Reconstituição Histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Reconstituição histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Criar é fazer existir, dar vida. Recriar é reconstituir. Como a criação e existência deste blogue tende a que tenha vida perene tudo o que eleva a alma portista. E ao recriar-se memórias procuramos fazer algo para que se não esqueça a história, procurando que seja reavivado o facto de terem existido valores memorávais dignos de registo; tal como se cumpra a finalidade de obtenção glorificadora, que levou a haver pessoas vencedoras, campeões conquistadores de justas vitórias, quais acontecimentos merecedores de evocação histórica.

A. P.

sexta-feira, 5 de julho de 2024

Último jogo oficial de Hernâni, o senhor Hernâni Ferreira da Silva... a 5 de JULHO de 1964.

 

A 5 de julho de 1964 Hernâni vestiu pela última vez, oficialmente, a camisola do FC Porto. O senhor Hernâni Ferreira da Silva, que basta ser referido por Hernâni para se saber que é esse que foi um dos melhores futebolistas portugueses de todos os tempos e que no FC Porto está num pedestal superior, junto com Pinga, Valdemar Mota, António Araújo, Soares dos Reis, Barrigana, Pedroto, Virgílio, Américo, Fernando Gomes, Madjer, João Pinto, Vitor Baía, Deco, Falcao e Diogo Costa.

Foi esse jogo na final da Taça de Portugal de 1964, de infeliz memória... porquanto foi decidido à imagem do sistema BSB do regime reinol nesse tempo do salazarismo. Quando até fazia parte do protocolo oficial as equipas finalistas serem fotografadas junto com o Presidente da República, à época o Almirante Américo Tomás. 

Hernâni, por toda a sua carreira, merecia uma outra última vez, diferente, tendo essa ocorrência acontecido então na final da Taça de Portugal de uma das maiores roubalheiras do futebol português. Quando o árbitro, Rosa Santos, para facilitar desde início a vida ao clube do regime, tendo começado a roubar o FC Porto e enervando os jogadores com larga série de asneiras propositadas, chegou ao desplante de expulsar um jogador do Porto, o Jaime, com a desculpa que deslocara a bola antes da marcação de um penalti que ele, o negro árbitro, inventara. Sendo considerado negro pelo equipamento que vestia e pela sua conduta, apenas. Árbitro desonesto esse, que se houver justiça divina a esta hora, tal como outros, está já há muito nas penas do inferno.

Desse jogo, como exemplo do que se passou, o treinador Otto Glória, que no Porto não conseguiu ganhar nada, enquanto no Benfica e Sporting ganhou, pelo que se passava… acabou por reconhecer (conforme está em "Glória e Vida de 3 Gigantes", edição de A Bola): 

Do mesmo jogo, atente-se também na crónica do jornal O Porto, embora em crónica algo "macia", atendendo a ser "Visado pela Censura", do regime... como eram os jornais nesse tempo. Mas, mesmo assim ainda conseguindo furar entre as trevas algumas verdades. Motivo que leva a merecer atenção, porque, apesar de ter sido jogo de tarde infeliz de vários contendores, conforme se vê, não se pode deixar esquecer mais esse “roubo de igreja”, como dizia Pedroto.


Atente-se que, mesmo assim e apesar de tanta contrariedade, Hernâni acabou em grande, como a legenda do jornal traduz, tendo sido o jogador do FC Porto em mais evidência. Do FC Porto, pois do Benfica foi o árbitro, obviamente...

Armando Pinto

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