quarta-feira, 6 de março de 2024

Lembrando Américo Lopes no aniversário da Clínica que fundou – (em) “Boa Hora"!

 

A 6 de março de 1989 Américo, o antigo guarda-redes “Baliza de Prata” do FC Porto, fundou uma clínica médica a que deu nome de “Clínica Boa Hora”. Então criada oficialmente no dia de calendário em que uns bons anos antes, no ano de seu nascimento, em 1933, ele havia sido registado civilmente e como tal ficou a constar primeiro na Cédula, como era mais usual nesse tempo, e depois no seu Bilhete de Identidade.

= Américo com a "Baliza de Prata", troféu instituído pela Agência Portuguesa de Revistas e que Américo ganhou logo no primeiro ano de sua existência, como guarda-redes que menos golos sofreu em 1963/1964.

Efeméride esta, da fundação respetiva, que se refere apenas por iniciativa pessoal com intenção de enaltecer a vida e obra do “Américo do Porto”, através de mais essa sua faceta.

Não foi à toa a ideia desse dia, sendo o dia 6 de março, então, mais associado na documentação como dia de seu nascimento, embora tenha na realidade nascido a 27 de fevereiro, dia em que festejava seu aniversário natalício. Facto derivado de seu pai o ter registado dias depois da data verdadeira, como à época acontecia para não ser paga uma multa por atraso fora de prazo. Mas para efeitos legais e oficiais contava o dia 6 de março, como tal. 


Então, passados anos, cerca de vinte anos depois de ter acabado a carreira de futebolista (em 1969) e, depois de ter tido outras casas comerciais de diferentes ramos de negócios, e quando contava já 56 anos de vida, Américo Lopes lançou-se com novo e definitivo empreendimento, tendo fundado em 1989 uma clínica médica, em boa hora e a que deu o nome precisamente de Boa Hora  pelo seu bom nascimento e destinada a ser para boa hora de quem de seus cuidados precisasse. Como se tem verificado. Desde então, a partir desse dia 6 de março. Honrando sobremaneira a terra afetiva, São Paio de Oleiros, com essa dotação da Clínica que muito prestigia a vila.

Américo Ferreira Lopes teve  um percurso profissional interessante: em jovem trabalhou com o pai, que tinha uma fábrica de cortiça, na sua terra natal, em Santa Maria de Lamas. Depois, além de jogador de futebol, Américo ainda no início da carreira futebolística teve uma sociedade comercial de venda de motos, no Porto, com António Teixeira, José Maria Pedroto e Carlos Vieira, colegas futebolistas mais velhos. Depois teve uma confeitaria em Espinho e uma fábrica de pastelaria. Mais tarde, já após o Mundial de 1966, estabeleceu-se com a Casa Magriço, de venda de artigos desportivos, com duas lojas no Porto. Negócio que teve enquanto futebolista profissional e depois ainda, após ter acabado a carreira tutebolística. Entretanto ainda teve negócios relacionados com construção civil. E por fim fundou e dirigiu a Clínica Boa Hora, na terra de sua residência, em São Paio de Oleiros (também de seu concelho de Santa Maria da Feira). Sempre com visão empresarial de acautelar o seu futuro e de seus familiares mais chegados. Havendo depois, já em idade avançada, passado a clínica a sua afilhada, como pessoa de confiança e que aceitou, para dar continuidade a tal empreendimento.

Américo, além de ter sido um histórico guarda-redes de futebol do Futebol Clube do Porto e internacional pela Seleção Nacional, foi importante cidadão de Santa Maria de Lamas, onde nasceu em 1933 e teve residência até casar, mas também e vincadamente de São Paio de Oleiros, onde residiu a partir de 1957. E aí viveu até falecer e repousar por fim no descanso eterno, em 2023. Tendo esta sua terra afetiva sido deveras mais conhecida pelas referências dele ali ter vivido. Como curiosamente, no caso pessoal, foi por isso que tive conhecimento da mesma, a ponto que numa época a que eu presidia a uma instituição da minha terra, a Casa do Povo da Longra, aqui do concelho de Felgueiras, e no âmbito das respetivas atividades associativas fundei um Rancho Infantil e Juvenil (em 1994) a fazer parte da mesma instituição, como extensivamente organizava anualmente um Festival Folclórico, convidei para participar num desses encontros etnográficos, entre os Ranchos de cartaz, um congénere agrupamento de S. Paio de Oleiros (em 1999). Enquanto isso, como era a título de permuta, na resposta de troca então pela primeira vez pude (em 2000) ir à terra do sr. Américo, na ida ao Festival desse Rancho, existente ao tempo (agora nem sei, mesmo porque entretanto já passei a pasta dessas e outras funções de cidadania ativa). Tal como foi por me chamar a atenção, pelo nome da terra, onde vivia o sr. Américo, que um dia eu tive conhecimento e visitei o Presépio Gigante do “Cavalinho”, também existente por esse tempo e ainda durante mais anos…  

= Américo no dia em que foi homenageado, em 2015, pela Junta de Freguesia de São Paio de Oleiros com a Medalha de Mérito da mesma autarquia local, de que ele em tempos foi Presidente durante dois mandatos.

Agora, passado já algum tempo de seu falecimento, ocorrido no outono do passado ano de 2023, quando estava com 90 anos, e agora que passam 35 anos de sua criação da Clínica Boa Hora, em homenagem a tudo o que representa a vida de Américo, o grande guarda-redes do FC Porto e da Seleção Nacional, aqui se evoca sua obra na efeméride da fundação de sua Clínica. Respigando algumas passagens de entrevistas publicadas em jornais e revistas, em cujas conversas foi intercalado o tema da sua Clínica.

= A partir da esquerda: Barrigana, Vítor Baía, Américo e Acúrcio!

Assim, na revista “A Bola Magazine”, no seu número de setembro de 1990, em entrevista aos 3 grandes guarda-redes do passado da História do FC Porto, Barrigana, Acúrcio e Américo, junto com o então titular e jovem Vítor Baía, sendo Américo o mais novo dos antigos,  ficou feita logo referência a sua clínica, fundada no ano anterior, em 1989.

Isso, ao mesmo tempo que na mesma revista nesse tempo de publicação extra do jornal A Bola, Américo rememorou ainda, sobre a Campanha da Seleção Nacional dos "Magriços" no Mundial de 1966 em Inglaterra;

Depois e entretanto, em 1992, aquando do jogo Sporting-FC Porto para o Campeonato Nacional de futebol da 1ª Divisão da época de 1991/1992 (que o FC Porto acabaria no dia seguinte por vencer, por 2-0, no antigo estádio de Alvalade), Américo foi entrevistado no jornal A Bola como representante histórico do FC Porto na véspera da realização desse clássico em Lisboa. Tendo sido fotografado precisamente em frente à Clínica, como ficou registado, vendo-se em fundo o “reclame” (painel publicitário da respetiva sinalética) da própria Clínica. Tinha ele aí 57anos.  

Por fim, quanto a este tema, em 2000, no ano de viragem de século, contando ele então 67 anos, Américo foi figura no caderno destacável do jornal O Jogo, sob tema de “Memórias do meu século”. 

Em cuja entrevista, ao longo de quatro páginas inteiras, o “guarda-redes eterno” desfiou suas contas do rosário de memórias. De onde se recorta uma pequena parcela, da parte referente à sua Clínica.



Passam agora, em 2024, já 35 anos desde aquela realização em que Américo voou noutra área de vida, como antes voava para a bola, diante das áreas das balizas.

Armando Pinto

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