Reconstituição Histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Reconstituição histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Criar é fazer existir, dar vida. Recriar é reconstituir. Como a criação e existência deste blogue tende a que tenha vida perene tudo o que eleva a alma portista. E ao recriar-se memórias procuramos fazer algo para que se não esqueça a história, procurando que seja reavivado o facto de terem existido valores memorávais dignos de registo; tal como se cumpra a finalidade de obtenção glorificadora, que levou a haver pessoas vencedoras, campeões conquistadores de justas vitórias, quais acontecimentos merecedores de evocação histórica.

A. P.

segunda-feira, 31 de agosto de 2020

Efeméride da chegada de Miguel Arcanjo ao FC Porto, em 1951

No último dia do mês de agosto do já distante ano de 1951 chegava ao FC Porto Miguel Arcanjo. Sendo então nessa data do primeiro ano dos anos cinquenta que esse célebre futebolista passou a ser do grande clube da Invicta.

Ora, nesta ocasião em que precisamos bem de motivos de alento, tal os efeitos da pandemia do Covid-19, algo deveras amenizado com a recente conquista do título nacional de futebol pelo FC Porto e agora em pleno final do verão de 2020 continua com a esperança reforçada perante as atuais chegadas dos reforços Zaidu, Carraça, Cláudio Ramos e Taremi, para já, calha bem recordar uma aquisição de outrora, a propósito, por quanto foi importante e bem-sucedida. Tal o caso de Arcanjo, que veio para o FC Porto a 31 de agosto de 1951.

= Ficha de Miguel Arcanjo, na coleção “Ases do desporto”, em 1960

Então, com a vinda de Miguel Arcanjo «tinha início uma nova era no eixo defensivo azul e branco. Vindo de Angola, o jovem central só se estrearia dois anos depois de aterrar na Invicta, já que sofreu uma grave infeção ocular que Urgel Horta e Cesário Bonito – dois médicos que foram presidentes da instituição portuense – ajudaram a curar. Com a vista salva, Arcanjo envergou o brasão abençoado em mais de três centenas de partidas ao longo de uma dúzia de temporadas. Lado a lado com lendas da nossa história como Virgílio e Pedroto, o defesa contribuiu para a conquista de dois Campeonatos Nacionais e de duas Taças de Portugal». Como é bem relembrado nesta data pela newsletter Dragões Diário.

Assim sendo, e porque neste blogue já evocamos anteriormente o percurso do “nosso” Miguel Arcanjo, desta vez recordamos esse verdadeiro anjo da mística portista com uma outra curiosidade: Como ele via as férias em tempo de jogador. Tal qual, já quando era um dos símbolos da equipa principal portista, foi incluído no lote dos entrevistados pelo órgão informativo do clube em período de férias, a dar sua visão desse tempo de descanso e veraneio. Através de cuja narrativa do diálogo se fica também com ideia de características desse tempo. Como ficou impresso no jornal O Porto, em sua edição de 24 -7-1957:


Nota Bene:  A propósito, reveja-se o anterior artigo anteriormente publicado neste blogue, a recordar Miguel Arcanjo, em 

- Miguel Arcanjo: Um Arcanjo azul e branco...

Armando Pinto

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Faleceu José Ribeiro, Portista membro da comissão de apoio à presidência de Pinto da Costa



Chegou pela rede do facebook a notícia da morte de José Ribeiro, Portista e membro da comissão de apoio à candidatura de Jorge Nuno Pinto da Costa para as sucessivas presidências do FC Porto. Um portista que nos habituamos a ver pelas imagens, sobretudo, de atos públicos relacionados com essa sua forma de procurar servir o seu e nosso clube Dragão. Além de, embora pessoalmente nem nos conhecêssemos, era quase como se o conhecesse, também por ele ter procurado ser meu amigo de facebook e por diversas vezes me ter manifestado simpatia pelo meu labor pessoal em prol do clube com o blogue Memória Portista.

Por sinal eu ficara admirado já por o não ter visto nas imagens difundidas pelo Porto Canal do recente jantar de convívio da mesma comissão com Pinto da Costa, depois das últimas eleições, algo que já estaria relacionado com a doença que o terá vitimado.  



Era pessoa conhecida dos meios portuenses, nomeadamente como ativo sócio do FC Porto integrante da referida comissão portista; e antigo dirigente do FC da Foz, bem como do Orfeão da Foz, entre outras coletividades. Além de ser também político ativo de seu partido (PS), na área da residência e na distrital do Porto, segundo nos apercebíamos facilmente por seus posts no facebook, também. Sabendo-se que era oriundo de Mesão Frio e se radicara na cidade do Porto, onde criou família grande e se tornou deveras bairrista pela sua freguesia afetiva da Foz do Douro. Escreveu entretanto um livro autobiográfico há alguns anos, ainda. Sendo pessoa que eu admirava especialmente como Portista, quão deixava extravasar de seus comentários.

Faleceu então este domingo, dia 30 de agosto, aos 85 anos. Descanse em paz !

Armando Pinto - 31 de agosto de 2020

domingo, 30 de agosto de 2020

Recordando: Volta a Portugal de 1964 – a Volta de Joaquim Leão do FC Porto


A 30 de agosto, em 1964, chegava ao fim a Volta a Portugal, pela tarde desse domingo, na conclusão da última etapa da 27ª edição da Grandíssima Portuguesa. 

Enquanto este ano de 2020 não chegou ainda a Volta a Portugal em bicicleta, atrasada devido às restrições oficiais derivadas da pandemia do Covid-19 e que em princípio terá edição especial proximamente (entre finais de setembro até ao início de outubro), estão em banho maria as atenções que costumam alargar raios de ação pela prova rainha do desporto dos pedais.


Entretanto, na proximidade e sobretudo pela pertinência, na calha da efeméride de uma das Voltas a Portugal mais populares, evoca-se aqui e agora desta feita a Volta a Portugal de 1964, ganha por Joaquim Leão do FC Porto, clube igualmente triunfador por equipas na mesma prova.


= Equipa do FC Porto que venceu a Volta de 1964 individual e coletivamemte, terminando com todos os 8 ciclistas com que começou a prova, os que era legalmente permitido inscrever. Aqui, no instantâneo fotográfico, num momento da volta de honra à pista de Alvalade onde terminou a última etapa, com o treinador Onofre Tavares a comandar o esquadrão valoroso.

Com efeito, a 30 de agosto de 1964 concluiu-se essa edição da Volta, a então 27ª Volta a Portugal. Com Joaquim Leão a erguer o braço de triunfo final ao chegar ao risco branco da meta, na pista do estádio de Alvalade, em Lisboa.


Vem assim a talhe, não de foice mas de bicicleta de corrida, a evocação dessa vitória .


Como nota de enquadramento, pode rever-se o que sobre essa mesma prova ficou narrado no livro “História da Volta”, de Guita Junior, que ilustra algo, apesar de conter diversas incorreções (tendo essa obra infelizmente enganos que têm induzido em erro outras publicações).



Iniciada a 14 de agosto, desse ano de 1964, a Grandíssima Volta Portuguesa foi para a estrada pela 27ª vez, até aí. Tendo no decurso da mesma sido estabelecido novo recorde, em sinal de como foi disputada e resultou em autêntico sucesso, à medida do entusiasmo popular gerado.


Para uma visão eslarecedora, o resumo da corrida está deveras bem ilustrado em esclarecedores figurações patentes no álbum de banda desenhada “OS HERÓIS DA ESTRADA”, de 1986, edição dos jornais O Jogo e Jornal de Notícias.


Com efeito, foi todo um bom trabalho de equipa que ajudou à vitória do grande ciclista, em tamanho e valor. Com os interesses coletivos a sobreporem-se às possibilidades individuais de cada um dos oito ciclistas que começaram e acabaram a Volta na equipa do FC Porto. Tendo um dos exemplos acontecido na etapa em que Joaquim Leão alcançou a liderança da classificação geral. Conforme sucedeu com Ernesto Coelho, que ia então classificado em 4º da Geral, com possibilidades de ficar no pódio final, mas, tendo sofrido um furo e ficado para trás à espera de assistência, foi sacrificado por isso ter acontecido na ocasião em que Joaquim Leão devia atacar, lançando-se em busca do primeiro posto. Pois o técnico Onofre Tavares teve de deixar o pupilo que se atrasara momentaneamente, optando naturalmente pela melhor posição do que ia na frente. E no final Ernesto Coelho lá estava ao lado de Joaquim Leão, satisfeito com a vitória do colega – como a foto seguinte é elucidativa.

= Joaquim Leão, com a coroa de louros sobre a camisola amarela de vencedor da Volta, em momento de saudação vitoriosa, tendo o colega de equipa Ernesto Coelho ao lado.  

Essa Volta foi mesmo deveras empolgante, estando ainda na memória pessoal do autor destas linhas. Tendo  então, jovenzinho ainda em idade escolar do ensino primário, guardado diversas gravuras recortadas de jornais da época. Imagens que são hoje relíquias de estimação pessoal, também. 



Assim sendo, deixa-se a narrativa a cargo de imagens documentais do arquivo pessoal do autor, de recortes e papéis preservados, algo amarelecidos pelo tempo, cujos originais temos guardados, com dobras, anotações pessoais e outras particularidades (fora as iniciais AP que, sempre de forma diversa, apenas colocamos como marca na digitalização). De material capaz de reforçar quão interessante é a história do ciclismo no seio da coletividade azul e branca, como modalidade que, em seus tempos áureos, captou muito entusiasmo e apoio à causa Portista.


Eis aí, então, algumas recordações mais da Volta individualmente conquistada por Joaquim Leão, e coletivamente aumentou o número de triunfos do F C Porto, em 1964. Com registos pessoais já, à feição da época.



Essa imagem icónica, guardada também pessoalmente de recorte da revista Flama, era acompanhada por curiosa descrição de toda a envolvência desse feito de Joaquim Leão.


= Joaquim Leão, com a coroa de louros de trunfo na Volta a Portugal, num dos atos comemorativos com que na época foi homenageado, ladeado pelos seus colegas de equipa Mário Silva e Sousa Cardoso. =

Mais recentemente, a Volta a Portugal de 1964, a Volta de Joaquim Leão, ficou ainda anotada num álbum de autocolantes, com legenda, em curioso formato redondo duma roda de bicicleta, com o título “À Volta da VOLTA a PORTUGAL”, em 2018, do Jornal de Notícias.


Joaquim Leão continuou depois a andar em lugares de destaque nas corridas pelos tempos adiante, como seu palmarés reflete. Com medalhas e faixas de vencedor e campeão que emoldurou num quadro que tinha em lugar de destaque no seu estabelecimento de cafetaria, o seu café no centro de Sobrado, na terra natal. Quadro esse que é visível na imagem cimeira deste artigo, em torno de fotografia dele mesmo com a camisola de vencedor da Volta. Como também se pode ver em captação fotográfica algo recente, ainda em vida.


Passados anos desse cometimento, em sinal da importância dessa Volta ganha, Joaquim Leão foi entrevistado pelo Jornal de Notícias para recordar precisamente tal triunfo.


Tudo também pelo interesse que a Grandíssima desperta. Como aqui se releva, prestando atenções memoriais à Volta portuguesa, por estas alturas em que os ciclistas dão pedaladas de preparação para a maior prova nacional velocipédica.

Pois então, em mais uma corrida pelo tempo, ao sabor da brisa das recordações, erguemos o dorso , na escrita, para recuperação de fôlego desta modalidade que passa a grande parte das terras e às casas das pessoas, para regressar à memorização sobre a importância dada ao ciclismo, esse desporto sobre rodas que tanto engrandece o F C Porto, no caso.


Pois sim. E com isso houve sempre um grande entusiasmo portista pelo ciclismo, visto o F C Porto, entre, pelo menos, finais da década de quarenta até princípios da década de sessenta, ter tido grande predomínio nas corridas oficiais de bicicletas.  Daí o autor destas linhas ter andado a par e passo atento à carreira dos ciclistas de azul e branco vestidos, pelos idos longínquos tempos de infância (de quem recorda estas andanças), quando surgiram as vitórias de Sousa Cardoso e, depois Mário Silva, depois ainda José Pacheco, até que, passado um ano de interregno, se seguiu a Volta a Portugal ganha por Joaquim Leão, esse ciclista grande em tamanho e valor... que muito admiramos, como ciclista da camisola das duas listas azuis das Antas e colega dos nossos ídolos principais dessas épocas, Mário Silva, Sousa Cardoso, Azevedo Maia, Ernesto Coelho, Carlos Carvalho, Joaquim Freitas, José Pinto, Mário Sá, etc..


Assim, no lanço, relembramos a referida entrevista (no JN, em 1999) dedicada ao Joaquim Leão, através duma retrospetiva efetuada ao correr dos anos noventa, do século passado, já, a lembrar o grande triunfador individual da Volta a Portugal de 1964.



~~~ ***** ~~~
Joaquim Leão faleceu a 5 de dezembro de 2018, com 75 anos. Desaparecendo então fisicamente mais um ídolo de nossa infância e dos tempos em que o FC Porto fazia frente ao sistema desportivo nacional por meio do ciclismo…


Joaquim Leão, o tal, que contrariando o nome, deu grandes alegrias ao mundo do clube Dragão.


Joaquim Leão foi um dos quatro ciclistas de Sobrado (Valongo) que venceu a Volta a Portugal em bicicleta (os outros foram Fernando Moreira, Nuno Ribeiro e Rui Vinhas; e todos do FC Porto). Foi em 1964 que o ex-ciclista sobradense venceu a prova rainha em Portugal. No museu do FC Porto está a camisola da vitória com que Joaquim Leão envergava no dia 30 de agosto, quando terminou a Volta.

Nessa altura Joaquim Leão foi recebido como um herói. Como recordava: -“Vim de carro descapotável, desde o alto da Serra até Sobrado... era só gente na estrada. Em Ermesinde, a minha irmã que era freira, colocou-me uma coroa de flores. Aqui em Sobrado era só gente e foi uma festa tão grande como nunca mais se viu. Tenho mesmo muitas saudades desses momentos”.»


= Camisola amarela de vencedor da Volta de 1964, exposta no Museu do FC Porto - com efeitos da passagem do tempo. Um histórico símbolo de que o tempo pode deixar a traça esburacar objetos, mas a estimação histórica mantém-se.

Temos também (expressando em linguagem clássica, o autor deste blogue) uma cassete de vídeo, ainda no formato antigo de imagem, sobre a Volta ganha por Joaquim Leão, que ele próprio oferecera em tempos ao seu antigo colega de equipa Ernesto Coelho, em reconhecimento do mesmo ter sido um dos que mais o ajudaram no trabalho de equipa para essa vitória… e que, por sua vez, o amigo Ernesto Coelho me ofereceu, a mim, autor e gestor deste blogue.

Joaquim Leão com a camisola do clube azul e branco percorreu as estradas do país para inúmeras vitórias durante cerca de uma dezena de anos. Conseguiu vários títulos, nomeadamente seis de campeão nacional de estrada, uma clássica Porto-Lisboa e conquistou outros prémios. Sendo na condição de campeão que esteve na Festa dos Campeões, ao tempo tradicioanl do clube, em 1968. Primeito num repasto festivo, de tarde, na Quinta da Vinha, do Presidente Honorário do FCP Sebastão Ferreura Mendes; e depois num festival noturno no estádio das Antas. Momentos esses registado nas fotos seguintes.

= Pose de um grupo de ciclistas campeões, junto com dirigentes do clube. Vendo-se, entre outros, a seguir aos dois prmeiros da foto... Joaquim Leite, Delfim Santos, Custódio Gomes, o ao tempo vice-presidente Dr. Miguel Pereira, Sebastião F. Mendes, o presidente Pinto de Magalhães, Joaquim Leão, Manuel de Sousa, José Azevedo e José Luís Pacheco.

= Joaquim Leão com a faixa de campeão nacional, entre campeões, na equipa do FC Porto.

Joaquim Leão, anos mais tarde, por alturas em que o FC Porto deixara de ter equipa de ciclismo profissional e manteve durante algum tempo apenas o escalão amador de formação, foi também treinador do clube. E continuou pelos tempos além sempre portista, um bom portista. Merecedor, como é,  de estar sentimentalmente na Memória Portista.

Armando Pinto           
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sábado, 29 de agosto de 2020

Recordando: Aquisição histórica de Monteiro da Costa em 1949


Na História do FC Porto, existente desde 1893, havia já um Monteiro da Costa, o refundador do clube em 1906, José Monteiro da Costa, que também ainda deu uns chutos na bola, constando das primeiras fotos. Passados muitos anos, em 1949, chegou outro, António Henrique Monteiro da Costa, esse como jogador de futebol, que entrou e ficou também na História Portista, tal o seu elevado nivel de futebolista, além de ter desempenhado episodicamente funções de treinador, ainda mais tarde.


Em tempo mediático do período de transferências de verão do futebol profissional, nos dias que correm, nada mais propício que recordar aquisições noutros tempos incisivas para o futuro do clube, no passado histórico do FC Porto. Vindo a talhe, depois de se ter relembrado (no artigo anterior) a vinda de Pedroto em finais de agosto de 1952, com a repercussão que faz parte da história sempre presente, também outra muito importante, como foi, ainda antes, a entrada em 1949 de Monteiro da Costa no grande clube portuense. Sendo o FC Porto por esses tempos já a coletividade mais representativa do Norte do Portugal, com nome da capital do Norte, como se dizia nesse tempo, à  época com casa de jogos no campo da Constituição, na parte urbana tradicional da Invicta. E esse mesmo António Henrique Monteiro da Costa, junto com Hernâni, Virgílio, Pedroto, Arcanjo, Carlos Duarte e tantos mais da geração de diamante da década de cinquenta, ficaria com nome associado a esse período dourado do futebol portista e nacional.


Com efeito, então, a 29 de agosto de 1949, António Monteiro da Costa assinava pelo FC Porto… Sendo assim há 71 anos (nas contas de agora, em 2020), que o FC Porto contratou Monteiro da Costa à Oliveirense, com a receita de dois jogos particulares a acrescer ao valor da transferência.  E mais dois com o Espinho... Como o próprio recordava aquando da publicação do pequeno livro que lhe foi dedicado na coleção Ídolos do Desporto...


Ora, no decurso da sua carreira e pelo que perdura nos anais do futebol portista, foi mesmo importante esse ato, tendo Monteiro da Costa ficado até conhecido por “Torpedo” de São Paio de Oleiros", tal o relevo atingido, como comprova o caso de haver transposto «a barreira mítica dos 300 jogos com a camisola azul e branca, fazendo 97 golos e distinguindo-se como o terceiro melhor marcador dos Dragões em clássicos com o Benfica, no total de jogos em casa e fora (com 10 golos), tabela em que só é superado por Pinga e Gomes (com 12 cada um)». 


Jogou em várias posições, ganhou dois Campeonatos Nacionais e duas Taças de Portugal, lia Agatha Christie e sofria com as saudades da família geradas por estágios e digressões. Juntando caso especial de ainda ser o detentor da marca de mais golos nos clássicos Porto-Benfica disputados no Porto, com oito golos em jogos com o FC Porto como anfitrião diante do clube da águia encarnada.

= Campeões de 1955/1956

Pelo estatuto granjeado, em seu tempo Monteiro da Costa era um dos mais carismáticos jogadores da equipa do FC Porto. Como por exemplo contecia quando se tratava de entrevistar os que eram referências do plantel. Tal qual, no caso  dumas entrevistas feitas para o então órgão informativo do FC Porto, a Pedroto, Monteiro da Costa e Arcanjo, em tempo de férias dos jogadores do clube. Podendo assim, como curiosade, vislumbrar-se algo de como à época pensava Monteiro da Costa sobre as férias enquanto jogador - segundo o que ao tempo o jornal O Porto registou, em 1957:


Esse célebre Monteiro da Costa, que não descendia do refundador e segundo presidente do clube (José Monteiro da Costa) mas tinha o mesmo apelido familiar, embora provindo dos últimos nomes de seus pais, é pois merecedor desta evocação, na pertinência da efeméride.


Monteiro da Costa inicialmente fora um ponta-de-lança temível e depois distinguiu-se como médio, só lhe faltando praticamente ter sido guarda-redes, havendo jogado em algumas das melhores equipas de sempre do FC Porto, ao lado de Pedroto, Hernâni, Virgílio, Perdigão, Miguel Arcanjo, Carlos Duarte, Teixeira, Jaburu, etc. Com diversas curiosidades associadas, entre as quais permancece ainda a de goleador-mor portista contra o Benfica nos jogos em casa do FC Porto. Além de ter sido durante anos capitão de equipa e como tal ficado como um dos capitães mais famosos na memória portista.



A sua biografia foi inicialmente descrita no já referido pequeno livro que lhe foi dedicado pela coleção Ídolos do Desporto, de E. Carradinha, em 1956. Através de cuja brochura se sabe melhor antigos pormenores particulares, neste como em tantos casos, sendo que nesse tempo, com tais edições publicadas sobre figuras públicas do desporto, foi dado conhecimento interessante que certamente se teria perdido. Algo que hoje em dia infelizmente anda arredio das publicações, de ideias responsáveis mais viradas ao imediatismo.



Entre diversas publicações, consta também no livro dos Craques do FC Porto, edição de 2001 do jornal 24 Horas e da Editora Quidnovi.


Do mesmo Monteiro da Costa, anos volvidos, há uma biografia na Internet superiormente descrita pelo grande portista Fernando Moreira, em trabalho rotulado de “Dragões de Azul Forte”, incluído entre os dossiers do blogue “Bibó Porto carago”. Que engloba praticamente o que ficou para dizer sobre esse grande valor portista, nascido em São Paio de Oleiros, do concelho de Santa Maria da Feira, terra que mais tarde passou a ser residência do grande guardião Américo (guarda-redes do FC Porto de 1951 a 1969) e torrão natal do ciclista António Carvalho (neto de Alberto Carvalho, antigo ciclista do FC Porto entre 1966 a 1969; e ele próprio também entre 2016 a 2019 ciclista da equipa W52-FC Porto). Sendo assim António Monteiro da Costa deveras ligado a meios comuns portistas com auras superiores, sendo que posteriormente viveu em Arcozelo, do concelho de Gaia, onde ficou em descanso eterno, sepultado que está na terra de Santa Maria Adelaide, em cuja capela-museu se encontra a camisola com que Juary jogou na final de Viena.

«Monteiro da Costa – António Henrique Monteiro da Costa (n. São Paio de Oleiros, Santa Maria da Feira, 20 Ago.1928 / m. Arcozelo, V. N. Gaia, 2 Out.1984), representou o Sp. Espinho (1946-48) e a Oliveirense (1948-49) antes de ingressar no FC Porto, em 1949. Um dos chamados "pau para toda a obra", jogador polivalente, ocupou todas as posições exceto de guarda-redes.
• Para se aquilatar do seu valor e polivalência, veja-se o que se escreveu numa edição da revista “Cavaleiro Andante” dedicada a este extraordinário jogador do FC Porto: “Monteiro da Costa é a energia personificada. De temperamento combativo, sempre em ação, lutador destemido, o excelente “crack” do FC Porto derrama vigor em cada lance em que intervém. E de tal maneira se afirma a sua garra que, algumas vezes, dizem que ele chega a ser violento. Tem conhecido todos os lugares dentro da equipa do FC Porto. Foi avançado-centro, interior, extremo, defesa lateral e central, e hoje, graças à insistência do seu treinador, é médio. E foi neste último lugar que mais se puderam vincar as qualidades que o distinguem”.
• De facto, dando crédito ao que acima se leu, alinhou frequentemente como defesa-central, evidenciando segurança e qualidade. Outras posições em que tinha alto rendimento eram as de médio-ofensivo ou avançado. Concretizava inúmeros tentos nas balizas adversárias e, nos anos em que serviu o FC Porto (1949 a 1962), só no campeonato fez 72 golos em 270 jogos (enquanto no total das diversas provas marcou 97 golos em 328 jogos). Em Janeiro de 1951 foi o herói da extraordinária vitória por 2-0, sobre o Benfica, no Campo Grande em Lisboa, pois marcou ambos os golos.
• Atuou nas equipas excecionais que, nos anos 50, ganharam 2 Campeonatos e 2 Taças de Portugal. Colaborou com vários treinadores entre os quais os campeões Yustrich e Guttmann, jogou com excelentes futebolistas como Barrigana, Virgílio, Miguel Arcanjo, Osvaldo Cambalacho, Pedroto, Carlos Duarte, Jaburu, Carlos Vieira e Hernâni.

= Campeões de 1958/1959!

• O seu nome figura na lista dos "capitães" mais carismáticos da história do FC Porto, onde jogou ao longo de 12 épocas! Percorreu três décadas a jogar de camisola azul-e-branca vestida, pois ingressou no Clube em 1949 e acabou a carreira de jogador em 1962!

= Na função de capitão de equipa, na fase de transição da geração de cinquenta para a de sessenta.

• Jogador voluntarioso foi de uma entrega e dedicação inexcedíveis, nada regateando ao seu amado clube. Após a carreira de futebolista, nele perdurou a disponibilidade para ajudar o FC Porto. Em momentos difíceis da equipa aceitou comandá-la, como treinador (em parte das épocas 1974-75 e 1975-76).
• Internacional 6 vezes (duas na Seleção B e quatro pela A), tal como no seu clube usou de extraordinária abnegação com a "camisola das quinas" vestida. Nos “AA” estreou-se em jogo disputado no Estádio das Antas, ante a Áustria (1-1), em 23 Nov.1952, com os também portistas Barrigana e Ângelo Carvalho a fazerem parte da equipa. A última partida foi contra a Irlanda do Norte (1-1), em 16 Jan.1957, no Estádio José Alvalade (Lisboa). Nesse jogo alinharam pela Seleção Nacional cinco jogadores do FC Porto: além de Monteiro da Costa, também Virgílio, Pedroto, Hernâni e Fernando Perdigão.

= Num Festival noturno no estádio das Antas, empunhando a fâmula do futebol sénior, na frente, como capitão de equipa. Ladeado nas filas por Barbosa e Virgílio, reconhecendo-se ainda (e pouco mais, pela fraca visibilidade) entre outros, também Américo. =

• Depois de terminada a carreira de futebolista, Monteiro da Costa foi treinador. Eis o que, atestando o carácter e integridade moral de um grande Homem e desportista, diz dele um ex-pupilo: “Monteiro da Costa para além de jogador íntegro do FC Porto, foi um HOMEM que passou pelo Salgueiros e que para além de treinar os seniores, treinava com muito orgulho os juniores. Os treinos dos juniores começavam às 7 horas (da manhã) e ele esperava por nós, equipado, a correr à volta do velho campo Eng.º Vidal Pinheiro. Como Homem transmitiu valores que ainda hoje guardo e revelo a honra de lhe ter chamado “Mister”. Obrigado Sr. Monteiro da Costa”.
• Monteiro da Costa, o mais versátil futebolista de sempre do FC Porto, um grande exemplo de "amor à camisola", um coração azul-e-branco, um Homem de integridade perfilhada, uma grande glória do Clube!

Carreira no FC Porto ( como jogador)
1949-50 a 1961-62

Palmarés
2 Campeonatos Nacionais (1955-56, 1958-59)
2 Taças de Portugal (1955-56, 1957-58)»

Como treinador, passou por alguns clubes e chegou mesmo a ser treinador adjunto e principal do FC Porto, neste caso interinamente – tendo, em momentos difíceis da equipa sénior do FC Porto, aceitado o comando como treinador responsável, em parte das épocas 1974/75 e 1975/76.


Ressalta por entre tão importante carreira, em suma, o facto assinalável de Monteiro da Costa ser o melhor marcador da história dos jogos entre FC Porto e Benfica com os Dragões na qualidade de visitados.

Efetivamente, entre os jogos entretanto realizados dos FC Porto-Benfica para a Liga portuguesa (contabilizando apenas os jogos com os Dragões como anfitriões), aflorando uma questão sobre quem quem é o maior goleador de sempre deste clássico – podendo pensar-se em mais recentes grandes goleadores, como Fernando Gomes, Jardel ou até Domingos ou ainda Hulk ou Falcao – há que recuar na história e trazer à memória o nome  de Monteiro da Costa.


Tratando-se de António Henrique Monteiro da Costa, médio/avançado que entre as épocas 1949/50 e 1961/62 jogou por 328 vezes marcou 97 golos com a camisola do FC Porto. Chamavam-lhe Homem Canhão e participou nas conquistas de dois Campeonatos Nacionais (1955/56 e 1958/59) e duas Taças de Portugal (1955/56 e 1957/58).


Rei dos classicos FC Porto-Benfica marcou oito golos em jogos do FC Porto como visitado pelo rival vermelho, dos quais lhe advém o título de maior goleador nesse confronto em jogos disputados do FC Porto como clube anfitrião nos chamados jogos do ano para a mais importante prova do futebol nacional. Bisou no duelo de 1950/51 no Campo da Constituição e depois já no estádio das Antas apontou mais seis golos aos lisboetas, entre as temporadas 1952/53 e 1957/58.


“Atleta pundonoroso, enérgico e esforçado. António Henrique Monteiro da Costa é, incontestavelmente, um dos elementos mais representativos do futebol – no nosso Clube e no Desporto Nacional”, lê-se, numa publicação datada de 1960. O Homem Canhão jogava em qualquer posição (só lhe terá faltado a baliza) e é uma espécie de protótipo do chamado jogador à Porto. Foi capitão durante vários anos e ainda treinador interino e treinador adjunto nos anos 1970. Faleceu em outubro de 1984» (na terra da considerada santa Maria Adelaide, em Arcozelo, onde está a camisola com que Juary marcou o golo da vitória de Viena).


«Monteiro da Costa, que foi por quatro vezes internacional português pela seleção principal – num tempo em que os jogos de seleções eram muito mais raros – foi contemporâneo do guarda-redes Barrigana, de Miguel Arcanjo, Hernâni, Jaburu, José Maria Pedroto e Virgílio, o leão de Génova.»


Ora, Monteiro da Costa, que em parte da sua carreira foi médio e distribuidor de jogo, como se diz em linguagem desportiva, além de ter ainda sido defesa, começou por ser avançado e, na posição dianteira do campo. Depois de em 1949 ter aportado ao FC Porto, em chegada que se revelou feliz, após sua aquisição confirmada em finais de agosto desse ano.

Muito mais tarde, anos após ter descalçado as chuteiras, como faz parte da História, foi também treinador, passando por diversas equipas, tendo sido com ele que a Sanjoanense subiu à 1ª Divisão em 1966. Mister que se estendeu ao FC Porto, onde chegou a ser treinador  quer das camadas jovens como episodicamente da equipa senior, a treinador adjunto e depois principal, tendo tido a honra de treinar o grande Cubillas, entre outros - conforme se pode rever por imagem coeva. 


ARMANDO PINTO
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