domingo, 29 de julho de 2018

Falecimento de Branco, antigo guarda-redes de hóquei em patins no FC Porto e no Académico


Morreu o Branco. Ouço em notícia transmitida ao telemóvel por pessoa amiga, que quando sabe de alguma coisa relevante relacionada com o hóquei do Porto de tempos idos me vai informando, entre conversas de amizade que perdurou dos tempos em que ele também jogou hóquei patinado no FC Porto e sabia da existência dum entusiasta pelo hóquei portista, que era eu.

Pessoa, esse ele, que posso até dizer quem é, pois não deve levar a mal, antes merece que lhe agradeça publicamente a sua amizade e disponibilidade - o meu amigo Fernando Barbot, antigo hoquista, que foi campeão europeu de juniores, tendo feito parte da seleção portuguesa triunfante no Campeonato da Europa de 1969, disputado em Vigo, na Espanha. Havendo assim, junto com Cristiano, Castro e António Júlio, sido um dos quatro primeiros campeões europeus de juniores do FC Porto e um dos três primeiros formados no FC Porto. Sim, no universo de todas as modalidades, pois até então nenhum atleta do FC Porto conquistara um título europeu nesse escalão, e mesmo a nível sénior só os futebolistas Hernâni, Arcanjo e Barbosa tinham sido campeões pela seleção militar, vencendo o Torneio Internacional Militar em 1958, com equipas de nações da NATO (enquanto o título conquistado na seleção portuguesa de juniores pelos futebolistas Rui e Serafim, não terá esse estatuto, visto o Europeu de 1961 ser então chamado de Torneio da UEFA). Ao passo, voltando ao tema da apresentação e justificação, que a amizade e admiração mútua vêm desde os tempos em que ele, Fernando Barbot, filho, jogava nos juniores e seu pai, de quem herdou o nome igual, era então o senhor Fernando Barbot dirigente carismático do hóquei. Formando família muito ligada ao hóquei da era de implantação da modalidade dos patins no Norte do país (pois, tal como o filho mais velho, também o segundo, Luís Barbot era júnior nesse tempo e o mais novo, João Paulo Barbot, jogava na equipa de juvenis que deu o primeiro título nacional de hóquei em patins ao FC Porto). Pois bem, o Fernando, filho, que depois ainda foi sénior no FC Porto e mais tarde também jogou no Académico do Porto e no Candal, vai assim informando aqui o autor deste blogue por admirar o que eu vou fazendo, segundo me diz, ao jeito de como eu admirei o que esses jovens dos anos sessentas e setentas fizeram pelo hóquei do FC Porto de que eu gostava. Tal como Américo, Pinto, Festa, Nóbrega, Pavão, e outros, faziam pelo futebol, e uns Mário Silva, Sousa Cardoso, Ernesto Coelho, Joaquim Leão, Cosme Oliveira, Gabriel Azevedo, Joaquim Freitas, José Pinto,  e outros também, faziam pelo ciclismo, por exemplo. Só que do hóquei fiquei mesmo com amizades desses tempos (embora do futebol mais tarde tenha ganho conhecimento pessoal com o Américo, meu ídolo de infância, e tenha sido muito amigo do também guarda-redes Armando Silva; e, do  ciclismo dessas eras seja agora também amigo do Ernesto Coelho e do Gabriel Azevedo, por exemplo, entre casos que não vêm ao caso, por assim dizer). Isto para dizer que felizmente ainda vai sendo possível ir sabendo novidades, boas e menos boas, mas sabendo coisas, por via dessa boa e velha amizade.


Ora, voltando ao fio da meada, o Fernando Barbot deu-me então essa notícia, desta vez. Que tinha morrido o Branco. E logo me veio à ideia que se tratava dum antigo guarda-redes de hóquei que jogou no FC Porto era eu ainda rapazinho, tanto que era o guardião do tempo em que eu, menino e moço, comecei a ter conhecimento da evolução repentina do hóquei do FC Porto com os então jovens Cristiano e Hernâni Martins a reforçar o lote da equipa que tinha Alexandre Magalhães, Leite, Valentim, etc. Aos quais mais tarde se juntaram José Ricardo e José Castro, vindos da Madeira. Tudo isso e mais conforme passara a saber pela leitura do jornal O Porto e a ouvir pelos relatos radiofónicos do ao tempo popular “Norte Reunidos” (Emissores do Norte Reunidos). Pois o Branco foi nome que logo me chamou a atenção precisamente por esse tal nome, que não era normal. Assim a modos que em tempos a Espanha teve um guarda-redes chamado Largo, coisa que eu soube por meu pai me contar, porque uma vez o meu irmão mais velho, então criança de pouca idade, ao ouvir no relato da rádio um golo marcado à Espanha pela seleção portuguesa de hóquei se saiu com um dito que meteu graça a muita gente, ao dizer (festejando o golo) que o Largo ficou estreito.

Assim sendo, o Branco não mais me passou despercebido, apesar de depois ter ido defender para o Académico do Porto, quando o Brito, que se formara no FC Porto e entretanto passara pelo Académico, onde jogava ainda quando em 1968 foi segundo guarda-redes da seleção portuguesa que conquistou o Campeonato do Mundo no Porto, por fim regressou ao FC Porto, em finais dos anos sessentas (mais precisamente no final da época de 1968, a pontos de ter feito já parte da equipa portista que venceu o Campeonato Metropolitano em 1969). Mas curiosamente, enquanto depois o Brito deixou de ser frequente na seleção portuguesa, a não ser em episódicas convocatórias, como aconteceu para os Jogos Mundiais; já o Branco chegou a ser selecionado depois e quando jogava no Académico foi também segundo guarda-redes na seleção nacional. Num género parecido com a recente chamada à seleção de Vítor Hugo Pinto, que enquanto esteve no FC Porto não era lembrado e agora que joga em Lisboa no Sporting já foi (tendo feito parte da equipa que esteve presente no Europeu de 2018).

= Branco na Seleção A de Portugal =

Branco, de nome mais completo José Manuel Branco, era um valoroso guarda-redes de hóquei em patins, portanto. Um madeirense que veio na dianteira de outros madeirenses que depois lhe fizeram companhia na metrópole, ou no continente português, como dizem. Tendo feito parte dum conjunto de conterrâneos que ainda andaram e se cruzaram também na cidade do Porto, em escalões e clubes diferentes nalguns casos, como nos lembramos do Branco, e dos Ricardo, Castro, Jorge Câmara e Januário. José Manuel Branco, que fizera parte da primeira equipa de hóquei do Marítimo, em 1957, jogou depois no FC Porto de 1965 a 1968, tendo a partir de 1969 passado a integrar a equipa do Académico. Em 1973 fez parte da seleção portuguesa vencedora do Torneio de Montreux e em 1974 foi Campeão Mundial também com a seleção portuguesa que venceu esse campeonato em Lisboa, no qual Cristiano foi o melhor marcador. Tendo em ambos os casos Branco feito parte da equipa nacional junto com Cristiano (o único hoquista do FC Porto durante muitos anos que ia à seleção A nacional). Entretanto, Branco atuou ainda no Ferrovia de Luanda, onde esteve pouco tempo, em 1974, devido aos acontecimentos derivados do 25 de Abril, tendo precisamente por isso o Mundial de 1974 não ter sido disputado em Luanda, como estava destinado. Após isso, com o título de Campeão Mundial, Branco abandonou a carreira e regressou à Madeira, onde ainda treinou equipas jovens do Marítimo episodicamente.

Branco faz parte da história do hóquei em patins português. Paz à sua alma.

ARMANDO PINTO

Post Scriptum:

Já depois de ter escrito e publicado este memorando de homenagem evocativa, e ao correr da escrita ter deixado percorrer memórias associadas, vi que também tinha uma mensagem de outro amigo a dar-me conta da mesma notícia. Através de informação no chat do facebook, enviada pelo também grande amigo Jorge Câmara, hoquista e inesquecível cicerone do célebre dia em que estive pela primeira vez ao vivo com os hoquistas do FC Porto, daquela vez em que a vitória sobre o Valongo me foi dedicada pessoalmente.

Porque durante tarde e noite de sábado andei absorvido com o mundo festivo do Dragão, presente na festa de apresentação do plantel de futebol, não tinha tido acesso ao meu computador, onde abro ligação à internet, já que o telemóvel para mim é mais para receber chamadas...

Assim sendo, registo mais esse outro meio de conhecimento, em sinal que, como poetou Pessoa, tudo vale a pena quando a alma não é pequena.

A. P.
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1 comentário:

  1. Agradeço o post que apresentou sobre o “Branco”, e apesar da tristeza da perda de um pai, há um conforto e distração pela felicidade de sermos de novo Campeões do Mundo de Hóquei em Patins 2019. Assinado: Luís Ricardo Branco (filho).

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