A festa do futebol, como é normalmente o último jogo oficial
da época e é chamada a final da Taça de Portugal, tem este ano o F C Porto e o
Braga como intervenientes de um lado para o outro do campo de jogo, no Jamor.
Sendo este um encontro que desperta sempre atenções redobradas, como será mais uma
vez diante do colorido ambiental e associação sentimental.
Numa final de Taça incide assim algo, no que rodeia antes, durante e depois tudo o que se relacione com as ocorrências no
recinto do jogo final. Como, agora que se voltam a encontrar na Festa da Taça
o simbolismo azul e branco do FC Porto e o vermelho e branco do Sporting de
Braga. Vindo a talhe referir e recordar uma curiosidade especial relacionada, havendo alguém que representou os dois clubes, em períodos diferentes
obviamente, e venceu a Taça de Portugal pelos dois – o guarda-redes Armando.
Armando Pereira da Silva, guarda-redes formado no F C Porto
e que teve uma carreira assinalável com bons momentos no F C Porto e no Braga,
sobretudo, foi efetivamente um guarda-redes com a faceta de ter estado em duas
finais vitoriosas da Taça de Portugal, quer pelo F C Porto como pelo Braga.
Armando Silva, depois de ter passado pelas
escolas do Futebol Clube do Porto, estreou-se na equipa principal portista na
temporada de 1957/58, tendo logo nessa época estado presente, como guarda-redes
suplente, na Final da Taça de Portugal em que o F.C. Porto venceu o S.L.
Benfica por 1-0, com golo de Hernâni. Apesar de jovem, então, saído dos juniores pouco antes, Armando foi chamado de prevenção nesse jogo, para o que desse e viesse, fazendo parte
da composição dos participantes finalistas na ficha do jogo, em sinal que
merecia a confiança dos responsáveis para qualquer eventualidade. Tendo vibrado
no banco, junto com o treinador Otto Bumbel (que substituíra Yustrich) e esteve
entre os elementos do clube ali presentes no local de sofrimento, em que Bumbel
venceu o outro Otto, o Otto Glória que estava do outro lado… e nas vésperas
tivera comportamento habitual dos adversários na forma do regime… Conforme,
referente a essa final, e como mera curiosidade, se pode relembrar por um
respigo do livro “Glória e Vida de 3 Gigantes”, editado pel’A Bola.
Ora, Acúrcio, o guarda-redes efetivo do FC Porto ao tempo,
havia-se lesionado em jogo disputado no Restelo, quando marcou um golo de
baliza a baliza e jogou a parte restante do prélio com um braço partido. Foi
então Pinho quem alinhou nessa final, no Jamor, e Armando subiu ao recinto de
jogo como reforço, recebendo também no início a medalha, como naquele tempo
acontecia com o Presidente da República ou seu representante a descer ao
relvado para proceder aos atos protocolares de cumprimentos e entregas das medalhas
correspondentes. E no fim andou também com a taça em mãos, depois do capitão Virgílio a ter ido receber à tribuna de honra, como é da praxe.
De seguida, Armando integrou o plantel portista que foi em digressão a Moçambique, tendo a comitiva portista incluído os elementos que participaram na campanha da Taça - a que se reporta imagem de conjunto, com todos a envergarem o fato oficial do clube.
Depois, mantendo-se no plantel principal, Armando
representou os Dragões nas duas temporadas seguintes, tendo vencido por duas
vezes a Taça Associação de Futebol do Porto, fazendo equipa com diversos nomes
consagrados, como Pedroto, Osvaldo Silva e outros, mas no final do Campeonato
Nacional de 1959/60 deixou as Antas para cumprir o serviço militar, enquanto de permeio seguia a carreira por outros clubes, incluindo passagem pelo ultramar, devido
à guerra colonial. Após o regresso e breve passagem pelo Salgueiros,
transferiu-se para o Braga em 1964/65, tendo-se mantido na cidade dos
arcebispos por cinco temporadas, onde venceu a sua segunda Taça de Portugal em
1965/66, havendo aí sido titular na vitória sobre o Vitória de Setúbal, por 1-0.
Armando foi então um dos heróis do clube minhoto nessa única
Taça que o Braga conseguiu até agora, através duma exibição segura e presença
de respeito. Tendo ficado na retina dos aficionados bracarenses o golo do arsenalista
Perrichon, que no final valeu a vitória, e a defesa de Armando a acabar o
encontro, segurando o resultado – pois o jogo terminou com Armando a segurar a
bola e a agarrar bem contra si aquele triunfo.
Dessa final, como ilustração, junta-se uma imagem da
cerimónia protocolar, vendo-se Armando a ser cumprimentado pelo presidente
Américo Tomás. E dos festejos, com Armando a levantar a taça desde a varanda
dos Paços do Concelho, em Braga.
Passados esses tempos, mais tarde Armando ainda regressou ao
F C Porto, para depois também ter retornado ao Braga, onde terminou a carreira,
condecorado pela Federação de Futebol com a Medalha de Comportamento Exemplar.
É então Armando um caso singular, sendo o único futebolista
vencedor da Taça de Portugal pelos dois atuais finalistas da mesma prova que
culmina festivamente as temporadas do futebol nacional.
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A Propósito, recorde-se (clicando sobre o link)
Armando Pinto
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