sábado, 20 de julho de 2019

Emídio Pinto e a sua vitória no Grande Prémio Vilar


Em 1958, ao correr o dia 20 de Julho, chegavam à meta final os ciclistas resistentes do Grande Prémio Vilar. Concluindo o percurso total de cinco etapas decorridas. Com o FC Porto a ser absolutamente dominador nessa edição do II Grande Prémio Vilar de ciclismo, encarado como uma prova de preparação para a Volta a Portugal. Na classificação coletiva, a liderança foi igualmente azul e branca. Na individual, os ciclistas portistas ocupavam os primeiros lugares, com Emídio Pinto destacadíssimo na frente.


Emídio Pinto correu ao lado de Onofre Tavares, Moreira de Sá e outros, até aos tempos de Sousa Santos, Artur Coelho, Carlos Carvalho, Sousa Cardoso, Mário Silva, etc.

Emídio participou pela primeira vez na Volta a Portugal em 1952 (ganha individualmente por Fernando Moreira de Sá) integrando a equipa do FC Porto que venceu coletivamente também, contribuindo então para a vitória por equipas junto com Amândio Cardoso, Luciano Moreira de Sá, Fernando Moreira de Sá, Joaquim Sousa Santos e Onofre Tavares.

O FC Porto dominava o panorama do ciclismo português, com conjuntos fortíssimos ano após ano. Como no Grande Prémio Vilar, em 1958. Dessa vez tendo entrado na corrida com Artur Coelho, Sousa Cardoso, Martins de Almeida, Carlos Carvalho, Carlos Pinheiro, Emídio Pinto, Azevedo Maia e Agostinho Brás. Havendo, entre eles, as etapas sido quase distribuídas, tendo (depois de António Catela, do Sangalhos, ter triunfado no circuito do prólogo no Porto), Sousa Cardoso vencido a etapa entre Porto e Tabuaço, Emídio Pinto a imediata entre Tabuaço e Porto, Artur Coelho a do Porto a Viseu e seguinte Viseu-Viseu, em contra-relógio, e Azevedo Maia a ligação de Viseu ao Porto. Após 669 quilómetros nas estradas, a vitória final ficou na posse de Emídio Pinto, detentor da camisola amarela dessa 2ª edição do Grande Prémio Vilar, disputado por etapas em período antecedente à Volta a Portugal.

(Havia-se disputado no ano antrerior a 1ª edição do Grande Prémio Vilar, em 1957, então apenas de um dia, em que se disputaram duas etapas, no final também ganho por Emídio Pinto, que assim em 1958 repetiu já com a prova mais alongada.)

= Parte de sua autobiografia, ao tempo em que participara em três Voltas a Portugal, contada na primeira pessoa ao jornal O Porto ...

Em tão categorizado grupo de ciclistas, como era constituída a equipa do FC Porto, entrando nas corridas umas vezes uns, outras vezes outros, dessa feita foi assim a Emídio Pinto que coube inscrever seu nome como primeiro vencedor e de seguida repetente desse Grande Prémio, prova que chegou a deter prestígio assinalável no calendário de provas do ciclismo nacional, havendo-lhe sucedido Artur Coelho, também do FC Porto, em 1959, e Alves Barbosa, do Sangalhos, em 1960. Tendo nesse ínterim sido os prestigiados Alves Barbosa (do Sangalhos) e Ribeiro da Silva (do Académico) que pela sua valia "impediram" que mais ciclistas do FC Porto houvessem triunfado na Volta, por esses tempos, como sucedeu com Sousa Santos, um dos seus mais diretos adversários, posicionado que ficou em segundo na Grandíssima Volta de 1955 e 1957, assim como Sousa Cardoso na de 1958 (este antes, portanto, da que venceu depois em 1960).

Emídio Pinto, que ficou em 2º lugar no Nacional de Estrada de 1955 e em 1956 ficara em 6° na Volta a Portugal, como em 1957 foi 2° na Volta Leon-França, assim como participou na Volta a Espanha de 1958 (e depois na Volta à Tunísia em 1959), entre outros resultados e prestações assinaláveis, era um dos grandes ciclistas do FC Porto. Fazendo parte de tal conjunto de corredores vestidos com a camisola azul e branca, dos quais qualquer um, como se dizia, podia vencer.

= Ficha da coleção Ases do Desporto, contendo algumas incorreções, comparativamente com os dados oficiais.

Mais tarde, o antigo ciclista desde os finais dos anos 40, entrando pela totalidade da década de 50 e parte inicial da de 60, continuou ligado ao ciclismo, destacando-se sobretudo entre 1964 a 2000 como técnico, chegando a diretor-desportivo e selecionador nacional de fama tal que era considerado o Pedroto do ciclismo; assim como foi conhecido por “Velha Raposa”, em apreço à sua inteligência tática do comando das corridas. Entre as diversas equipas que orientou teve realce no comando do conjunto do FC Porto nas épocas das Voltas a Portugal conquistadas por Manuel Zeferino e Marco Chagas.

«Treinou grande parte dos ídolos da modalidade desde que, em 1964, iniciou a sua profícua carreira como diretor-desportivo. Dos sucessos de Marco Chagas ao inusitado triunfo de Manuel Zeferino - com uma fuga de 12 minutos na Volta a Portugal de 1981, Emídio Pinto foi sempre uma figura de referência do ciclismo desde que terminou a carreira de ciclista - após 11 Voltas a Portugal - e se iniciou como treinador.


Nos anos em que esteve arredado das equipas, Emídio Pinto desempenhou cargos na organização da Volta a Portugal - na estrutura do JN - e sempre se notabilizou pela sua ligação afetiva ao F. C. Porto, clube no qual regularmente era saudado pelos adeptos aquando das jornadas futebolísticas no Estádio do Dragão.

Emídio Trindade Pinto, nasceu na freguesia de Santa Marinha, concelho de Vila Nova de Gaia, a 29 de Março de 1932. Como ciclista representou o Sangalhos e o F. C. Porto, tendo sido considerado, pelos seus adversários, um corredor temível durante a sua carreira de 1948 a 1960.»


Foi reconhecido como uma das Lendas do FC Porto na homenagem a grandes figuras portistas, aquando da inauguração do novo e atual pavilhão gimnodesportivo do FC Porto, então oficialmente apelidado de Dragão Caixa e atualmente conhecido por Dragão Arena (ou também Dragãozinho). Quando, em 2009, foram solenemente homenageados alguns nomes sonantes das diversas modalidades do ecletismo do FC Porto, quer em tributo dentro da cerimónia da respetiva inauguração, como entretanto ficaram seus nomes no passeio da fama defronte ao mesmo recinto das modalidades de pavilhão.


Emídio Pinto veio a falecer na noite da Consoada de Natal de 2011, com 79 anos, a 24 de Dezembro, vítima de falha cardíaca, em Candal, Vila Nova de Gaia, concelho de onde era natural.


Recordamos sua carreira por esta via, a propósito da lembrança da sua vitória no Grande Prémio Vilar de 1958. Com intercaladas e extensivas ilustrações, com a devida vénia, de respigos do jornal O Porto e da revista Dragões, mais a sua ficha na coleção Ases do Desporto, de 1960, e passagens duma entrevista na revista Bancada já como diretor técnico-desportivo.

Armando Pinto
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