Faleceu mais um futebolista dos muitos que vestiram a
camisola do FC Porto, tendo envergado o equipamento da equipa principal do
futebol portista, tal o caso de Fernando Peres.
Tendo chegado ao conhecimento público a respetiva notícia neste domingo, 10 de fevereiro, houve natural difusão nos órgãos de
comunicação, atendendo a ter sido um futebolista internacional, notabilizado sobretudo
num clube de Lisboa, embora com passagens por outros clubes nacionais e
inclusive um brasileiro. Mas curiosamente, na grande maioria das peças
jornalísticas, esquecendo que também jogou no FC Porto… por pouco tempo que
tenha sido. O costume, nos meios difusores no Portugal da Capital centralista e
elitista.
Ora, para que conste, e é a verdade, Fernando Peres da Silva, tal o seu nome
completo, nascido 8 de Janeiro de 1942, em Algés, começou nas camadas jovens, com a camisola azul do Restelo, e
tornou-se conhecido no futebol português também ainda com a camisola do Belenenses. Até que,
ao fim de cinco épocas como sénior e com o emblema da Cruz de Cristo ao peito,
se transferiu depois para o Sporting, clube onde jogou três épocas e de onde
saiu para a Académica: Tendo equipando com a camisola negra da Briosa durante uma época, de seguida regressou a Alvalade, e com a camisola das listas verdes e brancas
atuou mais quatro temporadas. Ali acabando temporariamente a carreira de
futebolista e iniciando-se como treinador, havendo orientado durante uma época o Peniche,
na temporada de 1973/74. Isso após ter nas suas passagens pelo Sporting ajudado os
leões a vencerem dois campeonatos nacionais e duas Taças de Portugal. Mas ainda
nesse ano de 1974 decidiu voltar a jogar futebol, então no Brasil, tendo na
terra de Vera Cruz vestido a camisola do Vasco da Gama e assim ajudado esse
clube de implantação na comunidade portuguesa a vencer o Campeonato Brasileiro
desse ano. E ainda nesse mesmo ano, já durante o outono e com a época seguinte
iniciada em Portugal, Peres regressou ao país natal para jogar no Futebol Clube
do Porto.
A sua estreia com a camisola dos Dragões aconteceu no dia
24 de Novembro de 1974 no Estádio das Antas, quando os portistas receberam e
venceram o Atlético C.P. por 5-0, num jogo a contar para a 10ª jornada do Campeonato
Nacional de 1974/75. O primeiro golo que marcou de Dragão ao peito aconteceu no
jogo da 28ª jornada, no dia 13 de Abril de 1975 no Estádio das Antas, em que o
F.C. Porto recebeu e empatou 1-1 com o Leixões. Peres inaugurou então o marcador logo aos 6 minutos, nesse dia. Mais tarde marcou seu segundo golo ao serviço do FC Porto a 11
de Maio de 1975 na vitória por 4-0 sobre o Sporting de Espinho, no penúltimo
jogo do Campeonato dessa época.
(De tal jogo regista-se em foto coeva o momento em que
inaugurou o marcador no prélio FC Porto-Sp. Espinho, aos 9 minutos desse encontro
disputado no Estádio do Bessa, por interdição federativa ao Estádio das Antas.)
Fernando Peres apenas representou o F.C. Porto durante uma
época, tendo disputado 19 partidas oficiais (15 para o Campeonato Nacional e 4
para a Taça de Portugal) e marcado 2 golos, ambos a contar para o Campeonato Nacional.
O seu último jogo pelo F.C. Porto aconteceu no dia 25 de Maio de 1975,
curiosamente no Estádio que o viu nascer para o futebol, o Estádio do
Restelo, em que decorreu esse que foi também o seu último jogo em Portugal como futebolista.
Dessa curta mas interessante passagem pelas Antas, em que
ele, como disse numa entrevista, se sentiu honrado em saber o que era jogar
pelo FC Porto, acabou por ficar no lote da equipa que se classificou no 2º lugar do
Campeonato Nacional de 1974/75 – a que se reporta a imagem de conjunto que havia atuado na
homenagem póstuma a Pavão.
Após isso, no verão de 1975 rumou de novo ao Brasil para
jogar no Sport C.R. e depois no Treze F.C., onde terminou a sua carreira de
jogador no ano de 1976. De regresso a Portugal, voltou a dedicar-se a funções de treinador, tendo treinado as equipas do União de Leiria, Vitória de Guimarães, Estoril
Praia, Sanjoanense e Atlético.
Peres foi internacional por Portugal, quer como júnior (tendo
feito parte da equipa que sob o comando de José Maria Pedroto venceu o Torneio de
Juniores da Europa e se sagrou Campeão Europeu, junto com os portistas Rui e
Serafim, entre outros) bem como em sénior na Seleção B e pela Seleção A de Portugal, tendo inclusive feito parte
do lote dos 22 que integraram a seleção dos Magriços no Campeonato do Mundo de
1966 e dos 19 que estiveram na Mini-Copa (Taça da Independência) do Brasil, em 1972.
Paz à sua alma.
ARMANDO PINTO
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