Reconstituição Histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Reconstituição histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Criar é fazer existir, dar vida. Recriar é reconstituir. Como a criação e existência deste blogue tende a que tenha vida perene tudo o que eleva a alma portista. E ao recriar-se memórias procuramos fazer algo para que se não esqueça a história, procurando que seja reavivado o facto de terem existido valores memorávais dignos de registo; tal como se cumpra a finalidade de obtenção glorificadora, que levou a haver pessoas vencedoras, campeões conquistadores de justas vitórias, quais acontecimentos merecedores de evocação histórica.

A. P.

segunda-feira, 24 de abril de 2023

Efeméride dum célebre Sporting-Porto que meteu expulsão para o clube do árbitro meter golos... como precisava!

A 24 de abril de 1966 disputou-se em Alvalade, no antigo estádio José Alvalade, na capital política do país, um jogo de futebol entre as equipas principais de Sporting e FC Porto, a contar para o então Campeonato da 1ª Divisão Nacional da época de 1965/1966, à 25.ª e penúltima jornada dessa prova. Jogo que o Sporting precisava de ganhar para se manter na liderança e poder vencer esse campeonato. Pois então, o FC Porto que ia até um pouco distante na pontuação e disputava apenas o 3º lugar, nesse ano, estava a fazer um jogo descontraído mas com uma exibição deveras segura, na confiança que lá atrás dava o guarda-redes portista, visto que Américo estava a fazer uma portentosa exibição e não havia meio de deixar-se bater... Estava como treinador interino do FC Porto, à frente do esquadrão azul e branco, o antigo defesa internacional Virgílio Mendes, célebre Leão de Génova que nessa época esteve como treinador-adjunto e por fim assegurou o lugar principal. Pois Virgílio, vindo do Entroncamento para o FC Porto há muitos anos, sabia que o árbitro desse encontro, João Calado, era sportinguista ferrenho, atento a esse fenómeno também do Entrocamento ser nomeado para dirigir e decidir esse prélio... Como acabou por resultar. Tanto que como Américo estava a defender tudo, ele acabou por o expulsar, sabendo que como não havia ainda substituições nesse caso (mas epenas por lesão do guarda-redes), tinha de ir para a baliza um jogador de campo. Com o cúmulo de depois ainda falsear o relatório, com a aprovação federativa, de modo que Américo "apanhou" pesado castigo de 8 (oito !) jogos de suspensão. 

  

Esse foi assim dos muitos exemplos da roubalheira do sistema pró-clubes da capital. Havendo também esse exemplo que jamais se pode esquecer. Quão foi a expulsão do guarda-redes Américo, em 1966, porque o Sporting não conseguia marcar os golos que necessitava para continuar à frente do Campeonato, estando o Américo a defender tudo o que lhe aparecia diante da baliza. Até que isso só aconteceu com uma falta sobre o guarda-redes, que o árbitro validou como golo... levando a protestos do guarda-redes lesado. Havendo o árbitro, por isso, aproveitado para arrumar do campo o adversário-mor, de modo a resolver a questão que o estava a preocupar. E então (como nesse tempo ainda não havia substituições, tendo de ir para a baliza um outro elemento da equipa), sem o guarda-redes do FC Porto em campo e com um jogador da frente a ter de fazer de guarda-redes, já os do Sporting ganharam à vontade e conseguiram até marcar quatro… Conforme ocorreu, sendo árbitro esse tal João Calado, do Entroncamento, que era sportinguista doente como todos os seus conhecidos sabiam e o seu conterrâneo Virgílio afirmou perentoriamente… mas de nada valendo. A não ser que, para cúmulo, os do sistema BSB deram ao Américo um castigo de 8 jogos – para assim ele não poder jogar mais durante muito tempo e, como tal, não repetir vitórias anteriores em prémios e distinções de menos batido e regularidade, para outros de Lisboa ganharem.

Isto não se pode esquecer e tem sempre de ser lembrado. Conforme as imagens ilustrativas que se juntam (na sequência de fotos publicadas no jornal O Norte Desportivo, em sua edição de 28 de abril de 1966, referentes ao jogo disputado a 24 de abril)  quais pedaços de cibos históricos.

Armando Pinto

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domingo, 23 de abril de 2023

Folheando "Literatura Portista" ao virar da página do Dia Mundial do Livro

O Dia Mundial do Livro é comemorado, desde 1996 por decisão da UNESCO, a 23 de Abril. Como ocasião de prestar homenagem à obra de escritores e de incentivar à leitura e estima dos livros. Além da valorização à importância que os mesmos contêm.

Assim sendo, na valia do que há nos livros historiadores de tudo o que respeite ao FC Porto, releva-se aqui precisamente algo relacionado. Dando uma vista de olhos, em rápida visualização entre livros, revistas e pastas do acervo pessoal, onde dentro do possível se guardam boas coisas do FC Porto.

Ora, desta vez calha a parte de folhar sentimentos através de papéis e volumes enfeixados na autoestima alvi-anil. Sem pormenorização de capas e títulos, por motivos óbvios da quantidade, mas apenas, quanto basta, por via de visualização geral das estantes da biblioteca caseira.

Tudo isto, em suma, porque o FC Porto é algo especial.

Armando Pinto

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quinta-feira, 20 de abril de 2023

Na rotação do dia do disco de vinil

 A propósito da efeméride do dia, nesta data de publicação: - Hoje é Dia do Disco.

O Dia do Disco, também conhecido como Dia do Disco de Vinil, é comemorado anualmente em 20 de abril. Sendo o disco de vinil considerado um marco na história do entretenimento musical e gravação afetiva, permanece popular em todo o mundo, mesmo com o  surgimento do CD e de outros suportes mais avançados. Incluindo-se também nesse mundo os meios para reprodução sonora, sendo o mais usual desde há muito o chamado Gira-discos  (sucessor da antiga grafonola, de campânula).

Comemoração esta surgida a partir de uma homenagem no Brasil ao músico Ataulfo Alves, que morreu em 20 de abril de 1968. Já nos Estados Unidos é em Agosto, por homenagem ao dia em que Thomas Edison, em 1877, anunciava que teria inventado o fonógrafo.... Mas tal como se diz noutros casos, pode ser quando se quiser. Permanecendo o disco de vinil como algo de apreço no entretenimento musical, ajudando a criar novos hábitos, seja entre os ouvintes ou entre os produtores musicais.

Atualmente, o disco de vinil voltou a tornar-se popular, não pela sua prática (visto que os CD’s apresentam superior qualidade sonora, por exemplo), mas pela peculiaridade que o caracteriza….»

Nesta pertinência é pois oportunidade de também associarmos o caso dos discos sobre temas do Futebol Clube do Porto. Quanto aos discos constantes na coleção particular da Discografia Portista aqui do autor destas anotações. 

Ora, os discos de vinil guardam ternas lembranças melodiosas ou de voz historiadora, entre muitas recordações e afetos, à medida de quem tem memória também disso. Incluindo inesquercíveis momentos de Portismo, assim gravados em pistas de discos.

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Na extensão do sentido da dedicação desta celebração, então, neste dia apropriado, lembramos por imagens pessoais algumas das melodias aqui guardadas em casa, entre material de estimação do autor destas lembranças. Desde discos a cassetes, de material clássico de vinil e fitas magnéticas, até CD’s; incluindo o Hino do FC Porto em diversas versões na voz gravada de Maria Amélia Canossa, que faz parte da sensibilidade e identidade portista, mais tudo o que tem sido possível angariar de meios a cantar o FC Porto – quão, em suas melodias, nos transportam à representatividade e sentimento que tem sido e é da vivência azul e branca em cada jogo vivido nas Antas ou que se disputa no Dragão e em todos os lados onde esteja o FC Porto, em coro entoado nos nossos sentidos!

Armando Pinto

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quarta-feira, 19 de abril de 2023

Efeméride da Homenagem a Pavão, em 1975.


Pavão, falecido em pleno relvado do estádio das Antas, a jogar ao serviço do FC Porto, e ficado depois imóvel ainda com a camisola do FC Porto vestida, em Dezembro de 1973, não mais saiu do afeto portista. E, passados tempos, em abril de 1975, foi justamente homenageado com a colocação dum monumento junto ao estádio onde tombara para sempre, cuja inauguração dessa coluna teve lugar aquando dum jogo em sua memória. A 19 de Abril de 1975, data a assinalar na passagem da respetiva efeméride.


Fernando Pascoal Neves, mais conhecido por Pavão (nascido em Chaves a 12 de Agosto de 1947 e falecido então no Porto a 16 de Dezembro de 1973), foi importante jogador de futebol do Futebol Clube do Porto, clube que representou em juniores, categoria em que foi campeão nacional, e depois em seniores, com uma Taça de Portugal conquistada, sempre com a camisola do FC Porto vestida. Um valoroso futebolista que, além disso, tendo sido um dos grandes ídolos da família portista, morreu em plena partida de futebol no Estádio das Antas. Ocorrência triste e inesquecível, acontecida ao minuto 13 da 13ª jornada da época de 1973/74, durante um jogo do Futebol Clube do Porto com o Vitória de Setúbal no Estádio das Antas. Aí esse célebre Pavão (assim conhecido por fintar os adversários de braços abertos), caiu no relvado, depois de ter feito um passe ao então jovem colega de equipa Oliveira, indicando-lhe de braços abertos para avançar, dizendo-lhe: «- Vai, miúdo!». Caído depois, já inanimado foi levado para o Hospital de São João, mas apesar de todas as tentativas de reanimação, não foi possível salvá-lo.



Ora, passados tempos, já com Cubillas como figura da equipa principal do FC Porto, para cuja vinda Pavão também contribuíra, num plantel em que evoluíam jovens valores como o referido Oliveira, mais Rodolfo, também já Fernando Gomes, etc., foi organizado um jogo para homenagear em campo o eterno Pavão, como pretexto para a inauguração dum monumento erigido em sua memória. Tendo o descerramento dessa coluna, com um medalhão contendo o respetivo busto esculpido, acontecido em cerimónia antecedente ao jogo de cartaz do correspondente programa. Com a filha de Pavão, Maria Alexandra, menina de tenra idade, a ter a honra no ato, sendo por sua mão que foi puxada a bandeira que cobria o obelisco, assim descerrado e ficado à vista. Na presença de dirigentes e intervenientes convidados para o jogo, que opôs a equipa do FC Porto com a Seleção Nacional, sendo árbitro o mesmo, Porém Luís, que apitara no fatídico jogo em que Pavão faleceu. 


Cerimonial esse que se relembra através de fotos do momento, vendo-se Fernando Gomes (entre o benfiquista Humberto Coelho e o setubalense Rebelo) com a camisola da equipa dos selecionados, por o "Gomes do Porto" ter sido escalado para essa representatividade.


Após a inauguração do monumento dedicado ao Pavão, as atenções de momento viraram-se para o interior do estádio, tendo o jogo sido antecedido com a presença da viúva de Pavão a fazer as honras do cerimonial, na distribuição de medalhas alusivas aos intervenientes no desafio de futebol. 


Logo de seguida a mesma entregou um simbólico ramo de flores ao capitão de equipa Rolando, em agradecimento aos antigos colegas do marido, na companhia da filha, que foi fotografada junto com a equipa, na pose de conjunto.


Na ocasião houve ainda a entrega, por parte de representantes do jornal Mundo Desportivo, de dois galardões de Prémios que Pavão conquistara aquando de inicativas desse jornal, tendo esses prémios sido depositados nas mãos da filha de Pavão. Assim como, na oportunidade, outro prémio do mesmo jornal (então existente) e que fora ganho por Rolando, foi entregue ao nesse tempo capitão do FC Porto.


Quanto ao jogo, que serviu de chamariz (F. C. Porto, 1 -  Seleção Nacional, 1), sob arbitragem de Porém Luís, o FC Porto alinhou com: Tibi, Leopoldo, Rolando (capitão), Vieira Nunes, Gabriel, Rodolfo, Peres, Cubillas, Oliveira, Júlio e Laurindo. E a Seleção Nacional com: Damas, Rebelo, Humberto Coelho (capitão), Alhinho, Barros, Octávio, João Alves, Fraguito, Marinho, Toni e Fernando Gomes. O resultado final cifrou-se num empate a um golo para cada lado, sendo marcadores Oliveira e João Alves. 


Desse jogo pode recordar-se ainda o mesmo através de imagem dum dos bilhetes, no caso dum convite – como mostra do prélio que assinalou a homenagem, com resultado terminado num empate de 1-1 entre o FC Porto e uma Seleção de Internacionais portugueses.


Um bilhete-convite do mesmo jogo está exposto na vitrine dedicada a Pavão, no museu do FC Porto.


Também, de tal acontecimento nessa noite, ficou a mesma homenagem assinalada com a medalha distribuída pelos jogadores, árbitro e seus auxiliares, da qual mais exemplares foram colocados à venda e alguns estão em mãos de colecionadores. 


O monumento, da autoria do escultor Baltazar Bastos, ficou assim no espaço de saída do departamento de futebol, no terreiro que continha também um monumento erigido pelo Conselho Cultural do FCP ao Presidente Honorário Afonso Pinto de Magalhães (e mais tarde, largos anos depois, passou a ter também mais uma edificação de estatuária com o busto do entretanto também falecido Rui Filipe; monumentos esses, do Pavão e Rui Filipe, que passaram para uma zona nobre do interior do estádio do Dragão, com o desaparecimento do antigo estádio; junto com uma lápide e anexo medalhão de homengem a José Maria Pedroto, que estava no hall de entrada da  área social do estádio das Antas, onde também havia o painel de azelejos com o poema Aleluia (o qual  passou a figurar no atual museu). 


(Enquanto o monumento a Pinto de Magalhães desapareceu da vista publica, até agora. Após a saída das "coisas" do FC Porto da cidadela desportiva do estádio das Antas e "mudanças" para o estádio do Dragão.)

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Fernando Pascoal Neves, mais conhecido e celebrizado por Pavão, falecido na cidade do Porto e no coração do FC Porto a 16 de Dezembro de 1973, foi assim celebrizado monumentalmente a 19 de abril de 1975. Ficando algo a recordar publicamente esse que foi dos melhores jogadores nacionais, e se mais não foi reconhecido em seu tempo isso entende-se pela trama portuguesa perante representantes do FC Porto, clube com cuja camisola azul e branca vestida ele conseguiu ser Campeão Nacional de juniores e vencedor da Taça de Portugal, já em seniores. Tal como tinha a faixa de capitão da equipa principal do FC Porto, além de ter envergado ainda a camisola da seleção nacional – não tantas vezes como merecia ser chamado a representar Portugal, sabendo-se que era o melhor no seu lugar, mas como jogava no FC Porto, atendendo ao sistema BSB que privilegiava tudo o que fosse de Benfica, Sporting e Belenenses, as poucas vezes que conseguiu superar isso demonstra como era mesmo bom… e superior à concorrência!


Pavão está sepultado no Mausoléu do Futebol Clube do Porto, no cemitério de Agramonte, onde jazem Estrelas do FC Porto. E uma sua camisola está preservada, emoldurada devidamente, em recanto domicilário do autor destas linhas escritas.

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Na calha da rememoração sobre a homenagem póstuma prestada a Pavão em 1975, vem à memória a correspondente taça que ficou a perpetuar essa ocorrência, então, ostentando figuração alusiva, com nome de Trofeu Pavão.

Esse galardão de homenagem ao simbolismo de Pavão no mundo portista foi taça que depois disso ficou exposta na antiga Sala-museu Afonso Pinto de Magalhães, na antiga sede social, na ao tempo chamada Praça do Município. E consta da coleção de cromos comemorativa do Centenário do FC Porto – 1893-1993.


Armando Pinto
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terça-feira, 11 de abril de 2023

Parabéns ao Portista Campeão Europeu de Hóquei em Patins Fernando Barbot: aos 72 anos duma vida com mui interessante história !

 

Hoje celebra seu aniversário natalício o antigo hoquista Fernando Barbot. Fazendo assim anos o Barbot que foi Campeão Europeu na Seleção Nacional de Juniores de Hóquei em Patins no ano de 1969, como se associa dentro da história do FC Porto e do hóquei patinado português. Bem como é identificado também por Fernando Barbot filho, como filho mais velho do senhor Fernando Barbot pai, histórico dirigente do hóquei portuense e portista  sendo como tal este herdeiro o primeiro dum trio de irmãos da lista honorífica de hoquistas do FC Porto.

Nascido no Porto a 11 de abril de 1951, Fernando Manuel Fernandes Barbot Costa perfaz então nesta data seu 72.º aniversário natalício. Uma conta significativa, de setenta e dois anos de história guardada na retina de suas memórias e no filme memorando das boas amizades ganhas ao longo de sua vida. Motivo que, aqui e agora, em preito de homenagem, com os Parabéns do seu amigo autor deste blogue, leva a uma rememoração de seu percurso desportivo. Juntando numa só memoração algo de alguns artigos que entretanto aqui já lhe tinha dedicado.

Acresce que estando o amigo Fernando Barbot momentaneamente em recuperação de saúde, aproveitamos para lhe desejar melhoras, sempre com bom estado de espírito, à Dragão de sempre! 

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Fernando Barbot é um nome de peso na memória do hóquei portista. Primeiro através do antigo dirigente da secção de hóquei em patins do FC Porto e da Associação de Patinagem do Porto, e depois pelo filho com o mesmo nome, que calçou os patins e de aléu nas mãos evoluiu em rinque com a camisola do F C Porto, tendo inclusive sido campeão europeu, pela seleção nacional de juniores na conquista do título europeu de 1969. 


De tal nome respeitado, os elementos dessa dinastia Barbot eram assim oriundos de uma família tradicionalmente ligada ao hóquei, pois além do patriarca dedicado à área administrativa e organizativa, jogavam hóquei em patins os filhos, Fernando, Luís e João Paulo, três irmãos Barbots. Havendo anos depois, já após ter guardado os patins e o stique (“stick”), o filho Fernando também desempenhado funções diretivas, na qualidade de dirigente da A.P.P.

Ora o Fernando Barbot campeão europeu é o personagem hoquista que desta vez aqui lembramos, com todo o merecimento pela sua dedicação ao hóquei e, na parte que nos toca mais, pela afeição ao nosso comum clube Dragão.


Pois o então jovem Fernando tinha assim nome próprio como seu pai, que foi Vice-Presidente da Direção da Associação de Patinagem do Porto, organismo ainda com a sua sede numa das salas do Clube Fenianos do Porto (era o Sr. Armando Ribeiro o Presidente, como figura grada do hóquei, de que mais tarde chegou a ser selecionador nacional), assim como depois foi mesmo Presidente, o sr. Fernando Barbot, tido então com grande respeito, tal o renome obtido no mais alto cargo representativo da Associação portuense. E como hoquista, o filho Fernando mereceu a honra de ter sido chamado à seleção nacional de juniores, havendo integrado a primeira fornada da patinagem da Constituição que obteve o título europeu nessa equipa representativa de Portugal, como hoquistas formados no F C Porto. Honra sobretudo para o clube, pois esses três, que eram Cristiano, Fernando Barbot e António Júlio, tornaram-se aí os primeiros atletas campeões da Europa formados nas Escolas do F C Porto em todas as modalidades. Saídos que foram da formação iniciada no antigo rinque da Constituição, cuja criação dava então frutos, a pontos de Cristiano, nesse tempo ainda com idade de júnior, já ser figura principal da equipa sénior. Num lote de campeões europeus juniores que, com honra e glória para o clube e para o país, era ainda reforçado com Castro, guarda-redes que viera da ilha da Madeira e de idade júnior também já ajudava na equipa sénior do F C Porto.


Ora, Fernando Barbot, filho, é o mais velho dos três herdeiros do senhor Fernando Barbot pai, que ao tempo era um associado já antigo do F C Porto, de nome completo Fernando Adelino de Azevedo Mavigné Barbot Ferreira da Costa (1924-1989), distinguido com a categoria de Sócio Honorário individual da Associação de Patinagem do Porto (enquanto o FC Porto é Sócio de Mérito coletivo). Sendo o filho de nome completo Fernando Manuel Fernandes Barbot Costa. Rapaz que foi para o hóquei praticamente pela mão de seu pai – como referiu ao jornal O Porto, na ocasião (em entrevista conjunta ao grupo portista que dignificou o F C Porto através da representação portuguesa em Vigo). Era o então jovem Fernando estudante do Colégio João de Deus, no Porto, descrito como “um moço aprumado e de maneiras pouco modernistas", estando à época com 18 anos, logo ainda com mais tempo na categoria júnior (jogando com seu irmão Luís, mais Jorge Câmara e outros prometedores hoquistas desse tempo). Acrescentando o próprio, naquela entrevista: «Quando pequeno, aí com uns três anos de idade, era ele (o pai) quem me levava a ver os jogos. Como adorava patinar de “stic” nas mãos, não demorou a fazer-me jogador…»

= Quarteto dos hoquistas que foram os primeiros campeões europeus do F C Porto (em pose no antigo espaço do campo da Constituição - a partir da esquerda:)  António Júlio, José Castro, Fernando Barbot e Cristiano  =

Campeão Europeu com a camisola da seleção portuguesa que venceu o Campeonato da Europa de juniores, disputado em Vigo entre 10 e 14 de Setembro de 1969, Fernando Barbot faz parte da galeria de internacionais de hóquei do F C Porto. De cuja equipa, em que esteve incluído, há apenas uma fotografia de conjunto, numa pose coletiva feita durante a viagem rumo à Galiza, na paragem para almoço, motivo porque estão todos de fato de treino. Isso porque naquele tempo para cada jogo só eram escalados oito elementos, dos dez do lote escolhido, originando assim que só se equipavam os que constavam na ficha do encontro.

= Seleção Nacional de Juniores que se sagrou Campeã Europeia de 1969, da qual faziam parte quatro hoquistas e um massagista do F. C. do Porto. Além de alguns mais que depois também vieram para o F C Porto. Em pé, da esquerda para a direita: José Fernandes (então da CUF, mas que depois ingressou no F C Porto), Dinis, Leitão (ambos do Parede), António Júlio (F C Porto), Fernando Barbot (F C Porto), Rui Monteiro (guarda-redes, Paço d´Arcos) e Joaquim Lopes (massagista e também do F C Porto). À frente, de cócoras: Vítor Orênsio (Parede), António Vale (Valongo) - estes dois, mais tarde transferidos para o F C Porto, Cristiano (F C Porto) e José Castro (guarda-redes, F C Porto).=

Dessa campanha, entre curiosidades e recordações, Fernando Barbot guardou o regulamento (que era entregue a todos os selecionados, com diretrizes de comportamento). Outros tempos, outras regras…


A participação da equipa portuguesa nessa prova foi seguida com grande entusiasmo e natural esperança, em virtude de na época anterior a seleção junior, já com Cristiano e Castro, do F C Porto, ter feito um brilharete no Europeu de 1968 também disputado em Espanha, tendo ficado com os mesmos pontos da seleção anfitriã, que venceu por diferença de golos. A ponto que, na jornada decisiva de Setembro de 1969, foram diversas personalidades do hóquei nortenho até Vigo, devido à proximidade, mas também ao interesse entusiasta, com saliência para alguns dirigentes do F C Porto e para o capitão da equipa principal do F C Porto, Alexandre Magalhães, entre pessoas que foram levar um abraço de estímulo aos jovens hoquistas portugueses.


Desse campeonato junta-se aqui também o frontispício do livro, devidamente autografado por todos os membros da comitiva. Sendo interessante anotar a respetiva identificação das assinaturas:
- Do lado esquerdo e de cima para baixo – Rui Monteiro, António Vale, Victor Orêncio e António Júlio; do lado direito e no mesmo sentido: Amílcar Fernandes (diretor da Federação), Welson Marques (Adjunto do selecionador), Guilhermino Rodrigues (Selecionador nacional), José Manuel Castro, Fernando Barbot, Joaquim Pedro Dinis, José Fernandes, Cristiano e Leitão.

= Capa do livro oficial do Campeonato Europeu de Juniores – 1969 (IX campeonato de europa de hockey sobre patines junior)

No regresso sucederam-se algumas justas homenagens, a nível oficial e também particular. 


De uma dessas ocasiões é a captação fotográfica que se junta, a seguir, reportando a homenagem da Associação de Patinagem e do próprio F C Porto em cerimónia realizada no rinque da Constituição. Vendo-se, no instantâneo desta foto, Cristiano, Barbot e Castro, no momento em que era entregue a Fernando Barbot uma placa alusiva com que a APP homenageou os Campeões Europeus de sua jurisdição. Na imagem está, à direita, o então diretor Dr. José Eduardo Pinto da Costa (ainda sem as  barbas brancas que tornam hoje mais conhecido o Doutor Pinto da Costa). 


Deste título, que foi acompanhado nesse tempo pelo autor destas linhas à distância mas com grande apreço e entusiasmo clubista de jovem entusiasta portista, é o "stick" usado pelo campeão europeu júnior Fernando Barbot, a que se reporta esta imagem, aqui. Aléu este que me foi depois então oferecido pelo mesmo meu amigo Fernando Barbot... e guardo bem.

Havendo entretanto Fernando Barbot continuado no escalão júnior, junto com seu irmão Luís Barbot, Armindo, Jorge e demais dessa época, Fernando ajudou a formação júnior do F C Porto a classificar-se para a fase final do "Nacional", facto inédito até então. (Enquanto o irmão mais novo era peça importante da equipa do escalão a seguir, sagrando-se campeão nacional como integrante da equipa que venceu o Campeonato Nacional de Juvenis, também ocorrência conseguida pela primeira vez nessa categoria em tal grau dos jovens portistas.)

= Equipa de Juniores do F. C. do Porto que pela 1.ª vez se classificou para o Campeonato Nacional, decorria o ano de 1970. Em pé: Tavares (massagista) Fernando Barbot, Luís Barbot, Armindo, Feliciano, Adriano Ferreira e Lopes. De cócoras: Vítor Freitas, Vítor Machado, Jorge Câmara, José Manuel Coelho e Joel (roupeiro).=

Fernando Barbot subiu depois à categoria sénior em 1971, tendo feito parte da equipa portista que venceu a fase Norte do Campeonato Metropolitano. 


Havendo então alinhado ao lado de Cristiano, que durante anos foi referência do hóquei portista, de José Ricardo, possivelmente o melhor hoquista português nascido na Madeira, de Joaquim Leite, grande valor do hóquei patinado e que entretanto foi internacional de hóquei em campo, mais do guarda-redes internacional sénior João Brito, do Hernâni que era nome certo nas seleções do Norte e da Associação de Patinagem do Porto e, como outros, só não foi à seleção A da FPP por ser de onde era… etc. e tal.


Entretanto Fernando Barbot havia recebido um convite para jogar pelo Boavista, mas não chegou sequer a equacionar essa possibilidade, preferindo manter-se entre os seus amigos de longa data, em vez de ir representar o clube do Bessa, que nesse tempo também tinha equipa de hóquei e com diversos contactos mútuos através de jogos da equipa B do FC Porto, como em jogos de torneios de reservas - a que se reporta o exemplo de uma imagem coeva (vendo-se na apresentação dum encontro Fernando Barbot a capitanear a equipa portista, enquanto os hoquistas da zona da Boavista pareciam muito descontraídos, em sinal do seu clube não ter grandes aspirações na modalidade, ao tempo).


Intrometendo-se a chamada para a tropa, como nesse tempo era e de longa duração o serviço militar obrigatório, acrescido à situação da equipa senior do F C Porto ter recebido alguns reforços vindos de outras equipas, Fernando Barbot solicitou a Jorge Nuno Pinto da Costa (ao tempo responsável desse setor no clube) que lhe fosse permitida a saída para um outro clube da cidade, para se manter a jogar com regularidade. Porque tinha contrato assinado com o F C Porto por mais tempo (sendo os contratos de três anos, à época), apesar de não ganhar dinheiro algum, como aliás nunca recebeu qualquer vencimento enquanto atleta. Tendo então passado a jogar no pavilhão do Lima, pelo Académico do Porto, oficialmente como emprestado pelo F C Porto, mas com a carta na mão, já. Carta essa, como era chamada, que consistia no documento de filiação clubista e inscrição associativa e federativa, efetivamente. Fez então parte da última equipa da camisola branca academista que esteve presente numa fase final do Campeonato Nacional, em 1974/75. Nessa altura tirou o primeiro grau do curso de treinadores, junto com Cristiano e outros, numa interessante experiência (pois esse curso era abrangente em diversas áreas de técnica e tática, tendo por mestres nomes sonantes do desporto nesse tempo, desde o conhecido treinador e jornalista Correia de Brito, o Prof. Manuel Puga, que era grande preparador físico em várias modalidades, além de ter sido conceituado treinador de voleibol e representante na cidade do Porto da Direção Geral dos Desportos, até ao árbitro internacional Afonso Cardoso e ao especialista de medicina desportiva Dr. Sousa Nunes, incluindo mesmo parte de dirigismo desportivo com um federativo como Vaz da Silva, etc.).  Passado então um período de três anos no clube alvi-negro, recebeu convite para representar o Candal, ainda.


Passou então Fernando Barbot a representar o Candal, de 1976 a 1978, numa equipa formada por hoquistas oriundos do F C Porto, especialmente porque o treinador havia sido pessoa importante do hóquei portista, Alfredo Sampaio Mota, antigo chefe de secção do hóquei em patins das Antas. Tendo então Fernando Barbot, junto com Jorge Câmara, Rui Caetano, Januário, Domingos Ferreira, José Manuel e seu irmão João Paulo Barbot (todos ex-F.C. do Porto), levado essa equipa de equipamento azul a ter subido de divisão, ingressando na 1ª Divisão nessa altura. Tendo Fernando Barbot ficado também assinalado nesse plantel histórico daquela zona de Gaia, tanto que ainda constam quadros emoldurados dessa equipa em cafés e outros locais públicos da localidade.

Depois disso, dando continuidade à linha de seu pai como dirigente associativo, Fernando Barbot exerceu também funções diretivas na Associação de Patinagem do Porto. Tendo então, nessa qualidade, sido dirigente que andou mais próximo à equipa da Seleção da mesma Associação. Como, por exemplo, ocorreu já em princípios da década dos anos oitenta, ter estado numa representação associativa da Seleção do Porto que foi em digressão à África do Sul, a Joanesburgo, em 1983, a convite do Malhanga Roller Hóckey, equipa derivada do antigo clube F C Malhangalene, filial do F C Porto. Cuja deslocação dessa embaixada portucalense levou um abraço das gentes do hóquei nortenho aos amigos compatriotas então radicados em Joanesburgo e que haviam rumado àquele país do sul de África depois da descolonização de Angola e Moçambique. Havendo servido de cicerone, durante a estada dos hoquistas da APP naquele país, o antigo hoquista e futebolista portista Acúrcio Carrelo, à época também residente naquelas paragens.

= Com a Seleção da APP.  A partir da esquerda para a direita: em cima - Fernando Barbot (Dirigente da Associação), João de Brito (selecionador/treinador), Alves (FC Porto), Fanã (FCP), Gentil (Oliveirense), Vítor Bruno (FCP) e Adão Castro (Vice-pres. da APP e chefe da embaixada); em baixo – Vítor Hugo (FCP), Quim Silva (guarda-redes do Valongo), ? (guarda-redes da Sanjoanense) e Licínio (Sanjoanense). Também se deslocou David Reis (FCP) que não se equipou.

Por fim, afastado das lides hoquísticas, Fernando Barbot sempre que possível tem marcado presença em encontros e convívios de antigos hoquistas, bem como de mais gente ligada ao hóquei em patins. Como tem acontecido, por exemplo, em almoços e jantares comemorativos de vitórias alcançadas com a camisola da seleção nacional e do FC Porto (conforme neste blogue tem sido referido em diversas crónicas).

= Irmãos Barbots, junto com Cristiano, num convívio de Gente do Hóquei Portista.

= ... E com o autor destas linhas, simples adepto do hóquei portista e amigo também, especialmente !


= No jantar de convívio comemorativo do 50.º aniversário da conquista do Campeonato Metropolitano de 1969, assinalado pelos Campeões em dezembro de 2019. 

Para a história, com o nome de Fernando Barbot na memória portista, permanece nos anais do hóquei em patins aquela grande vitória que foi o Europeu conquistado em Espanha, na Galiza, corria o ano de 1969. Cujo acontecimento foi assinalado entretanto quando perfez 45 anos, em 2014, através dum jantar de convívio entre alguns desses campeões europeus que puderam estar presentes. Como neste blogue demos nota, conforme se pode rever 

(clicando sobre os links) em

e

Como mais tarde, volvido tempo devido, também os 50 anos, e dessa vez mesmo em Espanha, como igualmente foi registado neste espaço de Memória Portista... 

(clicando) em



ARMANDO PINTO

((( Clicar sobre as imagens )))