Reconstituição Histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Reconstituição histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Criar é fazer existir, dar vida. Recriar é reconstituir. Como a criação e existência deste blogue tende a que tenha vida perene tudo o que eleva a alma portista. E ao recriar-se memórias procuramos fazer algo para que se não esqueça a história, procurando que seja reavivado o facto de terem existido valores memorávais dignos de registo; tal como se cumpra a finalidade de obtenção glorificadora, que levou a haver pessoas vencedoras, campeões conquistadores de justas vitórias, quais acontecimentos merecedores de evocação histórica.

A. P.

segunda-feira, 30 de maio de 2022

Franklim Cardoso (1924 - 1972): Histórico e icónico Diretor Desportivo da era vitoriosa do ciclismo do FC Porto na primeira metade dos anos 60!

 

Nas diversas fases do ciclismo portista, modalidade em que o clube azul e branco se foi tornando detentor de melhor palmarés nas provas nacionais mais importantes, houve um período de grande supremacia ainda nos tempos das equipas apenas de clubes, antes do surgimento de firmas patrocinadoras associadas. Como foi na parte final dos anos 50 mais inícios da década de 60, no romântico século XX. Em cujo decorrer das épocas das corridas de ciclismo competitivo se salientou Franklim Cardoso, em lugar de destaque no comando do ciclismo do FC Porto, sobretudo na primeira metade dos mesmos anos 60. Tendo sido com esse icónico senhor do ciclismo que ocorreram as vitórias na Volta a Portugal de Sousa Cardoso, Mário Silva e José Pacheco, em 1960, 1961 e 1962, respetivamente.

É pois sobre Franklim Cardoso que desta vez se procura fazer memória aqui. Cujo nome, como curiosidade e para não haver equívocos, no bilhete de identidade constava escrito como Franquelim, mas ele próprio escrevia e assinava como Franklim nos jornais onde era comentador de ciclismo. E inclusive constava de cartões oficiais identificativos de funções (livres trânsitos).

Franklim Cardoso, inicialmente e durante muitos anos exerceu funções de juiz de chegada nas Voltas a Portugal, sendo além desse desempenho também um profundo conhecedor da modalidade. 


 = Sequência de imagens das funções de Juiz e Cronometrista, quer no tempo do grande ídolo do ciclismo Fernando Moreira (foto de cima) como de Dias dos Santos (penúltima foto, em baixo).

Fruto dessa envolvência chegou em 1960 a ser selecionador nacional. Bem como grande Portista, sendo sócio do FC Porto (assim como também era associado pagante do Académico do Porto e do S. C. Vasco da Gama). Até que passou depois a estar ligado ao FC Porto, inicialamente como Dirigente da secção do ciclismo e depois ficou a ser Treinador/"Orientador técnico" dos ciclistas do FC Porto, cargo que desempenhou com maestria durante 4 anos.

Então, sob o seu comando, conquistaram os ciclistas do FC Porto “retumbantes triunfos nas provas nacionais de maior projeção”. Além de ter contribuído para uma melhor organização da Secção de Ciclismo do FC Porto, nesse tempo, tendo convidado para componentes da secção grandes sócios portistas que se revelaram autênticas dedicações, como Manuel Fernandes Almeida e Serafim Mota.

= Equipa de Ciclismo do FC Porto no início da ligação de Franklim Cardoso ao FC Porto, cerca de 1960. A seu lado (à esquerda da foto) o massagista Lopinhos, e, do outro lado, Azevedo Maia, Artur Coelho, Mário Sá, um diretor, Carlos Simão, Carlos Carvalho e outro diretor; tendo em baixo, depois de dois colaboradores da equipa, Sousa Cardoso, Emídio Pinto, Pedro Polainas e Sousa Santos. 

Franklim Augusto Rodrigues Cardoso, como era seu nome completo, nasceu a 9 de fevereiro de 1924, em Tabuaço. 

Foi praticante de atletismo nas camadas jovens do "Operário" (Clube de Futebol Operário), clube também da área do atletismo portuense, disputando os campeonatos regionais com atletas do FC Porto e do Académico, sobretudo. 

Após isso e já adulto, foi mais tarde fundador da Comissão Regional de Juízes e Cronometristas de Ciclismo, do qual foi Presidente em 1952 do Centro Regional do Norte, da Associação de Ciclismo do Norte. 

Isso tudo de permeio com funções jornalísticas de crítico (comentador, conforme atualmente se diz) da modalidade, como conhecedor profundo desse desporto das bicicletas de corrida, a que praticamente consagrou a maior parte da sua vida. Tendo depois, na sua faceta mais apreciada historicamente, passado a Técnico de ciclismo, cargo ao tempo referido como Treinador ou Orientador Técnico e hoje Diretor Desportivo. Ficando à frente da responsabilidade orientadora da equipa do FC Porto, durante o período áureo da era antiga do ciclismo portista, no tempo da categoria dos Independentes (mais tarde chamados Profissionais e de Elite), a orientar o famoso lote de ciclistas que ia desde Sousa Cardoso, Artur Coelho, Emídio Pinto, Sousa Santos, Carlos Carvalho, Ernesto Coelho, José Pinto, Azevedo Maia, Mário Silva, José Pacheco, Mário Sá, Júlio Abreu, Albino Alves, etc.

Antes e depois de ter sido treinador, Franklim Cardoso era colaborador do jornal portuense de difusão nacional “O Primeiro de Janeiro”, no qual deteve a seu cargo durante longos anos a rubrica sobre ciclismo. Onde foi revelando em seus escritos uma verdadeira competência e isenção exemplar. Mais tarde foi também colaborador assíduo dos jornais “O Norte Desportivo” e “Diário Popular”, bem como espalhou diversa colaboração apreciada por outros jornais do país, como por exemplo o jornal Reportagem. Assim como foi colaborador do jornal O Porto, ao tempo órgão oficial informativo do FC Porto.

= Na sua função de jornalista, ao tempo como repórter dos jornais O Norte Desportivo e O Porto, Franklim Cardoso entrevistando (da esquerda para a direita) Onofre Tavares, Carlos Carvalho, Artur Coelho (camisola amarela de vencedor do Grande Pémio Vilar, de 1959) e Sousa Santos, anotando as suas impressões para reportagem que foi publicada n'O Porto (sendo esta foto original de papel, naturalmente, da qual deve ter sido copiada a imagem em zincogravura para a impressão, como era usual nesses tempos).

De sua passagem pelo ciclismo, além de sua característica de bom organizador da retaguarda de trabalho como conseguiu na Secção de Ciclismo do FC Porto, teve também impacto a sua forte personalidade de defensor de seus ciclistas e do clube que representava. Quão aconteceu na Volta a Portugal de 1961. Cuja ocorrência tem de ser referida com algum pormenor para se lhe fazer justiça.

Embora a modalidade das bicicletas não tenha árbitros, tem juízes e diretores de corrida, mais dirigentes das cúpulas institucionais. E por vezes outras circunstâncias que se intrometem. Ora, como o FC Porto dominava o panorama do ciclismo português e havia muitas invejas disso, surgiu na Volta a Portugal de 1961 um caso que deixou dúvidas e levantou fortes suspeitas. Tendo a equipa do FC Porto sido intoxicada na comida servida na pensão em que pernoitou, e como tal ficado enfraquecida. Então, sendo oficialmente dado como se fosse gastroenterite diagnosticada pelo médico da caravana (embora na comunicação social atirassem que foi por ingestão de líquidos gelados), a verdade é que os corredores do FC Porto no dia seguinte tiveram de chegar tarde ao local da partida da 8ª etapa Tavira-Beja, da “Volta”, depois de uma noite em que ninguém da comitiva do clube nortenho pregou olho. Apressando-se os diretores portistas a avisar o pessoal da organização da Volta sobre o facto e solicitando compreensão para alguns minutos de espera. Mas, com a pressa de deixarem os ciclistas azuis e brancos de fora, foi dado início à etapa sem que a equipa do FC Porto ainda tivesse chegado à meta da partida. Tendo depois os ciclistas do FC Porto que conseguiram chegar ao local então iniciado a corrida com substancial atraso, reduzidos no grupo também por naturais desistências. Pois, apesar de todos terem sido intoxicados, alguns ficaram mesmo em pior estado. Sucedendo que os ciclistas que estiveram em piores condições, com diarreias, vómitos, tonturas e febre, terem sido obrigados a nem começar a etapa e outros a desistir nessa “etapa maldita”. Havendo assim abandonado a prova Artur Coelho, Júlio Abreu, José Pinto, Ernesto Coelho e Azevedo Maia. Porém, os que restaram da equipa, apesar do grande esforço de recuperação, não se deixaram vencer pelo desespero e quatro dias depois, no final da etapa da Covilhã para a Guarda, Mário Silva conquistou a camisola amarela. 

Este caso da intoxicação dos corredores portistas teve, no entanto, repercussões disciplinares devido ao facto do diretor da equipa do FC Porto, Franklin Cardoso, ter reclamado em público diante do diretor da corrida, pela indiferença que revelou perante o drama vivido pelos seus corredores, o que, naturalmente, justificava perfeitamente que a partida tivesse sido atrasada. Mas, como nesse tempo também quem podia mandava… isso valeu-lhe uma suspensão temporária oficial. Enquanto, como espécie de compensação de vingança servida a frio, resistindo a todas as adversidades e a todos os ataques (incluindo ter sofrido um furo perto da meta na etapa terminada no Porto, e por isso teve de entrar na pista do estádio a pé, perdendo 21 segundos), o ciclista do FC Porto Mário Silva, ajudado pelos colegas resistentes, ganhou a Volta com 57 segundos de vantagem sobre o 2º classificado, o italiano Marcoletti (da Ignis), deixando a grande distância de 23 minutos e 25 segundos o 3º, Alberto Carvalho (do Académico). 

= Reportagem da Vitória de Mário Silva, do FC Porto, na revista lisboeta Flama.

Sintomático, desse comportamento dos resistentes portistas na Volta de 1961: Sousa Cardoso, vencedor da Volta do ano anterior e principal favorito até ter adoecido, devido à intoxicação alimentar, acabou por se classificar em 12º da geral individual, à frente até de Alves Barbosa, que era um dos favoritos da comunicação social. Tendo a equipa do FC Porto chegado ao fim apenas com Mário Silva, Sousa Cardoso, Carlos Carvalho, Sousa Santos e José Pacheco.

= Equipa de asssitência e funções organizativas, enquanto acompanhantes de Franklim Cardoso na Volta de 1961, com todos os colaboradores, desde seu adjunto, mais dirigentes, médico, massagistas e mecânicos.

No ano seguinte repetiu-se nova vitória portista, ainda de forma mais convincente porque toda a equipa chegou ao fim, sendo José Santos Pacheco o vencedor individual e a equipa do FC Porto vitoriosa por equipas, nessa Volta a Portugal de 1962.



= Na cerimónia de entrega das taças ganhas pelo FC Porto na Volta a Portugal de  1962, com José Pacheco e Franklim Cardoso junto aos dirigentes federativos e diretores do FC Porto. Ao lado do Técnico Franklim, também alguns dos ciclistas da equipa (a partir da esquerda: Ernesto Coelho, Sousa Santos, Azevedo Maia, Mário Miranda, Mário Silva e Mário Sá). Não aprecendo na imagem, por exemplo, Sousa Cardoso, que porém estava presente na ocasião, como se pode ver pela imagem do jantar de homenagem à equipa vencedora da Volta - em que, como Chefe de fila, ficou entre Franklim Cardoso e o vencedor da Volta José Pacheco.


Em 1963 não foi possível reeditar a dose, que ia já numa bela série consecutiva. Nesse ano o Sporting, invocando a lei militar indevidamente, porque tinha nos altos quadros militares oficiais de sua direção, conseguiu desviar o vencedor da Volta anterior, de modo que José Pacheco correu pelo Sporting nas duas épocas seguintes (apesar do FC Porto bem ter reclamado e recorrido, nesse tempo do Estado Novo... Contudo nessas mesmas temporadas Pacheco não teve sucesso com a camisola das listas verdes e assim regressou ao Porto dois anos depois, para iniciar 1965, porém já em fora de forma e consequentemente de carreira). Acrescendo na Volta de 1963 ter havido desistências por aparatosas quedas de alguns ciclistas azuis e brancos, como Mário Silva e Sousa Cardoso, acabando a equipa deveras enfraquecida.


= Franklim Cardoso com Joaquim Leão e Joaquim Freitas, em 1963. 

= Pose em dia de Festival Internacional de Pista nas Antas, em setembro de 1963 - com a presença de dois famosos ciclistas estrangeiros, o ciclista francês Jacques Anquetil (ao centro - o melhor ciclista desse tempo em que foi dominador da Volta a França) e Silvilloti (do lado esquerdo da foto ), estando esses dois ciclistas mundiais acompanhados por (em cima e a partir da esquerda) José Pinto, Azevedo Maia e um diretor; (em baixo) Joaquim Leão, Mario Miranda e Franklim Cardoso.

Em 1964, já apenas como jornalista, Franklim Cardoso acompanhou a vitória de Joaquim Leão. Cujo triunfo foi vitoriado por todos os lados onde pulsavam sentimentos Portistas e sobremaneira teve apoteose na chegada dos ciclistas e responsáveis à cidade do Porto. Como foi publicado no jornal O Porto, em reportagem ilustrada com significativa foto.

= Consagração popular dos vencedores da Volta a Portugal de 1964, à chegada ao Porto - tendo o FC Porto ganho a Volta categoricamente, a nível individual por Joaquim Leão, e coletivamente por equipas com os 8 ciclistas que começaram e acabaram a Grandíssima portuguesa. 

Mesmo depois de ter deixado de ser Orientador Técnico da equipa, Franklim Cardoso continuou a conviver e a manter estreita amizade com todos os seus antigos pupilos. Como no caso de bodas e festas familiares em que era convidado. Conforme os casos (identificados por duas fotos correspondentes) dos casamentos dos ciclistas Mário Silva e Ernesto Coelho - em que, junto com a esposa, foi conviva lado a lado com os ciclistas companheiros dos noivos e seus amigos particulares. 

Passados anos, em Maio de 1969 Franklim Cardoso foi homenageado pela Associação de Ciclismo do Porto com a realização do “Prémio Franklim Cardoso”, prova e trofeu com seu nome, corrida no domingo 11 desse mês. Ocasião em que foi agraciado com a medalha de honra da mesma entidade, pelas mãos do então Presidente da mesma Associação António Fernandes, em ato representado oficialmente por esse também histórico dirigente associativo.

Sinal do apreço em que era tido, tempos depois foi em 1971 convidado para ser o Diretor de corrida do III Grande Prémio Fagor, em Moçambique, onde dirigiu essa importante prova de 10 etapas em Junho desse ano de 1971. Ali, também na ocasião, proferiu então em Lourenço Marques uma série de palestras sobre ciclismo, por via de seus vastíssimos conhecimentos da modalidade.

Faleceu a 5 de setembro de 1972, com 48 anos, em sua residência, no Porto. Tendo seu funeral tido grande acompanhamento, em manifestação pública significativa de apreço, desde a igreja da Trindade, onde se realizaram as cerimónias fúnebres, até ao campo santo onde repousou, ficando sepultado no cemitério do Prado do Repouso, na cidade do Porto.

No dia de suas exéquias, o “Primeiro de Janeiro”, em crónica evocativa, referiu-se-lhe afirmando: «Desapareceu uma figura muito conhecida do meio desportivo, mais exatamente na velocipedia nacional». Acrescentando, sobre sua veia jornalística de colaborador-comentador de ciclismo: «Era, acima de tudo, um camarada, um amigo. Leal, afável, fez amigos por toda a parte e pode dizer-se dele que, como desportista, foi um dos poucos que não conhecem adversários, no sentido do termo que pressupõe oposição.» Tal qual, referente aos triunfos como treinador do FC Porto «até nesses momentos os aplausos e outras manifestações de admiração e simpatia lhe eram dirigidos por técnicos, dirigentes, atletas e adeptos de coletividades concorrentes».

Mais tarde, em crónica jornalística de semblante saudosista, Ângelo Granja considerava Franklim Cardoso «eventualmente o homem que, na sua época, mais sabia de ciclismo, a nível nacional e conseguiu demonstrá-lo pelo que escreveu e pelo que fez, como Técnico do FC Porto e Selecionador nacional.»

= Homenageado ainda em vida, com colocação na lapela duma distinção oficial, de que se encarregou como representante federativo o presidente da Associação do Porto António Fernandes; e recebendo uma distinção também do FC Porto, pelas mãos do então presidente do Clube,  José Nascimento Cordeiro.

~~~ ***** ~~~

Eterna saudade e constante recordação! 

= Imagem com o filho, quando ainda criança - e agora senhor que colaborou com este trabalho, mediante simpático empréstimo das fotografias - e muito material mais, que naturalmente ficará para outras ocasiões pertinentes...

Armando Pinto

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sábado, 28 de maio de 2022

Álbum foto-documental enriquecedor do acervo biblio-arquivístico pessoal – livro foto-narrativo da “FESTA DE HOMENAGEM A PEDROTO E CONSAGRAÇÃO AOS CAMPEÕES NACIONAIS DE FUTEBOL (ÉPOCA 1958/59)”

Como uma prenda antecipada de aniversário, embora ainda falte algum tempo para o caso, ou bem como prenda dos dias felizes atuais de termos sido Campeões, contudo sendo mesmo mais como reconhecimento de nossa amizade portista, foi com muito gosto, grande prazer e apreço que na Festa dos Campeões de 1987 e 2022, mais comemmoração dos 40 anos de presidência de Pinto da Costa, na sexta-feira 27 desde maio alegre, recebi uma bela prenda – o álbum foto-documental da “FESTA DE HOMENAGEM A PEDROTO E CONSAGRAÇÃO AOS CAMPEÕES NACIONAIS DE FUTEBOL (ÉPOCA 1958/59)”. Livro foto-narrativo que orgulhosamente recebi das mãos e de coração cheio de alguém que há muito me habituei a admirar no mundo portista, a Dr.ª Cecília Pedroto. Senhora a quem já aqui, neste blogue de Memórias Portistas, dediquei em tempos um artigo, como preito do que significa, até como ligação dos Portistas conhecedores da História do FC Porto com o grande Mestre José Maria Pedroto. Além de sua simpatia que muito me orgulha conhecer, como amigo como me honro de ser e assim ela me ver também. Fruto ainda da convivência e conhecimentos ganhos no mundo portista, entre muita gente do mesmo denominador comum.

Honra acrescida, esta, por saber que o álbum em apreço foi por expressa cópia do original, feito propositadamente para esta oferta, através de segunda via do que em tempos foi oferecido pelos seus filhos ao próprio Mestre Pedroto.

Assim sendo, a presença pessoal na Festa de Homenagem aos Campeões de Viena, a assinalar os 35 anos da conquista da Taça dos Campeões Europeus de 1987, mais os 40 anos de Pinto da Costa Presidente, bem como de convívio festivo entre adeptos portistas a festejar a recente Dobradinha nacional, além de tudo o mais, teve essa boa sensação, pela realidade de assim passar a ter tal livro-álbum enriquecedor do acervo biblio-arquivístico pessoal. Do qual, apenas como amostra, se juntam algumas imagens através de captações fotográficas das respetivas páginas, contendo naturalmente naturais reflexos por ser por exposição de flash. De cujo material a partir daqui haverá boas imagens para digitalização futura atinente a ilustração do que aprouver.

O Mundo Portista fica assim aqui consubstanciado nisto tudo, em imagens, atitude e reconhecimento. Como se pode saber e ver por este álbum de reportagem fotográfica desse acontecimento histórico-portista. Que fica a mais enriquecer o espólio portista aqui do autor deste espaço de "Memória Portista"!

Armando Pinto

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sexta-feira, 27 de maio de 2022

Bodas de Coral da 1ª grande conquista europeia de futebol do FC Porto: A Taça dos Campeões Europeus de 1987!

 

27 de maio, aquele célebre dia de 1987, ficou mesmo a ser e é uma data inesquecível, como momento saliente na vida portista e dos portistas. Dia importante na história do grande Futebol Clube do Porto. Tal foi a final europeia de Viena. Faz agora 35 anos, que lá, no estádio do Prater, na capital austríaca das valsas musicais, Madjer, Juary, João Pinto, Frasco, toda a equipa, com Artur Jorge e tantos outros, tocaram assim musicalmente em muitos corações e colocaram o nome do FC Porto no topo do mundo. Algo que sempre se revê na retina da memória e só as lembranças desse final de tarde e entrada pela noite dentro ainda fazem arrepiar.

Ora, a conta dos 35 anos que agora se completam, neste ano de 2022, soma as chamadas bodas de coral. Cuja celebração nesse sentido simboliza o fortalecimento de uma relação. Pois como os corais marinhos levam muitos anos para se formarem, também uma duração assim ainda é mais vincada, continua bem gravada. 

Se há dias felizes e momentos especiais, por vezes, daqueles em que acontece alguma coisa desejada mas até nem muito esperada, um desses foi a 27 de Maio de 1987 (ainda os meses se escreviam em português oficial com letra inicial maiúscula). Quando o FC Porto alcançou o título de Campeão Europeu de futebol e o mundo portista sentiu uma alegria indescritível, num daqueles momentos em que se vê e comprova que o futebol não é só um jogo nem apenas um desporto, é muito mais que isso. Sobretudo, como no caso pessoal, em que estava em jogo o FC Porto, algo especial que faz que se ande no mundo sem ser só por ver os outros andarem.

Pois então aconteceu isso, coisa que há muito desejamos e por vezes sonhávamos, mas com uma ponta de realismo nos parecia quase impossível. Nomeadamente por então ser já um tempo em que no futebol dominavam os interesses dos poderosos. Bastando recordar o que acontecera três anos antes, na final da Taça das Taças, ainda existente nesse tempo, em que a Juventus de Itália, patrocinada por uma firma automóvel de grande fortuna, foi beneficiada em prejuízo do FC Porto que, apesar de ter dado lição de bola, foi autenticamente espoliado desse trofeu. Estando-se assim já muito longe de tempos em que qualquer equipa poderia ganhar quaisquer taças internacionais, visto antigamente não haver tantos jogos de bastidores premeditados e mesmo as comunicações eram reduzidas, a pontos das equipas irem jogar praticamente sem conhecerem quase nada dos adversários. Nessas eras antigas em que até a transmissão televisiva era tão rara que a chegada de imagens dos jogos das finais, via Eurovisão, eram uma espécie de imagens depois chegadas na primeira descida aos saltinhos do homem à lua…e a preto e branco.

Pois em 1987 foi já a cores!

Então se como poetou Fernando Pessoa, o homem sonha e a obra nasce, tal qual tudo vale a pena se a alma não é pequena, esse anseio que andava nas nuvens idílicas dos sonhos, tornou-se realidade. E logo com uma valsa de Viena por fundo!

Foi pois tudo isso em 1987, no Mês de Maria, das flores e dos amores. Coisa que leva mais tempo a descrever que o que sentimos num baque, sem saber já por quanto tempo até chegarmos à realidade, num final de tarde de sonho, depois entrado pela noite dentro.

Estava ali diante de nós, nas imagens da televisão, a legenda “FC Porto Campeão Europeu”. Era mesmo isso, assim. Vimos então tudo de coração arregalado para coisa que acontecia mesmo. O João Pinto beija a taça… como o Custódio Pinto beijara a Taça de Portugal em 1968. E mais tarde vimos Ademir, Gomes, Oliveira e C.ª alcançarem o Título Nacional em 1978. Depois de anos em que até o Campeonato Nacional demorara a chegar, mas chegara. E ali, nesses momentos, a Taça dos Campeões Europeus também era nossa. Valeu a pena desejar e saber esperar. E ainda bem que chegou!

Ora, de tanta coisa muito temos em coisas físicas a descrever e recordar tamanho feito. Bem como sempre temos diante dos olhos um quadro, feito pelas próprias mãos, a não deixar esquecer por um segundo tal coisa mais linda que nos aconteceu desportiva e portistamente.


Assim há 35 anos alcançámos a imortalidade entre a realeza do velho continente. A 27 de maio de 1987 pintámos o Danúbio de azul com um triunfo de proporções bíblicas diante do gigantesco Bayern de Munique. No relvado do Prater a final da Taça dos Campeões Europeus começou por sorrir desde cedo ao colosso alemão, que foi para o descanso em vantagem, por 1-0. Numa segunda parte absolutamente sublime, o calcanhar de Madjer repôs a igualdade (1-1) e a vitória portista (2-1) surgiu como um relâmpago graças à pontaria de Juary. A valsa extraordinária dos Dragões de Artur Jorge valeu a conquista do primeiro de sete troféus internacionais nas vitrines do grande baluarte desportivo da Invicta. João Pinto recusou-se a largá-lo, mas ninguém o pode condenar, assim até ficou mais para lembrar, gracejar e contar em modo interessante.

E tal como o João Pinto sentiu e se comportou, sem querer largar, esse foi um brinquedo que chegou e sentimos ser nosso!

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Maio, como mês de cerejas tem lembranças tais, também, a virem umas com as outras, sendo um período de muitas e boas memórias viçosamente azuis e brancas, como tem sido lembrado ao longo de muitos dos dias quentes de temperatura primaveril como de fluxo cardio-portista. 


Pois se o mês é assim, também o dia 27 do mesmo tem sido cheio de motivos oportunos de evocação interessante. Como, por exemplo, foi o caso de a 27 de Maio de 1928 Valdemar Mota se ter tornado o primeiro atleta olímpico do FC Porto, ao alinhar e marcar contra o Chile no primeiro jogo da seleção portuguesa de futebol nos Jogos Olímpicos de Amesterdão; bem como na mesma data mas de 1956 o FC Porto ao bater o Torreense por 2-0, com dois golos de Hernâni, venceu a primeira Taça de Portugal das até agora 18 da nossa história. Temas já aflorados, por vezes, e mesmo evocados aqui anteriormente neste espaço de memória portista. E depois, como cereja no topo do bolo, houve em 1987 a vitória na final de Viena de Áustria.


Pois então, a 27 de Maio de 1987 o FC Porto venceu o poderoso clube bávaro Bayern de Munique em Viena, conquistando o nosso primeiro título internacional de futebol ao mais alto nível: a Taça dos Clubes Campeões Europeus.


Efetivamente foi esse um dia inesquecível, depois de algum tempo de entusiasta expetativa pela chegada da hora do jogo desse mesmo dia. E durante o próprio dia, num misto de confiança e receio, porque nada é certo e nem sempre há justiça, chegou enfim a hora da verdade. Tendo assistido em minha casa, pela televisão e a cores, obviamente, junto com dois bons amigos que quiseram viver esse jogo comigo. Algo que eles por certo terão bem presente. E eu tenho, de tal modo que, depois de durante o jogo ter barafustado mais até que o costume, no final foi o máximo, como algo desejado que finalmente foi conseguido. Tendo também comigo o meu filho, jovenzinho mas já ali como eu com olhos de sentimento. Pois que, tendo nós sofrido um golo alemão sem eles merecerem, inclusive num deslize da nossa equipa, e depois de uma exibição de gala sem que a bola entrasse do outro lado, por fim, quase na última dezena de minutos houve enfim a ansiada reviravolta e o FC Porto conseguiu vencer os germânicos mais que favoritos.


Desse jogo, para ilustrar o acontecimento, deitamos olhos a  publicações que, passados estes anos, recordam tal feito.


Tudo o que se possa dizer ou descrever sobre tudo aquilo leva mais tempo e espaço a narrar que a lembrar. Bastando referir que então, embora em casa, e já definitivamente de pé quase encostado ao televisor a ver bem tudo, foi especial ver o João Pinto a receber e beijar aquela taça, algo que quando víamos antes com outros parecia irrealizável para nós… E então, ali, ao ver os nossos a agarrar essa taça (quando o João Pinto deixava...), foi como se lá estivéssemos também a deitar-lhe as mãos. E tudo o mais, que nem vale a pena tentar discorrer por escrito, pois está de viva memória cá dentro.


Futebol Clube do Porto: Campeão Europeu! Eis a legenda que finalmente apareceu nas imagens televisivas e deu tão grande prazer ver e sentir. Tal como no dia seguinte aparecia nos jornais que comprei e com estima guardei. Como ainda em dias imediatos veio nalgumas revistas, igualmente  merecedoras de ficarem guardadas. Pois o nosso FC Porto alcançou o título de melhor da Europa!


Armando Pinto

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