Reconstituição Histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Reconstituição histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Criar é fazer existir, dar vida. Recriar é reconstituir. Como a criação e existência deste blogue tende a que tenha vida perene tudo o que eleva a alma portista. E ao recriar-se memórias procuramos fazer algo para que se não esqueça a história, procurando que seja reavivado o facto de terem existido valores memorávais dignos de registo; tal como se cumpra a finalidade de obtenção glorificadora, que levou a haver pessoas vencedoras, campeões conquistadores de justas vitórias, quais acontecimentos merecedores de evocação histórica.

A. P.

sábado, 24 de novembro de 2012

Jogos Braga – F. C. Porto de Memórias mil…


Num fim de semana à imagem do tempo transitivo de outono/inverno, domina as atenções o embate que o F. C. Porto disputa em Braga, no ainda novo estádio bracarense popularmente tido por pedreira. Num semblante que nos faz recordar tempos de criança, há muitíssimos anos, quando ainda pouco entendíamos mas já sabíamos gostar do Porto. 

Corriam tempos da infância do autor, numa tarde domingueira de aspeto cinzento. Então, segundo recordo, apenas já me sentia de alguma forma Portista, mas não sabia ainda os nomes da maioria dos jogadores, aliás nem quais eram eles na totalidade, os que envergavam a camisola azul e branca. Tinha na cabeça os que via nos “macacos” da bola, como por aqui pela Longra chamavam aos populares cromos de coleção, figuras em pequenos papeis que vinham a embrulhar rebuçados baratos, dos que meus irmãos mais velhos e seus amigos juntavam e colecionavam em cadernetas. Tendo, daí, ficado na cabeça um jogo que se disputava em Braga, nessa tarde escura, porque, estando eu a brincar nas proximidades de casa com alguns amigos vizinhos e havendo alguém ali por perto a ouvir o relato do futebol, se ia sabendo que o Porto estava sem conseguir ultrapassar um teimoso empate. Então, contra o costume, em que eu normalmente brincava descontraído, dessa vez não me senti muito bem e dei comigo meio tristonho e sem vontade de continuar a brincar. 


Nas conversas dos mais velhos, por esses tempos, ainda andavam no ar resquícios do campeonato que o F. C. Porto ganhara antes, em 1958/59, coisa de que eu não tinha nem fazia ideia, mas me parecia ter sido há uma infinidade de tempo, na pouca idade entretanto vivida. Ouvindo por isso nomes duns Hernâni, Pedroto, Monteiro da Costa, Teixeira, Arcanjo, etc. mas nem sabia se eram altos ou baixos, brancos ou morenos, até porque nos que apareciam nos jornais, por vezes, via tudo a preto e branco. Por isso, naquela tarde enfadonha, já pelo ano de 1960, fiquei a saber que no Porto havia um tal Humaitá e outros que tais, que não deviam ter pés muito direitos - às bolas que não acertavam na baliza dos outros… 

E foram surgindo e desaparecendo jogadores, muitos deles de fugaz passagem pelo clube, a modos de nem terem chegado a aquecer o lugar na história. Resultando disso que, passados anos, logo que começamos a ter noção de tudo, já não conseguimos ficar com imagens de muitos deles, resultando que só anos mais tarde se nos foram deparando, no interesse memorial clubista. Tal o caso de uma equipa desse tempo que aqui juntamos (graças a cedência do amigo Abílio Faria, o cantor Monte Cristo), a servir de ilustração.

= …Uma formação de 1959/1960, incluindo (desde a esquerda, a partir de cima): Pedroto, Américo, Janko Daucík, Miguel Arcanjo, Paula e Monteiro da Costa; na fila de baixo: Rico, Montaño, António Teixeira, Fernando Perdigão e Humaitá. =

Mas, apesar disso, não fiquei a ver Braga por um canudo. Não simpatizava muito com aquela terra, é verdade, por ter sabido (numa excursão da “doutrina”, em que o Padre João de Rande nos levara, aos moços da catequese, até ao Sameiro e Bom Jesus) que, embora sendo das redondezas, aqui do Norte, por lá havia muitos simpatizantes daquela equipa “armante” (como dizíamos, de ser de gajos que se armavam em finos…), do Benfica de Lisboa; talvez pela parecença das camisolas vermelhas, mas também por certo gosto parolo, como se dizia também.

E no campeonato da época seguinte, como me recordo bem e soube melhor, estava à mesma a jogar uma partida de bola com outros amigos (daqueles jogos de mudar aos três e acabar aos seis, que podiam durar até às tantas), quando por um rádio se ia ouvindo a algazarra dum relato radiofónico, doutro jogo que o Porto disputava em Braga. Mas aí, então, tudo correu bem, e, sabendo que os golos foram aparecendo, houve boa disposição. - Pudera… O Porto foi lá e espetou quatro secos, para eles verem como era…!

= Equipa do tempo de Ívan, já por 1961 dentro. Contendo (a partir da esquerda, e desde cima) Américo, Arcanjo, Paula, Ívan, Barbosa e Virgílio; (em baixo) Jaime, Pinto, Azumir, Hernâni e Serafim.= 

Nesse jogo ouvi o nome de um outro apelido engraçado, um tal Ívan, não o terrível mas o do Porto, simplesmente, que passara a jogar com o Hernâni, Virgílio, o Carlos Duarte, Perdigão, e demais. Nome que, volvidos tempos, já em 1961, foi um dos que me deu uma grande alegria, entre outras, quando integrou a equipa que venceu em Alvalade o Sporting, com um golo de Azumir - por ter tirado o pio aos lagartos que andavam pela nossa escola…

Dessa equipa guardamos uma foto, tirada duma carteira de bolso (como ao tempo havia, daquelas carteiras de plástico com capa de bolsa transparente, onde estava uma gravura da equipa, dum monumento ou duma terra, assim como também duma “gaja”, conforme se quisesse). Cuja gravura mantivemos pelos anos fora e presentemente temos emoldurada, junto com outras relíquias.


Depois disso, naturalmente, sucederam-se outros bons desempenhos e muitos grandes jogos nas idas do F. C. Porto até à cidade dos arcebispos, ao chamado estádio 28 de Maio (e por fim rebatizado por 1º de Maio). Num curso que teve grandes tardes nos embates de avançados como Pinto, Naftal, Manuel António, Nóbrega e outros, diante do guarda-redes Armando que ficou célebre na guarda das balizas arsenalistas, onde ajudou mesmo a conquistar (numa final com o Setúbal) a única taça a nível nacional que o clube minhoto possui.


Não esquece, nem pode olvidar-se, ainda, que foi em Braga que o F. C. Porto teve um embate que decisivamente deu mais confiança para o título nacional alcançado, ao fim de 19 anos de espera, em 1977/78, com uma inesquecível reviravolta, quando já escasseavam as esperanças e parecia ir manter-se a sina… através de golos de Oliveira e Gomes, com que foi suplantada a vantagem inicial dos vermelhos bracarenses. Estava-se no virar da 1ª para a 2ª volta desse campeonato...


E que jogo… ?!! Lá vibramos, durante tal jornada, nas bancadas de pedra do estádio helénico do Minho, com esse triunfo empolgante, surgido quase no fim.

A partir dali tudo já era possível, afinal… como foi. E a realidade suplantou até os sonhos de menino. Desde então, com efeito, o Porto passou a ganhar muito mais e melhor!


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 Armando Pinto

4 comentários:

  1. Armando, tempos em que o Braga se confundia com o Benfica. Agora, mesmo que ainda haja alguns, já não se nota tanto, quando jogam um contra o outro, no Minho, já são mais os bracarenses.

    Abraço

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  2. Efetivamente, agora já se nota o Braga a querer desligar-se (e ainda bem), dos vermelhos lá de baixo.

    Sobre o post. Mais uns nomes que desconhecia por completo, como por exemplo esse tal Humaitá.

    Abraço

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  3. Grande vitória, num resultado moralizador e manutenção importante da liderança classificativa.
    Braga é que viu o F.C. Porto pelo canudo da classe Portista:
    Braga, 0 - F.C. Porto, 2 / golos de James e Jackson Martinez!

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  4. caro armando, caríssimas(os),

    na pedreira, onde habita o «salBaduôre», tiBemos mesmo aquela "pontinha de suórte" que o burgesso das madeixas tanto não queria que acontecesse.
    com aquele ar de palonço que tanto lhe é característico (e comum a qualquer lampião), até se engasgou quando desejou que «bóm éra que perdêreçem os duois»...
    esta noite, vai ter que digerir um mamute. e "inventar" o autocarro de dois andares para não ser muito humilhado em Barcelona. e pensar que o duelo da Segunda Circular é já na próxima jornada. a Vida não lhe sorri e a Sorte não quer mesmo nada com ele, 'tadinho.
    (peço desculpa por concentrar a minha raiva na azia lampiónica do abstrôncio em causa, mas estava entaladinho :D)

    somos Porto!, car@go!
    «este é o nosso destino»: «a vencer desde 1893»!

    saudações desportivas mas sempre pentacampeãs a todas(os) vós! ;)
    Miguel | Tomo II

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