José Maria Pedroto, que como jogador havia sido um dos ídolos da
geração dourada do FC Porto nos anos cinquentas, e que como treinador começara
nos juniores do seu clube também, passando por suas mãos uns Serafim, Neca Soares
dos Reis, Faria, Valdemar Pacheco, Rui, etc. (assim como entretanto treinou a seleção
nacional de juniores que venceu o Europeu de 1961), enquanto seguidamente como treinador de
seniores passou pela Académica e Varzim, depois disso chegou a treinador
principal do FC Porto no defeso da temporada de 1966, iniciando funções ao
começo dessa época futebolística iniciada no final do verão de 1966, para ir por
1967 dentro.
Então, após a preparação de pré-época, que como de costume meteu jogos
particulares e torneios de verão, além do tradicional e oficial Torneio Início
da A F Porto, começou as lides no banco dos responsáveis do FC Porto na 1ª
jornada do Campeonato Nacional.
À época, em virtude do clube das Antas estar em fase de
contenção e pelas limitações próprias da vida do país, o FC Porto apenas fizera
uma aquisição, reforçando o plantel com a vinda do brasileiro Djalma, avançado
que anteriormente dera nas vistas ao serviço do Vitória de Guimarães. Embora para
o efeito tenha prescindido do defesa Joaquim Jorge, que foi incluído no negócio
da mesma transferência, a somar à verba estipulada. Isso para além de entrada
de juniores promovidos a seniores, como eram Alberto, Silva, Sérgio e Rendeiro,
embora esses quase não passassem depois de jogos de reservas, como integrantes do
plantel principal do clube. E a própria equipa estava ainda a contas com
algumas baixas, sobressaindo a ausência forçada do guarda-redes titular Américo, a
cumprir ainda jogos de castigo da época anterior, por ter sido expulso no
Sporting-Porto da penúltima jornada da época finda – quando, aos 40 minutos
de jogo em Alvalade, estando o FC Porto a anular todos os ataques
sportinguistas, ele como capitão da equipa reclamou dum escandaloso penalti
inventado para desbloquear o resultado empatado quase até ao intervalo… nesse jogo
em que Américo estava a defender tudo, cotando-se como figura da tarde; e então depois já o Sporting conseguiu vencer, por 4-0 como poderia ser qualquer outro resultado, porque, não podendo
haver substituição, como era norma ao tempo, teve de ir para a baliza do Porto um
jogador de campo. Teve assim de ficar na baliza Carlos Manuel, polivalente defesa e médio defensivo (género quarto
defesa, ou líbero, como hoje se diz), a vestir a camisola de guarda-redes e a
postar-se entre os postes! Tendo inclusive o então treinador interino do FC
Porto, Virgílio Mendes, feito saber que o árbitro, João Calado, era um sportinguista
ferrenho, que ele conhecia demasiado por ser seu conterrâneo do
Entroncamento… Acabando depois, por aberrante decisão tomada pelas instâncias do sistema BSB, com Américo suspenso por diversos jogos (seis, mais precisamente); cuja vergonhosa medida se alongou às primeiras jornadas da temporada imediata. Pois o guarda-redes ainda cumpriu um jogo no último da mesma época, então a findar; e mais cinco na que se ia iniciar. Coisas de bradar do regime ditatorial desse tempo.
Pois assim, já com Pedroto ao leme e nesse cenário de fundo, ainda a tentar
minorar mazelas, o FC Porto iniciou o campeonato da época seguinte na Póvoa de
Varzim, diante do Varzim Sport Clube. E aí, a 18 de setembro de 1966, José
Maria Pedroto fazia a estreia como treinador principal do FC Porto, frente à
sua anterior equipa. Os Dragões venceram a formação local por 3-0, no arranque
do Campeonato Nacional da 1.ª Divisão, com dois golos de Djalma e pelo meio um
de Sidónio (na própria baliza). Tendo o FC Porto alinhado, nesse que assim foi o
primeiro “onze” do Campeonato com Pedroto
no comando da equipa: Rui; Carlos Manuel, Almeida, Rolando, Sucena, Pavão,
Carlos Baptista, Jaime, Djalma, Pinto e Nóbrega.
Como curiosidade acrescida, refira-se que essa equipa seria
precisamente a mesma que, ainda mediante as mesmas limitações, entrou em campo no
jogo seguinte, diante do Sporting, à 2ª jornada do Campeonato, em que o FC
Porto venceu no estádio das Antas o
Sporting por 1-0, com golo de Carlos Baptista a acertar contas. Sendo desse
jogo do clássico das Antas a foto de pose da equipa azul e branca, à boa maneira fotogénica de
então, nesse início de Pedroto como treinador principal do FC Porto.
Armando Pinto
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