões-FC Porto dessa época. Sendo que a disputa dos jogos entre a equipa azul e branca Portista e a dos vermelhos e brancos Matosinhenses sempre foi pródiga em picardias, na luta de um pequeno que se quer agigantar diante de um grande.

- Chegado 1964 e já como fruto do entrosamento do setor defensivo da equipa portista, acrescido da confiança que Américo dava a seus colegas e esses se empertigavam no exemplo do guardião da sua retaguarda, os defesas do FC Porto passaram a ser vistos e analisados como os menos batidos. Tal era essa defesa com Américo, mais Arcanjo, Festa e Almeida, a que se podia ainda juntar Atraca (além de Virgílio, então em fim de carreira, esse ao tempo mais internacional dos internacionais, à época). Tendo no jornal O Porto, em sua edição de 19 de fevereiro de 1964, sido referenciado essa mais-valia coletiva, denominando-os por simpatia histórica como três Mosqueteiros, embora na junção de 4, que seria de cinco ou mais… interessando que a “Defesa do FC Porto” era a menos batida, com menos golos sofridos, ao longo dessa época de 1963/1964.

- Na continuidade da fechadura a sete chaves com que Américo guardava a baliza do FC Porto, foi ele mais uma vez um dos heróis do FC Porto-Benfica de 1963/1964, jogo terminado com um empate de 1-1 diante das expetativas. Onde pousavam as atenções, atendendo ao que se passara na época anterior, quando o árbitro Reinaldo Silva inventou um penalti num lance disputado fora da grande área e com isso derrotou o FC Porto, a ponto desses 2 pontos escamoteados terem impedido o FC Porto de ser campeão. Desta vez, embora o resultado tenha ficado empatado, o trabalho do árbitro foi justo, segundo a crónica do jornal O Porto. Em cuja edição de 22 de abril de 1964 foi enaltecido o comportamento de Américo. Conforme se respiga e para aqui se transporta, junto com pose da equipa de um dos jogos desse campeonato em que o FC Porto foi Vice-campeão.

- Entretanto, tendo finalmente chegado a hora de Américo ser chamado a jogar como titular na Seleção Nacional, tendo alinhado na equipa das quinas junto com o colega portista Alberto Festa, no jornal O Porto de 6 de maio de 1964 foi dada uma “achega”, a propósito, na rubrica “O Porto a rir”, coluna tradicional do conhecido publicista João Manuel. 

- De harmonia com o desempenho desenvolvido ao longo da época por toda a defesa da equipa portista, e sobretudo pela regularidade do último elemento de lá atrás na baliza, no final do Campeonato Nacional de 1963/1964 Américo foi o guarda-redes que sofreu menos golos de todos os participantes no Campeonato da 1.ª Divisão. Como tal, tendo sido o menos batido, venceu o Trofeu Baliza de Prata que nessa época havia sido instituído pela Agência Portuguesa de Revistas, para agraciar o guarda-redes assim reconhecido. Conforme ficou para a história e logo na ocasião, com a satisfação de admiradores e adeptos portistas, foi noticiado também no jornal O Porto – de cuja notícia deu conta assim o jornal do clube, no respetivo número de 22 de maio de 1964, com a honra em título: “AMÉRICO 1º vencedor da Baliza de Prata”.  

- Após as primeiras chamadas à Seleção Nacional B e depois à A, Américo voltou a ter outra Internacionalização em deslocação da Seleção Portuguesa ao Brasil, no final do mês de maio desse ano. Como bem ficou referido no jornal O Porto de 3 de junho de 1964.


Com um salto no tempo, à maneira como Américo voava para a bola (deixando de fora aqui outras ocorrências, que entretanto já tiveram ou irão ter vez neste blogue), avança-se para uma distinção significativa. Como deu conta o jornal O Porto a 4 de novembro de 1964, noticiando que Américo venceu o… “Prémio Jornal «O Porto».


- Galardão esse, o “Prémio Jornal «O Porto», que Américo recebeu depois na Gala do FC Porto de entrega dos Troféus Pinga de 1964, em Festival organizado pela Comissão Pró-Sede do FC Porto. Tendo nesse ano o Troféu Pinga do futebol sénior sido muito justamente atribuído a Hernâni, o "senhor Hernâni do futebol do Porto" como era muito referido. Enquanto Américo (que viria a receber também o Troféu Pinga na edição seguinte, em 1966), nessa noite de dezembro de 1964 teve honras com o Prémio Jornal O Porto, no mesmo Festival - onde foi felicitado pelo famoso cantor Francisco José, que abrilhantou o programa musical de complemento à festa  como noticiou o jornal O Porto em seu número de  12 de dezembro do mesmo ano (embora com um lapso na legenda, pois não se tratou no caso de Américo do Troféu Pinga, nesse ano). Sendo Américo assim referenciado por sua popularidade!

Adiantando a linha cronológica, refira-se que Américo, em sinal de sua valia e importância dentro do FC Porto, foi alvo de duas homenagens como guarda-redes portista. A primeira, como guarda-redes principal, em 1964, após ter ganho diversas distinções; e a segunda, por fim, em 1969, quando teve de acabar sua carreira de jogador, devido a lesão. 

Assim, indo por partes, passa-se pela sua Festa de Homenagem quando estava na consolidação de sua carreira, a dar confiança à defesa do FC Porto:

A 30 de Setembro de 1964, quarta-feira à noite, realizou-se em género de festival noturno de futebol uma Festa de Homenagem ao guarda-redes portista Américo.

Então em 1964, quando Américo era já muito popular futebolista do FC Porto, e como reconhecimento a sua valia demonstrada em diversos prémios de reconhecimento com que fora entretanto agraciado, teve então sua festa de Homenagem. Como antes foi anunciado – conforme deu nota atempadamente o jornal O Porto, apresentando o respetivo programa.

Ora, nessa quarta-feira, em noite de futebol, como ao tempo era já ocasião de jogos importantes, e passadas duas semanas de o estádio das Antas ter sido local do jogo internacional que resultou na primeira vitória do FC Porto em jogos oficiais das competições europeias, contra os franceses do Lyon, o estádio do FC Porto voltou a ter noite de gala com a Festa de Américo. Em dia chuvoso, que acabou por impedir maior assistência, mas sem retirar brilho à Festa. Como foi descrito na reportagem então publicada no jornal O Porto, em seu número da semana seguinte.  

Estando aí tudo descrito, na crónica de O Porto, sobre essa Festa que teve como pontos altos os momentos de reconhecimento ao Américo, e como prato forte do programa um jogo do FC Porto com o Sporting, acrescente-se a constituição das equipas, como alinharam de início (pois Américo, que se encontrava lesionado, foi depois substituído por Rui na baliza).

Por fim, como enquadramento da época e em sinal da admiração pessoal nutrida por esse senhor guardião do FC Porto, recua-se a esse tempo também com imagem textual de crónica escrita por um então pequeno aluno do ensino primário, ainda. Quando aqui o autor também desta lembrança andava na 3.ª Classe e, com letra e narrativa própria dessa idade, registei a Festa de Homenagem ao Américo numa folha de meus apontamentos, depois arquivados e sempre guardados.

Passados anos e de tantas peripécias, em 1969, finda a época de 1968/1969 e antes do início da seguinte de 1969/70, Américo teve a sua Festa de Despedida.

 

Ora, a 2 de setembro de 1969, na transição do verão para o outono desse ano de despedida da década dos anos românticos de 60, despediu-se Américo dos relvados e de estar diante da baliza a defender a sua dama, como guarda-redes do FC Porto. Com a saudação ao público, de braços levantados, como era seu costume, que mais tarde foi modo de ficar como está representado figurativamente no atual Museu do FC Porto.

= Anúncio anterior da realização da festa de homenagem, em despedida a Américo

Américo foi guarda-redes do FC Porto entre 1950/51 a 1969. Primeiro nos juniores portistas e a partir de 1952/53 nos seniores. Tendo no plantel principal inicialmente estado como suplente de Barrigana, com o serviço militar pelo meio a interromper a carreira por dois anos em que não jogou, voltando depois para jogar nas Reservas (equipa B), de permeio com uma época emprestado no Boavista, e depois voltando como suplente de Acúrcio; até que em 1961/62 ganhou o lugar principal e desde aí ficou como guarda-redes nº 1 do FC Porto. Tendo acabado a carreira em 1969 por motivo de forte lesão num joelho.



Como ilustração resumida de sua carreira pode juntar-se duas fichas publicadas nas respetivas épocas (com a curiosidade de conter referida sua data de nascimento pelo registo oficial de 3 de Março, embora tenha nascido a 27 de fevereiro, dia em que festeja seu aniversário). 

= Américo em seus primeiros tempos de titular do FC Porto

= Américo já na época de 1968, quando foi titular da equipa que venceu a Taça de Portugal.

Pois então a 2 de setembro de 1969, após internamento hospitalar e período de recobro, Américo teve de colocar um ponto final na sua brilhante carreira em que foi "Baliza de Prata" do Campeonato português, em 1964...


... e vencedor do "Prémio Somelos Helanca" (com trofeu grandioso), de melhor jogador da época em 1968, entre os diversos e sucessivos exemplos de reconhecimento de seu valor.


Da festa de homenagem final ficou registo pessoal, do autor destas linhas e seu admirador, sendo Américo o meu ídolo-mor de infância portista. Conforme depois juntei em quadro que lhe pude oferecer, um dia em que visitei pessoalmente seu museu particular (onde desde então passou também a figurar a moldura com a imagem do conjunto original, do qual para aqui se transpõe cópia).


Com efeito, a 2 de Setembro de 1969 viveu o mundo portista, em noite de ambiente clubista no estádio das Antas, uma ocasião especial, num misto de reconhecimento e consagração, como gratidão reconhecida, no adeus ao guarda-redes Américo. Despedia-se então Américo Lopes do futebol, em virtude de contusão impeditiva da continuidade de tão brilhante carreira. Devido a lesão contraída durante o seu ofício de guardião das balizas e agravada pelos anos de seu percurso futebolístico.

= Imagens dum quadro particular do autor

Nessa noite de 2 de Setembro, Américo Ferreira Lopes, o grande Américo do Porto, disse adeus ao futebol jogado e sobretudo aos adeptos portistas, contando aí com tributo merecido de muitos admiradores que o aplaudiram fortemente pela última vez, enquanto outros ouviam em casa pela rádio dos emissores do Norte Reunidos tudo o que Ilídio Inácio e José Barroso conseguiram transmitir. Como depois, quando os jornais desportivos apenas saíam a público duas vezes por semana, na edição seguinte do jornal O Norte Desportivo se leu o que os redatores descreveram, no devido registo em letra de forma; assim como o discurso de elogio lido no estádio pelo diretor do mesmo jornal, Joaquim Alves Teixeira, transcrito a preceito no órgão informativo nortenho. 


Como volvidos alguns dias, mais, o jornal O Porto narrava da forma que se mostra, em recortes elucidativos.


Disso, também, entre material guardado em arquivo próprio e de modo pessoal pelo autor destas linhas, junta-se algumas imagens, como ilustração, do que sentiram olhos que aquilo viram.


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A época seguinte, da primeira temporada sem Américo na baliza, o FC Porto passou por tempos de difícil transição, tendo nessa época imediata de 1969/70 passado pela baliza do FC Porto cinco guarda-redes (Aníbal, Rui, Vaz, Antenor, que jogaram; e Frederico, a suplente), à vez e sucessivamente, tendo o clube tido a pior classificação de sempre, quedando-se em inédito 9.º lugar final.


Entretanto, após o final de carreira, estando por esses dias o clube da sua terra natal a passar situação difícil e em perígo de descida, tendo-lhe sido pedida ajuda, Américo correspondeu ao apelo e esteve como treinador do União de Lamas até ao final dessa época, ajudando à manutenção do clube na 2ª Divisão Nacional em que estava, ao tempo. Desse período ficou de tal sua experiência como treinador o registo de pose da equipa, estando Américo como treinador ao lado do guarda-redes Domingos, que fora em tempos um dos seus suplentes no FC Porto e então foi encontrar no clube da terra (assim como, nessa época de 1969/70, estavam também na equipa treinada por Américo outros antigos futebolistas que passaram pelas camadas jovens do FC Porto, como o defesa Barrigana, o Ismael de Fafe que tinha sido colega de Pavão nos juniores, mais Romão e Rui Ernesto, o Fontes da geração de Oliveira e outros, etc.).


Como já anteriormente fizera pela vida, assegurando o futuro com iniciativas concretizadas de negócios empresariais, pós ter deixado definitivamente o futebol já Américo era um bem sucedido empresário com duas lojas de material de desporto, a Casa Magriço, na Batalha e em Santo Ildefonso, na cidade do Porto. 

= Capa de calendário com anúncio da Casa Magriço...

Mais tarde, por fim, teve a Clínica Boa Hora, em S. Paio de Oleiros.

E em casa tem um museu impressionante... no qual tive entretanto a bela oportunidade, em 2016, de ter sido fotografado a seu lado.


Em cujo museu, entre muitas e interessantes recordações, se encontrava a camisola amarela com que Américo defendia as balizas do FC Porto. A camisola do imaginário que povoou imagens pessoais de sonhos de menino que o tinha como ídolo portista, do autor destas lembranças. E por aí adiante até à evolutiva idade juvenil. Sonhando ver o Porto ganhar mais vezes e conquistar títulos importantes, com Américo a fazer grandes defesas para fazer o Porto vencer, nesses tempos em que era ainda mais acentuada a roubalheira do sistema BSB sulista e elitista contra o FC Porto!


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Particularidades da vida de Américo Ferreira Lopes:

- Nacionalidade Portuguesa.

Natural de Santa Maria de Lamas, do concelho nesse tempo chamado Vila da Feira e hoje Santa Maria da Feira, nasceu a 27 de fevereiro de 1933 (embora fosse e ficasse registado como nascido a 3 de março  conforme foi assim indicado e anotado oficialmente, por via de não pagamento de multa, como ao tempo acontecia quando se procedia ao registo civil fora de prazo legal).

Filho de Manuel António Lopes e D. Saladina Ferreira de Melo.

Irmãos: 3 raparigas e um rapaz.

Casado com D. Arminda Ferreira Couto.

Clubes representados: União de Lamas (no início de carreira), FC Porto (nos juniores desde 1951, tendo jogado ainda parte da época 1950/51 e já toda a de 1951/52; e a partir de 1952, desde a época de 1952/53, já nos seniores), depois Boavista, de permeio (1 época, por empréstimo, em 1957/58 - continuando a pertencer ao FC Porto), e de novo e por fim o FC Porto (até 1969, terminando ao final da época de 1968/1969

Vida profissional: Em jovem trabalhou com o pai, que tinha uma fábrica de cortiça. Depois, além do futebol, Américo teve ainda no início da carreira futebolística uma sociedade em estabelecimento de venda de motos, no Porto, com António Teixeira, José Pedroto e Carlos Vieira, colegas futebolistas mais velhos. Depois teve uma confeitaria em Espinho e uma fábrica de pastelaria. Mais tarde, já após o Mundial de 1966, estabeleceu-se com a Casa Magriço, de artigos desportivos, com duas lojas no Porto. E por fim fundou e dirigiu a Clínica Boa Hora, na terra de sua residência, em São Paio de Oleiros (concelho de Santa Maria da Feira). 

Títulos conquistados: Nos seniores e equipa de honra de FC Porto - 1 Campeonato Nacional da 1ª Divisão (de 1958/1959); 1 Taça de Portugal (1967/1968); 7 Taças Associação de Futebol do Porto (Anos 60), mais alguns torneios, como por exemplo o Trofeu Luis Otero, em Pontevedra, e o Trofeu Corpus Christi em Ourense, ambos na Galiza-Espanha. E quando junior no FC Porto - 2 Campeonatos Regionais de Juniores.

Internacionalizações: Foi "Internacional" 16 vezes pela chamada Seleção Nacional, sendo 1 na B e 15 na A (além das diversas vezes que foi selecionado mas esteve como suplente não utilizado). Havendo jogado pela seleção B contra a Bélgica e pela A com a Suíça, Bélgica, Argentina, Inglaterra, Brasil (2 vezes), Roménia (2), Itália, Suécia, Noruega (2), Bulgária (2) e Grécia. Isso em tempo de poucos jogos das seleções portuguesas (quão só por uma vez houve apuramento para fases finais e tal aconteceu para o Mundial de 1966 - em cuja fase em Londres Américo ficou de fora, pela proteção aos do sistema BSB – tendo mais tarde o selecionador reconhecido o erro, pois com Américo Portugal poderia ter conseguido muito mais que o 3º lugar obtido).

- Distinções Desportivas: Baliza de Prata” (da Agência Portuguesa de Revistas, por ser o guarda-redes com menos golos sofridos no Campeonato Nacional de 1963/64, “Óscar da Quinzena” (da RTP), em 1964; “Prémio do jornal O Porto”, 1965; “Troféu Pinga”, em 1966 (máximo galardão do FC Porto, antecessor do Dragão de Ouro); “Medalha de Ouro Ao Mérito” da Federação Portuguesa de Futebol (por ter feito parte dos 22 Magriços na campanha do Mundial de 1966); “O Melhor do Ano” (escolha do programa radiofónico “Escolha o seu Ídolo”), em 1967; “O Melhor Desportista do Ano”, do jornal O Norte Desportivo, 2 vezes, em 1967 e 1968; "Prémio Imprensa", da Casa de Imprensa de Lisboa; “Prémio Somelos-Helanca”, do jornal A Bola, em 1968; “Dragão de Ouro-Recordação”, em 2017.

- É uma das lendas do grande clube FC Porto, com placa alusiva no passeio da fama junto ao pavilhão Dragão Arena...


- ... e está imortalizado no Museu do FC Porto por uma estátua no cimo do autocarro da AT "Destino: Vencer".

 

- Cidadania e Distinção Social: Depois de acabar a carreira de Desportista, como cidadão foi Presidente da Junta de Freguesia de São Paio de Oleiros (concelho da Feira), sua terra de residência (desde 1957), escolhido em 1976 como 1º Presidente eleito, ou seja após o 25 de Abril de 1974, e depois reeleito, tendo exercido como responsável autárquico o cargo de representante máximo dessa freguesia durante dois mandatos, em 6 anos  (sendo que ao tempo cada Exercício era de 3 anos). Sucedendo mais tarde ter sido distinguido por seus serviços com a  Medalha de Mérito da Vila de São Paio de Oleiros - Grau Máximo - Medalha de Ouro, na respetiva edição de 2015.

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Nesta alongada narrativa, algo extensa por natural mérito de sua imagem, por quanto sobre ele nunca nada será demasiado e até ficar sempre muito por dizer, por mais que se diga ou escreva, fica assim aqui em jeito de homenagem esta crónica. Tomando o todo clubista pela parte personalizada, como que uma saudação do FC Porto complemente um abraço afetivo de adeptos Portistas, e deste seu amigo e admirador, autor destas lembranças. 

Abraço de Parabéns, sr. Américo !
Armando Pinto

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