Reconstituição Histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Reconstituição histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Criar é fazer existir, dar vida. Recriar é reconstituir. Como a criação e existência deste blogue tende a que tenha vida perene tudo o que eleva a alma portista. E ao recriar-se memórias procuramos fazer algo para que se não esqueça a história, procurando que seja reavivado o facto de terem existido valores memorávais dignos de registo; tal como se cumpra a finalidade de obtenção glorificadora, que levou a haver pessoas vencedoras, campeões conquistadores de justas vitórias, quais acontecimentos merecedores de evocação histórica.

A. P.

quinta-feira, 30 de abril de 2020

Recordando: Triunfo de Artur Coelho no Campeonato Regional de Fundo da Associação de Ciclismo do Norte em 1958


Atualmente a época do ciclismo profissional está em espera, aguardando evolução do estado derivado da pandemia do Coronavírus. Senão já estaria na estrada, com o natural decurso das primeiras provas da época. Enquanto isso não chega, na espera por novidades quanto ao futuro das corridas de bicicletas pelas estradas portuguesas, resta para já recordar algo do início de outras épocas, reportando a eras antigas no caso.  


Assim, nos princípios de época do ciclismo de alto nível, tempos houve em que os Campeonatos Regionais de Fundo (em “Estrada”) tinham a primazia no calendário velocipédico, primeiro com corridas divididas no Norte e no Sul, até haver encontro a nível Nacional, pela Primavera. Seguindo-se depois as outras provas de clássicas, circuitos, de modo a ser atingido ponto de rebuçado na chegada à Volta a Portugal.

Calha então, aqui e agora, recordar um dos triunfos portistas no ciclismo de antanho, em vislumbre por uma das corridas de início de época, detendo atenções no Regional do Norte. Deitando olhos ao Campeonato Regional de 1958, pelo registo do jornal O Porto, nesse tempo. Pois noutros jornais não apareciam muitas notícias sobre o ciclismo do Norte, efetivamente.


Então, através de registos do jornal nesse tempo existente como órgão oficial do FC Porto, em suas edições de 5 e 12 de março de 1958, fica-se com notícia de vitórias de Artur Coelho, ciclista do FC Porto, na primeira e segunda prova a contar para o Campeonato Regional do Norte. E com esses dois triunfos consecutivos, o mesmo Artur Coelho assegurou o título de Campeão do Norte, em 1958.  



Artur Coelho, natural de Felgueiras, onde viveu até à juventude, e mais tarde residente em Vizela, era então um dos mais cotados ciclistas do FC Porto e um dos grandes animadores das corridas de ciclismo nacional.


Recorde-se que ainda no início deste ano 2020 ficou historiado no livro “Ciclistas de Felgueiras”, publicado recentemente, da autoria do autor deste blogue. Entre os cicclistas naturais de Felgueiras que correram na Volta a Portugal.

E se ele noutros anos chegara já a ser por algumas vezes camisola amarela na Volta a Portugal, assim como ganhara alguns Grandes Prémios, e inclusive em 1957 foi o vencedor da Clássica 9 de Julho-Volta a São Paulo, no Brasil, também não se deixava bater facilmente em qualquer outa corrida, como no Regional de Fundo, campeonato de provas de estrada. Tal o caso, em que, como bom estradista e sprinter venceu o Campeonato Regional de Fundo da Associação de Ciclismo do Norte, em 1958.


Armando Pinto
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quarta-feira, 29 de abril de 2020

Efeméride: A conquista do Título Nacional de Futebol de 1955/1956


A 29 de abril, em 1956, como ficou para a história, o FC Porto acabou com um jejum que durara praticamente 16 anos e voltou a conquistar o título nacional. Tendo o derradeiro jogo acontecido no Estádio das Antas, completamente superlotado para a mais decisiva jornada. Em jogo diante da Académica, equipa que vinha com lição estudada para dificultar ao máximo a vida aos portistas, o que foi enervando as hostes azuis e brancas diante do ferrolho defensivo dos estudantes e mais uma arbitragem muito adversa. Tanto que o árbitro, segundo relatos coevos, não viu um penalti descarado. Até que, já com longo tempo de jogo decorrido, o mesmo árbitro acabou por assinalar outro penalti, algo que por tanta envolvência, apareceu já com toda a gente em polvorosa. E, com os jogadores receosos, foi Hernâni quem teve discernimento para assumir a respetiva marcação, que conseguiu com êxito, quebrando assim a malapata e abrindo por fim o marcador. Resultado depois ampliado, mais naturalmente.

= Momento épico: o penalti marcado por Hernâni, desbloqueando o jogo final!

Então os Dragões venceram a Académica por 3-0 e sagraram-se campeões, com a vitória no último jogo, em rescaldo da carreira conseguida ao logo do campeonato. Acabando em festa a jornada final, graças ao penalti convertido por Hernâni e a um bis apontado por António Teixeira.

Assim, em igualdade pontual com o Benfica, mas com vantagem no confronto direto (3-0 nas Antas e 1-1 na Luz), fruto do critério oficial que desempatou a prova a favor do “Time” de Yustrich, o FC Porto assegurou o título de Campeão Nacional porque detinha o melhor ataque e a melhor defesa do campeonato português.


Essa época foi mesmo uma temporada de ouro, tendo de seguida o FC Porto vencido também a Taça de Portugal. Por quanto, dias depois, também Hernâni, o “Furacão de Águeda”, foi o homem-golo, dessa vez bisando no Jamor, frente ao Torreense, sendo conquistada pelo FC Porto a primeira dobradinha da história portista, juntando a Taça de Portugal ao troféu de campeão na Invicta.


Após isso seguiu-se uma digressão pela América do Sul, com jogos no Brasil e Venezuela, onde o FC Porto foi como Campeão de Portugal jogar no Mundialito (Pequena Taça do Mundo). Mas isso são outras histórias. No regresso houve então, depois, as devidas homenagens aos Campeões, quer com o tradicional repasto na quinta da Vinha do Presidente Honorário Sebastião Ferreira Mendes, como por fim em sessão solene da Associação de Futebol do Porto. Em cujo ato foi finalmente entregue a Taça de Campeão, depositada nas mãos do Presidente da Direcção Dr. Cesário Bonito, na presença de todos os jogadores e diversas individualidades.


Desse célebre título, quanto à vitória no Campeonato Nacional da 1ª Divisão (atual 1ª Liga), retira-se uma narrativa de duas páginas do “Livro de Ouro - FC Porto – A História, os triunfos e as imagens de todos os tempos”, publicado em 2000, em edição do Diário de Notícias e da Telecel.


Por fim, como a época foi bem recheada, ficou depois tudo isso registado oficialmente nos anais do FC Porto. De cuja narrativa juntamos também partes do Relatório da Gerência de 1956 (Relatório e Contas da Direcção do FC Porto, Anuidade de 1956), a deixar atenção a tudo do muito então amealhado para o património portista.


Armando Pinto
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Lembrando: Festa de Homenagem a Barrigana em 1952


Depois de termos lembrado Barrigana pela data de seu nascimento e em continuidade ao que ele representou e é referencial na memória do mundo portista, recordamos de seguida uma festa de homenagem que lhe foi prestada pelo F C Porto sensivelmente a mais de meio da sua permanência no clube. Em sinal da importância de Barrigana ser então apreciável no seio do grande clube azul e branco, já depois de ter sido considerado guarda-redes “Mãos de ferro”. Como antes, no jornal O Porto houve uma nota de reportagem quando jogava há cerca de oito anos no FC Porto.


Pois então, essa Festa de Homenagem a Frederico Barrigana teve vez quando Barrigana levava já dez anos ao serviço do FC Porto. Conforme deu nota o jornal O Porto na ocasião.


Começava assim essa época de 1952/53, com o estádio das Antas ainda novo em folha, e dias depois de ter sido inaugurada em volta do relvado a pista de cinza do atletismo. Sendo no novo recinto que a 14 de setembro de 1952 se realizou esse festivo ato. Para o efeito teve honras de convidada de cartaz a equipa principal do Benfica, que veio disputar um jogo de caracter particular. Como é narrado no livro de Barrigana, escrito por José Parreira sob título “O Homem das Mãos de Ferro”: «Nesse dia o “homem das mãos de ferro” pôde verificar a enorme simpatia que desfruta entre os associados e simpatizantes do clube. Muitas prendas lhe foram oferecidas, das quais se destacavam as entregues pelo Benfica, Associação de Futebol do Porto, F. C. do Porto e de alguns dirigentes da colectividade que Barrigana tão bem tem sabido defender através dos 10 anos de assídua permanência.»


Desse festival ilustra-se esta recordação com algumas imagens alusivas. (Enviadas pelo amigo Paulo Jorge Oliveira, de sua coleção de jornais d’ O Porto. A juntar a outras restantes do arquivo do autor destas linhas e do blogue).


Extensivamente, na pertinência da homenagem. ilustra-se a recordação com junção de mais algumas "fichas" sobre seu currículo. 


Armando Pinto
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terça-feira, 28 de abril de 2020

Lembrando Barrigana: - No dia em que “fazia anos” o guarda-redes “Mãos de ferro” do FC Porto


A 28 de abril de 1922 nascia em Alcochete, Frederico Barrigana. Um indivíduo bem masculino conforme mais tarde ficou celebrizado, de mãos férreas a agarrar a bola, como guarda-redes destemido do Futebol Clube do Porto.

Esse jovem mancebo, Barrigana, um dia veio para o Porto substituir o guarda-redes Soares dos Reis II (José, irmão do internacional Manuel Soares dos Reis, mais velho). E tinha o mesmo nome de seu pai, Frederico Barrigana, sendo a mãe Maria Gertrudes. Era o terceiro duma prole de quatro rapazes, que quando já ficaram órfãos de pai foram com a mãe morar para a cidade do Montijo. Onde o jovem Barrigana se iniciou no jogo da bola em pleno campo do clube local. Dando nas vistas ainda nos juniores do Unidos do Montijo, subiu aos seniores, em cuja categoria agarrou logo o lugar de guarda-redes das Reservas (equipas B ao tempo) e depressa passou a titular da equipa principal. Depois disso, foi convidado a ir representar o Sporting, quando tinha 20 anos. Esteve três anos a suplente de Azevedo no Sporting e depois, por fim, rumou ao Porto, onde ganhou calo na guarda da baliza portista e mais tarde agarrou o mesmo lugar na seleção nacional, ficando para a história como um dos melhores guarda-redes de sempre que passaram pelos campos e estádios de futebol.


Frederico Barrigana, ou o “mãos de ferro”, como ficou popularizado a partir de assim ter sido chamado por um jornalista francês após um jogo da Seleção Nacional, foi o substituto do sportinguista Azevedo na seleção, depois de o ter encontrado a titular no Sporting. Havia estado antes no clube verde e branco, em que se manteve três épocas, acabando por vir para o FC Porto, que estava à procura de um guarda-redes para colmatar a vaga deixada pela saída do húngaro Béla Andrásik e a entrada de recurso de Soares dos Reis II. Assim Barrigana mudou-se para a cidade do Porto e rapidamente agarrou a titularidade da baliza portista.


A estreia de Barrigana com a camisola dos Dragões aconteceu numa quarta-feira, a 2 de Dezembro de 1943, alinhando ao lado dos craques da época, diante da Sanjoanense, a quem o FC Porto venceu folgadamente por 11-2, em jogo particular. Havia sido iniciado o Campeonato dessa temporada, no domingo anterior. Volvidos três dias da entrada na equipa, era já ele o tiular oficial, jogando a 5 do Dezembro no Campo do Bem-lhe-vai em Guimarães, na estreia em jogos oficiais com o emblema do Porto ao peito, tendo o jogo terminado num empate de 2-2, com o FC Porto reduzido a nove jogadores e inclusive com Pinga a jogar a defesa, na ajuda aos companheiros obrigados a desdobrarem-se, nessa partida a contar para a 2ª jornada do Nacional da época de 1943/44.

Encontrou Barrigana, pois, ainda o consagrado Pinga na equipa, quando entrou na formação principal do FC Porto, em cuja equipa alinhavam também Camilo, Alfredo Pais, Pocas, Maiato, Sárrea, Lourenço, António Araújo, Correia Dias, Gomes da Costa, Catolino, etc.. Tendo depois assistido ao final de carreira do grande Artur de Sousa Pinga. Em tempo que o clube passava por mais uma fase de transição entre gerações de jogadores e de crescimento do clube como instituição sócio-desportiva.


Já com o lugar de guardião do FC Porto bem firme e de fama alargada por vistosas exibições, o então titular no FC Porto, Barrigana, estreou-se pela principal Seleção Nacional a 21 de Março de 1948 (depois de antes ter jogado na secundária Seleção B a 3 de Maio de 1947) e, em tempo de poucos jogos de seleções, foi 12 vezes internacional na Seleção A e 1 na B - entre 1947 a 1954.


Esteve Barrigana durante 13 temporadas ao serviço do F.C. Porto, entre 1943 até 1955, numa era marcada por ausência de conquista de campeonatos nacionais, embora de permeio com célebres jogos internacionais em que o FC Porto conseguia mostrar seu valor, como foi o caso do celebérrimo encontro com o Arsenal de Londres. Enquanto, pelo meio, ajudou o clube da Invicta a conquistar por quatro vezes o Campeonato do Porto e por três vezes a Taça Associação de Futebol do Porto.


Em 1947 recebeu uma oferta do Vasco da Gama, do Brasil, que o queria contratar e lhe oferecia 10 vezes mais do que aquilo que ganhava no Futebol Clube do Porto, mas Barrigana rejeitou e preferiu continuar de Dragão ao peito.


Quem não teve a mesma ideia, mais tarde, foi Yustrich, o treinador que 1955 ao chegar para treinar a equipa portista dispensou o guardião, junto com mais outros valores como Ângelo Carvalho e Porcel, trio que então se mudou para o vizinho Salgueiros. No clube de Paranhos esteve Barrigana ainda durante três temporadas, ajudando o clube a subir de divisão e ali acabou por abandonar a carreira de futebolista em 1958.

Dizia-se popularmente que era um guarda-redes "maluco", no sentido de destemido e desinibido, não apenas dentro do campo. Sendo certo que deixou obviamente a sua marca na história do futebol português. 

= Américo, Vítor Baía, Barrigana e Acúrcio – encontro de quatro grandes nomes da baliza do FC Porto (quando ainda estavam todos vivos, havendo entretanto falecido Barrigana e Acúrcio), representando gerações célebres de guardiões portistas.

António Lobo Antunes até lhe dedicou uma crónica, que ficou famosa e tem sido citada em diversos locais de diversos modos e feitios.

Faz parte esse texto do livro de Crónicas daquele clássico escritor, por acaso até benfiquista, mas admirador do grande guarda-redes do FC Porto. Sendo tal crónica apreciável no cunho literato desse escritor de renome, ainda que algo difícil de ler nalgumas das suas narrativas, enquanto noutras tem partes encantadoras e que fazem escorregar a leitura para lembranças a condizer com coisas de quem estiver a ler. 

Atente-se então na crónica intitulada “O Grande Barrigana”, por Lobo Antunes:

«De há quarenta anos para cá, com entusiasmo, fervor e admiração, vi jogar quase todos os grandes guarda-redes portugueses, do inesquecível Azevedo, "Hércules do Barreiro", a José Pereira, o "Pássaro Azul". Vi o gigantesco Ernesto, do Atlético, o terror dos extremos, vi Abraão, do Olhanense, vi Cesário, do Sporting de Braga, na tarde de glória, no pelado do Benfica, em que defendeu todos os remates de Palmeiro, Arsénio, Águas e Rogério, vi Capela, da Académica, e Sebastião, o loiro Nero do Estoril Praia, célebres pelos seus voos acrobáticos, vi o fantástico Aníbal, de poupa trabalhada a brilhantina, vi o caprichoso Carlos Gomes pontapear fotógrafos antes de se transferir para Espanha e de ameaçar o presidente do clube, quando não lhe pagavam, com a irónica frase 'no hay dinero no hay portero', acompanhei o Vital, do Lusitano de Évora, que sulcava a relva com o calcanhar pensativo da bota, para marcar o centro da baliza….»

(Claro que António Lobo Antunes, como benfiquista e adepto de futebol mais de outros tempos, não conheceu o valor de Américo, por ter sido espetador mais de jogos em campos da zona de Lisboa e Vale do Tejo, onde os do Norte também calhassem de ir em dias dele lá ir… Tendo conhecido Frederico Barrigana melhor já em África, quando esteve na tropa e o Barrigana treinava a miudagem lá onde Lobo Antunes cumpria tempo de tropa.)

«E todavia, para meu desgosto e frustração, nunca assisti a nenhum jogo do meu ídolo Frederico Barrigana, o 'Mãos de Ferro', keeper do FC Porto. No intuito de compensar tal desdita, recortava, embevecido, do jornal, os instantâneos que o mostravam a saltar com um avançado, apertando-lhe contra as partes o joelho dissuasor (porquê partes se não inteiras?), a fim de esfriar os ímpetos assassinos do adversário; admirava-lhe a calvície e o boné que a cobria numa exatidão de cápsula; colecionava-lhe as entrevistas e escutava, boquiaberto, na telefonia do meu pai, de dedos em concha na orelha, os relatos de Artur Agostinho, que, aos domingos, às 3 da tarde, narrava em tom épico, as proezas do grande Frederico Barrigana num estádio a rebentar de público. Aos 12 anos, se eu não desejasse, com tanta paixão, tornar-me escritor, quereria ter sido o "Mãos de Ferro". Mas, claro, possuía o sentido das limitações suficiente para compreender que não se pode querer ser o grande Frederico Barrigana: é-se, por dom divino, perfeito como ele só, desde o início. (…)»


O Mãos de Ferro, Frederico Barrigana, após curta carreira de teinador nalguns clubes, como depois de ainda ter sido treinador de guarda-redes no FC Porto (e por interferência do ao tempo já treinador principal Pedroto ter ficado a receber uma pensão como reconhecimento do FC Porto), morreu no dia 30 de Setembro de 2007 no Hospital de Águeda, vítima de doença pulmonar.

= Barrigana, junto com Pedroto, mais o Prof. Hernâni Gonçalves, António Morais, da equipa técnica  e Pinto da Costa, então Chefe do Departamento de Futebol do FC Porto, bem como alguns amigos, aquando da conquista da Taça de Portugal de 1976/77.  Cujos festejos na ocasião, decorriam no hall de entrada do estádio das Antas, como se nota pelos quadros com fotos de Siska e Pinga, que ali estavam na galeria de figuras históricas do grande clube. 

Armando Pinto
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domingo, 26 de abril de 2020

Curiosidades na calha comemorativa do 25 de Abril: Jogos do FC Porto de aproximação de antes e imediatamente depois da “revolução dos cravos”


A mudança acontecida com o histórico 25 de Abril em 1974 tem naturalmente peculiares marcações, atendendo às transformações operadas nos mais variados aspetos da vida portuguesa, quer política, como civil e mesmo desportiva. Embora no campo desportivo a fase de transição haja sido mais lenta e quase inexistente, tendo sido necessário haver temporal de clamor contra os roubos de igreja para que alguma coisa fosse acontecendo, a partir do fim do sistema BSB. Com o que se seguiu e se sente ainda.

Ora, pela esperança que raiou com a madrugada de Abril, aqueles dias de antes e depois ficaram para sempre como balizas de enquadramento, pelo objetivo anteriormente suposto e posterior alvo idealizado. Por isso há a célebre questão do que eramos e onde estávamos aquando do 25 de abril.


= Plantel do FC Porto em 1973/1974. Imagem de arranjo gráfico, constante em postal da época.=

Pois no que se relaciona com o FC Porto e tomando como fundo cénico o futebol, como parte sentidamente mais visível da existência dos clubes, o FC Porto teve a particularidade de dias antes e pouco depois ter jogado com o mesmo adversário e obtido idêntico resultado. Tal o que aconteceu por duas vezes com o Barreirense, em dois jogos com curto espaço de tempo entre si. Tendo então havido dois “Porto-Barreirense” seguidos, e ambos no estádio das Antas, um para o Campeonato a 21 de abril de 1974 e outro para a Taça de Portugal a 28 de abril seguinte, com vitórias do FC Porto por 1- 0. Em cujos desfechos valeram os golos marcados por dois dos avançados de boa memória: Para o campeonato marcou Nóbrega, enquanto para a Taça apontou Abel.


Para a história fica a constituição da equipa portista, dessas duas oportunidades.

No jogo do Campeonato Nacional, à 27ª jornada, nas Antas, o FC Porto alinhou com Tibi, Rodolfo, Ronaldo, Rolando, Guedes, Bené (depois Gualter), Cubillas, Oliveira (depois Ricardo), Abel, Flávio e Nóbrega.

Para a Taça de Portugal, em eliminatória dos oitavos de final, também nas Antas, a 28 de abril: Tibi, Rodolfo, Rolando, Ronaldo, Guedes, Vieira Nunes, Bené, Cubillas, Oliveira, Abel e Nóbrega.

Era ao tempo treinador principal do FC Porto Bella Guttmann, trazido pelos responsáveis do clube nesse tempo, num regresso algo incompreensível, depois do que acontecera com o abandono dele em 1959. Retornando à última vez já idoso, sem conseguir repetir o antigo êxito.


É do jogo do Campeonato a imagem da equipa perfilada, antes do início desse prélio de 1973/74 concluído com o primeiro 1-0, a 21/04/1974. Vendo-se, a seguir a um árbitro auxiliar (e da esquerda para a direita): Rolando, Oliveira, Rodolfo, Cubillas, Nóbrega, Guedes, Abel, Tibi, Ronaldo, Flávio e Bené.

Nesses comenos o FC Porto estava praticamente já arredado do título, por costumeiros fatores estranhos, à moda do antigo regime. Coisa a que nem era permitido ripostar publicamente, sequer, pois que até o jornal O Porto era visado pela oficial censura estatal. Mas, como de tantas outras vezes, o FC Porto tinha sido afastado de poder discutir o primeiro lugar. Como aliás está deveras explanado no livro publicado com chancela do jornal A Bola, sob título "Glória e Vida de 3 Gigantes".  


À época, aquando do Porto-Barreirense do campeonato, estavam ainda detidos os militares do ensaio do golpe das Caldas. Dias depois, o Porto-Barreirense da Taça já ocorreu com outro ambiente, mesmo para quem então pouco sabia de política.

Para que tais coisas não passem ao esquecimento e permaneçam no conhecimento, memoriza-se mais estas curiosidades, a propósito do 25 de abril comemorado nestes dias de confinamento geral. Por entre lembranças, de permeio ilustradas com imagens relacionadas.

Armando Pinto
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