Faz parte de nossas memórias da década dos anos sessentas
aquele alto defesa da equipa do FC Porto de nome futebolístico ALMEIDA, do
tempo de Américo, Festa, Atraca e outros, o João Almeida que, tal como o nome
indica no sentido dum dos ditos populares (referente à defesa da terra desse
nome, também, contra os inimigos), era jogador de “alma até Almeida”.
Almeida entrou muito jovem na equipa de honra do FC Porto e depressa ganhou galões de valor apreciável. De tal forma que mereceu ser-lhe dedicado um livro na coleção Ídolos do Desporto, uma pequena revista em formato de bolso, editada em Lisboa, que continha biografias dos ídolos desportivos da época, mas na qual quase que só eram contemplados desportistas de BSB (Benfica, Sporting e Belenenses, a modos como a Federação de Futebol era presidida regulamente, nesses tempos) e os poucos do FC Porto que foram furando a regra eram os que se salientavam muito entre os craques mais conhecidos do grande público.
Almeida foi do tempo em que o FC Porto era sistematicamente prejudicado por arbitragens mais que tendenciosas e os órgãos de escolha e poder punham de lado e deixavam para trás os valores e os interesses do clube azul e branco e dos seus atletas. Tanto que João Almeida, apesar de ser ao tempo um dos mais eficazes defesas que andavam no futebol português, só conseguiu ser internacional pela Seleção Militar...
... pois pelas seleções federativas, quer a Nacional B como a
A estavam reservadas para futebolistas do sistema BSB e, de permeio, alguns do FC Porto para
serem lembrados tinham de ser muitíssimos superiores a todos os outros. Tendo
Almeida chegado, por exemplo, a estar no lote dos pré selecionados para a
campanha dos Magriços do Mundial de 1966, mas no fim acabou por ficar em terra,
a ter de ver os jogos pela televisão, tal como aconteceu também com Jaime e
Nóbrega do FC Porto (enquanto dos 3 portistas que foram escolhidos, Américo,
Festa e Pinto, apenas um, Alberto Festa, jogou na fase final…
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João Luís Pinto de Almeida, de seu nome completo, nasceu em
Mafamude, Vila Nova de Gaia a 18 de setembro de 1943 (apesar de no B.I. contar
outra data, com que foi registado), estando oficialmente como fazendo anos a
25/9, mas é a 18/9 que na realidade festeja seu aniversário – devido aos pais só
o terem registado no Civil uns dias mais tarde, para não pagarem multas, como
acontecia ao tempo.)
Muito novo foi viver para a Póvoa de Varzim, onde a família se fixou. E foi na Póvoa que começou a jogar à bola, nas brincadeiras de rua, até que foi levado ao clube da terra e ficou. Iniciou-se então em 1959/60 no Varzim, nas camadas jovens, e como depressa deu nas vistas, foi transferido para o FC Porto em 1961/62 ainda júnior.
No equipa de juniores do FC Porto foi então treinado por Pedroto, e jogou com diversos valores em ascenção, junto com Rolando, Artur Jorge, Valdemar, Neca Soares dos Reis (o Soares dos Reis III), Vieira Nunes, Acácio, entre outros dessa geração.
E no clube das Antas, num ápice, integrou
o plantel principal na temporada seguinte, substituindo o internacional Miguel
Arcanjo, que se havia lesionado.
A sua estreia com a camisola dos Dragões aconteceu no dia 13
de Outubro de 1963 no Estádio das Antas, em jogo que os portistas venceram o
Leixões por 4-0, a contar para a 2ª mão da 2ª eliminatória da Taça de Portugal
da época de 1963/64.
Enquanto isso, nessa mesma época foi um dos titulares da equipa portista que obteve a primeira vitória nas competições europeias, no dia 16 de Setembro de 1964, ao derrotar o Olimpique Lyonnais por 3-0 no Estádio das Antas, num jogo a contar para a 1ª mão da 1ª eliminatória da Taça dos Vencedores das Taças.
Nessa época de estreia houve mais algumas saliências, como as vitórias em torneios espanhois, quer no Troféu Luis Otero como no Corpus Christi. Conforme se pode recordar deste, em imagens coevas, da equipa que alinhou e por fim aquando da entrega do troféu.
Entrado na equipa de honra, Almeida agarrou o lugar e só devido a algumas lesões teve interrupções momentâneas nesse posto, embora Arcanjo também entrasse na equipa principal, entretanto, coabitando os dois, mais Festa e Atraca, e por vezes Alípio Vasconcelos. A pontos de Arcanjo e Festa ainda terem jogado na seleção nacional aquando do primeiro jogo da equipa de Portugal no apuramento para o Mundial de 1966, num dos jogos em que Almeida e outros andaram pelos treinos da seleção e depois foram excluídos. (Tendo Festa depois continuado, selecionado e jogado em diversos jogos até à fase final, sendo praticamente o mais lembrado, ao passo que alguns outros andaram a suplentes de alguns que lhes eram inferiores...)
Almeida permaneceu com a camisola azul e branca, a
tradicional das duas grandes listas azuis, até ao final da época de 1968/69. Foram
oito temporadas, tendo conquistado pelo FC Porto a Taça de Portugal em 1968 e a
Taça Associação de Futebol do Porto em 1961/62, 1962/63, 1963/64, 1964/65 e
1965/66.
Após ter saído do FC PORTO, no defeso de 1969, transferiu-se
para o Barreiro, continuando a sua carreira no Barreirense e ali esteve na
época áurea desse clube, participando também nas provas da UEFA, em 1969/70. Depois
transferiu-se para o Farense em 1971/72, onde fez 4 anos de 1ª divisão, capitaneando
também essa equipa. Já a meio dos anos 70 regressou ao Norte, tendo em 1975/76
ingressado no F.C. Famalicão, seguindo-se o Mirandela onde terminou a sua
carreira. Foi treinador do mesmo Mirandela e a seguir do Desportivo das Aves.
Regressado à Póvoa de Varzim, foi treinador do Rio Ave FC das camadas jovens no
início de 80. Após isso tornou-se profissional de seguros.
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Entretanto, um seu filho, José Luís Almeida (nascido a 18 de dezembro de 1965 e com um irmão gémeo), havia seguido as pisadas do pai e, tendo jogado também no Varzim, de onde rumou às Antas, jogava já nas camadas jovens do FC Porto.
Então
houve a particularidade do filho ter defrontado o pai pelo Varzim e FC Porto.
Ora, passando ao filho, também José Luís Almeida foi jogador
do Varzim SC nas camadas jovens e com 16 anos foi transferido para o FCPORTO, onde
assim com essa idade já estava nos juniores, tendo como treinador mestre Feliciano.
De permeio, estando nas camadas jovens, foi sendo selecionado pela Seleção Nacional
júnior, havendo vestido a camisola das quinas num França-Portugal em 1981.
Passado tempo e na passagem a sénior, regressou novamente ao
Varzim, clube local com o qual assinou um contrato sênior e, estando a afirmar-se
na equipa, em plena 2ª época lesionou-se gravemente num pé, o que o obrigou a
acabar precocemente a carreira. Pois mesmo tendo sido operado 4 vezes, teve de deixar
de jogar, acabando o sonho duma carreira que tanto almejava.
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Em suma e na data em que João Almeida perfaz mais um aniversário, aqui fica esta rememoração de homenagem evocativa a esse que foi um dos nomes que à época era decorado entre os apoiantes portistas. Tendo sido mesmo um futebolista que, apesar de ter passado pelo clube em período difícil, era dos que tinham valor evidente. Fez ainda parte da equipa que venceu a Taça de Portugal em 1968, embora sem ter disputado a final.
Agora, tal como quando o víamos nos jornais e sempre que possível em jogos ao vivo e ao lado de
Américo e Cª, continua nas simpatias da memória portista.
Armando Pinto
((( Clicar sobre as imagens )))
Grande artigo em tamanho e qualidade de muito valor, de grande arte de escrever, pesquisa e saber. O Almeida merece. Parabéns ao autor, que pelo que leio nas suas obras tem diversos livros escritos de muitas outras coisas, também. Grande é o F. C. do Porto com portistas destes, grandes.
ResponderEliminarJR
Muito bem. Recordar é viver.
ResponderEliminarUma excelente resenha sobre a carreira desportiva de defesa central Almeida, ao serviço do futebol e particularmente com as cores da camisola do F.C do Porto. Parabéns ao seu autor e amigo Armando Pinto.
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