terça-feira, 30 de maio de 2023

De vez em quando… entre livros da biblioteca portista: “O Dicionário Língua Portuguesa Futebol Clube do Porto”

Mais um livro que figura na biblioteca pessoal do autor destas linhas, desta vez um livrinho pequeno e de índole diferente, mas com a chancela oficial do FC Porto. “O Dicionário Língua Portuguesa Futebol Clube do Porto”, publicado em 2010 pela Porto Editora (que também publicou então outros idênticos mas com os nomes de Benfica e Sporting). Em cuja SINOPSE, deste livrinho de bolso, o “Dicionário Futebol Clube do Porto” é apresentado como “DICIONÁRIO DO PORTO”, publicado «em parceria com o Futebol Clube do Porto». Sendo que «Este dicionário, produto oficial licenciado, contempla as novas regras do Acordo Ortográfico e proporciona aos adeptos, sócios e desportistas do Porto uma obra de referência para o dia a dia. Exprimir-se corretamente em português será, a partir de agora, uma prova de amor à camisola.» Ou seja, podendo funcionar como um auxiliar de consulta, no caso quando se escreve algo sobre o FC Porto, porque quanto a escrever mal já basta o que aparece sobre o grande FC Porto em publicações afetas aos adversários. Ah... E é cada confusão entre q e k, há e á, mesmo até ao acento em à... Enfim!

Está pois na estante pessoal, também, este útil meio linguístico, com a atualização da escrita da língua portuguesa sob as normas do acordo ortográfico vigente e com o qual se escreve agora corretamente em português. Com o qual também eu até concordo, ou dizendo de outro modo, por acaso nem estou em desacordo, especialmente porque não gostava de ter de se escrever, como antes acontecia, com letras que não se podiam ler. E não fiquei agarrado à antiga forma de escrita, mesmo por saber que ao longo dos tempos a língua portuguesa já teve diversas e sucessivas alterações na sua grafia, naturalmente com ideia de melhoria gráfica e de entendimento.

Ainda há tempos li algures um comentário, com o qual concordo plenamente, que se exprimia mais ou menos assim:

As línguas e a sua escrita são vivas e não um conjunto ancestral de regras imutáveis ao longo dos séculos. Se assim fosse, era correto escrever no presente, por exemplo, "pharmacia", tal era a antiga forma escrita de farmácia, e muitas outras palavras como se escreviam no início do século passado. Assim como até ao acordo se escrevia “baptismo” para se ler “batismo”. Etc. e tal. Continuando ainda a escrever-se outras como se liam e continuam a ler, quão por exemplo facto (ocorrência) e fato (vestuário), contrariamente ao que por vezes se ouve. Considere-se pois que o desafio para a língua portuguesa é manter a sua unidade como língua nos países hoje conhecidos como países de língua portuguesa, sem que a língua escrita em Portugal perca posição. Tal qual não se vislumbra nenhum benefício futuro em tomar uma posição que isole a língua portuguesa como dialeto falado por cerca de 10 milhões, permitindo que a língua brasileira conquiste o estatuto autónomo da sua língua e a língua portuguesa perca significado pelo reduzido número de falantes. Como tal é mais que evidente dever considerar-se que o futuro da nossa língua está mais ameaçado pela crescente fraca qualidade média no modo como se fala e escreve, do que por qualquer acordo ortográfico que alguns teimam em desacordar.

Assim sendo, tem pleno cabimento esse livrinho publicado em 2010 e que, como tem alusão de afinidade ao FC Porto na sua conceção, fica também bem aqui na biblioteca pessoal e particular.

Armando Pinto

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