Reconstituição Histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Reconstituição histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Criar é fazer existir, dar vida. Recriar é reconstituir. Como a criação e existência deste blogue tende a que tenha vida perene tudo o que eleva a alma portista. E ao recriar-se memórias procuramos fazer algo para que se não esqueça a história, procurando que seja reavivado o facto de terem existido valores memorávais dignos de registo; tal como se cumpra a finalidade de obtenção glorificadora, que levou a haver pessoas vencedoras, campeões conquistadores de justas vitórias, quais acontecimentos merecedores de evocação histórica.

A. P.

sábado, 30 de abril de 2022

Informação de última hora: - Atualização sobre o futuro da W52-FC Porto

 

Pelo respeito que me merecem os leitores e habituais seguidores do meu espaçozinho particular de defesa histórica do FC Porto, blogue “Memória Portista”, é com muito gosto que posso informar:

Segundo boa nova chegada ao meu conhecimento esta manhã, começando assim o dia com uma boa notícia, a nossa equipa de ciclismo W52 FC Porto continuará aí para as curvas e retas. Assim, confiando no que lhe transmitem os seus ciclistas, de que confiam que as análises, cujos resultados serão conhecidos na próxima semana, virão completamente bem, o sr. Adriano Quintanilha tem já resolvido o futuro imediato. Podendo dizer que tem já contratado dois responsáveis para o desempenho dos lugares de diretores técnicos para os dois carros de orientação e acompanhamento, como é normal. Os nomes serão anunciados amanhã.

Armando Pinto

sexta-feira, 29 de abril de 2022

Quando a Feira de Maio de Felgueiras alargou horizontes com o I e II Circuito de Felgueiras, em 1950 e 1951

Felgueiras já teve em tempos idos uma prova oficial de ciclismo de categoria superior, corrida dentro do perímetro urbano da então vila cabeça do concelho, com a participação de ciclistas do principal escalão, ao tempo chamado de Independentes (mais tarde profissionais e de Elite), em representação das principais equipas portuguesas do Mondego para cima, como se dizia. Prova essa realizada no princípio da lustrosa década dos anos 50, então a fazer parte do programa da tradicional Feira de Maio, quando foi para a estrada em dois anos consecutivos, ao correr de 1950 e 1951, através de valoroso lote de participantes integrando pelotão de nomes famosos do ciclismo português desse tempo.

Ora, esta feira anual que desde 1901 se realiza no primeiro fim de semana de maio na sede do concelho de Felgueiras, por diversas vezes havia tido no seu programa «uma agradável corrida de bicicletes», como por exemplo ocorreu em 1919 e foi presença nos cartazes de outros anos, enquanto corrida de populares, vulgo Amadores. Sendo que então em 1950 e depois repetindo em 1951, foi já de caráter oficial e com ciclistas federados. Havendo sido organizado tal circuito nesses dois anos por grande empenho de um dos membros da Comissão de Festas, Adriano Castro, enquanto esteve na organização desses anos esse felgueirense grande entusiasta de desporto e com contactos desportivos na cidade do Porto. Sendo então a Comissão constituída por Adriano Sampaio e Castro, Daniel Moura, Albano da Costa e Sousa, Joaquim Teixeira Bica, José Alves Cunha Felgueiras e Fernando da Costa e Sousa. Tendo, com o Circuito de Ciclismo de Felgueiras a Feira de Maio, festa e feira franca de concursos pecuários e de divertimentos, alargado horizontes, despertando assim muito mais atenção a longa distância e atraindo forasteiros de distantes paragens.

Acrescendo que na mesma realização, "com a colaboração da Associação de Ciclismo do Norte", estiveram em disputa de ambas as vezes a Taça Câmara Municipal de Felgueiras para o vencedor individual, e outra taça para a equipa vencedora da classificação coletiva.

Ora, em 1950 a Feira de Maio de Felgueiras calhou no fim de semana dos dias 6 e 7 de Maio. E em 1951 nos dias 5 e 6 desse mesmo mês das flores e dos amores. A que acorreram mais romeiros que noutros anos, perante o aliciante programa que, além do habitual concurso de expositores de gado, corrida de cavalos e cortejo etnográfico ("Cortejo das Lavradeiras com o carro  da Bicha de sete cabeças"), teve corridas de ciclismo de alto nível com o Circuito de Felgueiras, trazendo à então vila de Felgueiras e para atração popular os ídolos do ciclismo nortenho desse tempo.

Assim sendo, em 1950 no oficial I Circuito de Felgueiras, a 7 de maio, participaram as equipas do FC Porto, Salgueiros, Académico, Sangalhos e Centro Ciclista de Gaia.

Foi então grande o entusiasmo, da enorme mole humana apinhada nos passeios da vila, a vitoriar os corredores. Tendo vencido individualmente o ciclista Manolo Rodriguez, do Sangalhos e coletivamente o FC Porto. Após ter sido renhidamente disputado o sprint final, no epílogo das várias voltas ao percurso do circuito, com os ciclistas chegados em pelotão à meta, instalada na Avenida Magalhães Lemos, onde o Sangalhense foi seguido em 2º lugar por Onofre Tavares, em 3º Luciano Sá e em 4º Fernando Moreira de Sá, todos do FC Porto, resultando com essa classificação terem os mesmos pontuado para a vitória por equipas. Enquanto assim, com esse triunfo coletivo, o FC Porto conquistou aí a “Taça do I Circuito Ciclista de Felgueiras", de "Maio-1950". Como se pode comprovar por referência no Relatório Anual do FC Porto... 


 ... e por recorte do jornal Notícias de Felgueiras , edição seguinte de 11 de maio de 1950.

No ano seguinte, novamente voltou essa azáfama e entusiasmo a tornar a Festa do Maio de Felgueiras mais badalada. Com a segunda edição do Circuito. 

Então a 6 de maio de 1951 decorreu em Felgueiras, no âmbito da anual Feira de Maio, o II Circuito de Felgueiras. Prova de ciclismo pela segunda vez dentro do programa festivo dessa tradicional festividade concelhia da terra do Pão de Ló de Margaride, a seguir na roda da corrida que já tivera 1ª edição no ano anterior. Estando outra vez a Taça Câmara Municipal de Felgueiras para o vencedor individual, e outra taça para a equipa vencedora da classificação coletiva.

Ora, nessa prova que dava a volta ao concelho felgueirense, em diversas voltas, com saída e chegada à nesse tempo vila de Felgueiras, por entre alas do povo romeiro dessa festa de grande feira de ano, triunfou então em 1951 o ciclista Aniceto Bruno, do FC Porto. Enquanto na soma classificativa por equipas o FC Porto também venceu coletivamente, repetindo o triunfo por equipas obtido no ano anterior, também

Dessa feita, nos jornais de Felgueiras, embora tendo a festividade merecido registos, não foram mencionadas as classificações. Sabendo-se contudo os resultados mais salientes pelo que consta no Relatório Anual do FC Porto. 

Com a dupla vitória em 1951 o FC Porto recebeu a “Taça Câmara Municipal de Felgueiras” do 2º Circuito de Felgueiras (6-5-951) – conforme consta do Relatório Anual do FC Porto de 1950-1951. No qual estão também registadas as classificações dos restantes ciclistas do FC Porto.

E assim Aniceto Bruno terminava em beleza sua longa carreira, pois desse modo no ano de sua despedida e ainda antes de pousar a bicicleta (que aconteceria após a Volta a Portugal), ele venceu esse 2º Circuito de Felgueiras, na ao tempo ainda vila de Felgueiras, em pleno Douro Litoral e interior do distrito do Porto, ficando marcado em seu percurso de ciclista a data de 6 de maio do ano de 1951.

 Equipa do FC Porto de Ciclismo de 1951, participante na XVIª Volta a Portugal em Bicicleta - da esquerda para a direita: Dias dos Santos, Fernando Moreira de Sá, Luciano Moreira de Sá, Amândio Cardoso, Joaquim Costa, Onofre Tavares, Amândio de Almeida, Aniceto Bruno e Joaquim Sá.

Nas páginas do referido relatório de Gerência do FCP estão também enumeradas as taças que ficaram na posse do clube nesse período, constando os trofeus do Circuito de Felgueiras. Como se pode ver pelos números 788 e 852 da lista respetiva. Além de se poder verificar como na época proliferavam os circuitos realizados por muitas terras do país.





~~~ ***** ~~~

Nota: O conhecimento pessoal deste apontamento sobre o Circuito de Felgueiras, como está subentendido, foi inicialmente por transmissão oral ouvida em tempos idos a pessoas mais velhas, e depois através de pesquisas em jornais antigos de Felgueiras, bem como seguidamente pelo referido Relatório de Gerência de FC Porto de 1950-51, que como tal registava as classificações relativas ao clube. Não constando todavia qualquer imagem fotográfica nos jornais de Felgueiras relativamente a esses I e II Circuito de Felgueiras.

Armando Pinto

((( Clicar sobre as imagens )))

quinta-feira, 28 de abril de 2022

Muita honra pessoal na existência da W52-FC Porto

Apesar da campanha que tem sido lançada sobre o caso recente, é com muita honra que sou adepto da equipa de ciclismo W52- FC Porto. Estando grato ao sr. Adriano Quintanilha por ter feito a parceria com o FC Porto, ele que é o principal obreiro do engrandecimento do ciclismo português, que ainda até há poucos anos andava de roda baixa. Assim como naturalmente ao presidente Dragão sr. Nuno Pinto da Costa por com essa parceria ter feito regressar o ciclismo ao FC Porto, a modalidade que na década dos anos 60 mais adeptos atraiu para o nosso FC Porto e agora desde 2016 tem feito com que as bandeiras azuis e brancas do FC Porto também andem pelas estradas do país, de lés a lés. E obviamente também aos restantes patrocinadores da equipa, dos que já tive oportunidade de conhecer pessoalmente, com destaque para o sr. António Ferreira da Bolflex, que com sua boa disposição completa o entusiasmo do sr. Adriano Sousa, demonstrando em equipa o quão honestos são os que têm possibilitado a existência desta equipa, que muito tem orgulhado quem segue o desporto competitivo por paixão à causa.

A verdade é como o azeite, virá sempre acima, mais tarde ou mais cedo. Até lá, deixando passar a caravana, cá continuamos a ter muita honra na existência da equipa de ciclismo W52-FC Porto.

Armando Pinto

(Clicar sobre a imagem )))

segunda-feira, 25 de abril de 2022

Caso “Operação Prova Limpa” contra a W52-FC Porto

Colheu de surpresa todo o mundo o caso madrugador de domingo, das buscas à equipa W52- FC Porto, em pleno hotel onde a equipa descansava das etapas do Grande Prémio O Jogo. Estranhamente só e apenas contra esta equipa, quando deveria ser feito a todas, deixando assim as outras de sobreaviso e à vontade. De modo que calhou para a comunicação social sensacionalista aproveitar para atacar o mundo portista, com essa eufórica campanha logo aproveitada, esquecendo que o caso ainda não está provado mas apenas a ser investigado… Além que antes houve mesmo factos de doping em casos que parecem esquecidos sobre ciclistas sempre elogiados. Quão ocorreu em tempos idos e provado e comprovado como nos casos das duas Voltas a Portugal retiradas por doping a Joaquim Agostinho e uma a Marco Chagas, entre outros. Entre os quais o célebre caso de Sérgio Ribeiro do Benfica!

Agora, ressalta desde já que Adriano Quintanilha não merecia nem merece isto, ele que levantou o ciclismo praticamente, estando o ciclismo competitivo ainda há poucos anos quase desaparecido e só ressurgido após que ele formou as equipas W52. Contudo, como ele afirma, ainda é cedo para antever o futuro e o clube nunca poderá ser prejudicado.

Caso este que, antes de mais, será um rude golpe no ciclismo português, pois se a equipa azul e branca desaparecer será ainda pior que quando em 1984 foi extinta a secção de ciclismo no FC Porto. Bastando ver que então, ao ter corrido a situação dum ataque à equipa portista, quando a época estava prestes a iniciar-se (perante o aliciamento da então nova e episódica equipa Mako Jeans aos ciclistas do Porto, deixando a equipa portista desfeita), tendo aquilo levado à consequente desistência do clube da modalidade, resultou que o ciclismo em Portugal perdeu o maior interesse no Norte, a região do país onde as corridas de bicicletas têm mais popularidade. Como se viu nas comparações das etapas e finais de Voltas no Sul e no Norte ao longo dos tempos e em anos ainda recentes. Podendo com nova travessia a modalidade perder completamente o entusiasmo popular.

Ressalta também que antes a mesma equipa W52-FC Porto era na comunicação social normalmente referida apenas por W52, mas agora já passou a ser W52-FC Porto… e costumava ser referenciada pela antiga sede de Sobrado-Valongo e agora já há mais quem se lembre que tem sede em Felgueiras.

Como apaixonado adepto do ciclismo do FC Porto isto é desolador. Ciente contudo que o facto da equipa portista de ciclismo ter vindo a vencer a quase totalidade das provas mais importantes de Portugal pesa muito nisto tudo. Bastando ver-se que só a equipa Portista foi assim atacada, deixando campo e estrada livre às outras. 

Posto isto, e enquanto o caso não estiver esclarecido nunca podendo ser tiradas conclusões, há que aguardar. Mas confiando na verdade.

Entretanto, para um registo do caso, por ora e memória futura, transporta-se narrativa do tema com recorte do jornal O Jogo.

Força amigo sr. Adriano Quintanilha. Abraço.

Armando Pinto

((( Clicar sobre as imagens )))

sábado, 23 de abril de 2022

40.º Aniversário da Tomada de Posse de Nuno Pinto da Costa como Presidente do FC Porto - em 1982: Parabéns FC Porto e a a todos nós Portistas

Foi em plena Primavera de 1982, após dois angustiantes anos de espera pelo regresso da mística do FC Porto, que se diluíra parcialmente depois do verão de 1980, devido à política social se haver intrometido na vida do FC Porto (quando os interesses políticos de Américo Sá obedeceram aos interesses anti-Porto de Freitas do Amaral, como nem é bom lembrar muito...). De permeio com desilusões, sobremaneira que levaram ao afastamento pessoal da colaboração ao jornal O Porto, por exemplo. Coisas particulares, afinal, de quem apenas coloca o clube acima de tudo e não pergunta o que o clube pode fazer por nós mas o que nós podemos fazer pelo FC Porto. E então, finalmente, em 1982, ano em que ficou completa a minha família com o nascimento da minha filha, Clara, a completar o casal filial com o meu filho Nuno, o FC Porto passou a ter Nuno Pinto da Costa como nosso presidente do FC Porto. 

Faz agora 40 anos que tomou posse, a 23 de abril de 1982, o Presidente Dragão.

Na lembrança de tudo isso, aqui fica como recordação afetiva uma homenagem sentida ao início desses belos tempos, que para já culminam nestes 40 anos entretanto completados agora. 


~ Armando Pinto ~

((( Clicar sobre as imagens )))

sexta-feira, 22 de abril de 2022

De Correia Dias a Toni Martinez – golos distanciados 78 anos do 1º ao mais recente em jogos de futebol entre FC Porto e Sporting para a Taça de Portugal

 

O FC Porto está na final da Taça de Portugal de 2021/2022, ao eliminar o Sporting de Lisboa na meia-final a duas mãos, após duas vitórias, totalizando o resultado agregado de 3-1. Tendo, depois da vitória em Lisboa por dois golos contra um, repetido o triunfo com nova vitória no Porto, desta vez por 1-0, com golo de Toni Martinez – que é assim o autor do mais recente golo marcado nas disputas dos duelos entre azuis e brancos e os verde-brancos, agora em 2022.

Facto que leva a recordar na envolvência um cotejo histórico com o primeiro golo acontecido também para a Taça de Portugal entre as duas equipas, vindo à memória Correia Dias, autor do golo com que há 78 anos, mais precisamente em 1944, se iniciaram as hostilidades das equipas principais de futebol sénior dos mesmos clubes, em jogos a contar para a Taça. Ainda Pinga passeava sua classe pelos campos de futebol com a camisola do FC Porto, a histórica camisola das duas listas azuis verticais também do icónico Araújo e do goleador Correia Dias, os quais formavam essa linha atacante valorosa, à frente de outros valores, como Guilhar, Alfredo Pais e Lourenço, junto com o guarda-redes Barrigana que começava a mostrar suas "mãos de ferro", mais uns Álvaro, Maiato, Sárrea e Faria que completaram o onze azul e branco nesse jogo.

Como ilustração visual, desse jogo, da "1.ª jornada" (1.ª mão) dos oitavos de final da Taça de Portugal em 1944, lançamos um remirar memorando sobre algumas imagens publicadas na revista lisboeta Stadium, em seu número de 19 de abril desse ano.

Assim sendo, tendo-se defrontado FC Porto e Sporting para a Taça de Portugal de futebol, no jogo da 2ª mão da meia-final da Taça de 2021/22, esta quinta-feira 21 de abril de 2022, soma o histórico dos prélios entre ambos os emblemas agora 42 vezes que jogaram as equipas representativas de ambos os emblemas, na mesma competição. Levando isso a evocar também a soma do tempo, entre a 1ª vez, a 16 de abril de 1944 e esta 42.ª vez, neste abril de 2022, passados 78 anos. Fazendo a ligação entre o primeiro e o agora último golo, desde que Correia Dias marcou em 1944 até ao de agora, marcado por Toni Martinez.

Neste exercício de memória e historicidade algo interessante, deitamos mão, com a devida vénia, a um artigo publicado antes do jogo na página informática “zerozero.pt”, sobre essa primeira vez entre ambos, FC Porto e Sporting, para a Taça de Portugal, com narrativa referente ao antigo avançado portista Correia Dias, mais a ficha de Toni Martinez, o atual avançado autor do golo mais recente.

Isto sem necessidade, neste caso, de narrar os factos atuais, tão presentes na memória destes dias em que o Sporting e seu presidente abusaram de jogos de bastidores provocatórios, enquanto o treinador do Sporting dizia haver coisas que o faziam rir… mas com a derrota da bazofia leonina até apetece mesmo rir, com o sabor doce da vitória totalmente justa e dentro do campo. Com direito a festejos coletivos, por fim. 

Armando Pinto

((( Clicar sobre as imagens )))

quarta-feira, 20 de abril de 2022

Discografia da coleção pessoal - em Dia do disco de Vinil !

 

A propósito da efeméride do dia, nesta data de publicação: - Hoje é Dia do Disco.

O Dia do Disco, também conhecido como Dia do Disco de Vinil, é comemorado anualmente em 20 de abril. Sendo o disco de vinil considerado um marco na história do entretenimento musical e gravação afetiva, permanece popular em todo o mundo, mesmo com o  surgimento do CD e de outros suportes mais avançados. Incluindo-se também nesse mundo os meios para reprodução sonora, sendo o mais usual desde há muito o chamado Gira-discos  (sucessor da antiga grafonola, de campânula).

Comemoração esta surgida a partir de uma homenagem no Brasil ao músico Ataulfo Alves, que morreu em 20 de abril de 1968. Já nos Estados Unidos é em Agosto, por homenagem ao dia em que Thomas Edison, em 1877, anunciava que teria inventado o fonógrafo.... Mas tal como se diz noutros casos, pode ser quando se quiser. Permanecendo o disco de vinil como algo de apreço no entretenimento musical, ajudando a criar novos hábitos, seja entre os ouvintes ou entre os produtores musicais.

Atualmente, o disco de vinil voltou a tornar-se popular, não pela sua prática (visto que os CD’s apresentam superior qualidade sonora, por exemplo), mas pela peculiaridade que o caracteriza….»

Nesta pertinência é pois oportunidade de também associarmos o caso dos discos sobre temas do Futebol Clube do Porto. Quanto aos discos constantes na coleção particular da Discografia Portista aqui do autor destas anotações. 

Ora, os discos de vinil guardam ternas lembranças melodiosas ou de voz historiadora, entre muitas recordações e afetos, à medida de quem tem memória também disso. Incluindo inesquercíveis momentos de Portismo, assim gravados em pistas de discos.

Armando Pinto

((( Clicar sobre as imagens )))

terça-feira, 19 de abril de 2022

ELIAS CRUZ: Campeão entre pioneiros do ciclismo do FC Porto (1933 - 1936)

Um dos ciclistas que representou o FC Porto nos primeiros tempos da participação portista em provas já de cariz oficial, em que também se salientou então, foi Elias Cruz.

Elias Ferreira da Cruz, nascido em S. Bernardo, próximo de Aveiro, a 3 de Abril de 1911, cedo começara a sentir paixão pela bicicleta, algo que o levou a inscrever-se em muitas provas regionais, que geralmente ganhava.

Este amontoar de êxitos levava as pessoas a afirmarem, antes de cada prova, que “O Elias vai ganhar”. Então (segundo descrição na página informática da sua freguesia, em “www.freguesiadesaobernardo.pt/desporto”) «um Diretor do F.C. Porto, a exercer a sua atividade profissional numa Fábrica de Sabão, em Aveiro (na Rua de São Martinho), ouvindo tantas pessoas a afirmarem que o “Elias ganhava sempre”, resolveu indagar quem era esse tal Elias. E assim foi estabelecido o primeiro contacto». Entretanto, numa dessas corridas foi visto por esse elemento afeto ao F. C. Porto, o qual apreciando as qualidades da robusta pedalada de Elias Cruz o convidou a ingressar na equipa do grande Clube do Norte. Como ele porém não tinha bicicleta apropriada «os Diretores do F.C. Porto, conhecedores do seu valor, ultrapassaram o assunto dando-lhe uma bicicleta marca Vilar, sem mudanças, que pesava 19,5 kg. A correr com essa bicicleta, Elias tinha direito aos seguintes prémios, conforme o lugar em que se classificasse: - 1.º lugar numa prova: 1$00 ao km; - 2.º lugar numa prova: $80 o km; - 3.º lugar numa prova: $60 o km.» Indo então ao Porto «de comboio, onde assinou a ficha de Atleta pelo F.C. Porto.» Estava-se em 1933 e Elias acabou por correr pelo F.C. Porto até 1936. Mas «só raramente ia fazer um treino ao Porto» preparando a correr em trajetos da sua região. E «quando havia alguma prova o F.C. Porto enviava-lhe, na véspera, um telegrama para ele se apresentar na Sede do FC Porto no dia seguinte a uma determinada hora. O clube pagava-lhe as deslocações de comboio, das vezes em que o Elias não resolvia ir de bicicleta, mais a estadia e o táxi.»

1935 - Caricatura - ELlAS CRUZ em desenho dum artista aveirense de assinatura A. Torres  (em "Almanaque Desportivo de Aveiro")

Elias estreou-se oficialmente em 1933 na categoria de «principiantes», mas competindo com os outros mais velhos, e logo se salientou correndo o Porto-Braga-Porto, prova em que triunfou. Tão auspiciosa estreia foi então prenúncio de novos e sucessivos triunfos, conquistados em competição com os melhores valores do Norte e mesmo do Sul. Assim, foi o vencedor de várias provas, entre as quais se destacam o VI GIRO DO MINHO, em 1934, os 100 KMS CLÁSSICOS e o I PORTO-VIGO-PORTO, em 1935. Além de ter alcançado o título de Campeão do Norte em três anos consecutivos (1934, 35 e 36).

Também (segundo sua biografia na página de sua freguesia) venceu o Circuito de Vila Nova de Gaia disputado por eliminatórias», no qual, «em luta com os melhores ciclistas nacionais, venceu sucessivamente todas as eliminatórias e a final.» Bem como «no Circuito da Bairrada, uma grande estrela do Ciclismo Nacional, Nicolau, vergou-se a um 2.º lugar, ficando o Elias em 1.º». E «no Grande Prémio da Delegação do Porto da União Velocipédica, encontram-se frente a frente a estrela máxima do Ciclismo Nacional da altura, Alfredo Trindade e um valoroso ciclista, Elias Cruz… Uns anos antes tinham surgido as primeiras bicicletas com mudanças, que imprimiam maiores velocidades com menor desgaste físico dos atletas. Alguns ciclistas utilizavam bicicletas com mudanças. Era uma corrida desigual. Elias Cruz continuava na sua bicicleta Vilar, com aros de madeira, a não ter mudanças. Mas ele não era homem para desanimar. Dada a partida, ele põe-se à frente a puxar mesmo sem mudanças e com uma queda à saída de Viana do Castelo, que o obrigou a esperar cinco minutos pelo seu carro, mas, apesar de bastante magoado, só um homem conseguiu aguentar aquele ritmo endiabrado: Alfredo Trindade. E com a meta à vista, Alfredo Trindade, na sua bicicleta de mudanças, sprintou e venceu a prova. Mas a atuação do Elias Cruz foi tão surpreendente e meritória que no Jornal Stadium, publicado no dia seguinte, veio inserida uma fotografia dos dois ciclistas abraçados com a legenda: “Alfredo Trindade e Elias Cruz vencedores da prova”.»

Entretanto diversas outras provas Elias venceu, entre as várias disputadas, segundo a tradição pela transmissão oral, mas das quais algumas não terão ficado assinaladas também em crónicas nem imagens contemporâneas. 

Elias Cruz quando, em 1935, venceu os “100 Kms contra relógio do Porto” ("100 Kms Clássicos"), efetuados em 3 h. 1 m. 2/5 s. (in revista "Stadium")

«As pessoas de São Bernardo, sua terra, sentiam profundamente tudo isso e viviam com um entusiasmo incomensurável os seus êxitos. Na hora em que cada prova terminava já uma delegação de São Bernardo, fosse qual fosse o dia e a hora, estava na Ponte Praça, debaixo dos Arcos, a aguardar, junto do Placard, a classificação final do Elias. Esperavam horas sem fim, e quando acontecia, como quase sempre aconteceu, que o Elias era o primeiro, era o entusiasmo que rapidamente era trazido para a sua terra. Espontaneamente, as pessoas juntavam-se no pátio de sua casa. A “Tuna” de São Bernardo, com a sua música e marchas, vinha voluntariamente associar-se à festa. Era música, dança, alegria, vida, juventude e amizade. Ninguém arredava pé enquanto o seu Elias não chegasse. Era toda uma terra irmanada e feliz pelo êxito de um seu patrício.»

Elias Cruz, chegou a gozar de grande popularidade no país, sendo mesmo considerado o melhor valor do ciclismo nortenho nesse tempo. No auge de sua carreira, tendo ainda em 1935 vencido no I Circuito da Barra, abandonou o ciclismo em 1936.

- Equipa de Ciclismo do FC Porto de 1935 que esteve presente nas 12 Voltas à Gafa. Da esquerda para a direita: Rêgo, Fernandes da Silva, Elias Cruz e Nunes da Silva. (in revista "Stadium")

Com tal decisão prematura pôs termo a uma carreira que prometia ser brilhante, quando apenas com 25 anos era uma ridente esperança de muitos mais sucessos.

«Em 1981, em pleno reconhecimento do importante papel que em termos desportivos Elias Cruz representou, o Centro Desportivo de São Bernardo, numa pública homenagem, atribuiu-lhe a Medalha de Mérito Desportivo. A esta homenagem associou-se a Assembleia de Freguesia de São Bernardo que, numa das suas Sessões Públicas, aprovou, por unanimidade, um voto de congratulação e de louvor a Elias Ferreira da Cruz.» E «depois de uma vida passada inteiramente em São Bernardo, na Rua Cega, onde nasceu e sempre viveu, Elias Ferreira da Cruz veio a falecer no dia 23 de Fevereiro de 1994, encontrando-se sepultado no cemitério de São Bernardo» (conforme consta na referida página informática da sua freguesia natal).

 Armando Pinto

((( Clicar sobre as imagens )))

sábado, 16 de abril de 2022

40 Anos de Presidência de Pinto da Costa no FC Porto

 


A 17 de abril de 1982 foi Jorge Nuno Lima Pinto da Costa eleito Presidente da Direção do FC Porto. Faz agora 40 anos, neste domingo Dia de Páscoa de 2022.


Sendo então, há 40 anos, num sábado que ocorreu essa eleição, à chegada de tal facto dessa mudança tão ansiada. Algo que durante cerca de dois anos foi muito desejado, mais precisamente desde que no verão de 1980 se dera a rutura do então Presidente Dr. Américo Sá e seus acompanhantes com o Diretor do Departamento de futebol, Pinto da Costa e mais o treinador José Maria Pedroto.

Com efeito, perfaz agora 40 anos, à chegada do 17 de abril, que naquele sábado de meio de abril, ao correr do ano de 1982, fui propositadamente à cidade do Porto, indo de camioneta de carreira (ainda não era muito usual dizer-se autocarro… e até nas notícias diziam caminheta), para votar nas Antas, em dia de eleições do Futebol Clube do Porto. Ao tempo a viagem de casa até ao mundo das Antas, distando cerca duns 60 km pela estrada nacional, ainda era coisa que levava umas horitas, com a camioneta a parar em todas as capelinhas (paragens de passageiros). Para depois regressar já com o dia a escurecer e mais uma esticadela de tempo com as pernas entre bancos. Tudo isso para eleger quem eu queria para Presidente do meu Porto. Depois de tempos de espera pela mudança diretiva no clube. Mesmo concorrendo então para a presidência portista apenas uma lista, chefiada por quem eu queria que dirigisse os destinos do meu FC Porto. Situação que me satisfazia, tal como rejubilei intimamente logo que soube que isso ia acontecer, algum tempo antes, ao ler um jornal comprado aquando do nascimento de minha filha. Num corrupio de boas sensações, que perduram como eternas e ternas boas recordações.

Assim sendo, desta vez, na passagem de mais um aniversário da primeira eleição do Presidente do FC Porto, em vez de evocações por meio de respigos de livros ou jornais, assinalo aqui esta boa lembrança através de algumas “preciosidades” de estimação pessoal, com realce para uma histórica missiva, recebida dias depois por correio, após a sua eleição (carta que entretanto já esteve no Museu do FC Porto, mas depois foi retirada, por vontade do Presidente, certamente para não haver outras interpretações. E, nessa situação, como estava apenas emprestada, regressou onde é estimada). E ainda e também um panfleto e um calendário de bolso alusivos ao ato (recebidos à entrada do Pavilhão de Treinos das Antas, onde decorreu a votação), passando por postais, bilhetes e convites autografados, ainda um cartão que está num quadro privado, até fotografias que fazem parte do álbum pessoal.

Então, com 27 anos de idade, eu fui um dos sócios do FC Porto que elegeram Jorge Nuno Pinto da Costa para a presidência, então um jovem de 44 anos que, enquanto chefe do departamento de futebol, formou uma dupla imbatível com o treinador José Maria Pedroto. Sufragado com mais de 95% dos votos, Nuno Pinto da Costa daria depois razão ao que prometera, de devolver o clube aos sócios, além de promessa de uma equipa forte em Portugal e na Europa. 

Pois foi assim há 40 anos. Tantos quantos Jorge Nuno Lima Pinto da Costa leva como Presidente do FC Porto.

Desnecessário se torna relembrar muitos episódios mais, ao longo destes longos anos, por tudo estar bem vivo na retina da memória. Bastando, como homenagem, retemperar visualmente alguns momentos relacionados.


Naturalmente tudo isso não significa quaisquer privilégios, nem qualquer favorecimento ou mesmo convites, que nunca se deram. Apenas se relembra pela admiração pessoal mantida. 

Toda essa envolvência teve mais tarde uma narrativa a servir de ilustração a um testemunho dado na revista Mundo Azul, em seu nº 3, de Maio de 2009. Correspondendo a solicitação da Diretora da referida publicação, como primeiro artigo da colaboração depois mantida com essa revista mensal do Conselho Cultural do FC Porto, ao tempo presidido pela D. Filomena Pinto da Costa.

Revista essa, Mundo Azul, que existiu então desde MARÇO de 2009 até ABRIL de 2010, e na qual ficaram exaradas algumas crónicas sobre a história de modalidades como o hóquei em patins, o andebol e o basquetebol do clube, mais uma visão da blogosfera portista, com registo dos blogues de temática relacionada com o FC Porto que à época andavam nas atenções dos seguidores das redes sociais, e ainda biografias de gente do mesmo denominador comum, à Porto. Mas isso faz parte também da história da existência da revista, em tempo que o Conselho Cultural teve atividade visível ao longo dessa era. Marcando época e deixando assim registados factos que não apareceram noutros lados, incluindo testemunhos como o que deu início a essa colaboração gratuita no artigo descritivo da correspondente história.

Armando Pinto

((( Clicar sobre as imagens )))