Heitor Campos Monteiro foi em 1922 o autor do poema que
passou a ser a letra do Hino do FC Porto. Hino depois gravado em disco em 1952,
cantado na voz de Maria Amélia Canossa. Mais tarde, em 1953, Heitor Campos Monteiro
foi também Presidente da Assembleia Geral do FC Porto e durante algum tempo ainda colaborador do jornal O Porto, nesses idos anos da década de
cinquenta.
Filho do escritor do Nordeste Transmontano Abílio Adriano de Campos Monteiro,
que veio para o Douro Litoral e se instalou em S. Mamede de Infesta, aí nasceu no
concelho de Matosinhos o filho, Heitor, também dedicado às letras, mas, como
figura da cidade do Porto, sobretudo ligado às cenas descritivas de espetáculos,
incluindo a parte humorística. Contudo sobressaindo a sua veia poética, como fez furor popular em letras de cantigas de filmes; e ainda no mundo portista, quer com o hino, como outros poemas ao longo de alguns anos. Conforme no tempo da inauguração do estádio das Antas um seu poema foi ilustrativo do sentimento da passagem do campo da Constituição para as Antas.
Como escritor de tarimba Heitor Campos Monteiro foi também jornalista e diretor de várias publicações periódicas. Havendo começado cedo, pois já aos 12 anos de idade dirigia o jornal infantil ‘A Criança’, tendo começado aí a expressar um talento que o levaria a participar em diversos projetos jornalísticos. Tal como em 1916, 1921 e 1924, dirigiu as revistas literárias O Flirt, Céu Azul e Labareda. De colaboração com Arnaldo Leite, Carvalho Barbosa, e, posteriormente, com seu irmão Germano de Campos Monteiro, dirigiu o semanário humorístico “Maria Rita”. Após a morte de seu pai, e com a mesma parceria com seu irmão, dirigiu o magazine “Civilização”. De permeio com outras lides literárias, tendo-se consagrado como autor de contos, crónicas e versos humorísticos reunidos em livros. Tendo o seu primeiro trabalho literário sido um livro de versos humorísticos, intitulado “Retrato-Esboço”, seguindo-se-lhe os volumes de contos e de crónicas “Tribunal dos Pequenos Delitos”, “Um ar da minha graça” e “Telha Nacional”. De colaboração com Arnaldo Leite, escreveu a revista “Ò meu rico S. João” e as operetas “O Pardal de S. Bento” e “O Farol da Boa Nova”, bem como publicou, de colaboração com seu irmão, o médico Germano Campos Monteiro, a comédia em 3 atos “O Inocêncio em Pessoa”. Traduziu ainda algumas obras de humoristas franceses. Enquanto também escreveu para teatro de revista e peças de comédia, bem como para cinema. Havendo ficado sua marca nas letras entoadas no filme "A Costureirinha da Sé" (de Manuel Guimarães, em 1959, com Heitor Campos Monteiro e Arnaldo Leite na ficha), assim como teve outros trabalhos adaptados ao grande ecrã. Por fim foi homenageado com seu nome em duas ruas, uma na cidade do Porto e outra em S. Mamede de Infesta-Matosinhos.
Ora, aquando do centenário de seu nascimento, em 1999,
foi-lhe dedicado um artigo na revista O Tripeiro, numa crónica da autoria de
Ercílio de Azevedo. Curiosamente dando ênfase à sua vertente de humorista, mas,
ainda que de leve, referindo também a autoria dos versos do Hino do FC
Porto. Dando isso para aqui se lembrar esse grande poeta, dramaturgo e escritor
versátil que, depois de tudo, ficou na história como autor da poesia do Hino do FC Porto.
Quão se partilha em jeito de homenagem.
Armando Pinto
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