quinta-feira, 19 de outubro de 2023

Efeméride do nascimento de Maria Amélia Canossa

No dia 19 de outubro de 1933 nasceu no Porto Maria Amélia Canossa, a depois cantora Rainha da Rádio Portuguesa e que em 1952 deu voz ao Hino do Futebol Clube do Porto, cantado pela primeira vez no Coliseu do Porto, com apenas 18 anos.

Mais tarde, já durante a presidência de Jorge Nuno Pinto da Costa, em 1985, chegou a ser gravado um disco com uma canção intitulada "Hino Futebol Clube do Porto" com letra de um portista, António Tavares Teles, e musica dum benfiquista, Tozé Brito, na ideia de colocar na letra do hino o nome "Dragão". Como aliás ficou na capa, dos discos e das cassetes chegadas ao público, a imagem oficial com que nesse tempo eram ilustradas as publicações do clube. E inclusive foi esse tal hino ouvido durante algum tempo no estádio das Antas em dias de jogos, pelo menos. Mas esse não vingou nem ficou a valer, apenas resta como lembrança e consta dos arquivos sonoros e gráficos.

Continuou, pois e depois, a ser Hino do Futebol Clube do Porto o original, cantado originalmente pela D. Maria Amélia Canossa.

É assim mesmo Maria Amélia Canossa a voz histórica do Hino do FC Porto. Faz então agora, em 2023, 90 anos que ela nasceu. (Tendo  depois, com 88 anos, falecido em janeiro de 2022.)

Nesta data, em que se fosse ainda viva fisicamente faria então 90 anos, e como continua viva na Memória Portista, aqui é recordada, evocando-se sua memória. A "Sempre nossa Maria Amélia Canossa". Cuja melodiosa voz deu ser ao Hino do Futebol Clube do Porto. Algo que a distinguiu entre as mulheres portistas. 

Para a história ficou sempre ligada à canção heroica que é Hino do FC Porto: 

 Na madrugada de 31 de março de 1952, no silêncio dessa hora de sossego, mediante as melhores condições acústicas de registo musical, nesse tempo, e com ideia na aproximação da inauguração do estádio das Antas, Maria Amélia Canossa prestou-se a gravar o hino do FC Porto, no Teatro de S. João, em pleno centro urbano do Porto. Com letra de Heitor Campos Monteiro e música de António Figueiredo de Melo, o hino do FC Porto tem longa história, enquanto continua a ser tema que soa bem quando as sagradas camisolas das listas azuis e brancas entram em campo no dorso dos representantes da família portista.

E além do Hino, também a Marcha do Futebol Clube do Porto...


O Hino do Futebol Clube do Porto é o heroico canto oficial do Futebol Clube do Porto. Foi originalmente composto em 1922, com letra da autoria do escritor e dramaturgo Heitor Campos Monteiro (que depois em 1953 seria Presidente da Assembleia Geral do FCP e desde 1998 dá nome a uma rua da cidade do Porto, na freguesia de Paranhos) e música composta pelo maestro António Figueiredo e Melo (primo de António Augusto Figueiredo e Melo, que viria a ser presidente do FC Porto em 1931), então regente na década de cinquenta da Banda do Asilo Profissional do Terço, tendo depois executado o hino em público pela primeira vez. Posteriormente, então em 1952, o hino do FC Porto foi interpretado e gravado pela cantora Maria Amélia Canossa.


A então jovenzinha Maria Amélia Canossa era voz conhecida das ondas saídas da rádio, assim como cara conhecidíssima já nos palcos dos espetáculos de variedades, como cantora famosa. Tendo até em julho de 1951 sido eleita a Princesa da Rádio nortenha (ao tempo com apenas 17 anos). Havendo entretanto estado na frente da realização duma campanha de espetáculos com receitas a reverter para angariação de fundos tendentes a ajudar ao pagamento da construção do estádio das Antas.


Com efeito, a noite de 31 de março para 1 de abril de 1952 foi agitada num mítico sítio da cidade do Porto, como aconteceu no Teatro Nacional de São João, com as horas calmas da antecâmara de novo dia a prestarem-se ao registo histórico da composição que ficaria como símbolo da mística do grande Futebol Clube do Porto. Havia aí chegado a altura de, pela primeira vez, ser gravado o Hino do FC Porto, composto 30 anos antes.


Assim, a obra harmoniosa de António Figueiredo e Melo, e expressa poeticamente por Heitor Campos Monteiro, ganhou vida pela voz de Maria Amélia Canossa, que completou o trio responsável por exponenciar a música do “clube da cidade que na história deu o nome a Portugal”. Na altura, tinha apenas 18 anos a cantora, como tal, apresentada e conhecida como «É do Porto e sempre nossa, Maria Amélia Canossa»!


A gravação ocorreu, então, durante a madrugada, no palco do teatro, após uma sessão de cinema noturno. Tendo os trabalhos de início da gravação começado ainda na noite do dia 31, antes da meia-noite, e entrado depois pela noite dentro, às primeiras horas do dia ainda por raiar. O maestro João Calvário dirigiu os trabalhos que terminaram pelas 5 horas. Enquanto o Porto dormia, o Hino foi passado para a fita magnética. Uma decisão que não foi apenas de agenda, pois apesar da boa acústica da sala, era necessário esperar que a cidade mergulhasse no sono para gravar o hino sem perigo de ruídos exteriores.


E o Hino foi depois ouvido na inauguração do estádio, na festiva tarde de 28 de maio, em pleno ambiente da novidade que era à época o novo recinto desportivo do FC Porto, o estádio das Antas.


Desde então passou a ser tocado em aniversários e outros eventos do clube azul e branco, bem como durante a entrada das equipas em campo sempre que o FC Porto joga em casa. Tal como é, à imagem da composição Portuguesa para os portugueses em geral, o Hino de Portugal, também o épico Hino do FC Porto é a música que mais toca ao sentimento Portista e representa o que é a sublime representatividade do colosso sócio-desportivo FC Porto.


O Hino do FC Porto depois disso teve algumas diferentes versões entoadas por diversos artistas portistas (como já aconteceu em programas de televisão, como lembra uma vez do Miguel Guedes, e até na inauguração do Estádio do Dragão, em 2003, pela voz da Isabel Silvestre, bem como mesmo nas Galas dos Dragões de Ouro no Porto, através de artistas convidados), mas no registo da voz da Maria Amélia Canossa tem a pureza dos cânticos litúrgicos, como água pura corredia que satisfaz a sede de ternura. 


Como entretanto, em 2009, já voltou a ser ela a cantar o Hino do FC Porto na inauguração do pavilhão Dragão Caixa (agora Dragão Arena).
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Além do Hino, também foi entoado na sua timbrada voz, igualmente, a Marcha do Futebol Clube do Porto.  Canção com que deu a cara e a voz nos espetáculos de angariação de fundos para a construção do Estádio das Antas, que tiveram lugar na nave central do Palácio de Cristal. Tendo sido aí que germinou essa tão cantada Marcha do FC Porto, de que também foi intérprete: " ... Porto, Porto, Porto, és a nossa glória, dá-nos neste dia, mais uma alegria, mais uma vitória"!

Era a sempre nossa Maria Amélia Canossa mesmo uma pessoa especial, muito apreciada, para além de sua bonita voz que entrava bem dentro de nossos sentidos. 

Na oportunidade juntam-se mais alguns dados memorandos sobre a “sempre nossa Maria Amélia Canossa” (como era apresentada apoteoticamente em palco na apresentação do Hino do FC Porto aquando do surgimento por ocasião da campanha para a construção e seguinte conclusão do estádio das Antas; qual genérico que deu título ao livro que sobre ela foi escrito, mais tarde.


Mais também, é ainda tempo de a lembrar através de mais testemunhos. Desta vez por escritos que ficam a fazer memória de sua ligação ao mundo portista, como foi o caso da mais célebre entrevista, publicada na revista Mundo Azul.

Assim sendo, transcreve-se aqui essa sua mais sintomática entrevista publicada num dos órgãos informativos ao tempo do FC Porto, por acaso também a mais atualizada, publicada na revista Mundo Azul, do Conselho Cultural do FC Porto, em seu número 9, ano 1, de novembro de 2009.


Armando Pinto

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