Reconstituição Histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Reconstituição histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Criar é fazer existir, dar vida. Recriar é reconstituir. Como a criação e existência deste blogue tende a que tenha vida perene tudo o que eleva a alma portista. E ao recriar-se memórias procuramos fazer algo para que se não esqueça a história, procurando que seja reavivado o facto de terem existido valores memorávais dignos de registo; tal como se cumpra a finalidade de obtenção glorificadora, que levou a haver pessoas vencedoras, campeões conquistadores de justas vitórias, quais acontecimentos merecedores de evocação histórica.

A. P.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

Evocação do eterno guarda-redes Américo, na data de seu aniversário primeiro depois da morte...

O antigo guarda-redes do FC Porto Américo, o meu amigo senhor Américo Ferreira Lopes, se fosse vivo faria hoje 91 anos. Nascido que foi a 27/02/1933, tendo falecido o ano passado a 22/09/2023. Sendo assim neste ano o primeiro aniversário que não passa em vida, mas contudo continua vivo na memória de quem o admirou em vida e o tem como constante recordação.

Como homenagem, evoca-se sua memória através de duas entrevistas que lhe foram feitas em tempos, há muitos e bons anos, por serem sintomáticas e extravasarem o muito que aqui neste blogue lhe fomos dedicando.

De uma página intitulada “Tovar F. C”, em peça de 2020, pode repescar-se uma entrevista que por sinal tem ilustração cimeira com uma imagem retirada do meu blogue “Memória Portista”:

«…Impõe-se uma entrevista com o senhor keeper, vencedor da 1.ª divisão em 1959 e da Taça de Portugal 1968, sempre no Porto, onde acumula 255 jogos, com mais vitórias que derrotas (150-45) e um número curioso de partidas a zero (101) em tempos idos, com Eusébio no Benfica, Matateu no Belenenses e Figueiredo no Sporting. Pelo meio, 15 internacionalizações pela seleção A (mais 1 pela B) e ainda a tal convocatória para o Mundial-66, juntamente com outros dois portistas (Festa e Custódio Pinto). Como se isso fosse pouco, Américo joga com José Maria Pedroto e é treinado por ele.

Atenção, Américo é um doutor a falar. Animado, vivo, bem-falante e dotado de uma memória de elefante, responde-nos em direto da Rua Ribeirinho 58, em São Paio de Oleiros. É ele o proprietário e gerente da Clínica Boa-Hora, fundada por si no dia 6 de Março de 1989.


- Como é que chega ao FC Porto?

Um dia, em 1949, decidi apresentar-me aos treinos do FC Porto, ali na Constituição – só pouco depois é que fomos para as Antas. Fui de olhos fechados, sem saber muito bem o que apanhar pela frente. Achava que tinha mérito para jogar na equipa da minha vida. Fui lá e conquistei o meu espaço. Joguei dois anos nos juniores e depois subi à primeira equipa, um sonho tornado realidade. Só via Porto à minha frente. Agora está a ver, um jovem de 16 anos vê o sonho de uma carreira à frente e não mais o larga. Aconteceu comigo e ainda hoje me sinto sortudo.

- Quando lá chegou, à Constituição, já era para guarda-redes ou…?

Era o meu sonho de menino. Sempre joguei à baliza, até na escola. É uma profissão inexplicável. Gostava de estar ali, no meu canto, a defender e [começa a rir-se] a irritar os outros. Gostava mesmo disso. Eles rematavam, rematavam, rematavam e não marcavam. Às vezes, até me pediam para sair da baliza.

- Com ou sem luvas?

Sem luvas. Só usava luvas nos dias de chuva. De resto, era com as mãos. Nada melhor que sentir a bola bem segura, sentir o couro. Se doía? Qual quê?! Nada disso, nada disso. A bola era macia [o homem diverte-se com a sua própria história e ri-se sem parar].

- Nem com os remates do Eusébio?

Não, nem pensar. As pessoas falam muito da potência dos seus remates – e eram, fortes, lá isso eram – mas o mais terrível era a disponibilidade dele para atirar à baliza. É que ele rematava de qualquer lado e de qualquer jeito. Se a bola viesse torta, ele fazia por atirá-la à baliza. Parte da sua genialidade é disso mesmo. Espontaneidade no remate. Aliado à pontaria, pois claro. De nada vale atirar com força e ao lado ou por cima. O Eusébio era diferente. Quanto atirava, era para a baliza e eu que me entendesse com a bola. Outro pormenor delicioso do Eusébio era a lealdade. Fomos sempre amigos e eu costumava dizer-lhe que nunca me tinha marcado cara a cara.

- Não era o Américo conhecido como o guarda-redes…?

Suicida. Isso foram pessoas como você, jornalistas, a chamarem-me isso. Nunca soube de onde isso veio. E tive mais, muitas mais. Era o suicida, depois as mãos disto, as mãos daquilo e até fui o leiteiro, porque, diziam vocês, tinha uma vaca em casa para tirar o leite e ter sorte. A verdade é que saía muito da minha área, fazia por isso. Se visse que a bola estava ao meu alcance, ia lá para afastá-la da área. Os guarda-redes de hoje jogam muito na sua área. Eu jogava aí mas também saía da minha zona de conforto.

- Só não pôde sair dessa zona no Mundial-66. Portugal fez seis jogos e utilizou dois guarda-redes. Primeiro o Carvalho, depois o José Pereira. Só o Américo não jogou. Porquê?

Uns anos depois, o senhor que tomou essa decisão pediu-me muitas desculpas pelo facto. Estou a falar do Manuel da Luz Afonso, o selecionador. Sim senhor, o Otto Glória era o treinador de campo e decidia muitas coisas mas a última palavra era sempre do Manuel da Luz Afonso. Começou o Carvalho e até nem esteve mal. Não percebi o porquê de o tirarem assim de repente, a meio da prova. Depois entrou o José Pereira, que quase não era internacional nem jogou assim tão bem. E eu sem jogar. Veja lá bem: o Otto Glória foi treinador do Benfica e do Sporting, o Manuel Afonso tinha sido diretor do Benfica e o Gomes da Silva, o coordenador da seleção, era do Belenenses. Por isso, os jogadores eram quase sempre os mesmos, sobretudo do meio-campo para a frente, e nós, os suplentes, a ver a bola desde a bancada.

- Da bancada?

Naquela altura, só jogavam onze. Não havia suplentes. Esses iam para a bancada. Podíamos, isso sim, visitar o balneário ao intervalo e no final do jogo. Muitos atribuem a mudança de local à última hora da meia-final com a Inglaterra de Liverpool para Londres, mas o nosso grande erro foi não poupar jogadores imprescindíveis nos quartos-de-final com a Coreia do Norte. Ainda por cima, entrámos convencidos que íamos ganhar fácil e apanhámos um valente susto. A perder por 3-0, tivemos de jogar mais que o dobro para passar a eliminatória e isso custou-nos fisicamente. E por quê? Só jogavam os mesmos: Jaime Graça, Coluna, Simões e outros.

= Equipa principal do FC Porto em 1964/1965, de que Américo já era titular indiscutível desde 1961/1962. 

- Depois desse Mundial, volta à baliza da seleção e até brilha em Itália, não é?

Empatámos 1-1 [Março de 1967] e ninguém previa esse resultado, até porque a Itália estava a preparar-se para o Euro-68, que haveria de ganhar em casa, e era francamente favorita. Os jornais até falavam em quatro ou cinco de diferença. Foi um a um e só porque o José Augusto lembrou-se de fintar dentro da área. Ele perdeu a bola e o italiano [Capellini] marcou. Ainda me lembro bem daquilo que o selecionador deles disse depois, na conferência de imprensa: ‘com o guarda-redes de Portugal na baliza de Itália, tínhamos sido campeões do Mundo [em 1966]’. Nesse jogo, há outro detalhe. Eu lesionei um grande jogador, o Riva [avançado do Cagliari, um dos bambino d’oro de Itália]. Sem querer, parti-lhe a perna: eu saí da baliza a olhar para a bola, no ar, e choquei violentamente com ele. A tristeza invadiu-me completamente e nem a visita ao hospital diminui. Só fiquei completamente aliviado quando ouvi falar do seu regresso. Até foi a tempo de ser campeão europeu em 1968 e tudo.

- Havia estágios nos anos 60?

Se havia! De sexta a segunda-feira. Com o Pedroto, de quinta a segunda. Eu e o Pedroto fomos campeões nacionais como jogadores em 1959, treinados por um brasileiro pesado de aspeto e feitio, o [Dorival] Yustrich, e depois ele treinou-me no Porto. Entrávamos no estágio à quinta e, às vezes, com jogos europeus do Porto ou com a seleção pelo meio, só ia a casa 15 dias depois. Era uma vida muito complicada. No ano do Mundial, veja bem, estive três meses sem ver a minha mulher, de Maio até Agosto.

- E quando voltou a Portugal, agarrou-se ao seu Triumph Spitfire? Li isso no site Bibó Porto.

[lá está a gargalhada por antecipação] Tinha um Simca e sugeriram-me trocá-lo por esse Triumph Spitfire. Nem pensei duas vezes, aceitei logo. Era uma Acão promocional. Bastava-me andar com ele e pronto. Era um carro original, raramente visto em Portugal. Guiá-lo era uma maravilha.

- Qual a sua maior alegria desportiva?

O ser campeão, o ganhar a Taça 68 no 2:1 ao Vitória FC, o ir à seleção, mas….»


~~~ ***** ~~~

E uma outra entrevista, referenciada aquando de seu falecimento:

«EUSÉBIO NUNCA ME MARCOU GOLO ISOLADO» (OU O QUE AMÉRICO «LEVA PARA A COVA»…)

NACIONAL 23.09.2023 • António Simões

Guarda-redes do FC Porto (que morreu sexta-feira, dia 22) só jogava com luvas quando era dia de chuva e de um penálti de Eusébio saiu «enjoado». Num «encosto» de Santana começara a abrir-se o seu drama. Do Mundial de 1966, saiu com a convicção: «Se tivesse jogado, teríamos sido campeões!»

Até morrer na sexta-feira (se é que gente como ele morre alguma vez…) Américo Lopes polvilhou a vida com «orgulho» que, quem o conhecia bem, sabia que não era vaidade: «É verdade, tratavam-me por Guarda-Redes Suicida pelo modo valente com que me atirava aos pés dos avançados. Não sei de onde veio a alcunha. Mas tive muitas. E se era o… suicida também era as mãos não sei de quê – de ferro ou de ouro. Mas ainda havia quem me tratasse pior – como o homem que tinha uma vaca em casa que tirava o leite para ter a sorte que tinha. O que não tinha, sei bem: não tinha medo de ninguém, medo de nada! E, então, se eram altos como o Torres ou fulgurantes como o Eusébio, eu dizia-lhes que, comigo, era matar para não morrer. Não digo que eles tivessem medo, mas que era questão de impor respeito, era. E, sim, esse é orgulho que hei-de levar para a cova: o Eusébio nunca me marcou um golo isolado!»

SEM LUVAS, ENJOADO COM TIRO DE EUSÉBIO

Sendo, pois, de livres e penáltis os golos que Eusébio lhe fez – raros foram os guarda-redes a poderem ufanar-se do que Américo podia: «Era, o Eusébio tinha um pontapé impressionante. Eu defendia sempre sem luvas, só nos dias de chuva é que as punha. Foi assim que, certa vez, defendi uma grande penalidade do Eusébio – e só Deus sabe o que eu sofri. Sofri, sim senhor: a bola bateu-me na zona abdominal, com tanta força me bateu que me deixou… Mas, disso, nunca ninguém soube - eu era um duro, rijo para caraças e nunca daria parte de fraco, dizendo-o!»

O SONHO DO FILHO DO SENHOR DAS CORTIÇAS

O pai tinha uma empresa de cortiças e Américo Lopes contou-o a Filinto Lapa (em A BOLA do dia 1 de setembro de 1969, em véspera da sua Festa de Despedida de jogador): «Nasci a 6 de março de 1933 (melhor dizendo, assim registado no civil, porque nasceu a 27 de fevereiro, na verdade), em Santa Maria de Lamas e por isso o União de Lamas foi a primeira porta onde eu bati. Simplesmente foi-me negada autorização para participar em torneios oficiais. O senhor ministro não autorizou que jogasse com menos de 16 anos e fui-me embora. Mas eu sonhava com o futebol, com os campos, com a bola. Na minha mente, uma lenda habitava: como deve ser bom jogar a sério! Naquela altura, falava-se nos Azevedos, nos Barriganas. Eu ouvia na Rádio: O guarda-redes do voou, voou de um poste ao outro! Espantoso! – e decidi-me: tenho de ser jogador de futebol e tenho de ser guarda-redes – para também voar de um poste ao outro! Para isso, pelos meus 17 anos, fiz as «malas» e fui apresentar-me no FC Porto. Fiquei logo nos juniores e, meses depois, na época de 1951/52, o meu nome já aparecia nos jornais. Em 1952!53 alinhei nas reservas, o titular do primeiro time era o grande Barrigana – e eu só queria ser como o grande Barrigana.»

NA TROPA LONGE POR NÃO SER DO BENFICA OU SPORTING

Aos 20 anos surgiu-lhe o habitual aviso para ir à tropa. Não a Filinto Lapa não o disse assim (e se o dissesse a Censura não permitiria, obviamente, que saísse assim…) – haveria de dizê-lo, depois, amiúde: «Na tropa estive um ano e meio em Castelo Branco e em Abrantes porque era do FC Porto. Se fosse do Benfica ou do Sporting não tinha lá ficado, os clubes não deixavam, teria, certamente, cumprido serviço bem mais perto do Porto – ou no Porto mesmo. Pedi aos responsáveis do FC Porto para me ajudarem a livrar do serviço militar e eles foram sempre adiando. A dado instante, deram-me um saco com uns calções, umas luvas, uma camisola e um par de chuteiras, para eu ir treinando por onde andasse na recruta - só que não havia campo para o fazer. Durante ano e meio tiveram, portanto, um jogador de farda e que nunca treinou, nunca jogou. Isso sim: pagaram-me sempre!».

NA PRIMEIRA VEZ, UMA GRANDE «BARRACADA»

A sua primeira vez na primeira equipa do FC Porto dera-se (por finais de 1952) em Évora – por Barrigana se ter magoado: «Isso ainda foi antes de me ter de apresentar no quartel! Artur Baeta, que estava nesse encontro, e o técnico Lino Taiolli, acreditaram em mim e… olhe, foi uma grande barraca. O Correia também se estreou a central e, nessa tarde, todos nós nos fartámos de meter água».

Livre da tropa, retornou às Antas com o FC Porto a lançar, com Dorival Yustrich, ao título de 1955/1956. «A baliza tinha a lotação completa, à minha frente estavam o Pinho e o Acúrsio - e então, fui de empréstimo para o Boavista. Quando, um ano depois, o Yustrich voltou, perguntou por mim. Está no Boavista — disseram-lhe e ele respondeu: Mas eu o queria aqui! Talvez para evitar conflitos, alguém adiantou: Não dá, já está comprometido oficialmente com eles. O que não era verdade. E, por isso, lá fiquei. Em 1957/58, treinador do FC Porto passou a ser Otto Bumbel, na sequência do despedimento do Yustrich por causa daquela zaragata dele com o Hernâni, em que andaram os dois à pancada – e, então, sim, voltei ao FC Porto.»

COM GUTTMANN, CAMPEÃO COM UM JOGO

O FC Porto fora a São Paulo descobrir Béla Guttmann – e no primeiro jogo do campeonato de 1958/1959 (desse campeonato ganho com Inocêncio Calabote a marcar-lhe a história) foi a Américo que deu a baliza. Não, não foi só pelos três golos sofridos no empate com o Vitória de Setúbal (na primeira jornada) que não mais lá voltaria – foi por continuar a ter o Pinho e o Acúrsio «à frente» (e, esses 90 minutos nas Antas, foram o bastante para lhe pôr o único título nacional no palmarés.

«MAGRIÇO» SEM MINUTO (E QUEIXA SÓ DEPOIS)

Algures por 1963, da baliza do FC Porto logo saltitou Américo para a baliza da seleção: «Internacional fui pela primeira vez aos trinta anos – e pela seleção A joguei 22 vezes, mais uma pela B». Apesar dos brilharetes que se soltaram mãos durante o apuramento para o Mundial de 1966 (e não só, claro, quer antes, quer depois…) em Inglaterra não passou de suplente, primeiro de Carvalho e depois de José Pereira – e a Filinto Lapa (nessa sua entrevista do adeus) não se revelou agastado com isso, apanhando-se-lhe apenas o murmúrio: «É verdade, fui Magriço e… não joguei. E se o Manuel da Luz Afonso não me pôs a jogar foi porque entendeu que outros estariam em melhor forma do que eu. Por isso não, não estou ressentido. Aliás, nesta hora da despedida, na hora da análise à carreira que tive, saio sem rancor a ninguém. Aceito tudo.»

Largos anos após, sim: Américo destravou, enfim, o que guardara em mágoa e a acrimónia (no que era, afinal, para si, um sinal dos tempos…) «Não quero parecer vaidoso, mas era muito superior ao Zé Pereira e ao Carvalho. Comigo na baliza, acho que Portugal podia ter sido campeão mundial. O selecionador Manuel da Luz Afonso nunca me deu qualquer explicação, era de poucas palavras. E o Otto Glória, o treinador de campo… mandava pouco. Sendo bom o ambiente na seleção, os jogadores do FC Porto ficavam sempre um bocado em segundo plano. Era a mentalidade da época…»


PRIMEIRO VENCEDOR DO PRÉMIO DE A BOLA

Já com José Maria Pedroto a treinador, foi com Américo em lustro que o FC Porto ganhou a Taça de Portugal de 1967/1968. Retornando a titular da baliza de Portugal – tendo, nessa época, A BOLA criado o Prémio Somelos-Helanca para consagrar o Melhor Jogador do Campeonato, foi ele quem o conquistou - recebendo, para além de monumental troféu, cheque de 20 contos. (Três contos era, então, o ordenado mensal que o clube lhe dava e 113 contos custava o Mini Morris que, nos anúncios por alguns jornais, tinha a publicitá-los raparigas em curtos calções de futebol e a «moral e os bons costumes» achava um «despudor» mostrarem-se, assim, as pernas ao léu.)

Foi (em fins da época de 1968/69, quando estava suspenso por Pedroto, junto com Pinto, Eduardo Gomes e Alberto Teixeira) que Américo percebera «insuportáveis» as dores no joelho que o precipitaram à operação que lhe marcaria, fatal, o fim. E, com ele assim, campeão foi o Benfica (graças a empate na Luz já com António Morais no lugar de treinador interino e Rui na baliza que fora de Américo…)

DRAMA COMEÇOU NO JOGO COM O BENFICA, NO ENCOSTO DE SANTANA

Bem antes começara o seu dorido fado (sem que lhe imaginasse tão dramáticas as consequências…), o fado que saltitou, assim, da boca de Américo para a pena de Filinto Lapa (nessa edição de A BOLA de 1 de setembro de 1969): «Por 1961, num jogo em Lisboa, contra o Benfica: o Santana encostou-se a mim, não sei se intencional se casualmente, e o meu joelho direito acusou o toque. Saí faltavam dez minutos para o fim do primeiro tempo e recebi tratamento. No segundo tempo, reentrei e o Santana voltou a tocar-me no joelho, não sei se intencional se casualmente. E então, foi de vez. Tive mesmo que abandonar o campo. Empatámos 1-1 e estive quinze dias parado. Voltei e andei um ano a carregar sobre o joelho direito. Não tinha dores e o Dr. Sousa Nunes não viu mal em que eu continuasse a jogar. Até que o Dr. Sena Lopes teve de me operar. Antes do FC Porto-Tomar (já de novo integrado na equipa principal portista), senti dor aguda, fui ao médico, ao Dr. Filipe Rocha, que, após exame com radiografias, diagnosticou o mal irreparável: a rotura do menisco degenerou. Sim, o exame clínico ditou que tudo começara em 1961, naquele jogo com o Benfica. A deformação óssea que tenho, agora, no joelho e me corta a autorização para jogar futebol, foi-se processando ao longo de todo este tempo. Antes disto, olhe… o que se passara comigo foi, afinal, coisa pouco – coisa pouca mesmo tendo partido um pé, os dois pulsos e dois dedos. E parece que tenho, também, deformação dos ossos da bacia por outros encostos. Da bacia e os ombros.»

COM O BENFICA NO ADEUS E A MÁGOA DE EUSÉBIO NÃO

Esses foram suplícios que lhe vieram por ser como era: ir sempre atrás da bola como um gato ia atrás do rato, mergulhando, valente, aos pés dos avançados que lhe apareciam afoitos e vertiginosos ou voando, acrobata para a bola sempre a desafiar as leis da gravidade. Ao regressar do Mundial de Inglaterra, Américo abrira, no Porto, loja de material desportivo a que chamou Magriço – e, para o jogo da sua despedida, ofereceu-se o Benfica.

O joelho que o traíra aos 36 anos, permitiu-lhe apenas um minuto na baliza do FC Porto no jogo da festa de despedida (que o Porto perdeu por 3-0, com Aníbal na baliza). Das bilheteiras levou 300 contos – e não, nessa tarde, Américo não teve, consigo o Eusébio (foi a sua única «desolação»). Ele, o Eusébio, andava, ainda, em arrastadas negociações com Borges Coutinho, o presidente benfiquista – e em A BOLA do dia 4 de setembro de 1969 (onde se travava em óbvio destaque a «homenagem a Américo») a manchete fez-se com Eusébio...»


Armando Pinto

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segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

Quintana: 3 anos de saudade e eterna recordação!

 

Passa hoje, 26 de fevereiro de 2024, o 3.º aniversário do falecimento do nosso grande Alfredo Quintana. Eterno ícone portista!


Falecido a 26 de fevereiro de 2021, Alfredo Quintana, eterno guarda-redes do andebol portista, foi depois cremado, após cerimónias fúnebres no Pavilhão Dragão Caixa e seguinte funeral emotivo. Estando suas cinzas numa gaveta do cemitério de Mafamude, em Gaia. Mas, como nesses casos há sempre prazos burocráticos, caso tal, para ter um espaço permanente, gostaríamos que um dia ainda fosse possível que seus restos ficassem no Mausoléu do FC Porto, onde “Repousam Glórias do FC Porto”.

Armando Pinto

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quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

Falecimento de Artur Jorge (1946 / 2024) – Treinador Campeão Europeu pelo FC Porto

(n. 13/02/1946 - f. 22/02/2024)

Faleceu Artur Jorge, figura com importante percurso na história do futebol do FC Porto e português. Homem do futebol formado no FC Porto, portuense que correu mundo, mas que antes de tudo em jovem começou a jogar no FC Porto. Tendo começado nos Principiantes Infantis e continuando nos Juniores, onde foi Campeão Nacional de Juniores e depois ainda teve passagem breve pelo plantel sénior portista. Seguiu depois outro destino, tendo rumado a Coimbra para frequentar a Universidade e jogar pela Académica, seguindo-se percurso que passou pelo Benfica e Belenenses, até ter passado a treinador. Voltando mais tarde ao FC Porto para ter a coroa de glória com a conquista da Taça dos Campeões Europeus. De permeio, após ter pousado as chuteiras como jogador, ainda esteve à frente do Sindicato dos Jogadores em importante fase da mudança do paradigma futebolístico (em 1972, juntamente com Rolando do FC Porto, Eusébio e Simões do Benfica, Peres e Pedro Gomes do Sporting; tendo sido Jorge Sampaio (futuro Presidente da República, muitos anos depois) o advogado que elaborou os estatutos então apresentado ao Chefe do Governo, Marcelo Caetano).

Intercalando com tudo isso, Artur Jorge foi autor da publicação de um livro de poemas. E foi à Alemanha especializar-se com o curso de treinador de futebol.

Depois, já com algum tempo experimental de treinador, e quando Pedroto teve de deixar o lugar por motivo de sua doença, havendo estado António Morais a assegurar a continuidade interinamente, foi Artur Jorge indicado pelo Mestre para o substituir definitivamente no cargo de responsável do futebol azul e branco. Depois foi o que se sabe e não mais esquece. Até ter aparecido convite de França e, ainda com o título europeu de fresco e tendo contrato com o FC Porto, foi-lhe permitida a saída sem o clube ser compensado. Anos volvidos, ainda voltou ao FC Porto, como também está ainda bem presente na memória portista já no tempo da chamada revolução do balneário das Antas, quando houve a renovação profunda no plantel, com ele e seu então adjunto Octávio Machado. Após isso continuou sua viagem por diversos clubes e paragens, terminando por fim a carreira em período de aparecimento da doença que, agora, terminou seus dias.

Como apogeu de sua passagem pelo futebol, foi no comando da equipa principal do FC Porto que venceu a Taça dos Campeões Europeus, em 1987. Por isso. começa-se por essa fase a ilustração desta evocação, através de algumas imagens constantes do livro de Manuel Dias “F. C. PORTO A Década de Ouro Álbum 89/90”. Incluindo junto a uma fotografia, na página da mesma, o seu autógrafo, da época. (Conforme se pode ver acima.)

Depois, passa-se e continua-se pelo seu começo futebolístico, mediante recordação da sua primeira entrevista, trazida à ribalta do mundo portista no jornal O Porto.



Artur Jorge, havia sido descoberto por Pedroto para o FC Porto e nos juniores azuis e brancos treinado pelo próprio José Maria Pedroto (junto com Soares dos Reis III, Almeida, Valdemar Pacheco, Luís Pinto, José Rolando, Vieira Nunes, e outros), chegou a ter rótulo de esperança nas camadas jovens do FC Porto, depositando-se nele alguma expetativa para a ascensão aos seniores. Tendo sido internacional júnior.

= Equipa do F.C. Porto com Artur Jorge, que venceu o Campeonato Nacional de Juniores, época 1963/64 (pagela da época)

No escalão Júnior do FC Porto Artur Jorge foi peça importante do Campeonato Nacional de Juniores ganho em 1964 pelo FC Porto. De tão importante vitória houve reconhecimento, entretanto, com uma cerimónia de entrega das faixas de Campeões Nacionais  da qual houve pose oficial de todo o plantel campeão, conforme foi publicado no jornal O Porto.


No final do ano de 1964, Artur Jorge foi reconhecido com a atribuição do Troféu Pinga, como representnte principal dos Juniores. Entre os galardoados com esse então principal galardão portista (antecessor do atual Dragão de Ouro).


Da gala da entrega dos troféus Pinga apareceu foto de  Artur Jorge na parte de reportagem alusiva no jornal do clube, iniciada na primeira  página d' O Porto, ladeando o texto em que Hernâni era destacado também como representante da equipa senior principal.


E o certo é que depois de ter sido campeão nacional de juniores no FC Porto, subiu aos seniores e logo fez parte da equipa principal portista que foi a Espanha triunfar pela segunda vez no Trofeu Luis Otero


Tendo de seguida iniciado o Campeonato Nacional como suplente de Valdir, depressa passou a entrar como titular, à 3ª jornada da prova, e depois disso andou durante algum tempo a alternar com Valdir e Daniel. Até Naftal ter passado a ser avançado-centro do clube nesse tempo. Jogou então Artur Jorge em 4 jogos do Campeonato da 1ª Divisão Nacional e em dois jogos da Taça de Portugal, tendo em ambas as competições marcado um golo. Foi assim o golo que marcou no Campeonato o único de sua autoria pelo FC Porto na prova maior do futebol português e último com a camisola do FC Porto em jogos oficiais; enquanto o outro marcado na Taça também com a camisola do FC Porto tenha sido até o primeiro dessa época, aberta então em Setembro de 1964 no início das eliminatórias da segunda maior competição.  

= Plantel do F.C. Porto com Artur Jorge, da época 1964/65 (recorte de jornal)

Ora, o golo que Artur Jorge marcou no Campeonato e único de que foi autor no Campeonato Nacional da 1.ª Divisão pelo FC Porto, aconteceu a 3 de janeiro de 1965, na penúltima jornada da 1ª volta do Campeonato da época de 1964/65, em Setúbal, diante do Vitória local. 

= Plantel do FC Porto em 1964/1965 que, com Artur Jorge, alcançou a posição de Vice-Campeão (Em cuja pose de conjunto, Artur Jorge está no extremo do lado direito, em primeiro plano).

Na temporada seguinte Artur Jorge foi para a Académica, em tempo romântico das capas negras de Coimbra, e depois apenas regressou ao FC Porto após haver terminado a carreira de jogador, vindo já como treinador  autenticamente como herdeiro de Pedroto (do qual antes fora adjunto em Guimarães), indicado pelo Mestre para lhe suceder.

Assim sendo, durante a carreira de futebolista Artur Jorge não passou no FC Porto duma promessa, acabando por se afirmar depois na Académica e ainda passou de seguida por Benfica e Belenenses. Com faixas de Campeão Nacional júnior pelo FC Porto e sénior pelo Benfica, além de duas vezes melhor marcador do campeonato e internacional A. Havendo seguidamente sido dirigente que assumiu o comando do sindicato de jogadores, em tempo marcante da luta contra a Lei da Opção. E foi ainda treinador importante, com três Campeonatos Nacionais e uma Taça dos Campeões Europeus no palmarés pelo FC Porto. Cujo êxito maior, esse de 1987, lhe abriu caminho para ter ido até França, onde foi Rei Artur no Matra Racing de Paris. E, após nova estada em regresso ao FC Porto, teve seguinte passagem inglória no Benfica, sem qualquer glória assinalável no banco benfiquista. Tendo rumado depois à Suíça, Espanha e de novo esteve em França com o PSG, até ter passado ainda por alguns outros clubes estrangeiros. Além de também ter sido responsável da Seleção Nacional, contudo de modo pouco vistoso.


Artur Jorge Braga de Melo Teixeira, nascido no Porto a 13 de fevereiro de 1946, começara a jogar futebol oficialmente nos Juvenis do FC Porto. Antes  jogava nas categorias populares jovens quando nele reparou José Maria Pedroto, que o levou para o campo da Constituição quando era treinador dos juniores do FC Porto. Então, o jovem Artur passou a vestir de azul e branco e até foi campeão nacional de juniores, já Pedroto partira para se ocupar da equipa principal da Académica. Os dois voltariam a encontrar-se, mas só quando Artur Jorge decidiu pendurar as chuteiras e abraçar a profissão de treinador. Antes porém, Artur após ter passado pelos Juniores, entretanto chegara à catedgoria dos Seniores do FC Porto, onde apenas jogou uma época, contudo com algo histórico. Quem chamou o miúdo à equipa principal foi, dessa forma, o brasileiro Otto Glória, que resolveu levá-lo numa digressão estival ao Brasil e ainda a um torneio de Espanha, em 1964. 


Artur Jorge até se destacou e ganhou um lugar no onze, mas uma lesão tirou-lhe a possibilidade de começar o campeonato depois de até ter feito o único golo portista no primeiro jogo da época: um empate a uma bola frente ao Peniche, na Taça de Portugal, a 13 de Setembro de 1964. Aliás, os primeiros jogos de Artur Jorge pelo FC Porto acabaram todos com este resultado: esteve no 1-1 com o Benfica, também para a Taça, a 4 de Outubro, e depois fez a estreia no campeonato a 25 de Outubro, empatando a uma bola com o Sporting, em Alvalade – e até assistiu Nóbrega para o golo do empate, no último minuto. O primeiro golo no campeonato fê-lo a 3 de Janeiro de 1965, em Setúbal, ao guarda-redes Mourinho, valendo a vitória portista por 1-0.


A época, contudo, não correu extraordinariamente e, no Verão seguinte, quando Artur Jorge pediu para sair para a Académica, de forma a concluir a licenciatura em Germânicas, e do outro lado veio a possibilidade de o trocar por Manuel António, que marcara 19 golos pela Académica no campeonato, ninguém do FC Porto torceu o nariz. A verdade é que, em Coimbra, Artur Jorge começou a revelar-se um avançado temível, um protótipo do ponta-de-lança perfeito, porque não só sabia jogar de costas para a baliza e segurar a bola, como se revelava rápido das desmarcações e exemplar nas finalizações, tanto de cabeça como fazendo uso de um remate seco e forte. Artur Jorge chegou mesmo a desenvolver um movimento próprio, um pontapé acrobático como o corpo paralelo à relva a que os jornalistas da época chamaram “pontapé-moinho”. Numa excelente época que valeu a Artur Jorge a chegada à seleção nacional logo no segundo jogo após o Mundial de Inglaterra (enquanto Manuel António não conseguiu aguentar com o peso da camisola do FC Porto e voltatria mais tarde à Académica, onde se sentia bem sem pressão de clube grande)...


Dali para a frente foi toda a sua interessante carreira, embora distante do FC Porto, até ter regressado como treinador principal às Antas para a parte mais importante de sua vida futebolística e por fim, após passagens por clubes de diferentes dimensões, se ter despedido do futebol como treinador.

Enquanto treinador do FC Porto Artur Jorge foi também reconhecido com o troféu Dragão de Ouro, logo no ano inicial dessa novo galardão, como Treinador do Ano, figurando assim entre os primeros Dragões de Ouro do clube


Troféu esse que recebeu das mãos do então Vice-Presidente da Direção Alexandre Magalhães, também  Presidente do Conselho Cultural do FC Porto que criou esse galardão. 


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A morte de Artur Jorge teve entretanto diversas reações públicas, entre as quais se destacam as manifestações mais mediáticas, no momento, em termos clubístico-portistas.

Assim Pinto da Costa, atual presidente do FC Porto, na página oficial do clube, deixou exarado:

Pinto da Costa – in fcporto.pt

NOTÍCIASCLUBE

A HISTÓRIA DELE NÃO É SÓ IMPORTANTE NO FC PORTO, MAS TAMBÉM NO FUTEBOL NACIONAL

Jorge Nuno Pinto da Costa recordou Artur Jorge, que faleceu esta quinta-feira.

Foi “com pena” que Jorge Nuno Pinto da Costa se despediu de Artur Jorge, “primeiro treinador a ser campeão europeu num clube português” falecido esta quinta-feira aos 78 anos. O presidente começou por descrever o antigo treinador do FC Porto como “uma pessoa com um intelecto muito alto” que incutiu na equipa de 1987 “um espírito de grupo e de vitória” que fez com que os “jogadores acreditassem que iam ganhar” ao favorito Bayern de Munique. “Um estudioso que vivia intensamente os jogos, que se preparava muito bem” e que ultrapassou barreiras nunca antes pensadas, o que torna “evidente que a história dele não é só importante no FC Porto, mas também no futebol nacional.

Pinto da Costa lembrou ainda o primeiro encontro entre os dois, em Lisboa, quando o treinador lhe respondeu à vontade de o tornar um símbolo do FC Porto com a pergunta “o presidente tem coragem?”. Com o acordo selado para ganhar, Artur Jorge “meteu o projeto no coração e na cabeça e o facto é que ganhámos”, recordou com saudade.

O homem que colocou o FC Porto no mapa europeu

“Recordo-o em muitas fases das nossas vidas porque o conheci quando jogava nos juniores do FC Porto. Era uma promessa sem dúvida. Por um acidente foi cedido à Académica e depois teve uma grande carreira na seleção nacional. Como treinador, foi uma aposta minha em 1984, fizemos um percurso lindíssimo, foi o primeiro título que o FC Porto conquistou na minhas presidência e foi o primeiro treinador português a ganhar uma prova europeia em 1987. Fez uma equipa fabulosa, conseguiu criar um espírito de grupo e de vitória. Naquela final, embora o favoritismo fosse todo do Bayern de Munique, incutiu no espírito dos jogadores uma ambição que fez com que, quando entrámos em campo, os jogadores acreditassem que iam ganhar. Era uma pessoa com um intelecto muito alto com paixões pela música, pela literatura e pela arte. É uma pena, é o que tenho a dizer.”

Uma história sem fronteiras

“É muito importante. Se é o primeiro treinador a ser campeão europeu num clube português, é evidente que a história dele não é só importante no FC Porto, mas também no futebol nacional. Era um estudioso, um homem que vivia intensamente os jogos e que se preparava muito bem. É uma pena.”

Também o antigo treinador da vitória na Liga Europa de 2010/2011, e candidto à próxima eleição do FC Porto, André Villas-Boas, se exprimiu, conforme é relatado pela Agência LUSA: 

«André Villas-Boas despede-se de Artur Jorge: "Até sempre"

O treinador e candidato à presidência do FC Porto André-Villas Boas assinalou hoje a morte do antigo treinador e selecionador nacional de futebol Artur Jorge com um "até sempre", lembrando o título europeu 'azul e branco' de 1987.

Lusa

André Villas-Boas despede-se de Artur Jorge: "Até sempre"

O treinador e candidato à presidência do FC Porto André-Villas Boas assinalou esta quinta-feira a morte do antigo treinador e selecionador nacional de futebol Artur Jorge com um "até sempre", lembrando o título europeu 'azul e branco' de 1987.

"Até sempre Artur Jorge. Os meus mais sinceros pêsames a toda a sua família. Que descanse em paz", escreveu. 

Até sempre Artur Jorge 🖤
Os meus mais sinceros pêsames a toda a sua família. Que descanse em Paz.

A acompanhar essa mensagem, André-Villas Boas publicou uma imagem de Artur Jorge a erguer a Taça dos Campeões Europeus, conquistada pelos 'dragões' em 27 de maio de 1987, em Viena, após a vitória por 2-1 na final com o Bayern de Munique.

Treinador principal entre 1981 e 2016, Artur Jorge conduziu o FC Porto ao maior título europeu de clubes pela primeira vez, antes de os azuis e brancos repetirem o feito em 2004, com José Mourinho ao leme.

Nascido no Porto, o antigo treinador orientou os dragões entre 1984/85 e 1986/87 e, depois, entre 1988/89 e 1990/91, tendo ainda conquistado três títulos de campeão nacional, uma Taça de Portugal e três edições da Supertaça.

Artur Jorge assumiu pela primeira vez o comando da seleção nacional entre 1990 e 1991, em simultâneo com o cargo de treinador de FC Porto, e voltou a orientar a equipa das quinas entre 1996 e 1997.

O antigo treinador orientou ainda o Benfica, a Académica e o Belenenses, clubes pelos quais se distinguiu como jogador entre 1965 e 1978, tendo somado 16 internacionalizações por Portugal, e trabalhou em 10 países no estrangeiro, com destaque para França, onde orientou o Matra Racing e o Paris Saint-Germain e para as seleções da Suíça e dos Camarões.»

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Tão assinalável currículo e extensiva ligação ao Futebol Clube do Porto, onde foi jogador e treinador, além de ter sido Selecionador Nacional como responsável da equipa das quinas por escolha da Federação Portuguesa de Futebol, bem como treinador de diversas equipas esnacionais e estrangeiras, ficou e está anotado em resumo no livro "FC Porto figuras & factos 1893-2005, escritopor J. Tamagnini Barbosa e Manuel Dias, edição d' O Comécio do Porto e produto oficial licenceado FCP de 2005.


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Na comunicação social nacional, naturalmente, a notícia foi e é também motivo de divulgação, anotando-se um caso desses, similar em vários meios:

« Artur Jorge, antigo jogador, selecionador português e treinador campeão europeu pelo FC Porto, morreu aos 78 anos, anunciou a família em comunicado, esta quinta-feira. 

A família informa que o ex-treinador de futebol faleceu na madrugada desta quinta-feira (22 de fevereiro) vítima de doença prolongada. Artur Jorge conduziu o FC Porto à conquista da Taça dos Campeões Europeus, em 1987..

Num comunicado redigido e enviado às redações pela família do antigo técnico, pode ler-se que: "É com profunda tristeza que a família de Artur Jorge Braga de Melo Teixeira comunica o seu falecimento, esta madrugada, em Lisboa, após doença prolongada. Morreu serenamente, rodeado dos seus familiares mais próximos", escreveram os familiares.

Carreira

Artur Jorge, enquanto jogador sénior, representou o FC Porto (1964/65), a Académica de Coimbra (1965-1969), o Benfica (1969-1975) e o Belenenses (1975-1978), tendo terminado a carreira em 1978. Em 1980 aventurou-se como treinador ao serviço do Vitória Sport Clube. Durante mais de três décadas, orientou equipas como o FC Porto, o PSG, o Benfica, a Seleção da Suíça e a Seleção Nacional (em 1990/91 e 1996/1997), bem como o Al-Hilal ou o CSKA Moscovo, entre muitos outros.

Foi ao comando dos ‘azuis e brancos’, entre 1984 e 1987 e depois entre 1989 e 1991, que o treinador viveu os melhores momentos da carreira, tendo conquistado a Taça dos Campeões Europeus - atualmente Liga dos Campeões - em 1986/87, três campeonatos nacionais (1984/85, 1985/86 e 1989/90), três Supertaças (1984/85, 1986/87 e 1990/91) e ainda uma Taça de Portugal (1990/91).»

Armando Pinto

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