domingo, 24 de junho de 2018

Curiosidade histórica dum “Referendo” também no FC Porto... Há muitos anos!


Estando na ordem do dia a “Assembleia destuitiva” do Sporting que, em pleno dia e noite de arraiais da festa popular do S. João, teve lugar em Lisboa, com clareza de resultados, vem a propósito uma lembrança, visto a mesma, porém, contrariamente ao que aparece em certos quadrantes, não ser historicamente com a maioria que anda referida, como sendo a maior diferença de sempre entre clubes. Obviamente que teve grande afluência de associados sportinguistas, segundo os números verificados e pelo que toda a gente se apercebeu durante o dia em que os canais televisivos se fartaram de fazer campanha, mas há que dar lugar também à verdade, em tudo.


Naturalmente situações do género não são boas, no fim de contas, e o que se passa num clube deveria só dizer respeito às pessoas afetas ao mesmo clube. Ficando a sensação de haver algum gato escondido com rabo de fora ("aqui há gato"!), como se diz popularmente, tal o interesse do caso ter sido maioritariamente comentado na comunicação social por adeptos adversários. Mas com isso podemos nós, os doridos que se doam, como se diz também. Vindo para aqui esta referência, apenas, por motivo de comparação histórica.


Vem assim a talhe lembrar uma ocorrência passada há já muitos anos no FC Porto. Quando, após o que aconteceu em 1969, ainda vivo na memória dos conhecedores da história do clube, pairou algum ambiente de crítica entre a massa associativa portista, dividindo-se em certa medida as opiniões nos adeptos e simpatizantes, com os sócios a terem sido chamados a manifestarem se queriam ou não a continuidade da Direção. Estava-se em 1970, dentro do chamado período da primavera marcelista no país. Acontecendo então o “Referendo” que ficou para a história, com concludente vitória da Direção presidida por Afonso Pinto de Magalhães. Que se manteve então à frente dos destinos do FC Porto mais algum tempo, até não se ter recandidatado mais tarde, vindo posteriormente a ser substituído pelo Dr. Américo Sá em 1972.


É claro que a afluência às urnas do Sporting na época sanjoanina de 2018 foi superior, por números concludentes, mas enganando na prática – por no clube leonino (tal como no Benfica, em modo do antigo sistema BSB) os votos não contarem por pessoa mas por número de anos de filiação, em vez de ser como na lei do país e pelos estatutos do FC Porto, por exemplo, em que cada cidadão eleitor e cada sócio, respetivamente, vale um voto por pessoa e todos têm direitos iguais. Contudo em percentagem, que é o que vem ao caso, a diferença no Referendo do FC Porto de 1970 foi de 92, 5 % !

Como ilustração e documentação anexa-se imagem e página do livro “O Homem-A Obra” e extensivamente juntam-se excertos da primeira e última página do jornal O Porto de 11 de abril de 1970, na edição seguinte ao referido plebiscito portista do dia 4 desse mês.


ARMANDO PINTO
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1 comentário:

  1. Entrado na caixa deste post mais um comentário anónimo do leitor anónimo que há muito identifico e ele sabe que sei quem é… vou comentar por respeito ao mesmo, sabendo que é leitor assíduo e apreciador deste espaço, também.
    Assim registo sua apreciação, em parte.: « “...lembrar uma ocorrência passada há já muitos anos no FC Porto(..) ainda vivos na memória dos conhecedores da história do clube”. Refere-se a 1969 com a perca de um titulo e a responsabilidade de alguém que hoje ainda é idolatrado. Mas com verdade! Mas também mais recente o “Verão de 1980”. Pelo menos seriedade e memória teremos!»
    Ora, como referi ser em parte apenas o que merece registo, relembro que o caso do verão quente das Antas de 1980 foi totalmente diferente, já que não teve qualquer referendo, nem tendo havido então hipóteses de voz aos associados. Inclusive tentando tirar possibilidades de contraditório a adeptos quaisquer que fossem – como se passou com o autor deste blogue, que na ocasião deixei de ser colaborador do jornal O Porto por não pactuar com a censura de que fui vítima no jornal do clube por apoiar Nuno Pinto da Costa. E não estava só, afinal, pese haver quem se deixou ir na onda dos jornais A Bola, Record e Gazeta… Tanto era que os sócios do FC Porto maioritariamente estavam contra a tomada de posição da direção do Dr. Américo Sá, a fazer vénia aos clubes de Lisboa a mando do seu chefe partidário Freitas do Amaral, que logo que se deparou uma oportunidade, passadas duas épocas desportivas frustrantes…. (como se viu) logo que os sócios se puderam manifestar elegeram Pinto d Costa para presidente, levando ao regresso do treinador Pedroto e do goleador Fernando Gomes.
    Com abraço portista de sempre
    Armando Pinto

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